S. José,
Esposo da Virgem S. Maria
19 Março
2021
O culto litúrgico a S. José celebra-se, pelo
menos, desde o século IV, quando Santa Helena lhe dedicou uma igreja. No
Oriente, celebrava-se, a partir do século IX, uma festa em sua honra. No
Ocidente o culto é mais tardio. No século XII, é celebrado entre os
Beneditinos. No século XII, é celebrado entre os Carmelitas, que o propagam na
Europa. No século XV, João Gerson e S. Bernardino de Sena são os seus
fervorosos propagandistas. Santa Teresa de Jesus era uma devota fervorosa de S.
José e muito promoveu o seu culto.
S. José, descendente de David, era provavelmente de Belém. Por motivos
familiares ou de trabalho, transferiu-se para Nazaré e tornou-se esposo de
Maria. O anjo de Deus comunicou-lhe o mistério da incarnação do Messias no seio
de Maria, e José, homem justo, aceitou-o apesar da dura crise por que passou.
Indo a Belém para o recenseamento, lá nasceu o Menino Jesus. Pouco depois, teve
de fugir com ele para o Egipto, donde regressou a Nazaré. Quando Jesus tinha doze
anos, vemos José e Maria em Jerusalém, onde perdem o filho e acabam por o
reencontrar entre os doutores do templo. A partir deste episódio, os evangelhos
nada mais dizem sobre José. É possível que tenha morrido antes de Jesus iniciar
a sua vida pública.
S. José é padroeiro da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus,
Dehonianos.
Lectio
Primeira leitura: 2 Samuel 7, 4-5a.12-14a.16
Naqueles dias, a palavra do Senhor foi
dirigida ao profeta Natã, dizendo-lhe: 5«Vai dizer ao meu servo David: Diz o
Senhor: 12Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais,
manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e consolidarei o seu
reino. 13Ele construirá um templo ao meu nome, e Eu firmarei para sempre o seu
trono régio. 14Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. 16A tua
casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de mim, e o teu trono estará
firme para sempre".»
A profecia de Natã acena a Salomão, filho de
David e construtor do templo. Mas as palavras: "manterei depois de ti a
descendência que nascerá de ti e consolidarei o seu reino" (v. 12),
indicam uma longa descendência no trono de Judá. Esta descendência teve um fim
histórico, recebendo força profética na alusão velada ao Messias, descendente
de David. Ele reinará para sempre. Mas o seu reino não será deste mundo. Será
um reino espiritual para salvação da humanidade. A tradição cristã sempre
aplicou este texto a Jesus, Messias descendente de David, e indiretamente
também a José, o último elo da genealogia davídica.
Segunda leitura: Romanos 4, 13.16-18.22
Irmãos: Não foi em virtude da Lei, mas da
justiça obtida pela fé que a Abraão, ou à sua descendência, foi feita a
promessa de que havia de receber o mundo em herança. 16Por isso, é da fé que
depende a herança. Só assim é que esta é gratuita, de tal modo que a promessa
se mantém válida para todos os descendentes: não apenas para aqueles que o são
em virtude da Lei, mas também para os que o são em virtude da fé de Abraão, pai
de todos nós, 17conforme o que está escrito: Fiz de ti o pai de muitos povos.
Pai diante daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à
existência o que não existe. 18Foi com uma esperança, para além do que se podia
esperar, que ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o
que tinha sido dito: Assim será a tua descendência. 22Esta foi exactamente a
razão pela qual isso lhe foi atribuído à conta de justiça.
Paulo evoca a figura de Abraão, pai dos
crentes, que reconheceu a sua indigência e se apoiou, isto é, "acreditou"
em Deus recebendo o "juízo de salvação", a "justificação".
A sua indigência foi superada e pôde realizar a sua "tarefa
existencial", a sua "obra", que naquelas circunstâncias
consistia na sua paternidade para com Isaac. A liturgia aplica a S. José o elogio
de Paulo a Abraão. A fé do esposo de Maria, submetida a duras provas,
manteve-se firme, fazendo dele "homem justo", e pai adoptivo de
Jesus. A sua resposta de fé manteve-se durante toda a sua vida. Por isso,
colaborou com disponibilidade e generosidade no projeto de salvação a que Deus
o associou. Se Abraão é "tipo" do cristão, José também o é. Abraão
sabia-se condenado à morte, pois não teria descendência. Mas acreditou e
recebeu uma grande descendência da mão de Deus. José aceitou ser "pai"
de Quem não era seu filho, mas Filho de Deus e de Maria, e colaborou na geração
da humanidade nova, nascida da morte e da ressurreição de Cristo.
Evangelho: Lucas 2, 41-51a
Os pais de Jesus iam todos os anos a
Jerusalém, pela festa da Páscoa. 42Quando Ele chegou aos doze anos, subiram até
lá, segundo o costume da festa. 43Terminados esses dias, regressaram a casa e o
menino ficou em Jerusalém, sem que os pais o soubessem. 44Pensando que Ele se
encontrava na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-lo entre
os parentes e conhecidos. 45Não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém, à sua
procura. 46Três dias depois, encontraram-no no templo, sentado entre os
doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. 47Todos quantos o ouviam,
estavam estupefactos com a sua inteligência e as suas respostas. 48Ao vê-lo,
ficaram assombrados e sua mãe disse-lhe: «Filho, porque nos fizeste isto? Olha
que teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura!» 49Ele respondeu-lhes:
«Porque me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?» 50Mas
eles não compreenderam as palavras que lhes disse. 51Depois desceu com eles,
voltou para Nazaré.
