29 de Junho de
2013 SÁBADO - Evangelho - Mt 8,5-17
Muitos virão do Oriente e do Ocidente, e
se sentarão à mesa junto com Abraão, Isac e Jacó.
Este Evangelho narra dois milagres de Jesus: A cura do empregado do
oficial romano e a cura da sogra de S. Pedro. Jesus se admirou da fé do
oficial, e a Igreja também admira, pois a frase dele nós dizemos na Missa,
antes da comunhão: “Senhor, eu não sou digno(a) de que entreis em minha morada, mas dizei
uma palavra e serei salvo(a)”.
O oficial tinha uma convicção tão forte de que Jesus tem poder sobre as
forças da natureza e as doenças, que lhe pediu uma palavra dali mesmo, sem ter
o trabalho de ir até a sua casa.
Jesus quer e pode nos ajudar, e sua ajuda é sempre eficaz e vitoriosa. Mas
quer que lhe manifestemos antes a nossa fé. Por isso quem tem fé nunca se
apavora, seja qual for a situação, porque sabe que tem ao seu lado um amigo
ultra poderoso.
Ter fé não significa que no passado a pessoa não tenha cometido pecados.
Pode ter cometido, e muitos, pois isso não é obstáculo para a ação de Deus,
contanto que haja arrependimento, conversão e boa vontade.
“Muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa No Reino
dos Céus, junto com Abraão, Isac e Jacó, enquanto os herdeiros do Reino serão
jogados para fora.” Diante de Deus, não existe povo, raça ou nação
privilegiada. O povo de Israel era privilegiado enquanto tinha a missão de
preparar a vinda do Messias. Mas depois que o Messias veio, acabaram os
privilégios.
A todos igualmente Deus dá a graça da fé. Se a pessoa acolhe, Deus lhe
dá a esperança e a caridade. Acolhidas essas três virtudes teologais, a pessoa
recebe a salvação. A Igreja Católica, a única religião que Jesus fundou, nos
ajuda a acolher e a viver a fé, a esperança e a caridade. A Igreja é o caminho
mais curto e mais fácil da salvação. Aliás, o batismo já nos insere na
Comunidade dos salvos em Cristo. Bastanão perder essa graça.
A fé é o segredo da felicidade. Quem tem fé “tira de letra” todas as
dificuldades e obstáculos que aparecem na vida. Quem tem fé sabe que uma
doença, por mais grave que seja, para Deus é um grãozinho de areia.
A fé é uma graça que Deus dá a quem ele quer, do Oriente ou do Ocidente,
do Norte ou do Sul, sem nenhuma restrição em relação à raça, ao país ou a
qualquer outra distinção.
Quem tem fé faz como o oficial fez: vai atrás de Jesus, expõe o seu
problema e acredita que Deus quer e pode solucionar. Por isso, quem tem fé não
entra em pânico, não se revolta, não desilude, não alvoroça, não perde a
alegria nem a esperança, mesmo nas situações mais desafiadores.
Ter fé é muito mais que acreditar com a cabeça; é acreditar com o corpo
inteiro, jogando-se naquilo que crê. Mas, é claro, ter fé é seguir um caminho
novo, traçado não por nós, mas por Deus para nós.
“A
fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que
não se vêem” (Hb 11,1). É caminhar “como se visse o invisível” (Hb
11,27).
O exemplo de Moisés, na travessia do Mar Vermelho nos esclarece bem
sobre o que é fé: “Moisés estendeu o bastão sobre o mar, e durante a noite inteira o
Senhor fez soprar sobre o mar um vento leste muito forte, fazendo recuarem as
águas... E assim os hebreus puderam atravessar” (Ex 14,21-22). Dá impressão que no início as águas não se afastavam, mas Moisés
continuou firme, com o seu bastão estendido. Deus quer que nós mostremos a fé
nele, mesmo sem ver uma resposta imediata. Em vez de uma noite, ele pode
demorar dias ou até anos para nos atender. Mas, se permanecermos com o nosso
bastão estendido, ele se manifestará e, com toda a certeza, separará as
águas.
O oficial disse a Jesus: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa...”Jesus lhe falou: “Vai! E seja feito como tu creste”. Naquele momento,
o empregado ficou curado. A Palavra de Deus acolhida com fé tem uma força
incrível. Mesmo à distância, ela transforma as pessoas e o mundo.
Uma realidade bonita que aparece nestes dois milagres de Jesus é que
quem tem fé ama o trabalho. O empregado do oficial “sofria terrivelmente com uma
paralisia”. Certamente um dos sofrimentos dele é porque não podia trabalhar. A
sogra de Pedro, logo que foi curada, “levantou-se e pôs-se a servi-lo”. O
trabalho é uma bênção de Deus. Poder trabalhar é poder servir. “Descubra a
felicidade de servir”. Jesus trabalhava; ele era carpinteiro. E na vida pública
Jesus continuou trabalhando, pois a atividade missionária é trabalho. Quem tem
fé gosta de trabalhar, pois a fé sem obras é morta. Nós, que recebemos tanto da
família e da sociedade, precisamos ajudá-las também, através do nosso trabalho.
O trabalho é uma fonte de virtudes; já “a ociosidade é a mãe de todos os
vícios”.
Certa vez, um noivo procurou o padre a fim de combinar o casamento. O
vigário, que estava sentado no escritório terminando uns escritos, resolveu
fazer-lhe umas perguntas. A primeira: “Você sabe religião?” O noivo respondeu:
“Sei sim senhor”. O padre, enquanto escrevia, lhe perguntou: “Então me diga:
quantos deuses há no céu?” O rapaz não sabia! O padrinho, que estava atrás
dele, lhe fez o gesto de um dedo para cima. O moço disse logo para o padre: “Eu
sei, senhor padre, há um Deus no céu”. O padre falou: “Muito bem. E quantas
pessoas há em Deus?” Agora enroscou – pensou o moço – e olhou disfarçadamente
para o padrinho. Este novamente levantou a mão para ele com três dedos
levantados. O noivo disse: “Eu sei também, senhor padre, há três em pé e dois
deitados”.
Para crescermos na fé, precisamos conhecer mais profundamente o
catecismo e as verdades nas quais acreditamos! Senão a nossa fé pode ficar
ingênua.
Isabel elogiou a fé da sua prima Maria Santíssima: “Feliz
aquela que acreditou, pois aquilo que lhe foi dito da parte do Senhor será
cumprido!” (Lc 1,45). Maria nunca vacilou na fé, nem na hora mais
difícil, que foi a cruz. Que ela nos ajude a crescer na fé, e também a amar o
trabalho, pois assim cresceremos em todas as virtudes.
Muitos virão do Oriente e do Ocidente, e
se sentarão à mesa junto com Abraão, Isac e Jacó.
Padre Queiroz
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