23 de Julho de
2013 TERÇA- Evangelho - Mt 12,46-50
Quem faz a vontade de meu Pai, esse é
meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Hoje nós
comemoramos com alegria a Apresentação de Nossa Senhora. Conforme antiga
tradição, Maria, quando criança, foi apresentada pelos pais, S. Joaquim e
Sant’Ana, a Deus, na sinagoga. Havia esse costume entre as famílias hebréias
mais devotas, de apresentar a Deus todos os seus filhos e filhas.
Quando, mais
tarde, Maria e José apresentaram Jesus no Templo, certamente ela se lembrou que
também foi apresentada por seus pais, e consagrada a Deus.
Houve,
portanto, uma continuidade: de S. Joaquim e Sant’Ana para Maria, e de Maria
para Jesus. Os pais geralmente são assim. Eles continuam nos seus filhos aquilo
que receberam de seus pais. Por isso que há o provérbio: Tal pai tal filho. Ou:
Filho de peixe peixinho é.
É essa
continuidade na educação religiosa dos filhos que vai sustentando, nas novas
gerações, a fé e a vida cristã legítima, que vem desde o tempo dos Apóstolos. A
caminhada das famílias cristãs é idêntica à caminhada de S. Joaquim e Sant’Ana
para Maria e de Maria para Jesus. A gente desenvolve e faz crescer, mais tarde,
os valores que recebeu em casa na infância.
Jesus falou
sobre isso: “Por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas?
Assim, toda árvore boa produz frutos bons e toda árvore má produz frutos maus.
Uma árvore boa não pode dar frutos maus nem uma árvore má dar frutos bons. E
toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo” (Mt 7,16-19).
É
interessante também observar a caminhada de Maria na santidade. Foi um
crescimento constante. Começou com a concepção imaculada e terminou com a
Assunção, sendo assumida por Deus em corpo e alma. Ela foi sempre crescendo na
direção de Deus, sem nunca parar ou regredir.
E no
Evangelho de hoje, próprio da festa da Apresentação de Nossa Senhora, Jesus
aproveita uma oportunidade para nos dar um ensinamento fundamental sobre a
Santa Igreja: Somos a sua família. Não só família de Jesus, de Deus, mas
família entre nós, os batizados. Assim como uma criança nasce para uma família,
nós, pelo batismo, nascemos para a Família de Jesus.
“Quem faz a
vontade de meu Pai, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” Não basta a
pertença material à Igreja; precisamos fazer a vontade de Deus.
Santo
Agostinho, comentando este Evangelho, diz: “Não sei qual dignidade de Maria é a
maior: Ser mãe de Jesus na carne ou ser sua discípula na fé”.
Existe outra
cena no Evangelho, muito parecida com esta, ou melhor, que esclarece esta. É
aquela acontecida no Calvário em que Jesus nos dá Maria como Mãe de
todos nós. Assim, Maria Santíssima assume um papel central na nova Família que
Jesus criou: o papel de Mãe dessa Família. Ela que é mãe de Jesus na carne,
torna mãe de Jesus em seu Corpo Místico, que é a Igreja.
Havia, certa
vez, um velho, que há muitos anos se deixara encantar por um famoso equilibrista.
Mesmo fazendo longas viagens, ele acompanha todas as suas exibições. Prestava
atenção em todos os pormenores, e cada vez o admirava mais. Um dia ele teve
oportunidade de aproximar-se do equilibrista e lhe pergunto: “você não tem medo
de cair?” O equilibrista respondeu: “Não, porque eu conheço o segredo do
equilíbrio”.
Pronto, o
senhor passou a tentar descobrir qual é o segredo do equilíbrio. Como – pensava
ele – esse homem caminha a dezenas de metro de altura, em cima de um arame, sem
proteção alguma? Um dia, houve uma grande exibição do equilibrista. O velho
estava lá, de olhos fixos no amigo. E disse ele disse para si mesmo: descobri o
segredo do equilíbrio; está nos pés, na posição correta dos pés. Procurou o
equilibrista e lhe contou esta sua descoberta. Mas ele respondeu: “Não está nos
pés”. Então já sei, disse o velho. O segredo está nas mãos e nos braços. São
eles que dão o equilíbrio”. “Também não”, disse o equilibrista. E continuou: “O
segredo do equilíbrio está nos olhos. Consiste em manter os olhos fixos no
poste que sustenta o fio do outro lado. Daí par frente, o senhor idoso
observava e confirmou que era isso que mantinha o amigo em cima do fio de
arame.
O nosso
desejo é pertencermos à Família de Jesus. Para isso, Jesus nos indicou o
segredo, a meta, o poste: É fazer a vontade de Deus. Se desviarmos o nosso
olhar, certamente cairemos.
Santa Mãe
Maria, ensine-nos e leve-nos a fazer a vontade do seu Filho!
Quem faz a vontade de meu Pai, esse é
meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Padre Queiroz
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