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Janeiro 2021
Tempo Comum - Anos Ímpares - I Semana -
Terça-feira
Lectio
Primeira leitura: Hebreus 2, 5-12
Deus não submeteu aos anjos o mundo futuro de
que falamos. 6Mas alguém, em certo lugar, atesta, dizendo: Que é o homem, para
que te recordes dele, ou o filho do homem para que cuides dele? 7Fizeste-o por
um pouco inferior aos anjos, coroaste-o de honra e de glória, 8submeteste tudo
aos seus pés.Ora, ao submeter-lhe tudo, nada deixou que não lhe estivesse
sujeito. Contudo, ainda não vemos que tudo lhe esteja sujeito. 9Vemos, porém,
Jesus, que foi feito por um pouco inferior aos anjos, coroado de glória e de
honra, por causa da morte que sofreu, a fim de que, pela graça de Deus,
experimentasse a morte em favor de todos. 10Convinha, com efeito, que aquele
por quem e para quem existem todas as coisas, querendo levar muitos filhos à
glória, levasse à perfeição, por meio dos sofrimentos, o autor da sua salvação.
11De facto, tanto o que santifica, como os que são santificados, provêm todos
de um só; razão pela qual não se envergonha de lhes chamar irmãos, 12dizendo:
Anunciarei o teu nome aos meus irmãos, no meio da assembleia te louvarei.
O autor da Carta aos Hebreus, depois de
mostrar a superioridade de Cristo relativamente aos anjos e a todos os poderes
inferiores a Deus, realça, nesta perícopa, a sua condição humana. Cristo é o Filho
de Deus, superior aos anjos, mas é também o Jesus da história, Aquele que
sofreu e morreu. O autor contempla a união entre os dois aspectos à luz do Sl
8, 46, e aproveita para anunciar o desígnio redentor de Deus. Esse desígnio
passa pelo esvaziamento do Filho, que por amor se torna participante da
natureza humana - inferior à dos anjos, mas também objecto das bênçãos divinas
(cf. vv. 5-8) - até às extremas consequências do sofrimento e da morte, em
favor de todos.
Assim se revela a maravilhosa «justiça de Deus» (v. 10): o Criador e Fim de
todas as coisas julgou tão importante o homem que o quis atrair à comunhão
filial Consigo. Para isso, tornou-se solidário connosco no Filho Unigénito,
enviado para nos levar à «glória», ao «mundo futuro» (vv. 5-10). Deus realiza a
nossa santificação através do amor humilde de Jesus, que se entrega para nos
poder chamar «irmãos» e anunciar-nos o Pai.
Evangelho: Marcos 1, 21-28
Jesus e os discípulos entraram em Cafarnaúm.
Chegado o sábado, Jesus veio à sinagoga e começou a ensinar. 22E
maravilhavam-se com o seu ensinamento, pois os ensinava como quem tem
autoridade e não como os doutores da Lei. 23Na sinagoga deles encontrava-se um
homem com um espírito maligno, que começou a gritar: 24«Que tens a ver
connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar? Sei quem Tu és: o Santo de
Deus.» 25Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem.» 26Então, o
espírito maligno, depois de o sacudir com força, saiu dele dando um grande
grito. 27Tão assombrados ficaram que perguntavam uns aos outros: «Que é isto?
Eis um novo ensinamento, e feito com tal autoridade que até manda aos espíritos
malignos e eles obedecem-lhe!» 28E a sua fama logo se espalhou por toda a
parte, em toda a região da Galileia.
A pessoa de Jesus causava impacto no meio do
povo, que se dava conta de que Ele não se limitava a explicar os profetas
anteriores, mas que se apresentava, também Ele, como profeta, investido de um
poder que lhe vinha de Deus: ensinava com autoridade e curava os doentes. O
ensino de Jesus era verdadeiramente eficaz.
Marcos gosta de apresentar Jesus como Mestre: desde o começo do seu evangelho,
Jesus é Aquele que ensina. Depois vêm os encontros com o «espírito maligno» (v.
23). Qual é a postura de Jesus diante da crença popular nos demónios? Sabemos
quanto horror causavam no homem primitivo as doenças mentais, e sobretudo a
epilepsia. O comportamento desses doentes dava a entender que estavam
«possessos», que tinha entrado neles outra pessoa, o «espírito maligno». Por
isso, o doente mental ou epiléptico, era um ser execrável, que devia ser
afastado a golpes e com torturas de toda a espécie.
