17 Março
2021
Lectio
Primeira leitura: Isaías 49, 8-15
8 Eis o que diz o Senhor:«Eu respondi-te no
tempo da graça, e socorri-te no dia da salvação. Defendi-te e designei-te como
aliança do povo, para restaurares o país e repartires as heranças devastadas,
"per» dizeres aos prisioneiros: 'Saí da prisão!' E aos que estão nas
trevas: 'Vinde à luz!' .Ao longo dos caminhos encontrarão que comer, e em todas
as dunas arranjarão alimento. 10 Não padecerão fome nem sede, e não os
molestará o vento quente nem o sol, porque o que tem compaixão deles os guiará,
e os conduzirá em direcção às fontes. 11 Transformarei os meus montes em
caminhos planos, e as minhas estradas serão alteadas. 12Vede como eles chegam
de longe! Uns vêm do Norte e do Poente, e outros, da terra de Siene.» 13Cantai,
Ó céus! Exulta de alegria, ó terra! Prorrompei em exclamações, ó montes! Na
verdade, o Senhor consola o seu povo, e se compadece dos desamparados. 14 Sião
dizia: «O Senhor abandonoume, o meu dono esqueceu-se de mim.» 15Acaso pode uma
mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas?
Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria.
Deus dá nova coragem ao seu Servo
experimentado pelo sofrimento e dilata os confins da sua missão a toda a terra.
A sua primeira acção consistirá na libertação dos Israelitas do Egipto, porque
chegou o tempo da misericórdia, o dia da salvação (v. 8). Deus entra no curso
da história humana para a transformar. O Servo é como Moisés: mediador da
Aliança. Como Josué, restaurará e redistribuirá a terra. Será o arauto de um
novo êxodo, que será çulado pelo próprio Senhor. Os exilados enchem-se de
esperança.
A partir do v. 12, o profeta contempla de
Jerusalém o povo que regressa à pátria, vindo de Babilónia e de outras paragens
onde andava disperso. O próprio universo exulta e entoa hinos ao Senhor que «se
compadece dos dessmpsredos». O seu amor é semelhante ao de uma mãe pelos seus
filhos: um amor cheio de ternura e profundidade, um amor visceral. O nosso Deus
não é um deus longínquo, um juiz implacável. É um Deus próximo e solícito.
Evangelho: João 5, 17-30
17 Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: «O
meu Pai continua a realizar obras até agora, e Eu também cominuo!» 18 Perante
isto, mais vontade tinham os judeus de o matar, pois não só anulava o Sábado,
mas até chamava a Deus seu próprio Pai, fazendo-se assim igual a Deus. 19 Jesus
tomou, pois, a palavra e começou a dizer-lhes: «Em verdade, em verdade vos
digo: o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vir fazer ao Pai,
pois aquilo que este faz também o faz igualmente o Filho. 20 De facto, o Pai
ama o Filho e mostra-lhe tudo o que Ele mesmo faz; e há-de mostrarlhe obras
maiores do que estas, de modo que ficareis assombrados. 21 Pois, assim como o
Pai ressuscita os mortos e os faz viver, também o Filho faz viver aqueles que
quer. 220 Pai, aliás, não julga ninguém, mas entregou ao Filho todo o
julgamento, 23para que todos honrem - o Filho como honram o Pai. Quem não honra
o Filho não honra o Pai que o enviou. 24 Em verdade, em verdade vos digo: quem
ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não é
sujeito a julgamento, mas passou da morte para a vida. 25 Em verdade, em
verdade vos digo: chega a hora - e é já - em que os mortos hão-de ouvir a voz
do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão, 26 pois, assim como o Pai tem a
vida em si mesmo, também deu ao Filho o poder de ter a vida em si mesmo; 27 e
deu-lhe o poder de fazer o julgamento, porque Ele é Filho do Homem. 28 Não vos
assombreis com isto: é chegada a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de
ouvir a sua V04 29 e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma
ressurreição de vida; e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição
de condenação. 30 Por mim mesmo, Eu não posso fazer nada: conforme ouço, assim
é que julgo; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas
a daquele que me enviou.»
Aos judeus, que O perseguem por curar em dia
de sábado, Jesus revela a sua identidade de Filho de Deus, e coloca-se acima da
Lei. Segundo especulações judaicas, de que encontramos vestígios no v. 17, o
repouso sabático dizia respeito à obra criadora de Deus, mas não à permanente
actividade pela qual incessantemente dá a vida e julga. Nos vv. 19-30, Jesus
mostra que se conforma em tudo ao agir de Deus: «o Filho, por si mesmo, não
pode fazer nada, senão o que vir fazer ao Pap> (v. 19). Esta afirmação surge
novamente no v. 30, revelando o sentido de todo o texto. A total unidade de
acção entre o Pai e o Filho resulta da total obediência do Filho, que ama o Pai
e partilha do seu amor pelos homens pecadores. O Pai doa ao Filho o que só a
Ele pertence, o poder sobre a vida e a autoridade no juízo (vv. 21 s.). Esta
íntima relação entre o Pai e o Filho pode alargar-se aos homens pela escuta
obediente da palavra de Jesus.
