NOSSA SENHORA APARECIDA –
DOMINGO 12/10/2014
1ª Leitura Ester 5, 1b-2;
7,2b – 3
Salmo44 (45), 11.12 a
2ª Leitura Apocalipse 12,
1.5 13ª. 15-16ª
EvangelhoJoão 2, 1-11
“Aparecida e o Vinho Novo”
Pertencemos a uma
sociedade sacudida pela violência, diante da qual nos sentimos impotentes, onde
predomina o sentimento de insegurança e medo, a chacina de jovens e
adolescentes vai ganhando proporções alarmantes e assustadoras, há, por outro
lado, uma falta de perspectiva por parte dos jovens, os escândalos de ordem
moral, em instituições consideradas inabaláveis, são denunciados a cada dia
pela grande mídia. Dizem que o Brasil, não tem mesmo jeito, porque a nossa
origem lá na época do descobrimento, já estava podre e corrompida, e quem veio
para cá era gente sem moral, sem escrúpulo e sem nenhum compromisso com a ética
e a moral.
Na família, há
centenas de casamentos de curta duração, uniões ilegítimas aumentam, o estado
quer reconhecer como legítima, uma horrível caricatura da Instituição Familiar,
desmantelam e desmoronam valores sagrados na ética e na moral cristã, se de um
lado a humanidade avança em velocidade espantosa no mundo científico, tecnológico,
nas comunicações e informática, por outro, as pessoas vão sendo acometidas de
inúmeras enfermidades orgânicas e psicossomáticas, as coisas boas e os
acontecimentos alegres duram pouco, e não conseguem nos livrar do peso das
forças do mal, que vão nos levando para o caos em meio a desordem estabelecida.
Nem o fenômeno
religioso consegue reverter esse quadro, os templos suntuosos cada vez mais
lotados, tomados por uma multidão de coração vazio, que busca muitas vezes na
espiritualidade algo que ela não pode dar: a solução de tantos problemas
originados pelo pecado, como o egoísmo, a luxúria, a proliferação de falsas
divindades que prometem vida, felicidade e liberdade, e que arrebanham a cada
dia novos adeptos, arrastados impiedosamente para a desgraça e a morte, entre
eles a Droga e a Prostituição, uns dizem que já chegamos ao fundo do poço,
outros mais pessimistas, acham que o pior ainda não aconteceu. O fato é que
certa tristeza tem invadido o coração do homem deste terceiro milênio.
Em uma sociedade
assim, inquieta, insegura e temerosa, traumatizada por tanta dor e sofrimento,
marcada pela injustiça e desigualdade, a V Conferência Geral do Episcopado
Latino Americano e do Caribe, realizada de 13 a 31 de maio de 2007 em
Aparecida, resgata o nosso papel de Discípulos e Missionários de Jesus Cristo,
fazendo um forte apelo para que proclamemos aos homens a Verdade de Deus,
revelada em Jesus Cristo, porém, o que leva alguém a ser cristão não é uma
decisão ética ou uma grande idéia, , mas sim um encontro com um acontecimento,
com uma pessoa: Jesus Cristo, que dá um novo horizonte à vida, e com isso uma
orientação decisiva de se viver bem, vivendo em Deus. Foi essa a experiência
dos primeiros discípulos, que os evangelhos nos apresentam, um encontro de fé com
a pessoa de Jesus.
Neste dia de Nossa
Senhora Aparecida – Padroeira do Brasil, o evangelho das Bodas de Caná é um
convite a irmos ao encontro do único e verdadeiro amor de nossas vidas, Maria
aparece como a intercessora e mediadora, aquela que sabendo olhar a necessidade
dos irmãos, vai dizer ao Filho que está faltando algo essencial para uma festa.
A devoção popular é
citada pelo documento de Aparecida, que tornou-se uma importante referência nas
reflexões da Igreja, como um dos muitos elementos que propiciam esse encontro
pessoal com Jesus Cristo e nesse sentido, considerando-se toda a história de
Aparecida, desde o século XVIII, podemos afirmar sem medo, que Maria nunca
deixou faltar no coração dos cristãos da América Latina, esse vinho novo da
graça de Deus.
O Deus dos cristãos
continua obstinado em seu amor pelos homens. Com a mediação de Maria, Jesus
oferece em nossos conturbados tempos, o Vinho novo, de incomparável sabor, que
não caiu do céu, mas surgiu a partir da água da purificação, Jesus transforma a
antiga forma de se relacionar com Deus, no Judaísmo, em uma relação nova, onde
basta ao homem crer e abrir o seu coração para esta graça que une para sempre
Deus e o homem, solidificando a comunhão um dia rompida, e pela qual Jesus
pagou com a vida ao morrer na cruz., descendo com o homem ao fundo do poço para
de lá resgatá-lo e libertá-lo, vitorioso e ressuscitado, arrancando-o da vida
sem graça, dominada pela morte do pecado, e devolvendo-o ao paraíso, na
condição de Filhos e Filhas de Deus.
Esse processo de
ressurreição é dinâmico e acontece todo dia, hora e momento, o Cordeiro Santo,
Perfeito e Imaculado, se casa com a sua Igreja, tornando-a sem ruga e sem
mancha, de modo que nem os pecados da Igreja conseguem abalar esta íntima
comunhão. Esse casamento de Deus com o homem, na encarnação de Jesus, deverá
ter um final feliz, porém, como povo da Nova Aliança, não teremos uma segunda
chance, quem recusar esse amor e buscar os amores ilusórios e efêmeros, nos
amantes e deuses da Modernidade, sentirá um dia na pele e no coração, a dor de
ter perdido para sempre o autêntico e verdadeiro amor de sua vida.
Somos essa Igreja, a
noiva do Senhor, por quem ele dá a vida, a espera da Lua de Mel, da Vida
Eterna, para a qual ele nos conduzirá. Por hora, só é preciso uma coisa: FAZER
TUDO O QUE ELE NOS DISSER, como nos pede Maria, Mãe de Jesus, a primeira a
experimentar a delícia desse amor Divino.
Essa noiva das Bodas de Caná tem um rosto e um
nome, é você, sou eu, são todos os que buscam a Deus em Jesus Cristo, é também
o rosto de cada homem, desfigurado pela tristeza do pecado, a espera desse
vinho da eterna alegria...(Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim SP – E-mail cruzsm@uol.com,br
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