Jesus tem o poder do Reino de Deus e usa-o desde o princípio para evangelizar e
para libertar o homem a todos os níveis, também corporal, e de tudo quanto o
«possui» e oprime, sem a preocupação de o interpretar.Com duas breves ordens
liberta do demónio o possesso: é o seu primeiro milagre e tem um valor
programático. Para Marcos, Jesus veio trazer o Reino de Deus, vencendo o poder
de Satanás. A missão de Cristo é um confronto, até à morte e até à
ressurreição, com o mal. Os exorcistas hebreus usavam longos ritos e
complicadas fórmulas para expulsar os demónios. Jesus, com uma só palavra, cala
o demónio e devolve ao homem a sua dignidade. Por isso, cresce o espanto das
multidões, que se interrogam: «Que é isto?» v. 27)
Meditatio
Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem,
como nos ensinam as Escrituras. Nos primeiros tempos da Igreja, insistia-se em
que era verdadeiro Deus. Depois da heresia de Ário, realçou-se que era
verdadeiro homem. Mas a Igreja sempre insistiu sobre as duas naturezas, a
divina e a humana, numa só pessoa, a do Filho único de Deus. A carta aos
Hebreus sublinha os dois aspectos. O texto que escutamos hoje insiste no
humano: «Que é o homem, para que te recordes dele, ou o filho do homem para que
cuides dele? Fizeste-o por um pouco inferior aos anjos, coroaste-o de honra e
de glória, submeteste tudo aos seus pés» (vv. 6-8).
Jesus é o homem ideal. N´Ele, a vocação do homem ao domínio do universo,
realiza-se perfeitamente. O Génesis diz-nos que Deus constituiu o homem senhor
de todas as criaturas. Mas, no estado actual das coisas, não é possível
realizar perfeitamente essa vocação. Só Cristo, pela sua morte e ressurreição,
alcançou uma humanidade renovada e pode ter autoridade sobre toda a criação.
«Autoridade» significa capacidade de fazer «crescer» (do latim: augere) os
outros. Essa autoridade vem-lhe, não por ser superior ao anjos, mas por ter
aceitado o desígnio de Deus, obedecendo até à morte e morte de cruz: «Vemos
Jesus, que foi feito por um pouco inferior aos anjos, coroado de glória e de
honra, por causa da morte que sofreu» (v. 9), escreve o autor da Carta aos
Hebreus. Jesus é amor que deu a vida para nos libertar e unir a Si. Assumiu a fragilidade
da nossa natureza porque, só carregando sobre Si o peso esmagador do nosso mal,
Deus podia salvar-nos. Jesus usou para connosco uma com-paixão sem reservas.
Foi com uma luta de morte que venceu o autor do pecado, causa do sofrimento e
da morte. A sua vitória apresenta-se como uma completa derrota. Mas foi assim
que nos santificou e nos reconduziu à sua própria origem, ao Pai.
O aniquilamento de Jesus confunde-nos e interroga-nos. A indiferença não é
possível. Jesus vem iluminar as nossas trevas, e introduzir-nos na verdade.
Podemos rebelar-nos e tentar sufocar a sua voz com o ruído que levamos dentro
de nós. Mas tamb&ea
cute;m podemos fazer silêncio, acolher a Palavra que tem autoridade para nos
libertar da nossa maldade e da nossa preguiça, porque desceu a resgatar-nos
pagando as respectivas consequências. Deus tornou-se companheiro do sofrimento
e da morte do homem para o conduzir, livre, à salvação, à glória, ao abraço do
amor.
A obediência ao Pai explica toda a vida de Jesus: «Pai..., Eu Te glorifiquei...,
realizando a obra que Me confiaste... Consagro-Me (sacrifico-Me) por eles...»
(Jo 17, 1.4.19). Faz tudo de modo tão completo e perfeito que a última palavra
na cruz será: «Tudo está consumado. E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito»
(Jo 19, 30).
Por isso é que Paulo pode elevar o seu hino a Cristo: «Ele que era de condição
divina não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus. Mas despojou-Se a Si
mesmo tomando a condição de servo, tornando-Se semelhante aos homens. Tido pelo
aspecto como homem, humilhou-Se a Si mesmo, feito obediente até à morte e morte
de cruz. Por isso é que Deus O exaltou...» (Fil 2, 6-9).
