05º Domingo do Tempo Comum - Ano B
7 Fevereiro 2021
Ano B
5º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Tema do 5º Domingo do Tempo Comum
Que sentido têm o sofrimento e a dor que
acompanham a caminhada do homem pela terra? Qual a "posição" de Deus
face aos dramas que marcam a nossa existência? A liturgia do 5º Domingo do
Tempo Comum reflecte sobre estas questões fundamentais. Garante-nos que o
projecto de Deus para o homem não é um projecto de morte, mas é um projecto de
vida verdadeira, de felicidade sem fim.
Na primeira leitura, um crente chamado Job comenta, com amargura e desilusão, o
facto de a sua vida estar marcada por um sofrimento atroz e de Deus parecer
ausente e indiferente face ao desespero em que a sua existência decorre...
Apesar disso, é a Deus que Job se dirige, pois sabe que Deus é a sua única
esperança e que fora d'Ele não há possibilidade de salvação.
No Evangelho manifesta-se a eterna preocupação de Deus com a felicidade dos
seus filhos. Na acção libertadora de Jesus em favor dos homens, começa a
manifestar-se esse mundo novo sem sofrimento, sem opressão, sem exclusão que
Deus sonhou para os homens. O texto sugere, ainda, que a acção de Jesus tem de
ser continuada pelos seus discípulos.
A segunda leitura sublinha, especialmente, a obrigação que os discípulos de
Jesus assumiram no sentido de testemunhar diante de todos os homens a proposta
libertadora de Jesus. Na sua acção e no seu testemunho, os discípulos de Jesus
não podem ser guiados por interesses pessoais, mas sim pelo amor a Deus, ao
Evangelho e aos irmãos.
LEITURA I - Job 7,1-4.6-7
Leitura do Livro de Job
Job tomou a palavra, dizendo:
«Não vive o homem sobre a terra como um soldado?
Não são os seus dias como os de um mercenário?
Como o escravo que suspira pela sombra
e o trabalhador que espera pelo seu salário,
assim eu recebi em herança meses de desilusão
e couberam-me em sorte noites de amargura.
Se me deito, digo: 'Quando é que me levanto?'
Se me levanto: 'Quando chegará a noite?'
E agito-me angustiado até ao crepúsculo.
Os meus dias passam mais velozes que uma lançadeira de tear
e desvanecem-se sem esperança.
– Recordai-Vos que a minha vida não passa de um sopro
e que os meus olhos nunca mais verão a felicidade».
AMBIENTE
O Livro de Job é um clássico da
literatura universal. Além de uma extraordinária beleza literária, este livro
apresenta uma bem elaborada reflexão sobre algumas das grandes questões que o
homem de todos os tempos coloca a si próprio: qual o sentido da vida? Qual a
situação do homem diante de Deus? Qual o papel de Deus na vida e nos dramas do
homem? Qual o sentido do sofrimento?
Job, o herói desta história, é apresentado como um homem piedoso, bom, generoso
e cheio de "temor de Deus". Possuía muitos bens e uma família
numerosa... Mas, repentinamente, viu-se privado de todos os seus bens, perdeu a
família e foi atingido por uma grave doença.
A história dos dramas de Job serve para introduzir uma reflexão sobre um dogma
intocável da fé israelita: o dogma da retribuição. Para a catequese tradicional
de Israel, a atitude de Deus em relação aos homens estava perfeitamente
definida: Jahwéh recompensava os bons pelas suas boas obras e os maus recebiam
sempre um castigo exemplar pelas injustiças e arbitrariedades que praticavam. A
justiça de Deus - realizada sempre nesta terra - era linear, previsível,
lógica, imutável. Jahwéh é, de acordo com esta catequese, um Deus definido,
previsível, que Se limita a fazer a contabilidade das acções boas e das acções
más do homem e a pagar-lhe em consequência.
No entanto, a vida punha em causa esta visão "oficial" de Deus e da
sua acção na vida do homem. Constatava-se, com alguma frequência, que os maus
possuíam bens em abundância e viviam vidas longas e felizes, enquanto que os
justos eram pobres e sofriam por causa da injustiça e da violência dos
poderosos. O dogma acabava, sobretudo, por ser totalmente posto em causa pelo
problema do sofrimento do inocente: se um homem bom, piedoso, que teme o Senhor
e que vive na observância dos mandamentos sofre, como explicar esse sofrimento?