A lei judaica mandava que os primogénitos,
sendo sagrados, deviam ser entregues a Deus ou sacrificados. Como o sacrifício
humano era proibido, a lei obrigava a fazer uma espécie de troca, de maneira
que em vez do menino, era oferecido um animal puro (cordeiros, pombas) (cf. Ex
13 e Lv 12). Lucas parece ter presente que Jesus, primogénito de Maria, era
primogénito de Deus. Por isso, com a substituição do sacrifício - oferecem-s
duas pombas - é evidenciado o fato de Jesus ser "apresentado ao
Senhor", isto é, solenemente oferecido ao Pai. O sentido deste
oferecimento só se compreende à luz da cena do calvário, onde Jesus já não pode
ser substituído e morrerá como autêntico primogénito, que se entrega ao Pai
pela salvação dos homens.
Como pai adoptivo, José preocupa-se por tudo uanto diz respeito a Jesus. Embora
não lhe seja dado penetrar completamente no mistério das relações de Jesus com
o Pai, e também não compreendendo tudo quanto Jesus faz e diz, deixa-se no
entanto, conduzir por Deus, com uma fé dócil e silenciosa. A sua máxima, à
semelhança da de Jesus e da de Maria, poderia ser: "Ecce servus
tuus", eis o teu servo.
Meditatio
A Igreja convida-nos, hoje, a voltar-nos para
S. José, a alegrar-nos e a bendizermos a Deus pelas graças com que o cumulou.
S. José é o "homem justo" (Mt 1, 19). A sua justiça vem-lhe do
acolhimento do dom da fé, da retidão interior e do respeito para com Deus e para
com os homens, para com a lei e para com os acontecimentos. É o que nos sugere
a segunda leitura. Não foi fácil para José aceitar uma paternidade que não era
dele e, depois, a responsabilidade de ser o mestre e guia d´Aquele que, um dia,
havia de ser o pastor de Israel. Respeito, obediência e humildade estão na base
da "justiça" de José. Foi esta atitude interior, no desempenho da sua
missão única, que guindaram José ao cume da santidade cristã, junto de Maria, a
sua esposa.
As atitudes de José são características dos grandes homens, de que nos fala a
Bíblia, escolhidos e chamados por Deus para missões importantes. Embora se
considerassem pequenos, fracos e indignos, aceitavam e realizavam a missão,
confiando n´Aquele que lhes dizia: "Eu estarei contigo".
José não procurou os seus interesses e satisfações, mas colocou-se inteiramente
aos serviços dos que amava. O seu amor pela esposa, Maria, visava unicamente
servir a vocação a ela que fora chamada. Deste modo, o casal chegou a uma união
espiritual admirável, donde brotava uma enorme e puríssima alegria. Era a
perfeição do amor. O amor de José por Jesus apenas visava servir a vocação de
Jesus, a missão de Jesus. Para José, o filho não era uma espécie de propriedade
a quem impunha uma autoridade e afeto tirânico, como, por vezes, acontece com
alguns pais. José sabia que Jesus não era dele, e nada mais desejava do que
prepará-lo, conforme as suas capacidades, para a missão de Salvador, como lhe
fora dito pelo Anjo.
Por intercessão do nosso santo, peçamos a Deus a fé, a confiança, a docilidade,
a generosidade e a pureza do amor para nós mesmos e para quantos têm
responsabilidades na Igreja, para que as maravilhas de Deus se realizem também
nos nossos dias.
Oratio
Ó S. José, eu admiro e louvo a vossa perfeição
e a vossa santidade. Que exemplos e que méritos! A vossa intercessão no céu é
sempre escutada. O Coração de Jesus não pode ficar insensível à vossa oração.
Pedi hoje a minha conversão, a minha santificação. Pedi o perdão de todas as
minhas faltas e a graça de corresponder ao que Nosso Senhor espera de mim.
Fiat! Fiat! (Leão Dehon, OSP 3, p. 309).
Contemplatio
José, o justo, o santo, entra simplesmente nos
desígnios do céu sobre ele e torna-se esposo de Maria por um casamento
virginal; esposo de uma Virgem, de uma Rainha, esposo da Mãe de Deus e da
Esposa do Espírito Santo! Mas o seu coração é digno dela. Na sua alma reúnem-se
a fé viva dos patriarcas, as nobres aspirações dos profetas, as esperanças das
gerações passadas. O seu coração é o mais puro, o mais amável, o mais celeste
de todos, depois do Coração de Jesus e do Coração imaculado de Maria. José é o
esposo da Virgem Maria, com que respeito a envolve! Que delicadeza, que
discrição nas suas relações com ela! Aprendeu de cor a sua sublime missão de
castidade e de amor. E quando foi advertido pelo anjo a respeito dos grandes
desígnios de Deus sobre o filho de Maria, associou-se de coração à missão de
vítima do seu filho adotivo e aceitou sem reserva todos os sofrimentos que daí
resultariam para ele. Esposo de Maria! Que conjunto de graças este título
supõe. José esteve unido mais do que ninguém neste mundo à Mãe de Deus. Tiveram
todos as mesmas vistas, todos as mesmas orações e os mesmos sofrimentos. Os
méritos de S. José aproximam-se dos de Maria. Que grandeza e que dignidade!
José é o pai nutritivo de Jesus, pai legal e pai putativo. Tem tudo o que pode
pertencer à paternidade sem ferir a virgindade. Tem todos os direitos e toda a
autoridade de um pai. É o chefe da Sagrada Família. (Pe. Dehon, OSP 3, p. 308).
Actio
Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
"Ecce servus tuus! Eis o teu servo!"
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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