Na obediência de Jesus, observamos os seguintes aspectos fundamentais:
reconhecimento de Deus-Pai como o Absoluto; comunhão profunda com o Pai de Quem
tudo recebeu e a Quem tudo entrega, por amor; esta oferta, por amor, ao Pai, é
também oferta por amor aos homens; é despojamento amoroso que O leva à máxima
glorificação (cf. Fl 2, 9-11).
Assim, também nós, seguindo a Cristo, e permitindo ao Espírito despojar-nos,
esvaziar-nos de tudo aquilo que não é Cristo, para o transformar n´Ele,
tornamo-nos participantes da perfeição de Cristo e da Sua glorificação.
Oratio
Senhor Jesus, manifesta em nós a tua
«autoridade» a tua capacidade de nos fazer crescer. Revela-nos a tua doutrina e
abre-nos o coração às Escrituras, como fizeste com os discípulos de Emaús.
Desmascara o mal que ainda existe em nós. É certo que o Baptismo nos libertou
do demónio. Mas ainda há em nós muita coisa má: espírito de discórdia, espírito
de vã complacência, espírito de egoísmo... Que a tua presença em nós desmascare
estas situações e as expulse. Que saibamos seguir-te no caminho da obediência
humilde e amorosa até à Cruz, e assim participarmos também da tua glória. Amen.
Contemplatio
A vocação ao apostolado é um acto do
beneplácito divino (Heb 5, 4). É o Pai quem separa do mundo aqueles que destina
ao sacerdócio e que os dá ao Filho (Jo 17, 6). Não é o padre que escolhe Jesus;
mas é Jesus Cristo quem escolhe o padre e o coloca na sua Igreja, para que aí
cresça em ciência, em santidade, em zelo, e que aí produza um fruto duradouro
(Jo 15, 16). Nosso Senhor reza longamente antes de chamar os seus apóstolos.
Rezemos a Deus como Ele, para que envie dignos operários para a sua vinha. A
vocação impõe sacrifícios. É preciso deixar tudo e tomar a sua cruz para seguir
Jesus. Acontece mesmo que a vocação encontra na família oposições que é preciso
vencer (Lc 14, 26). Os apóstolos deixaram tudo imediatamente para seguirem
Jesus. A sua generosidade é uma garantia de salvação e de glória (2Pd 1,10).
Deve fortalecer-se a própria vocação pela oração, pelo estudo da boa doutrina e
pelas obras santas (2Tes 2). Estejamos nas mãos de Deus para toda a boa obra
segundo a sua vontade e o seu apelo. (Leão Dehon, OSP 4, p. 147).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Jesus foi coroado de glória e de honra,
por causa da morte que sofreu» (Heb 2, 9).
13
Janeiro 2021
Tempo Comum - Anos Ímpares - I Semana -
Quarta-feira
Lectio
Primeira leitura: Hebreus 2, 14-18
Uma vez que os filhos dos homens têm a mesma
carne e o mesmo sangue, também Jesus partilhou a condição deles, a fim de
destruir, pela sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo,
15e libertar aqueles que, por medo da morte, passavam toda a vida dominados
pela escravidão. 16Ele, de facto, não veio em auxílio dos anjos, mas veio em
auxílio da descendência de Abraão. 17Por isso, Ele teve de assemelhar-se em
tudo aos seus irmãos, para se tornar um Sumo Sacerdote misericordioso e fiel em
relação a Deus, a fim de expiar os pecados do povo. 18É precisamente porque Ele
mesmo sofreu e foi posto à prova, que pode socorrer os que são postos à prova.
O autor da Carta aos Hebreus aprofunda o
significado da solidariedade de Cristo connosco, explorando o âmbito da
misericórdia divina. Jesus assumiu plenamente a realidade humana, marcada pela
fragilidade e pela morte, por causa do pecado. Embora não tenha conhecido
pecado (cf. 4, 5), Jesus tomou sobre si as consequências dele. Assim libertou a
humanidade - sujeita ao domínio do demónio, artífice do pecado e da morte - não
a partir de fora dela, ou do alto, mas a partir de dentro dela: uma libertação
"imposta" não seria verdadeira e eficaz. O Filho, pelo contrário,
tornou-se participante da nossa condição, para que pudéssemos participar da
sua! Bom samaritano, inclinou-se sobre quem precisava dos seus cuidados: não os
anjos, mas a raça de Abraão (v. 16), isto é, todos quantos peregrinam na fé por
este vale de lágrimas.