O Livro de Job reflecte, precisamente, sobre esta questão. O herói (Job)
discorda da teologia tradicional (no livro, apresentada por quatro amigos, que
procuram explicar a Job que o seu sofrimento tem de ser o resultado lógico das
suas faltas) e, a partir da sua própria experiência, denuncia uma fé instalada
em preconceitos e em teorias abstractas que não tem nada a ver com a vida. Ele
não aceita as falsas imagens de Deus fabricadas pelos teólogos profissionais,
para quem Deus não passa de um comerciante que paga conforme a qualidade da
mercadoria que recebe...
Como não pode aceitar esse deus falso, Job parte em busca do verdadeiro rosto
de Deus. Numa busca apaixonada, emotiva, dramática, veemente, temperada pelo
sofrimento, marcada pela rebeldia e, às vezes, pela revolta, Job chega ao
"face a face" com Deus. Descobre um Deus omnipotente, desconcertante,
incompreensível, que ultrapassa infinitamente as lógicas humanas; mas descobre,
também, um Deus que ama com amor de Pai cada uma das suas criaturas. Job
reconhece, então, a sua pequenez e finitude, a sua incapacidade para
compreender os projectos de Deus. Reconhece que ele não pode julgar Deus, nem
entendê-l'O à luz da lógica dos homens. A Job, o homem finito e limitado, só
resta uma coisa: entregar-se totalmente nas mãos desse Deus, incompreensível
mas cheio de amor, e confiar plenamente n'Ele. E é isso que Job faz,
finalmente.
O nosso texto integra o corpo central do livro. Entre 3,1 e 31,40, o autor
apresenta, em forma de poesia, um diálogo entre Job (o crente inconformado,
polémico, contestatário) e os amigos (os defensores da teologia e da catequese
tradicionais). Nesse diálogo, Job vai desfazendo os argumentos da catequese
oficial de Israel; e vai, também, derramando a sua insatisfação e revolta, num
desafio a esse deus falso que os amigos lhe apresentam e que Job se recusa a
aceitar.
MENSAGEM
O texto que nos é hoje proposto
apresenta-se como uma reflexão do próprio Job sobre o sentido da sua vida.
Job começa por tecer considerações de carácter geral sobre a vida do homem na
terra. O quadro apresentado é muito negativo... Para mostrar como a vida é
dura, triste e dolorosa, ele utiliza três exemplos (vers. 1-2). O primeiro
exemplo é o da vida do soldado, condenado a uma existência de luta, de risco e
de sujeição. O segundo exemplo é o do escravo, condenado a uma vida de
trabalho, de tortura e de maus tratos (só os breves momentos de descanso, à
sombra, lhe dão algum alívio). O terceiro exemplo é o do trabalhador
assalariado, condenado a trabalhar duramente de sol a sol (embora receba a
recompensa de um salário). Estes são, na época, os três "estados"
considerados mais penosos e miseráveis da vida do homem.
No entanto, Job considera que a sua situação pessoal ainda é mais terrível. A
dor que enche a sua existência fatiga mais do que o trabalho do assalariado; a
sua infelicidade é mais dolorosa do que a vida de luta e de risco do soldado; o
seu desespero é mais pesado do que a sujeição do escravo. O sofrimento de Job
não lhe dá descanso, nem de noite nem de dia, e a sua desilusão não é atenuada
(como no caso do trabalhador) com a esperança de uma recompensa (vers. 3-4. 6).
Depois de traçar o quadro da sua triste existência, Job dirige-se directamente
a Deus (vers. 7 e seguintes) e pede-lhe que "recorde" (isto é, que
tenha em consideração) a triste situação do seu servo.
O texto que a liturgia nos propõe termina aqui... No entanto, na
"oração" original, Job continua a expor a Deus a sua triste situação
(cf. Job 7,7-21). A oração de Job está carregada de desespero, de amargura e de
revolta contra esse Deus incompreensível e prepotente que Se recusa a pôr um
fim ao drama do seu amigo Job. O grito de revolta de Job brota de um coração
dolorido e sem esperança e é a expressão da angústia de um homem que, na sua
miséria, se sente injustiçado e condenado pelo próprio Deus; mas é também o
grito do crente que sabe que só em Deus pode encontrar a esperança e o sentido
para a sua existência.
