DOMINGO - 26 de Outubro- Evangelho - Mt 22,34-40
Qual é o
mais importante de todos os mandamentos da Lei? Partimos do princípio de que os
escribas eram intelectuais, conhecedores profundos e pormenorizados dos textos
da Lei de Moisés. Sendo assim, não havia nenhuma razão para perguntar a Jesus
sobre qual seria o maior mandamento. Por outro lado, o Senhor, olhando bem para
ele, poderia até se questionar como era possível aquele homem, sendo doutor da
Lei, não saber qual era o maior dos mandamentos. Mas tudo bem: Escuta, Israel! O Senhor, vosso
Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com
toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças. E
o segundo mais importante é este:Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Não existem outros mandamentos mais importantes do que esses
dois.
Jesus,
fazendo uma análise da figura do referido escriba, e pelo seu interesse, chega
à conclusão de que ele não estava longe do Reino de Deus. Pelos detalhes, essa
narrativa assemelha-se à cena do jovem rico (cf. Mc 10,17-22), ao qual apenas
faltou dar tudo aos pobres e seguir Jesus. Ao escriba faltava romper seus laços
com as doutrinas e observâncias legais.
E para você? O que falta? Que barreiras você deve romper para
seguir e adorar ao Deus Único e verdadeiro?Saiba que a expressão da sua adesão ao amor de Deus não é apenas o
culto religioso, nem a observância do domingo e o cumprimento de liturgias, mas
sim o amor concreto e solidário ao próximo, que se resume no: amar a Deus sobre
todas as coisas e amar ao próximo como a ti mesmo.
Nessa
resposta do Senhor Jesus vemos duas realidades: a relação do homem com Deus e
do homem com o próximo, para depois voltarem os dois para Deus, o princípio e o
fim do homem. Portanto, o segundo mandamento completa o primeiro, os quais, em
conjunto, resumem toda a Lei e os Profetas. Sendo assim, Cristo explica ao
escriba a impossibilidade que existe em cumprir o primeiro mandamento sem o
segundo.
Para o apóstolo João, não é possível amar a Deus, que não vemos,
se não amarmos o nosso próximo a quem vemos. Se assim for, não passamos de mentirosos. Porque Deus é amor e
quem O ama deve amar o irmão. Logo, os dois mandamentos se abraçam e se
completam. Esse é o modelo que o próprio Evangelho nos apresenta na relação
amistosa entre Jesus e o escriba, pois ambos se elogiam reciprocamente. Nisto
consiste o amor: no reconhecimento de uma recíproca igualdade e numa mútua e
perpétua fidelidade. É assim com o amor: dá e recebe como Jesus. N’Ele está
constantemente a cumprir-se o tudo: o “dar de Deus” ao mundo por intermédio do
Filho e o “tudo receber por parte do Filho”, para tudo dar ao Pai nos seus
irmãos.
A fé
pregada por Jesus apóia-se em dois pilares: o amor a Deus e o amor ao próximo.
Isso é o essencial. Tudo o mais é complemento e pode ser relativizado. Quem ama
a Deus recusa toda forma de idolatria, não aceitando ser subjugado por nenhum
outro absoluto fora d’Ele. Quem ama o próximo, põe freios ao seu egoísmo, de
modo a jamais lhe desejar o mal ou a fazer algo que possa prejudicá-lo.
Diante da
sábia resposta do Verdadeiro Mestre, assim como o mestre da Lei, – no diálogo
com Jesus enxergou e afirmou que o amor a Deus e ao próximo supera todos os
holocaustos e sacrifícios, – que também eu possa ver e reconhecer n’Ele o
Caminho, a Verdade e a Vida, que me aproximam cada vez mais do Reino de Deus e
da casa do meu Pai, que está no Céu.
Pai,
faze-me compreender sempre mais que o eixo da minha vida de fé deve consistir
num amor entranhado a Ti e ao meu próximo.
Padre Bantu Mendonça.
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