Uma vez que esta semelhança de Cristo connosco nos resgata do pecado, Ele
cumpre perfeitamente a função sacerdotal: Ele é o verdadeiro sumo sacerdote,
«misericordioso» para com os homens - de quem conhece por experiência pessoal o
sofrimento - e «fiel» nas coisas que se referem a Deus, porque foi enviado pelo
Pai para nossa salvação.
Evangelho: Marcos 1, 29-39
Naquele tempo, 29Jesus saiu da sinagoga e foi
para casa de Simão e André, com Tiago e João. 30A sogra de Simão estava de cama
com febre, e logo lhe falaram dela. 31Aproximando-se, tomou-a pela mão e
levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los. 32À noitinha, depois do
sol-pôr, trouxeram-lhe todos os enfermos e possessos, 33e a cidade inteira
estava reunida junto à porta. 34Curou muitos enfermos atormentados por toda a
espécie de males e expulsou muitos demónios; mas não deixava falar os demónios,
porque sabiam quem Ele era. 35De madrugada, ainda escuro, levantou-se e saiu;
foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração. 36Simão e os que estavam com
Ele seguiram-no. 37E, tendo-o encontrado, disseram-lhe: «Todos te procuram.»
38Mas Ele respondeu-lhes: «Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a
fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu vim.» 39E foi por toda a Galileia,
pregando nas sinagogas deles e expulsando os demónios.
A vida pública de Jesus é extremamente
ocupada. Mas o Senhor não deixa de dar atenção às pessoas concretas que
encontra. Para Ele, cada pessoa é única. É o que vemos no primeiro milagre,
depois do primeiro exorcismo (vv. 30ss.). Rompendo com o estilo dos rabinos, na
sua relação com as mulheres, o Senhor aproxima-se da sogra de Pedro, toma-a
pela mão, cura-a e, maior novidade ainda, deixa-se servir por ela. A
Misericórdia inverte todos os parâmetros das relações sociais. Ao aproximar-se
da sogra de Pedro, «levanta-a», tomando-a pela mão. Com a ternura desse gesto,
Jesus restitui-lhe a saúde, mas também a capacidade de servir, isto é, de amar
com humildade. A notícia espalha-se e Jesus vê-se sobrecarregado de trabalho. Concluído
o repouso sabático, rodeia-o uma multidão de carenciados. E a Misericórdia
chega a todos como braço do rio de graça que Deus suscitou no mundo.
Depois de um dia cheio de trabalho e de êxitos apostólicos, Jesus não se deixa
levar pelo entusiasmo do povo, mas refugia-se no deserto para se encontrar a
sós com o Pai e orar, isto é, beber, também Ele, no rio da graça do Pai, para a
poder derramar sobre todos. A sua oração, solitária e prolongada, é o segredo
que anima o seu ministério, porque O mantém em relação com o Pai e na
fidelidade ao seu projecto. Saiu do seio do Pai para manifestar o seu rosto aos
homens. Por isso, continua a sua peregrinação no meio de nós, alargando os
confins do Reino e vencendo as forças do mal.
Meditatio
A Carta aos Hebreus afirma que Jesus é «um
Sumo Sacerdote misericordioso e fiel em relação a Deus» (v. 17). É «fiel» pela
relação única que existe entre Ele e Deus. É «misericordioso» para com os
homens, particularmente para com os pecadores, porque veio tirar os pecados,
veio dar aos homens a vitória nas provações, «porque Ele mesmo sofreu e foi
posto à prova» e,por isso «pode socorrer os que são postos à prova» (v. 18).
Segundo a carta aos Hebreus, o objectivo da vida de Jesus na terra é levar à
perfeição, no seu coração, a abertura aos outros, a misericórdia, a união com
Deus, que o torna «fiel».
A carta aos Hebreus apresenta-nos uma nova concepção do sacerdócio. Enquanto,
no Antigo Testamento, se acentuava a separação - o sacerdote era separado dos
homens para estar da parte de Deus -, Jesus, Sumo Sacerdote, pôs-Se ao nosso
lado, assumindo a nossa carne e o nosso sangue, com os nossos sofrimentos, as
nossas provações, a nossa morte, para nos poder ajudar como somos e estamos.
Ele alcança misericórdia pela sua união com Deus. É a grande revelação da
Encarnação.
O evangelho que escutamos evidencia estas duas dimensões da vida de Jesus na
terra: a sua misericórdia e a sua união com Deus. Revela-se primeiro a sua
misericórdia. O Senhor aproxima-se de todas as misérias, de todos os sofrimentos,
para lhes levar remédio. Esse remédio começa por ser a compaixão e o interesse.