ACTUALIZAÇÃO
• O sofrimento - sobretudo o sofrimento
do inocente - é, talvez, o drama mais inexplicável que atinge o homem ao longo
da sua caminhada pela história. Que razões há para o sofrimento de uma criança
ou de uma pessoa boa e justa? Porque é que algumas vidas estão marcadas por um
sofrimento atroz e sem esperança? Como é que um Deus bom, cheio de amor,
preocupado com a felicidade dos seus filhos, Se situa face ao drama do
sofrimento humano? A única resposta honesta é dizer que não temos uma resposta
clara e definitiva para esta questão. O "sábio" autor do livro de Job
lembra-nos, contudo, a nossa pequenez, os nossos limites, a nossa finitude, a
nossa incapacidade para entender os mistérios de Deus e para compreender os caminhos
por onde se desenrolam os projectos de Deus. De uma coisa podemos estar certos:
Deus ama-nos com amor de pai e de mãe e quer conduzir-nos ao encontro da vida
verdadeira e definitiva, da felicidade sem fim... Talvez nem sempre sejamos
capazes de entender os caminhos de Deus e a sua lógica... Mas, mesmo quando as
coisas não fazem sentido do ponto de vista da nossa humana lógica, resta-nos
confiar no amor e na bondade do nosso Deus e entregarmo-nos confiadamente nas
suas mãos.
• Ao longo do livro de Job, multiplicam-se
os desabafos magoados de um homem a quem o sofrimento tornou duro, exigente,
amargo, agressivo, inconformado, revoltado até. No entanto, Deus nunca condena
o seu amigo Job pela violência das suas palavras e das suas exigências... Deus
sabe que as vicissitudes da vida podem levar o homem ao desespero; por isso,
entende o seu drama e não leva demasiado a sério as suas expressões menos
próprias e menos respeitosas. A atitude compreensiva e tolerante de Deus
convida-nos a uma atitude semelhante face aos lamentos de revolta e de
incompreensão vindos do coração daqueles irmãos que a vida maltratou... Que
ressonância tem no nosso coração o lamento sentido dos nossos irmãos, mesmo
quando esse lamento assume expressões mais contundentes e mais chocantes?
• Job é, também, o crente honesto e
livre, que não aceita certas imagens pré-fabricadas de Deus, apresentadas pelos
profissionais do sagrado. Recusa-se a acreditar num Deus construído à imagem
dos esquemas mentais do homem, que funciona de acordo com a lógica humana da
recompensa e do castigo, que Se limita a fazer a contabilidade do bem e do mal
do homem e a responder com a mesma lógica. Com coragem, correndo o risco de não
ser compreendido, Job recusa esse Deus e parte à procura do verdadeiro rosto de
Deus - esse rosto que não se descobre nos livros ou nas discussões teológicas
abstractas, mas apenas no encontro "face a face", na aventura da
procura arriscada, na novidade infinita do mistério. É esse mesmo percurso que
Job, o protótipo do verdadeiro crente, nos convida a percorrer.
SALMO RESPONSORIAL - Salmo 146 (147)
Refrão: Louvai o Senhor, que salva os
corações atribulados.
Louvai o Senhor, porque é bom cantar,
é agradável e justo celebrar o seu louvor.
O Senhor edificou Jerusalém,
congregou os dispersos de Israel.
Sarou os corações dilacerados
e ligou as suas feridas.
Fixou o número das estrelas
e deu a cada uma o seu nome.
Grande é o nosso Deus e todo-poderoso,
é sem limites a sua sabedoria.
O Senhor conforta os humildes
e abate os ímpios até ao chão.
LEITURA II - 1 Cor 9,16-19.22-23
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo
São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória,
é uma obrigação que me foi imposta.
Ai de mim se não anunciar o Evangelho!
Se o fizesse por minha iniciativa,
teria direito a recompensa.
Mas, como não o faço por minha iniciativa,
desempenho apenas um cargo que me está confiado.
Em que consiste, então, a minha recompensa?
Em anunciar gratuitamente o Evangelho,
sem fazer valer os direitos que o Evangelho me confere.
Livre como sou em relação a todos,
de todos me fiz escravo,
para ganhar o maior número possível.
Com os fracos tornei-me fraco,
a fim de ganhar os fracos.
Fiz-me tudo para todos,
a fim de ganhar alguns a todo o custo.
E tudo faço por causa do Evangelho,
para me tornar participante dos seus bens.
AMBIENTE
Um dos sérios problemas que se punham
aos cristãos de Corinto (uma comunidade jovem, viva e entusiasta, mas com as
suas dificuldades próprias - dificuldades que resultavam, em parte, de estar inserida
num mundo animado por princípios muito diferentes daqueles que estão na origem
da mensagem cristã) era o problema de comer ou não comer a carne imolada aos
ídolos.
