O Reino de Deus está entre vós.
Neste Evangelho, Jesus, respondendo à pergunta dos fariseus
sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus, diz que o Reino de Deus está
entre nós.
Jesus deu o nome de Reino de Deus ao conjunto de todo o novo
modo de viver que ele nos trouxe. “É um Reino eterno e universal, da verdade e
da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz” (Prefácio da
Missa de Cristo Rei).
É um projeto de humanidade nova e, conseqüentemente, de mundo
novo. Ele não chega ostensivamente, como uma grande e portentosa efeméride,
abalando o céu e a terra.
Os fariseus, que fizeram a pergunta a Jesus, tinham uma noção
muito errada do Reino de Deus. Eles pensavam que seria um reinado político,
como no tempo de Davi e de Salomão.
O Reino de Deus é comparado com o alvorecer. A luz do sol já
chegou, mas não plenamente, pois há ainda muita escuridão. Ou, numa comparação
ainda mais bonita, é como a mulher dando à luz. A criança, que é o Reino de
Deus pleno, ainda não nasceu, mas está aparecendo, entre dores, que são os
sofrimentos dos cristãos.
Ele é uma realidade abrangente. Envolve toda a vida humana, em
todas as dimensões. A Encarnação do Verbo de Deus acabou com a diferença entre
profano e sagrado. Agora toda a realidade humana é sagrada, porque o homem é
sagrado.
O Reino de Deus chegou aqui na terra quando Jesus nasceu.
Durante a vida pública de Jesus, o Reino de Deus deu grandes passos na sua
construção, e continua caminhando até hoje. Mas, de maneira perfeita e
completa, foi só na pessoa de Jesus que o Reino de Deus já se realizou aqui na
terra.
Nós não podemos dizer que o Reino de Deus “está aqui”, ou “está
ali”, porque ele está presente na terra, mas misturado com outro reino oposto,
que o livro do Apocalipse chama de reino da besta fera (Ap 11,7), ou reino da
dragão (Ap 13,1-18).
O Espírito Santo nos dá o dom do discernimento para
distinguirmos um do outro. Onde existe a verdade, a paz, a justiça, o bem, aí
está o Reino de Deus. Onde existe a mentira, a violência, a injustiça, a
desobediência a Deus e a falta de fé, aí está o reino da besta fera. O reino da
besta fera leva à morte, o Reino de Deus leva à vida.
Os agentes dos dois reinos vivem em conflito. A turma do reino
da besta fera já matou milhares de agentes do Reino de Deus. E os agentes do Reino
de Deus já conseguiram converter milhares de agentes do reino da besta.
O trabalho de construção do Reino de Deus gera uma luta entre a
verdade e a mentira, a santidade e o pecado, a justiça e a injustiça, a
violência e a paz, o amor e o ódio, a solidariedade e a ganância, a vida e a
morte. Muito sangue já foi derramado nessa luta, e ainda será. Basta ver os
mártires. No centro da luta está a Igreja. Ela é santa, porque seu fundador e
santo, é dirigida pelo Espírito Santo e tem muitas pessoas santas, entre as
quais se destaca Maria Santíssima. Mas é também pecadora, pois nós, seus
membros, somos pecadores.
Mas a nossa luta e a nossa esperança são de que a Igreja seja
cada vez mais santa. Quando um cristão se santifica, toda a Igreja se torna
mais santa; quando um cristão peca, toda a Igreja fica mais pecadora.
Certa vez, houve uma competição de cegos. O desafio era descer
uma montanha de neve, usando esqui, e ver quem chegava primeiro. Para treinar,
eles desceram a montanha várias vezes.
Mas cada um deles tinha ao seu lado um esquiador profissional,
que ia dando ordens para ele. O profissional gritava: “esquerda”. “direita”.
Enquanto obedeciam aos comandos, podiam fazer todos ziguezagues do percurso e
cruzar a linha de chegada.
É assim que o Reino de Deus se constrói. É cada um dando a mão
ao outro, suprindo a sua deficiência, pois todos somos deficientes em alguma
coisa.
E a Santa Igreja tem uma estrela: Maria Santíssima. Ela é “a
glória de Jerusalém, a alegria de Israel e a honra do Povo de Deus”. Que ela
nos ajude a ser bons cidadãos do Reino de Deus.
O Reino de Deus está entre vós.
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