Domingo, 28 de março de 2021.
Evangelho de Mc 11, 1-10.
Com a celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, a Igreja abre a Semana Santa, Semana Maior.
Entrar na Semana Santa é entrar em
Jerusalém com Jesus, onde Ele será aclamado como Rei, mas será crucificado daí
uns dias.
Jesus entra em
Jerusalém, como Messias, o rei da paz,
manso e humilde, indicando um reino de Justiça, de Amor e paz montado
num burrinho, conforme havia sido profetizado muitos séculos antes (Zac. 9,9). Jesus entra triunfalmente em Jerusalém porque
é acolhido como Rei, embora sendo um rei diferente dos reis, sem cavalo de
raça, sem carruagem, sem luxo, sem súditos, sem exército... Um rei pobre
montado num jumento, montaria dos pobres.
Jesus não veio para dominar, mas para proclamar o reino da paz, da
fraternidade e da justiça. Jesus não é um Rei com valores do “mundo”, seu
reinado é o serviço e amor a todos. Um reino próximo do povo e para o
povo, muito diferente do que havia até então. De acordo com a concepção dos
judeus, o povo esperava um Messias diferente, triunfante, mas Jesus é simples,
se achega às pessoas com simplicidade, humildade, sem cerimônias e
formalidades. Muitos não entenderam o reinado de Jesus, como hoje muitos ainda
não entendem quem é Jesus e qual o seu reinado.
A celebração de
hoje inicia-se com o Hosana! O povo
gritava “Hosana” que em hebraico, significa “salve-nos!” E culmina
no crucifica-o! Era isso que aquele
povo sofrido gritava à passagem de Jesus, montado em um simples jumento. O povo
que pedia por sua salvação, reconhecia definitivamente naquele homem que
passava o Salvador tão esperado, aquele que poderia libertá-lo do sofrimento e
do jugo dos dominadores. Todos sacudiam ramos de palmeira ou de oliveira,
jogavam suas vestes no chão para Jesus passar, aclamavam com fervor como que
enlouquecidos pelo Rei Jesus. Os ramos da oliveira, árvore da qual se
extrai o azeite, era uma forma de aclamar Jesus como o Ungido, o Messias
esperado. Muitos que gritavam louvando e saudando Cristo, depois incitados
pelos sumos sacerdotes gritaram juntos com os outros “Crucifica-O”.
Mas esse grito
crucifica-O não é absurdo; é, antes, o coração do mistério. O mistério que se
quer proclamar é este: Jesus se entregou voluntariamente a sua Paixão; não se
sentiu esmagado por forças maiores do que Ele (Ninguém me tira a vida, mas eu a
dou por própria vontade Jo10,18). Foi Ele que, conhecendo a vontade do Pai,
compreendeu que havia chegado a hora e a acolheu com a obediência livre do
filho e com infinito amor para os homens.
Esse fato nos leva a recordar que quantas vezes louvamos Jesus com
os lábios, O recebemos na Eucaristia, mas o condenamos com a nossa língua
ferina, com a maneira de viver, de ser, de agir. São muitas as maneiras de
crucificarmos Cristo Jesus, quando somos coniventes com as injustiças, com a
opressão, quando falamos mal dos nossos irmãos, quando damos continuidade a
fofocas e intrigas que fazem nossos irmãos sofrerem. São muitas as formas de
condenação de Cristo que hoje fazemos e que mostram a necessidade de conversão
que precisamos todos os dias. Somos pecadores, precisamos mudar de direção, ser
mais amorosos com o próximo.
Hoje Jesus quer
também entrar triunfante na vida dos homens, sobre uma montaria humilde: quer
que demos testemunho d’Ele com a simplicidade do nosso trabalho bem feito, com
a nossa alegria, com a nossa serenidade, com a nossa sincera preocupação pelos
outros. Quer fazer-se presente em nós através das situações da nossa vida humana.
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém pede-nos coerência e perseverança,
aprofundamento da nossa fidelidade, para que os nossos propósitos não sejam luz
que brilha momentaneamente e logo se apaga. Dentro do nosso coração, há
profundos contrastes: somos capazes do melhor e do pior. Se queremos ter em nós
a vida divina, triunfar com Cristo, temos de ser constantes e romper como
pecado, com o mal, que nos afasta de Deus e nos impede de acompanhar o Senhor
até a Cruz.
Vamos aproveitar essa celebração dos ramos para aprender com Jesus
a sermos simples, humildes, mansos... Só a Ele, devemos aclamar, porque Ele é o
verdadeiro Rei. Podemos saudar Jesus com ramos, com bandeirinhas, com foguetes,
mas principalmente saudá-Lo com uma vida de simplicidade, humildade, amor e
serviço aos irmãos.
O povo da primeira Aliança, que durante a Festa das
Tendas levava ramos nas mãos, simbolizando a esperança no Messias, hoje, nós
aclamamos o Cristo Rei Redentor, Ressuscitado, Vitorioso e podemos renovar
nossa adesão a Ele. Deixemos que o mistério pascal da paixão, morte e
ressurreição de Jesus se realize em nossa vida.
A Boa Notícia deste domingo é o anúncio daquele que se fez servo,
paciente nas provações, obediente até a morte e morte de cruz para salvar a
humanidade do pecado e da morte.
Que nós possamos nestes dias da Semana Santa estar unidos à Virgem
Maria no Monte Calvário, permanecendo com ela aos pés da Cruz, velando com ela
o Cristo morto, aguardando também com ela o dia luminoso da ressurreição.
Que ela interceda por nós e nos faça direcionar os nossos passos no
caminho da verdade e do bem. Assim seja.
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
Muito lindo seu texto Udi!!!
ResponderExcluirE de uma importância tão grande nesse momento.
Beijos
Ana Ramia
Obrigada, amada prima! Nesse tempo de pandemia muitos estão sendo Cirineu dos irmãos que sofrem. Vamos amar mais, crescer na fé e na esperança!
ResponderExcluirUde