No mundo grego, os templos eram os principais matadouros de gado. Os animais
eram oferecidos aos deuses e imolados nos templos. Uma parte do animal era
queimada e outra parte pertencia aos sacerdotes. No entanto, havia sempre
sobras, que o pessoal do templo comercializava. Essas sobras encontravam-se à
venda nas bancas dos mercados, eram compradas pela população e entravam na
cadeia alimentar. No entanto, tal situação não deixava de suscitar algumas
questões aos cristãos: comprar essas carnes e comê-las - como toda a gente
fazia - era, de alguma forma, comprometer-se com os cultos idolátricos. Isso
era lícito? É essa questão que inquieta os cristãos de Corinto. A esta questão,
Paulo responde em 1 Cor 8-10. Concretamente, a resposta aparece em vinte
versículos (cf. 1 Cor 8,1-13 e 10,22-29): dado que os ídolos não são nada,
comer dessa carne é indiferente; contudo, deve-se evitar escandalizar os mais
débeis: se houver esse perigo, evite-se comer dessa carne, a fim de não faltar
à caridade.
Contudo, Paulo vai mais além da questão concreta posta pelos coríntios e
enuncia um princípio geral que vale para este caso e vale em qualquer outra
situação: o que é fundamental não é o que eu tenho o direito de fazer (aqui, em
concreto, comer da carne imolada aos ídolos), mas é que os meus comportamentos
sejam guiados pelo amor aos irmãos... Ora, o amor pode, em certas
circunstâncias, exigir que eu renuncie aos meus direitos e à minha liberdade,
em benefício dos outros (cf. 1 Cor 8,9-13).
Depois do enunciado geral, Paulo desce a exemplos e a considerações
concretas... Ele próprio renunciou muitas vezes aos seus direitos, por causa do
amor aos irmãos. Ele foi escolhido por Deus para ser apóstolo e, como apóstolo,
podia reivindicar certos direitos e viver à custa do Evangelho... Mas nunca
exigiu nada porque o que o preocupa, antes de mais, não são os seus próprios
direitos, mas o benefício das comunidades e dos irmãos (cf. 1 Cor 9,1-15).
É precisamente aqui que entra o texto que nos é hoje proposto. Nele, Paulo
explica que anuncia o Evangelho, não por interesse próprio, mas por interesse
dos irmãos.
MENSAGEM
Paulo começa, precisamente, por declarar
que o anúncio do Evangelho não é, para ele, um título de glória, mas uma
obrigação que lhe foi imposta (vers. 16). É uma afirmação surpreendente...
Então Paulo não anuncia o Evangelho livremente, mas por obrigação? Assim é, de
facto. A partir do momento em que encontrou Cristo e escutou o seu desafio,
Paulo foi convocado para evangelizar. Ele apaixonou-se por Cristo, pelo seu
projecto de libertação em favor de todos os homens; e essa "paixão"
obriga-o a dar testemunho da Boa Nova de Jesus. Quando alguém encontra Cristo e
se torna discípulo, não pode ficar parado, mas tem de dar testemunho... A
expressão "ai de mim se não anunciar o Evangelho" traduz esse
imperativo que Paulo sente e que brota do seu amor a Cristo, ao Evangelho e aos
homens. Na verdade, se Paulo evangelizasse por iniciativa própria,
provavelmente buscaria a sua recompensa; mas uma vez que é o amor que o obriga
a evangelizar, a recompensa não lhe parece importante (vers. 17-18).
O princípio fundamental que orienta a vida deste homem, apaixonado por Cristo e
pelo Evangelho, não é a própria liberdade, a afirmação dos próprios direitos ou
a defesa dos próprios interesses, mas o amor a Cristo e ao Evangelho. Por amor,
ele renunciou aos seus direitos e fez-se "servo de todos" (vers. 19);
por amor, ele renunciou aos seus próprios interesses e perspectivas pessoais e
identificou-se com os fracos, fez-se "tudo para todos" (vers. 22-23).
O que é fundamental, o que é decisivo, o que é absoluto na vida de Paulo é o amor.
Evidentemente, sugere Paulo, deve ser esse o princípio fundamental que
condiciona todas as opções e comportamentos dos cristãos.
ACTUALIZAÇÃO
• Em geral, a nossa sociedade é muito
sensível aos direitos individuais e valoriza muito a liberdade. Trata-se, sem
dúvida, de uma das dimensões mais significativas e mais positivas da cultura do
nosso tempo... Contudo, os próprios direitos ou a própria liberdade não são
valores absolutos... Aliás, a afirmação intransigente dos próprios direitos e
da própria liberdade pode resultar, por vezes, em prejuízo para os outros
irmãos... Para o cristão, o valor realmente absoluto e ao qual tudo o resto se
deve subordinar é o amor. O cristão sabe que, em certas circunstâncias, pode
ser convidado a renunciar aos próprios direitos e à própria liberdade, porque a
caridade ou o bem dos irmãos assim o exigem. O amor é, para o cristão, o
"bem maior", em vista do qual ele pode renunciar a "bens
menores". O discípulo de Jesus não pode impor os seus direitos a qualquer
preço, sobretudo quando esse preço implica desprezar os irmãos.