Jesus deixa que os doentes lhe tomem todo o tempo: «À noitinha, depois do
sol-pôr, trouxeram-lhe todos os enfermos e possessos, e a cidade inteira estava
reunida junto à porta» (v. 32). Toma os doentes pela mão: é o seu corpo que
comunica a cura de Deus.
Mas Jesus também se retira do meio das multidões. Logo de madrugada, vai para
«um lugar solitário» (v. 35), a fim de rezar. É a outra dimensão da sua
existência humana, a busca do Pai. Ele deve tratar das coisas do Pai, deve
estar unido a Deus e, por isso, reza demoradamente. Todavia, o desejo da união
com Deus não Lhe impede de Se entregar aos outros. Quando vêm procurá-l´O, não
diz: «deixem-me em paz, porque devo rezar». Pelo contrário ordena: «Vamos para
outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso
que Eu vim» (v. 38). A oração aumenta-Lhe a
misericórdia e a bondade, porque vai procurá-las no coração do Pai, fonte do
amor que deve transmitir aos homens.
Tudo isto nos conforta: o Senhor está sempre perto de nós no sofrimento e nas
dificuldades. Com Ele, estas situações não são obstáculo mas meios para nos
unirmos cada vez mais a Ele e ao Pai, e para irmos ao encontro dos irmãos que
sofrem.
A nossa comunidade-comunhão está reunida à volta do Sumo Sacerdote, que também
é vítima, Cristo Jesus. Em força do Baptismo, participamos do sacerdócio de
Cristo e do Seu estado de vítima (cf. Heb 10, 14). Nós, oblatos-Sacerdotes do
Coração de Jesus, participamos de modo especial, como testemunhas do sacerdócio
e do sacrifício de Cristo na Igreja e no mundo, pelo nosso carisma e pela nossa
profissão religiosa (cf. Cst 22.24).
Cristo, sacerdote e vítima é o centro da nossa comunidade-comunhão, que nos faz
sentir, segundo o desejo e a oração de Cristo uma só coisa: «que sejam uma só
coisa» (Jo 17, 21), é o Espírito de amor, o Espírito Santo, que realiza a
promessa de Jesus: «Ele há-de ensinar-vos todas as coisas e há-de recordar-vos
tudo aquilo que eu vos disse» (Jo 14, 26); «Há-de guiar-vos para a verdade
perfeita... Ele há-de glorificar-me, porque tomará do que é Meu e vo-lo
anunciará» (Jo 16, 13-14).
Oratio
Ó Jesus, Sumo Sacerdote fiel e misericordioso,
dá-me a graça de compreender que as dificuldades, que tantas vezes me fazem
desanimar, são excelentes ocasiões para renovar a minha confiança, porque Tu as
acompanhas com uma graça, que me permite unir-me à tua gloriosa Paixão, e me
torna atento e sensível ao sofrimento dos irmãos. Faz-me compreender que,
unindo-me à tua Paixão, posso ajudar os que sofrem, e ser solidário com quem
está no sofrimento, e unir-me verdadeiramente a Ti, que quiseste sofrer com
todos os que sofrem e com os pecadores. Amen.
Contemplatio
Observai também o tempo e o lugar da oração.
Reza-se melhor de manhã, na calma e no silêncio. Ninguém reza com fruto senão
fazendo valer os méritos de Nosso Senhor. Rezamos utilmente se nos dirigirmos
ao Coração de Jesus. Apresentar o Coração de Jesus ao seu Pai, é fazer valer um
talismã que é todo-poderoso. «Tudo o que pedirdes ao meu Pai em meu nome, disse
Nosso Senhor, ser-vos-á concedido». Em meu nome, quer dizer «pelos meus
méritos, pelo amor que meu Pai tem por mim, pela consideração que tem pelo meu
Coração, pela minha oração, pelo meu amor, pelos meus sofrimentos...» Se as
vossas orações concordarem com os desejos do Coração de Jesus serão vitoriosas.
Marta dizia a Jesus: «Sei que tudo o que pedirdes a Deus Ele vo-lo concede».
Vamos ter com Deus pelo Coração de Jesus e ao Coração de Jesus por Maria,
ser-nos-ão todo-poderosos. (Leão Dehon, OSP 4, p. 70s.)
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Jesus pode socorrer os que são postos à prova» (cf. Heb 2, 18).
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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