X DOMINGO DO TEMPO COMUM 09/06/2013
1ª Leitura 1Reis 17, 17-24
Salmo29(30) “Eu vos exaltarei, Senhor, porque me livrastes”
2ª Leitura Gálatas 1, 11-19
Evangelho Lucas 7, 11-17
O SENHOR DA
VIDA”
Jesus não ressuscitou muita gente
naquele tempo, os evangelhos mencionam apenas três: Lázaro de Betânia, irmão de
Marta e Maria, a filhinha de Jairo, Chefe da Sinagoga, e o filho da viúva de
Naim, que Lucas narra no evangelho desse domingo.
Conclui-se, portanto, que não era
propósito de Jesus libertar e salvar os homens da morte biológica, pois se
fosse assim, sua missão teria sido um fracasso já que ressuscitou apenas esses
três e nem José, seu pai adotivo, ele teria conseguido livrar da morte. Há
ainda outra questão importante a ser considerada: que vantagem teria se
ressuscitar fosse apenas retornar a esta vida, com todas as suas limitações e
aprendizado, suas angústias e tribulações? Por acaso não iríamos morrer
novamente, como o próprio Lázaro, a filha de Jairo e o moço que Jesus
ressuscita nesse evangelho? Não, não valeria a pena, com toda certeza!
Essa vida nova que Cristo nos dá,
através de sua paixão, morte e ressurreição, é infinitamente melhor e superior
a esta existência terrena, a ponto do apóstolo Paulo afirmar em uma de suas
cartas “os sofrimentos do tempo presente nem se comparam àquilo que Deus irá
nos revelar”, ou ainda “o que vemos hoje é como se fosse em um espelho, mas
depois nos veremos como de fato o somos”.
A chave que decifra esse mistério da
Vida e da morte está precisamente em Cristo, nele o Pai não só se revela, mas
revela também quem é o homem. A graça de Deus que em Cristo recebemos nos faz
criaturas novas onde o mistério é iluminado pela luz da Fé.
Essa grande e feliz Verdade chegou até
nós por causa do evangelho, anunciado pelo próprio Cristo – filho de Deus feito
homem, que ao trazer-nos a Boa Nova permitiu-nos conhecer a Deus, descobrindo o
sentido da nossa vida na Vida de Cristo, onde todos os limites humanos foram
superados, ao dar-nos acesso a Deus, rompendo para sempre a barreira do pecado.
Sem este anúncio e esta graça, a nossa
esperança por uma Vida Nova, seria vã, não passaria de uma grande utopia, uma
fantasia e ilusão que um belo dia chegaria ao seu final, mas o homem que vive
pela fé, a comunhão com Cristo, sabe em seu coração que não caminha para o
fracasso da morte e esta esperança viva é que dá a esta vida terrena um sentido
novo.
Portanto, nossa Vida está em Cristo
porque nele nos movemos e somos, sem ele, nossa caminhada terrena não passa de
um cortejo fúnebre, onde somos como um morto vivo, caminhando para a ruína da
morte biológica, para ser devorado pela terra.
A vida do homem que tomou a decisão de
viver sem Deus, ignorando esta Salvação e Libertação oferecida por Jesus, é
muito triste, porque ele se ilude com toda pompa que esta vida oferece,
satisfazendo seus desejos egoístas, colocando toda sua esperança nas coisas que
passam, e no final, descobre que foi enganado, quando percebe que caminha para
a morte. Mas nunca é tarde para reverter esse quadro doloroso, pois, para quem
caminha assim, como se fosse um corpo sem vida, irradiando tristeza e dor aos
que o acompanham, o evangelho desse domingo anuncia algo maravilhoso: no
sentido contrário, vem chegando Cristo Jesus, Senhor da Vida, aquele que movido
de compaixão, como na entrada da cidade de Naim, irá dizer a viúva e aos que a
seguiam no enterro de seu filho: não chores!
Hoje há tantas mães caminhando tristes,
levando seus filhos para a sepultura, há tanta gente caminhando cabisbaixa, sem
uma perspectiva de vida e sem esperança no coração. Não chores mais – diz o
Senhor, que ao tocar no esquife, que são as misérias do homem, dirá com firmeza
“Moço, eu te ordeno, levanta-te!”.
E diante de sua palavra libertadora e
restauradora, o homem renasce e se torna uma nova criatura, só Cristo é a nossa
vida, só ele tem a palavra de ordem, capaz de nos levantar de todos os nossos
pecados que querem nos arrastar inexoravelmente para a morte. Longe de Deus e
da sua Salvação oferecida por Jesus, iremos fatalmente morrer, mas com ele
teremos a Vida Eterna, que extrapola os nossos limites e nos reconduz ao
paraíso da plenitude, resgatando a nossa imagem e semelhança com que fomos
criados por Deus.
É missão nossa como Igreja anunciar a
toda criatura esta vida que vem de Jesus, mas isso só será possível se como
ele, tivermos no coração essa compaixão, que nos leve a sofrer e chorar com
quem sofre e chora, onde um sorriso, um abraço, uma palavra de consolo ou um
gesto de caridade, sempre feito em nome de Jesus, terá a mesma força de sua
palavra libertadora, capaz de levantar quem se julga morto. O cristão, como
qualquer ser humano, também pranteia seus mortos, mas a diferença está naquilo
que ele espera: a plenitude da Vida, reservada aos que crêem que esta vida é
uma peregrinação para a casa do Pai, predestinados que fomos desde toda a
eternidade.
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