• A expressão "ai de mim se não
anunciar o Evangelho" traduz a atitude de quem descobriu Jesus Cristo e a
sua proposta e sente a responsabilidade por passar essa proposta libertadora
aos outros homens. Implica o dom de si, o esquecimento dos seus interesses e
esquemas pessoais, para fazer da sua vida um dom a Cristo, ao Reino e aos
outros irmãos. Que eco é que esta exigência encontra no nosso coração? O amor a
Cristo e aos nossos irmãos sobrepõe-se aos nossos esquemas e programas pessoais
e obriga-nos a sentirmo-nos comprometidos com o Evangelho e com o testemunho do
Reino proposto por Jesus?
• O serviço do Evangelho e dos irmãos
não pode ser, nunca, uma instalação numa vida fácil, descomprometida, cómoda, pouco
exigente. Aquele que dedica a sua vida ao serviço do Reino não é um funcionário
público, com um horário pouco exigente e um salário agradável, que cumpre as
suas horas de serviço, que resolve os problemas "burocráticos" que a
"profissão" exige e que se retira comodamente para o seu mundo
isolado, em paz com a sua consciência... Mas é alguém que põe o amor aos irmãos
e à comunidade acima de tudo, que está sempre disponível para servir, que é
capaz de renunciar até aos seus tempos de descanso para acompanhar os irmãos,
para os escutar, para os acolher. Para o discípulo de Jesus, o amor deve,
sempre, estar acima dos próprios interesses e tornar-se dom, serviço, entrega
total.
ALELUIA - Mt 8,17
Aleluia. Aleluia.
Cristo suportou as nossas enfermidades
e tomou sobre Si as nossas dores.
EVANGELHO - Mc 1, 29-39
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Marcos
Naquele tempo,
Jesus saiu da sinagoga
e foi, com Tiago e João, a casa de Simão e André.
A sogra de Simão estava de cama com febre
e logo Lhe falaram dela.
Jesus aproximou-Se, tomou-a pela mão e levantou-a.
A febre deixou-a e ela começou a servi-los.
Ao cair da tarde, já depois do sol-posto,
trouxeram-Lhe todos os doentes e possessos
e a cidade inteira ficou reunida diante da porta.
Jesus curou muitas pessoas,
que eram atormentadas por várias doenças,
e expulsou muitos demónios.
Mas não deixava que os demónios falassem,
porque sabiam qual Ele era.
De manhã, muito cedo, levantou-Se e saiu.
Retirou-Se para um sítio ermo
e aí começou a orar.
Simão e os companheiros foram à procura d'Ele
e, quando O encontraram, disseram-Lhe:
«Todos Te procuram».
Ele respondeu-lhes:
«Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas,
a fim de pregar aí também,
porque foi para isso que Eu vim».
E foi por toda a Galileia,
pregando nas sinagogas e expulsando os demónios.
AMBIENTE
Estamos na primeira parte (cf. Mc
1,14-8,30) do Evangelho de Marcos. Aí, Jesus é apresentado pelo evangelista
como o Messias que proclama essa realidade de um mundo novo - uma realidade que
o próprio Jesus chama "Reino de Deus".
Com o chamamento dos primeiros discípulos (cf. Mc 1,16-20), começa a
constituir-se a comunidade do "Reino" - isto é, a comunidade dos que
escutam a proposta de Jesus e aderem a essa proposta. Em seguida, Marcos mostra
a realidade do "Reino" a actuar no mundo como salvação e libertação,
nas palavras e nos gestos de Jesus: com a autoridade que Lhe vem do Pai (cf. Mc
1,21-22) e em comunhão total com o Pai, Jesus vence o mal e a dor que
escravizam o homem e anuncia um mundo novo de liberdade e de vida plena.
A actuação de Jesus no sentido de fazer aparecer o "Reino" é uma
actuação que não se limita ao espaço da sinagoga (cf. Mc 1,21-28); estende-se,
também, a outros ambientes e âmbitos, porque o "Reino de Deus" que
Jesus veio propor dirige-se ao homem em todas as suas dimensões e situações.
O Evangelho deste domingo situa-nos em Cafarnaum, uma cidade situada na margem
norte do Lago de Tiberíades, na Galileia.
