NATIVIDADE
DE SÃO JOÃO BATISTA 24/06/2012
1ª
Leitura Isaias 49, 1-6
Salmo 138 (139) “Sede bendito por me haverdes feito
de modo tão maravilhoso”
2ª
Leitura Atos 13, 22-26
Evangelho
Lucas 1, 57-66.80”
Nossa vida de fé é marcada por muitas promessas, a primeira delas no
Batismo, quando pais e padrinhos, falando por nós prometem e se comprometem em
professar uma fé viva, capaz de um testemunho autêntico diante do filho ou do
afilhado, e na unção crismal prometemos acolher em nossa vida o dom do Espírito
Santo e deixarmo-nos conduzir por ele.
O “amém” ao receber a Eucaristia não deixa de ser também uma promessa,
de viver sempre em comunhão com Jesus, e nos sacramentos da ordem ou do
Matrimônio, prometemos viver um amor total de entrega e doação à Santa Igreja,
ou um ao outro, na vida conjugal. Fazemos muitas promessas diante de Deus,
antes de receber o sinal sacramental e sabemos muito bem, que por causa dos
nossos pecados, muitas vezes quebramos promessas sagradas, quando acontecem as
separações, o abandono da comunidade ou de uma vocação religiosa.
Não é de hoje que o homem não cumpre suas promessas diante de Deus, à Bíblia
está repleta de relatos onde as pessoas, e próprio povo descumpriu algo
prometido diante de Deus. Entretanto, não encontramos uma só palavra ou frase,
no antigo ou no novo testamento, onde afirme que Deus deixou de cumprir alguma
de suas promessas, feitas para o homem.
A natividade de João Batista, único santo que no calendário da Igreja,
tem comemorado o seu nascimento, se reveste de fundamental importância na
história da salvação, justamente por ser um elemento divisor entre o tempo
chamado das promessas, e o tempo do cumprimento das mesmas.
Há na religiosidade do povo brasileiro uma prática que a modernidade não
conseguiu matar: a de fazer promessas! Todas as promessas são feitas para Deus,
mas com a intercessão dos santos. A história da Salvação teve início com uma
promessa, feita pelo próprio Deus. Ele prometeu através de líderes como Moisés,
dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, dos profetas e demais homens e mulheres de
Deus.
“Terminou para Isabel o tempo da gravidez e ela deu a luz um filho...”.
Este não é um nascimento qualquer de um israelita, Lucas faz questão de
salientar que se completou o tempo de gestação, o tempo de espera, e o útero de
Isabel, antes estéril e incapaz de gerar vida, tocado por Deus torna-se fértil,
simbolizando de repente o coração de todo um povo, cansado de sofrer, de andar
por caminhos errados, por atalhos que só levavam à morte, guiados por falsos
líderes, toda a esperança que este povo guardava no coração nas promessas de
Deus, irrompe agora como um lençol dágua que fura a rocha e flui à flor da
terra, para saciar os sedentos de esperança e de vida nova.
João Batista é a resposta de Deus aos anseios do povo, após um silêncio
de quase três séculos! Inspirados por Deus, todos os profetas haviam falado
deste tempo novo, para consolar e fortalecer um povo desiludido, desmotivado,
esmorecido e sem esperança, certamente esses profetas foram tidos como loucos,
sonhadores, fantasiosos, mas muitos guardaram no coração essas promessas, e
souberam transmiti-las de geração em geração, sem deixar morrer a esperança, o
próprio Zacarias, sacerdote do templo e pai de João Batista, faz parte deste
povo que espera, seu nome significa “Deus se recordou”.
A sua súbita mudez, longe de ser um castigo, é prenúncio do tempo feliz
que com ele irá se iniciar, e ao apresentar a criança no templo, para ser circuncidado
como era costume, ele confirma o nome de “João” que significa “Aquele que
anuncia” e recuperando a voz, glorifica a Deus que visitou o seu povo.
Que significado tem, para nós cristãos, a celebração do nascimento de
João Batista neste 24 de Junho? Se ficarmos apenas na popularidade e nos
festejos joaninos típicos desta data, iremos nos divertir muito, mas certamente
não iremos aprender nenhuma lição.
O nosso povo, tanto quanto aquele povo de Israel, em meio aos
sofrimentos físicos e morais, também têm guardado no coração essa esperança, de
que um dia o bem supremo irá triunfar sobre as forças do mal, é verdade que
conforme os dias vão passando, as vezes o desânimo vai tomando conta do coração
de muitos que perderam a crença em Deus, no amor e na própria vida, são certas
promessas mirabolantes que nunca se realizam, são líderes charlatães que
iludem, enganam, roubam. São lideranças religiosas que não cumprem e nem honram
seu papel de ministros de Deus, criando uma religião fantasiosa, que explora e cria
tantas ilusões.
João vislumbra algo que ninguém tinha ainda vislumbrado: que o reino já
estava no meio dos homens, na pessoa e na missão de Jesus de Nazaré. Anuncia a
necessidade de uma mudança de mentalidade e de coração, para acolher este reino
novo, que não se fundamenta em mentiras e fantasias, mas na Verdade que é Jesus
Cristo, o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Olhando para a origem de João, seu nascimento e a missão de precursor do
Messias, que Deus lhe confiou, podemos refletir sobre tais acontecimentos à luz
do evangelho, e mais do que refletir, já está na hora de vivermos esse
evangelho, que fala de um tempo novo, de um reino que já está entre nós e que
consegue restituir ao coração humano toda essa Esperança que é Jesus de Nazaré,
pois como João Batista, todos nós nascemos para ser os portadores e
anunciadores dessa Boa Nova, ao homem descrente deste terceiro milênio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário