QUINTA
FEIRA DA 24ª SEMANA DO TC 18/09/2014
1ª
Leitura 1 Coríntios 15, 1-11
Salmo
110(111),3 “Sua obra é toda ela majestade e magnificência. E eterna a sua
Justiça”
Evangelho
Lucas 7, 36-50
“A CONSCIÊNCIA DO PECADO”
Na
sociedade globalizante e consumista da qual fazemos parte, onde vale tudo para
ser feliz, seduzido pelas facilidades da vida moderna, na medida em que o homem
avança em ritmo acelerado na tecnologia e na ciência, experimenta uma evolução
rápida e espantosa. Porém, por outro lado todo esse sucesso da comunidade
científica aumenta no ser humano a prepotência e a auto suficiência, assumindo
o lugar de Deus, quando se apresenta como senhor de sua vida e de seus atos,
conhecedor do bem e do mal, e arrogando-se o direito de decidir sua própria
vida.
E assim,
nessa sociedade mais do que nunca antropocêntica, o homem arrogante vai dando o
seu grito de independência, decretando a morte de Deus e o fim do pecado, como
se Deus atrapalhasse os planos de felicidade do Ser humano.
Mas e os
discípulos de Jesus, membros de tantas igrejas cristãs, como se posicionam
diante dessa sociedade que “liberou geral” em uma verdadeira maratona do “vale
tudo” na busca do prazer, sucesso e felicidade?
A voz
profética de Natã na primeira leitura, despertou no rei Davi a consciência do
seu delito, do seu procedimento totalmente contrário à palavra de Deus, pois
colocou Urias na frente de batalha para que este morresse e assim ele pudesse
possuir a sua esposa. Essa atitude penitente permitiu ao rei experimentar a
alegria do amor de Deus.
Precisamos
admitir que estamos enfermos, para que possamos ser curados pela misericórdia
divina. O salmo 51 é um dos mais belos da sagrada escritura, com seu caráter
profundamente penitencial mostra-nos o rei Davi humilde e penitente, que
reconhece o seu pecado “Pequei contra o Senhor”.
Mas o pior
enfermo é aquele que não admite a sua enfermidade, procurando esconde-la com
práticas religiosas e uma aparência piedosa diante dos irmãos. O Fariseu Simão,
que convidara Jesus para jantar em sua casa, não é má pessoa ao contrário, sua
conduta é irrepreensível já que cumpre todos os deveres para com Deus e o
próximo e como bom teólogo conhece a Palavra de Deus, suas promessas e suas
leis dadas a Moisés.
Já a
mulher tem má fama, é conhecida como pecadora sendo moralmente desqualificada,
e por sua conduta está excluída da comunidade porque é considerada impura, mas
há algo em sua vida que a difere do fariseu piedoso: conheceu Jesus e
descobriu-se amada e querida por ele, apesar dos seus inúmeros pecados . É a
experiência desse amor que a leva a reconhecer-se pecadora, sentindo no coração
não um remorso doloroso, mas sim uma incontida alegria que procurou manifestar
na casa do fariseu, lavando e ungindo os pés daquele que a fez descobrir o
verdadeiro amor.
O fariseu
mantinha com Deus uma relação sem dúvida piedosa, mas como se sentia
justificado pelas suas obras, dava-se o direito de julgar os que estavam em pecado,
excluindo-os de sua companhia, e sentindo-se merecedor do amor de Deus e sua
salvação.
Note-se
que Jesus não condena a conduta e o modo de viver do fariseu, e nem tão pouco
aprova a vida pecaminosa da mulher, apenas realça o modo como ambos se relacionam
com Deus. Certamente essa experiência com o Mestre Jesus mudou para sempre a
vida daquela mulher, mostrando-nos que a iniciativa é sempre de Deus e que
somente quando descobrimos o seu amor em nossa vida, é que percebemos o quanto
somos pecadores por não correspondermos a esse amor.
Simão
admirava Jesus, mas não via nele nada de especial, porque a lei, tradição, o
rito e suas boas obras não o deixavam sentir o quanto Deus o amava,
manifestando este amor em Jesus. A religião do perfeccionismo e do moralismo é
sempre muito triste porque nela, o homem mantém com Deus não uma relação de
filho, amado e querido, mas apenas de um empregado, que cumpre seu dever junto
ao patrão, merecendo deste o justo salário.
A
verdadeira autêntica e única religião, têm como base um amor que não se prende
a qualquer lei moral ou norma de conduta, mas sim ao encanto e fascínio por
Cristo Jesus, cujo olhar, gesto e palavras tem o poder de tocar nosso coração,
fazendo-nos renascer e recuperar nossa dignidade de filhos de Deus, despertando
esse desejo incontido de estar a seus pés, como essa mulher, naquela noite
imemorável na casa de Simão. Que o formalismo religioso não mate em nós a
alegria desse amor grandioso!
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