MENSAGEM
O texto que nos é proposto apresenta-nos
Jesus a actuar no sentido de tornar o "Reino" uma realidade presente
no meio dos homens. O evangelista propõe-nos dois quadros; eles apresentam
realidades diversas mas complementares do "ministério de Jesus".
O primeiro quadro (vers. 29-34) situa-nos na "casa de Pedro". Na
narração de Marcos - com uma forte preocupação catequética - o objectivo
fundamental é sugerir que a missão de Jesus consiste em oferecer aos homens a
vida nova, a vida definitiva.
No primeiro momento, Jesus cura a sogra de Pedro que "estava de cama com
febre" (vers. 30). O episódio é descrito com simplicidade e sobriedade,
sem gestos teatrais desnecessários. Três pormenores sobressaem na descrição
(vers. 31). O primeiro pormenor significativo é a indicação de que Jesus
"aproximou-Se" da sogra de Pedro. Naturalmente, a iniciativa de Se
aproximar de quem está prisioneiro do sofrimento, da doença, da opressão, é
sempre de Jesus. Jesus toma a iniciativa, pois a missão que recebeu do Pai
consiste em realizar a libertação do homem de tudo aquilo que o faz sofrer e
lhe rouba a vida. O segundo pormenor importante aparece na indicação de que
Jesus tomou a doente pela mão e "levantou-a". O verbo utilizado pelo
evangelista (o verbo grego "egueirô" - "levantar") aparece
frequentemente em contextos de "ressurreição" (cf. Mc 5,41;6,14.16;9,27;12,26;14,28;16,6).
A mulher está prostrada pelo sofrimento que lhe rouba a vida; mas o contacto
com Jesus devolve-lhe a vida e equivale a uma ressurreição. O terceiro pormenor
significativo é a indicação de que a mulher "começou a servi-los". O
efeito imediato do contacto com Jesus e da experiência da vida que brota d'Ele
é a actividade que se concretiza no serviço dos irmãos.
Num segundo momento, o quadro apresenta-nos "a cidade inteira"
reunida diante da porta da casa de Pedro. "Jesus" - diz Marcos -
"curou muitas pessoas que eram atormentadas por várias doenças e expulsou
muitos demónios" (vers. 32-34). Os enfermos e os possessos do demónio
representam, aqui, todos aqueles que estão privados de vida, que estão
prisioneiros do sofrimento, da injustiça, do egoísmo, do pecado. O evangelista
convida-nos a ver em Jesus Aquele que tem poder para libertar o homem das suas
misérias mais profundas e para lhe oferecer uma vida nova, uma vida livre e
feliz.
A "casa de Simão Pedro" (onde Jesus actua e diante da qual se reúne
"toda a cidade" à procura da libertação que Jesus veio oferecer) pode
ser - nesta catequese que Marcos nos propõe - uma representação da Igreja. É aí
que Jesus está oferecendo à "família de Pedro" (isto é, à sua comunidade)
vida em abundância. Nesse espaço familiar, Jesus aproxima-Se dos homens,
liberta-os do sofrimento que escraviza e aliena, dá-lhes vida definitiva e
capacita-os para o serviço dos irmãos. A multidão que se reúne "à
porta" da casa de Pedro representa, provavelmente, essa humanidade que
busca a libertação e a vida verdadeira e que, dia a dia, olha ansiosamente para
a "casa de Pedro" (a Igreja) à procura de Jesus e da sua proposta
libertadora.
No segundo quadro (vers. 35-38), Marcos apresenta-nos Jesus retirado num lugar
solitário, em oração. A oração faz parte do ministério de Jesus. Está na agenda
da sua actividade e dos seus compromissos. É significativo que a actividade de
Jesus termine na oração e que a actividade de Jesus em favor das multidões
parta, de novo, da oração. A oração é, para Jesus, o cume e a fonte da acção.
Dessa forma, a oração aparece, também, como condição para o surgimento do
"Reino". É na oração que Jesus encontra a motivação para a sua acção
em prol do "Reino"; é na oração que Jesus encontra a força para se
libertar da tentação da popularidade fácil e para centrar, de novo, a sua
atenção em Deus e nos seus projectos. O encontro a sós com Deus não é uma
alienação, uma fuga dos problemas do mundo, mas é um momento de encontro com
Deus, com os seus projectos e planos para o mundo, e um ponto de partida para o
compromisso com a transformação do mundo. O encontro pessoal com Deus significa
uma paragem na actividade e um momento de tomada de consciência daquilo que
Deus quer e do compromisso que Deus pede aos seus enviados.
