21 de Julho de 2013 DOMINGO - Evangelho - Lc 10,38-42
Marta recebeu-o em sua casa. Maria
escolheu a melhor parte.
Este
Evangelho começa com a seguinte frase: “Jesus entrou num povoado, e
certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa.” Como é bom, para
quem está viajando, ser acolhido por alguém! Ainda mais por amigos, como eram
esses três irmãos, Marta, Maria e Lázaro. Jesus e os Apóstolos sempre se
hospedavam em sua casa, pois os recebiam, não só na casa mas no coração.
Há pessoas
que não recebem ninguém em casa, seja por medo, ou comodismo. São insensíveis
diante dos que vivem perambulando por aí, passando frio, fome e todo
desconforto.
“Eu era
peregrino e me acolhestes em casa” (Mt 25,35), dirá
Jesus a nós no juízo final. Por isso vinde que eu vos acolherei na minha
casa.
Quando Maria
e José chegaram a Belém, “chegou o tempo do parto, e ela deu à luz o
seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque
não havia lugar para eles na hospedaria”
(Lc 2,6-7). Essa
hospedaria é, muitas vezes, parecida com a nossa casa, na qual não há lugar
para o irmão, e muitas vezes nem para Cristo.
“Mostrai-vos
solidários com os santos em suas necessidades, prossegui firmes na prática da
hospitalidade” (Rm 12,13).
Entretanto,
Marta, que era tão hospitaleira, tinha um defeito que é muito comum em nossos
lares: o ativismo. Em nossas casas há sempre muitas coisas para fazer: limpeza,
preparação da comida, cuidados com os filhos... Fazendo isso, de certo modo, é
a Cristo que servimos. Entretanto, há algo muito mais importante que tudo isso:
escutar o próprio Cristo.
Marta
exagerava tanto no trabalho, que não tinha tempo para ouvir as palavras de
Jesus. Ela se esquecia da “melhor parte e esta não lhe será tirada”.
Maria, sua
irmã, quis aproveitar a presença de Jesus para ouvi-lo. E Jesus assinou embaixo
dessa atitude dela: “Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será
tirada”.
Todos nós
corremos o perigo de trabalhar a vida inteira, sacrificando o descanso, a
família, a saúde e até a oração e a participação na Igreja e, no fim, perceber
que correu em vão.
“Irmãos,
fazei tudo sem murmurar... para que sejais irrepreensíveis e íntegros, filhos
de Deus sem defeito, no meio de uma geração má e perversa, na qual brilhais
como luzeiros do mundo, apegados firmemente à palavra da vida. Assim, no dia de
Cristo, terei a glória de não ter corrido em vão” (Fl 2,14-16). Quantas
vezes os filhos se desunem na hora de dividir a herança, tornando inútil todo o
ativismo do pai!
Quando Jesus
foi tentado, ele disse ao diabo: “Não só de pão vive o homem, mas de
toda palavra que sai da boca de Deus”.
Mais
importante que fazer as coisas é fazê-las de modo novo. Para isso precisamos
ouvir a Palavra de Deus, que nos mostra o que fazer e como fazer.
Contra o
ativismo, Jesus tem palavras diretas e claras: “Olhai os pássaros do
céu: não semeiam, não colhem, nem guardam em celeiros. No entanto, o
vosso Pai celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles?...
Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus, e tudo o mais vos será dado por
acréscimo”
(Mt
6,26).
Marta oferece
a Jesus seus serviços materiais, quando ele quer entregar-lhe as riquezas
eterna. Ela trabalha e se afadiga, mas não tem tempo para estar com Jesus. O
amor é diferente, é outra coisa. Jesus é a paz, mas quem não o escuta em
ambiente de paz, não recebe a sua paz.
No interior
do Brasil, havia um barqueiro que era funcionário da prefeitura. Seu trabalho
era atravessar pessoas em um rio muito largo. Atravessava crianças para a
escola, jovens, homens, mulheres... A canoa dele era dessas de dois remos,
presos um de cada lado nas paredes da canoa, que ele puxava com as duas
mãos.
Ele escreveu
em um dos remos a palavra oração, e no outro a palavra ação.
Um dia, ele
estava atravessando um senhor, e este não gostou da palavra oração. Ele achava
que devia ser só ação. “O que o nosso mundo precisa é de ação”, dizia ele.
Falou, falou... e o barqueiro calado, escutando. Só que ele deixou o remo da
oração e começou a remar só com o da ação. Naturalmente, a canoa começou a
rodar no meio do rio e não ia para frente. Ao contrário, estava descendo rio
abaixo, sendo que a dois km havia uma cachoeira.
Então o homem
ficou com medo, parou de argumentar e suplicou: “Pare com essa brincadeira,
senão nós morremos!” O barqueiro pegou os dois remos, remou rio acima e chegou
ao porto.
Então o
barqueiro explicou: “É isto que acontece na nossa vida, se deixamos a oração e
começamos só a agir. Não vamos para frente, ficamos rodando em torno de nós
mesmos e cada vez mais nos aproximando do abismo”.
Os santos
padres antigos diziam: “Nós devemos trabalhar como se tudo dependesse de nós, e
rezar como se tudo dependesse de Deus. Aí sim, encontramos o porto
seguro”.
Temos outra
Maria que foi mais longe que esta, irmã de Lázaro. É a Mãe de Jesus.
Ouvia-o desde que seu coração começou a palpitar em seu seio. “Ensina teu povo
a rezar, Maria, Mãe de Jesus! Que um dia teu povo desperta e na certa vai ver a
Luz”.
Marta recebeu-o em sua casa. Maria
escolheu a melhor parte.
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