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Janeiro 2021
Tempo Comum - Anos Ímpares - I Semana -
Sexta-feira
Primeira leitura: Hebreus 4, 1-5.11
Irmãos, 1embora permanecendo a promessa de
entrar no seu repouso, temamos que algum de vós seja considerado excluído.
2Porque, a nós como a eles, foi anunciada a Boa-Nova; porém, a eles, a palavra
escutada não valeu de nada, pois não permaneceram unidos na fé aos que a tinham
escutado. 3Quanto a nós, os que acreditámos, entraremos no descanso, como Ele
disse: Tal como jurei na minha ira, não entrarão no meu repouso.No entanto, as
suas obras estavam realizadas desde a fundação do mundo, 4pois diz-se em qualquer
parte, a propósito do sétimo dia: Deus repousou no sétimo dia, de todas as suas
obras; 5e ainda, neste passo: Não entrarão no meu repouso. 11Apressemo-nos,
então, a entrar nesse repouso para que ninguém caia no mesmo tipo de
desobediência.
O nosso texto continua a tratar o tema da
fidelidade. Enquanto dura o «hoje», há que não deixar endurecer o coração,
afastando-se de Deus pela incredulidade. Este afastamento era uma tentação
permanente, não só para os cristãos que tinham vindo do judaísmo, mas para todos
os que tinham recebido a revelação final e a luz em Cristo e através de Cristo.
Voltar à incredulidade equivalia a quebrar relações com Deus, a pecar contra a
luz (cf. 6, 4-6), a recusar percorrer o único caminho que pode levar à luz e à
vida, ao «repouso» de Deus (v. 5). A promessa feita a Israel continua válida
para os crentes em Cristo, mas a «boa nova» anunciada por Deus deve ser
acolhida na fé. Este acolhimento é uma opção dinâmica que exige compromisso
perseverante, a nível pessoal, uma vez que a fé na Palavra é sempre inovada e
traduzida na vivência pessoal (v. 3), mas também a nível eclesial, porque é na
comunidade dos crentes que a Palavra é transmitida. Se assim for, o povo de
Deus pode caminhar na unidade rumo à meta indicada pelo Senhor.
Evangelho: Marcos 2, 1-12
Dias depois, tendo Jesus voltado a Cafarnaúm,
ouviu-se dizer que estava em casa. 2Juntou-se tanta gente que nem mesmo à volta
da porta havia lugar, e anunciava-lhes a Palavra. 3Vieram, então, trazer-lhe um
paralítico, transportado por quatro homens. 4Como não podiam aproximar-se por
causa da multidão, descobriram o tecto no sítio onde Ele estava, fizeram uma
abertura e desceram o catre em que jazia o paralítico. 5Vendo Jesus a fé
daqueles homens, disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados.»
6Ora estavam lá sentados alguns doutores da Lei que discorriam em seus
corações: 7«Porque fala este assim? Blasfema! Quem pode perdoar pecados senão
Deus?» 8Jesus percebeu logo, em seu íntimo, que eles assim discorriam; e
disse-lhes: «Porque discorreis assim em vossos corações? 9Que é mais fácil?
Dizer ao paralítico: 'Os teus pecados estão perdoados', ou dizer: 'Levanta-te,
pega no teu catre e anda'? 10Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem
tem na terra poder para perdoar os pecados, 11Eu te ordeno - disse ao
paralítico: levanta-te, pega no teu catre e vai para tua casa.» 12Ele
levantou-se e, pegando logo no catre, saiu à vista de todos, de modo que todos
se maravilhavam e glorificavam a Deus, dizendo: «Nunca vimos coisa assim!»
A «palavra», em Jesus, consiste em «falar» e
em «fazer». As curas que realiza são «palavra». Marcos, depois de nos dizer que
Jesus «anunciava a palavra» (v. 2), oferece-nos um exemplo concreto da sua
«palavra actuante».
Quatro homens conduzem a Jesus um paralítico. Esta iniciativa contrasta com o
imobilismo dos escribas «sentados», a tentarem surpreender Jesus em alguma
palavra ou gesto contra a Lei. O foco da narrativa que ouvimos está nas
palavras: «para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para
perdoar os pecados...». O milagre confirma a palavra de Jesus, o seu poder de
reconciliação dos homens com Deus. A atenção é deslocada de um mal físico para
um mal mais profundo, o pecado, que paralisa o homem, impedindo-o de avançar
segundo o projecto de Deus. Os escribas compreendem o alcance das palavras de
Jesus. Mas não estão dispostos a aceitar uma tal «blasfémia», porque só Deus
pode perdoar os pecados. Jesus reage reforçando a sua afirmação: «Pois bem,
para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os
pecados, Eu te ordeno: levanta-te» (vv. 10-11). O milagre é sinal do poder de
Jesus.
A cura do paralítico é uma síntese da palavra pregada por Jesus. O reino de
Deus está próximo, porque Deus decidiu oferecer o seu perdão aos homens, em
Jesus. Esse perdão introduz o homem todo, corpo e espírito, na salvação. Mas,
como pode aproximar-se de Jesus quem está amarrado por «laços de morte» (Sl
114, 3)? Só com a ajuda de outros que, salvos pela misericórdia de Deus, se
dispõem a ajudar os irmãos.