O nosso texto termina com uma espécie de resumo, no qual se explicita o sentido
do ministério de Jesus: do seu encontro com o Pai, brota uma vontade renovada
de concretizar o projecto de Deus e de actuar no meio dos homens a fim de lhes
oferecer a libertação e a vida definitiva. Por isso, quando Jesus reencontra os
discípulos, dispõe-se a palmilhar "toda a Galileia, pregando nas sinagogas
e expulsando os demónios" (vers. 39).
No texto que nos é proposto neste domingo, os "milagres" de Jesus ocupam
um espaço significativo. É preciso ver esses gestos de Jesus, não como gestos
espectaculares, destinados a impressionar as multidões, mas como "sinais
do Reino". São gestos que anunciam a irrupção, nesta terra, desse mundo
novo, sem exclusão, sem sofrimento, sem maldição, onde todos - e de uma forma
especial os pobres e marginalizados - têm a possibilidade de ser felizes.
Anunciam que Deus quer criar um mundo novo, onde não há impuros, nem
proscritos, nem condenados; anunciam uma nova era, de homens novos, vivendo a
plenitude da vida e da felicidade. É isso que Jesus veio fazer, e é essa a
missão que os discípulos de Jesus devem procurar concretizar na terra.
ACTUALIZAÇÃO
• As acções de Jesus em favor dos homens
que o Evangelho deste domingo nos apresenta mostram a eterna preocupação de
Deus com a vida e a felicidade dos seus filhos. O projecto de Deus para os
homens e para o mundo não é um projecto de morte, mas de vida; o objectivo de
Deus é conduzir os homens ao encontro desse mundo novo (o "Reino de
Deus") de onde estão ausentes o sofrimento, a maldição e a exclusão, e
onde cada pessoa tem acesso à vida verdadeira, à felicidade definitiva, à
salvação. Talvez nem sempre entendamos o sentido do sofrimento que nos espera
em cada esquina da vida; talvez nem sempre sejam claros, para nós, os caminhos
por onde se desenrolam os projectos de Deus... Mas Jesus veio garantir-nos
absolutamente o empenho de Deus na felicidade e na libertação do homem.
Resta-nos confiar em Deus e entregarmo-nos ao seu amor.
• O encontro com Jesus e com o
"Reino" é sempre uma experiência libertadora. Aceitar o convite de
Jesus para O seguir e para se tornar "discípulo" significa a ruptura
com as cadeias de egoísmo, de orgulho, de comodismo, de auto-suficiência, de
injustiça, de pecado que impedem a nossa felicidade e que geram sofrimento,
opressão e morte nas nossas vidas e nas vidas dos nossos irmãos. Quem se
encontra com Jesus, escuta e acolhe a sua mensagem e adere ao
"Reino", assume o compromisso de conduzir a sua vida pelos valores do
Evangelho e passa a viver no amor, no perdão, na tolerância, no serviço aos
irmãos. É - na perspectiva da catequese que o Evangelho de hoje nos apresenta -
um "levantar-se", um ressuscitar para a vida nova e eterna. O meu
encontro com Jesus constituiu, verdadeiramente, uma experiência de libertação e
levou-me a optar pelos valores do Evangelho?
• A história da sogra de Pedro que,
depois do encontro com Jesus, "começou a servir" os que estavam na
casa, lembra-nos que do encontro libertador com Jesus deve resultar o
compromisso com a libertação dos nossos irmãos. Quem encontra Jesus e aceita
inserir-se na dinâmica do "Reino", compromete-se com a transformação
do mundo... Compromete-se a realizar, em favor dos irmãos, os mesmos
"milagres" de Jesus e a levar vida, paz e esperança aos doentes, aos
marginalizados, aos oprimidos, aos injustiçados, aos perseguidos, aos que
sofrem. Os meus gestos são sinais da vida de Deus ("milagres") para
os irmãos que caminham ao meu lado?
• Na multidão que se concentra à porta
da "casa de Pedro" podemos ver essa humanidade que anseia pela sua
libertação e que grita, dia a dia, a sua frustração pela guerra, pela
violência, pela injustiça, pela miséria, pela exclusão, pela marginalização,
pela falta de amor... A Igreja de Jesus Cristo (a "casa de Pedro")
tem uma proposta libertadora que vem do próprio Jesus e que deve ser oferecida
a todos estes irmãos que vivem prisioneiros do sofrimento... O que é que nós,
discípulos de Jesus, temos feito no sentido de oferecer a proposta libertadora
de Jesus aos nossos irmãos oprimidos? Ao olhar para a Igreja de Jesus, eles
encontram solidariedade, ajuda, fraternidade, preocupação real com os seus
dramas e misérias, ou apenas discursos teológicos abstractos e virados para o
céu? Os nossos irmãos idosos, doentes, marginalizados, esquecidos encontram nos
nossos gestos o amor libertador de Jesus que dá esperança e que aponta no
sentido de um mundo novo, ou encontram egoísmo, indiferença, marginalização?