Meditatio
Deus fez do seu Servo, que é Jesus Cristo,
sinal e instrumento de aliança com o seu povo: «designei-te como aliança do
povt». Esta afirmação permite-nos penetrar mais profundamente no mistério de
Cristo. Em primeiro lugar, leva-nos a contemplar a sua união com o Pai. Jesus é
o Filho muito amado, que contempla tudo quanto o Pai faz, para também Ele o
fazer: «o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vir fazer ao
Pai, pois aquilo que este faz também o faz igualmente o Filh(J». O Filho de
Deus veio ao mundo, não para fazer a sua vontade, mas a vontade do Pai: «porque
não busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou». Por isso, Jesus é
imagem viva, activa, do Pai: «O meu Pai continua a realizar obras até agora, e
Eu também continuo», Porque está perfeitamente unido ao Pai, Jesus Cristo pode
ser aliança para o povo. Como Filho muito amado do Pai, vem convidar todos os
homens para a festa da vida. A ninguém é negado esse convite. O único
abandonado é precisamente o Filho muito amado, que um Amor maior entrega à
morte para a todos dar a vida.
Intimamente unido ao Pai, o Filho fez-Se
solidário connosco e veio revelar-nos o amor misericordioso de Deus. Jesus
Cristo é aliança de Deus connosco para nos dar a vida. Transmite-nos a palavra
de Deus para nos transmitir a vida de Deus: «assim como o Pai ressuscita os
mortos e os faz viver, também o Filho faz viver aqueles que quer», Os mortos
são os que vivem em pecado, porque, desligados de Deus, não têm em si a vida
divina e não podem amar a Deus nem aos irmãos. Só a Palavra de Deus, que revela
o amor o seu amor misericordioso, comunica a vida e dá capacidade para amar.
O evangelho de hoje revela-nos que, para
estarmos unidos a Deus, precisamos de estar unidos a Cristo. É permitindo e
realizando essa união com o Pai que Cristo se revel
a aliança de Deus para nós.
o Pe. Dehon vivia uma profunda união com Deus,
através da união a Cristo, já desde os primeiros anos de seminário, em Roma.
"Bem depressa Nosso Senhor tomou conta da minha alma. Colocou as
disposições que deviam ser a nota dominante da minha vida, apesar das mil e uma
faltas: devoção ao Seu Divino Coração, humildade, conformidade com a sua
vontade, união a Ele, vida de amor. Este devia ser o meu ideal e a minha vida
para sempre. Nosso Senhor mostrava-mo, reconduzia-me sem descanso e assim me
preparava para a missão que me destinava para a obra do seu Coração"( NHV
IV, p. 183). Esta profunda união com Deus, por Cristo, levou-o a uma grande
solidariedade com os irmãos, especialmente com os que viviam em maiores
dificuldades. É o que nos pedem também as nossas Constituições: "A nossa
união com Cristo" (Cst. 18), "no seu amor pelo Pai e pelos
homens" (Cst. 17) manifesta-se, não só "na escuta da Palavra e na
partilha do Pão" (Cst. 17), mas também "na disponibilidade e no amor
para com todos" (Cst. 18).
Oratio
Senhor Jesus, Tu és verdadeiramente Aquele em
Quem encontramos o Pai. Mas és também Aquele em Quem encontramos os irmãos e as
irmãs. Só em Ti os podemos amar de verdade. Por isso, queremos permanecer em
Ti, especialmente neste tempo da Quaresma, quando já se aproxima a celebração
do teu mistério pascal. Várias vezes, durante o dia, queremos penetrar no teu
Coração para nele bebermos o amor ao Pai e o amor aos irmãos. Tu és a nossa
aliança, a nova e eterna aliança que o Pai nos oferece. Queremos viver em Ti.
Amen.
Contemplatio
É nas meditações dos sofrimentos de Nosso
Senhor que havemos de retirar as forças necessárias para seguirmos os exemplos
de abandono que Ele deu na sua vida de menino. O desejo de nos unirmos aos seus
sofrimentos adoça as penas que podemos encontrar na imolação de nós mesmos.
Estas penas, unimo-Ias à sua imolação do Calvário e são um meio de nos
associarmos à sua dolorosa Paixão. Esta união de intenção é-lhe muito
agradável. O amor com o qual a fazemos aumenta o seu valor aos seus olhos.
O seu amor é assim um meio de suportar todas
as provações pelas quais devemos passar, de aligeirar e mesmo de transformar em
alegrias tudo o que sem isto seria mágoa ou amargura.
Somos flagelados com ele, quando lhe
oferecemos amorosamente as mortificações da carne e as humilhações do orgulho.
Somos coroados de espinhos, quando unimos amorosamente aos seus sofrimentos
todas as contrariedades que provamos. Caminhamos com Ele na via dolorosa do
Calvário, quando seguimos, unidos a Ele pelo amor, as vias onde lhe apraz
fazer-nos passar. Somos pregados à cruz com Ele quando unimos à sua crucifixão
as situações penosas ou dolorosas nas quais lhe apraz colocar os seus amigos.
Agonizamos com Ele sobre a cruz, quando unimos às suas penas as angústias de
uma situação na qual quer que nos encontremos.
Quem quer que ama passa por provações. É
preciso sofrer estas provações com Ele, em união com os sofrimentos da sua
Paixão. A união de amor identifica de algum modo os nossos sofrimentos com os
de Jesus. Mas não é necessário para isso que experimentemos dores semelhantes
às suas. São-lhe sempre semelhantes quando são generosamente aceites e
oferecidas em união com as suas.
Mas esta união pede o recolhimento habitual, a
recordação constante das bondades de Nosso Senhor e do seu amor e uma doce
intimidade habitual com Ele.
Nosso Senhor fala desta união que lhe é cara
quando diz: Aquele que faz (por amor para com o meu Pai e por mim) a vontade do
meu Pai celeste (e a minha) esse é meu irmão, e minha irmã e minha mãe (Leão
Dehon, OSP 3, p. 254s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Lembrai-vos, Senhor, do vosso amor» (SI 24, 6a).
DEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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