Meditatio
A fé é um caminho para o repouso de Deus. É
talvez um caminho difícil. Percorremo-lo no deserto. Mas a Terra Prometida está
diante de nós. Há que enfrentar o cansaço e o sofrimento, sem desanimar.
Espera-nos o Coração de Deus, onde encontrará repouso o nosso próprio coração.
Mas tudo isto não é só futuro. Os que acreditamos, podemos entrar, desde já, no
repouso de Deus (cf. v. 3): «Nessa esperança temos como que uma âncora segura e
firme da alma, que penetra até ao interior do véu», diz ainda o autor da Carta
aos Hebreus (6, 19). A «âncora segura» é a fé. Temos a esperança de que havemos
de ser recompensados pelos nossos esforços de fidelidade, mas, na fé, vemos, já
agora, os dons de Deus. O cristão sabe que, no meio das dificuldades, das
preocupações, dos sofrimentos da vida, Deus nos convida a «entrar no seu
repouso», a estar com Ele em paz, tranquilos e alegres.
O evangelho mostra-nos a eficácia imediata da fé: «Vendo Jesus a fé daqueles
homens, disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados» (v. 5). O
Senhor não disse: «serão perdoados», mas «estão perdoados», por causa da fé
daqueles homens. A fé alcança o dom de Deus, mesmo que as circunstâncias
pareçam contrárias. A fé é posse antecipada das coisas que se esperam.
Também nós, tantas vezes, paralíticos do espírito, inertes aos estímulos da
graça ou amarrados por compromissos stressantes, talvez assumidos para encher,
pelo activismo, o nosso vazio interior, nos sentimos incapazes de dar um passo
em frente. Mas a Palavra de Deus encoraja-nos a permanecer unidos às
testemunhas da fé, e a deixar-nos conduzir na obediência. A confiança na
comunhão eclesial é já um passo, muito importante, no caminho da fé. Ainda que
nos sintamos impotentes, amarrados pelos laços do pecado, a Palavra de Deus
mostra-nos como é decisivo de
ixar-nos conduzir a Cristo pela fé dos irmãos. A experiência do perdão vai
repor-nos em marcha.
Quando celebramos a Eucaristia, escutamos as palavras: «Felizes os convidados
para a ceia do Senhor». A ceia do Senhor, em certo sentido, está no futuro, é o
banquete celeste. Mas noutro sentido, em cada eucaristia, já participamos na fé
nesse banquete celeste, no amor de Deus, na paz de Deus. Em cada momento e em
cada situação do nosso dia, podemos escutar o convite do Senhor: «Entra no meu
repouso». E é sempre possível entrar nesse repouso. No episódio dos três jovens
lançados à fornalha ardente (Dn 3, 1ss), diz-se que, por entre as chamas,
soprava «uma brisa matinal» (Dn 3, 50) e que, no martírio, estavam como que no
céu. Por isso, cantavam: «Bendito e louvado sejas, Senhor, Deus dos nossos
pais! Que o teu nome seja glorificado pelos séculos!» (Dn 3, 28).
Oratio
Senhor Jesus, obrigado por teres sido
solidário com a minha miséria. Obrigado pelo olhar misericordioso que lançaste
sobre mim, paralisado no meu pecado. Obrigado pela palavra que eu não
procurava, mas me quiseste dirigir para me reconduzires à vida: «Filho, os teus
pecados estão perdoados» (v. 5). Obrigado pela liberdade nova, que desfez as
cadeias que mantinham inerte o meu coração e me deu um impulso antes
desconhecido. Obrigado pela alegria da fé que suscitaste em mim. Obrigado pela
solidariedade dos irmãos que me conduziram até junto de Ti. Ensina-me a ser
também solidário com todos os pecadores, para que Te cheguem a Ti e encontrem a
misericórdia, o amor, a vida em abundância e em paz. Amen.
Contemplatio
«Se alguém me ama e guarda a minha palavra,
diz ainda Nosso Senhor, meu Pai amá-lo-á e faremos nele a nossa morada...
Aquele que me ama e que o prova observando os meus mandamentos, será amado por
meu Pai, e eu amá-lo-ei e manifestar-me-ei a ele... E então compreendereis que
estou em meu Pai, e sentireis que estou em vós e vós em mim». Ó admirável
união! «Estareis unidos a mim, diz Nosso Senhor, pela vida da graça, pelos
sentimentos do coração e pelo acordo das vontades... Estarei unido a vós pela
influência das minhas luzes e das minhas direcções, pela consolação da minha
presença sensível e do meu amor». Posso, portanto, viver no Coração de Jesus e
Jesus quer viver no meu coração: «Vós em mim e eu em vós», diz-nos. Ó divino
Coração de Jesus, sede daqui em diante a minha morada. Em vós rezarei
eficazmente, em vós pedirei conselho sem medo de me enganar, em vós
contemplarei o modelo de todas as virtudes. Sei o meio de habitar em vós, é
conformar-me à minha regra e a todas as vossas vontades. Agora, posso dizer com
David: «Como são amáveis os vossos tabernáculos, ó meu Deus!... Um dia de
repouso e de vida sobrenatural na vossa casa, isto é, no vosso Coração, vale
mais que mil anos passados entre os pecadores». (Leão Dehon, OSP 3, p. 452).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Os que acreditámos, entraremos no descanso» (Heb 4, 3).
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
ResponderExcluirEu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
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