• O exemplo de Jesus mostra que o
aparecimento do "Reino de Deus" está ligado a uma vida de comunhão e
de diálogo com Deus. Rezar não é fugir do mundo ou alienar-se dos problemas do
mundo e dos dramas dos homens... Mas é uma tomada de consciência dos projectos
de Deus para o mundo e um ponto de partida para o compromisso com o
"Reino". Só na comunhão e no diálogo íntimo com Deus percebemos os
seus projectos e recebemos a força de Deus para nos empenharmos na
transformação do mundo. É preciso, portanto, que o discípulo encontre espaço, na
sua vida, para a oração, para o diálogo com Deus.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 5º
DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de "Signes d'aujourd'hui")
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA
SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 5º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar
a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada
dia, por exemplo... Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da
Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos
eclesiais, numa comunidade religiosa... Aproveitar, sobretudo, a semana para
viver em pleno a Palavra de Deus.
2. PALAVRA DE VIDA.
O Evangelho de hoje resume a missão de Jesus: Ele veio para levantar os homens
feridos no seu corpo e no seu espírito. Se pegou na mão da sogra de Pedro, quis
atingir a mão de tantos estropiados da vida que se apressavam no seu caminho.
Ele veio, com o seu exemplo, dizer-nos que somos chamados a entrar em relação
com Deus: "A glória de Deus é o homem vivo, a vida do homem é a visão de
Deus»", dizia S. Ireneu. Se Jesus Se retira para um lugar deserto, não é
para fugir do mundo, mas para falar do mundo a seu Pai. Ele proclama a Boa
Nova. Ora, qual é esta Boa Nova senão a libertação da humanidade e a glória de
Deus? Não é um exemplo que Jesus nos dá: estender as mãos aos nossos irmãos em
humanidade e, ao mesmo tempo, erguer os olhos para Deus na oração? Missão e
contemplação não se opõem, pelo contrário completam-se e enriquecem-se
mutuamente.
3. À ESCUTA DA PALAVRA.
Rezar não é perder tempo... "Todos Te procuram". Há uma espécie de
reprimenda nas palavras dos apóstolos. É verdade: há tantos doentes a curar, o
sofrimento é um oceano inesgotável! Então, porque Se retira Jesus para um lugar
deserto para rezar? Face às urgências do momento, não deveria ficar no meio dos
pobres para os aliviar? Porém... As curas corporais, por mais importantes que
sejam, têm apenas um tempo. Todos os miraculados de Jesus são mortos! Então
Jesus quer fazer compreender que os seus milagres são sinais que apontam para
outra realidade, infinitamente mais importante: a sua vitória sobre o único mal
que pode verdadeiramente matar os homens, o pecado, a recusa do amor. É para
isso que o seu Pai O enviou. Jesus deve, pois, alimentar-Se desta vontade do
Pai, para a cumprir até ao fim. Passar tempo a rezar não é perder o seu tempo.
Pelo contrário, é deixar a vontade do seu Pai invadi-l'O cada vez mais. É isso
que Jesus quer fazer compreender aos discípulos de então e de hoje: é preciso
que também eles se enraízem cada vez mais profundamente neste amor do Pai.
Então poderemos tornar-nos testemunhas eficazes deste amor, que se
transbordará, sem dúvida, no serviço muito concreto aos pobres e aos doentes, e
que abrirá perspectivas sobre o nosso verdadeiro destino: a vida eterna junto
do Pai.
4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE...
Anunciar o Evangelho... "i de mim se não evangelizar!" Não nos é
pedido o impossível, mas talvez, numa ou noutra ocasião, poderíamos testemunhar
a nossa fé nesta "Boa Nova": na nossa maneira de reagir face às
preocupações da vida (preocupações materiais face à grave crise económica que
estamos a passar em todo o mundo, problemas de saúde, incertezas nas nossas
relações), na nossa maneira de misturar ou não Deus nos problemas dos homens,
nas palavras de alívio que podemos dizer a todo aquele que procura, que duvida,
que sofre, ou ainda nas palavras de esperança que podemos ousar dizer, com
respeito, face a uma situação difícil... Anunciar o Evangelho é, talvez, deixar
simplesmente transparecer a força que nos habita...
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOA - Portugal
Tel. 218540900 - Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org - www.dehonianos.org
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
ResponderExcluirObrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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