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Janeiro 2021
Tempo Comum - Anos Ímpares - II Semana -
Terça-feira
Lectio
Primeira leitura: Hebreus 6, 10-20
Irmãos, 10Deus não é injusto, para esquecer as
vossas obras e o amor que mostrastes pelo seu nome, pondo-vos ao serviço dos
santos e servindo-os ainda agora. 11Desejamos, porém, que cada um de vós mostre
o mesmo zelo para a plena realização da sua esperança até ao fim, 12de modo que
não vos torneis preguiçosos, mas imiteis aqueles que, pela fé e pela
perseverança, se tornam herdeiros das promessas. 13Quando Deus fez a promessa a
Abraão, como não tinha ninguém maior por quem jurar, jurou por si mesmo,
14dizendo: Na verdade, Eu te abençoarei e multiplicarei a tua descendência. 15E
assim, Abraão, tendo esperado com paciência, alcançou a promessa. 16Ora, os
homens juram por alguém maior do que eles, e o juramento é para eles uma
garantia que põe fim a toda a controvérsia. 17Por isso, querendo Deus mostrar
mais claramente aos herdeiros da promessa que a sua decisão era imutável,
interveio com um juramento, 18para que, graças a duas acções imutáveis, nas
quais é impossível que Deus minta, encontrássemos grande estímulo, nós os que
procurámos refúgio nele, agarrando-nos à esperança proposta. 19Nessa esperança
temos como que uma âncora segura e firme da alma, que penetra até ao interior
do véu 20onde Jesus entrou como nosso precursor, tornando-se Sumo Sacerdote
para sempre, segundo a ordem de Melquisedec.
O autor da carta aos Hebreus fixa a sua
atenção nos perigos que ameaçavam os seus leitores, talvez a perseguição
durante a qual havia sempre alguém que acabava por cair na apostasia. Dai a
exortação à fidelidade e o apontar do prémio e sua garantia. Foi-nos oferecida
uma grande esperança, uma esperança segura e firme que nos faz penetrar nos
céus com Jesus, que é para nós Caminho para o Pai. Jesus é o Sumo sacerdote -
prefigurado em Melquisedec - que penetrou no santuário, isto é, nos céus, e
está sentado à direita do Pai sempre a interceder por nós. «Nós os que
procurámos refúgio em Deus, agarrando-nos à esperança proposta» (v. 18) vemos
realizada em Jesus a nossa aspiração. Assim verificamos que Deus, que prometeu
recompensar toda a obra de bem, como Jesus nos revelou, é verdadeiro e bom. Um
simples copo de água, dado em seu nome, não ficará sem recompensa. Deus «não é
injusto» (v. 10) e não esquece o que se faz aos irmãos na fé, por seu amor. Há
que não ceder à preguiça e imitar os Patriarcas, especialmente Abraão, nosso
pai na fé, e perseverar até à realização das promessas, particularmente a de
alcançarmos o Senhor Jesus na sua glória. As promessas e o juramento feitos a
Abraão são válidos também para nós. É esta a esperança segura, o princípio do optimismo
e da coragem para permanecer na fé, âncora da alma.
Evangelho: Marcos 2, 23-28
Passeava Jesus através das searas num dia de
sábado, os discípulos puseram-se a colher espigas pelo caminho. 24Os fariseus
diziam-lhe: «Repara! Porque fazem eles ao sábado o que não é permitido?» 25Ele
disse: «Nunca lestes o que fez David, quando teve necessidade e sentiu fome,
ele e os que estavam com ele? 26Como entrou na casa de Deus, ao tempo do Sumo
Sacerdote Abiatar, e comeu os pães da oferenda, que apenas aos sacerdotes era
permitido comer, e também os deu aos que estavam com ele?» 27E disse-lhes: «O
sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. 28O Filho do Homem
até do sábado é Senhor.»
Este breve texto realça a autoridade
definitiva de Jesus e um dos princípios centrais do Evangelho: a libertação da
«alienação legal». Como dirá S. Paulo, Cristo veio libertar o homem da tirania
da Lei (cf. Rom 3, 20; 4, 13; 6, 14; 8, 2; Gal 1, 4-5, etc). A autoridade do
«filho do homem» é uma autoridade em favor do homem. Jesus não veio condenar o
homem, mas salvá-lo de toda a alienação, em primeiro lugar da alienação legal.
Toda a lei, mesmo a mais sagrada, é em função do homem e não vice-versa.
Marcos não indica claramente o objecto da transgressão dos discípulos. Mas,
mais do que eles, é Jesus que é posto em questão. O Senhor responde: «Nunca
lestes o que fez David, quando teve necessidade e sentiu fome, ele e os que
estavam com ele?» (v. 25). Se o velho rei, por motivos de força maior, podia
passar sobre a lei, quanto mais Jesus o podia fazer! Mais ainda: a autoridade
de Jesus permitia-lhe ab-rogar o sábado e substituí-lo por outro dia. O
Evangelho transcende a «ordem estabelecida». O cristão relativiza a ordem legal
quando ela não está «em função do homem».
Meditatio
A primeira leitura, bastante complicada,
apresenta-nos um pensamento fundamental simples e muito importante: é preciso
conservar a esperança: «cada um de vós mostre o mesmo zelo para a plena
realização da sua esperança até ao fim» (v. 11). A esperança dá juventude, dá
dinamismo. A falta de esperança provoca velhice precoce e leva a todo o tipo de
desordens, como ensina Paulo aos Romanos. Para nos manter na esperança, Deus
adaptou-se aos modelos humanos: fez um juramento a Abraão e deu-nos um sumo
sacerdote perfeito, Jesus Cristo. Uma vez que Ele nos representa, a sua
glorificação é também nossa e, por isso, a nossa esperança é como «uma âncora
segura e firme da alma, que penetra até ao interior do véu onde Jesus entrou
como nosso precursor» (vv. 19-20). Se Jesus penetrou no céu como nosso
precursor, temos a certeza de lá O encontrar.
Além destes grandes motivos de esperança, temos muitos outros que Jesus nos
deixou durante a sua vida histórica. No evangelho de hoje, Ele apresenta-nos
Deus como o Senhor do tempo e da história, como liberdade absoluta, que não é
reduzível a qualquer medida humana ou religiosa. A liberdade soberana de Deus
coincide com o seu amor, que se manifesta na predilecção pelos mais pequenos,
na capacidade de ver para além das aparências, no reconhecer o primado da
pessoa humana afirmada na criação e jamais desmentido.
Pergunto-me: na minha vida, mostro-me realmente filho deste Deus? Acolho a sua
liberdade escrava de amor e assumo-a como atitude de vida?
As opções divinas desorientam-me quando infringem ou põem em crise o status
quo. É mais fácil orientar-me por regras claras e exactas do que pôr no centro
a pessoa, toda e qualquer pessoa, com as suas exigências e características, que
por vezes me desagradam, e até posso julgar inadequadas. A palavra de Deus
convida-me e provoca-me a saber discernir a verdade das coisas lembrando-me que
Ele é senhor de tudo. O evangelho é claramente contrário à rigidez cega, ao
fanatismo. Exige o sacrifício de si mesmo, mas sempre à luz da misericórdia de
Deus. Paulo e
screverá aos Coríntios: «Ainda que eu distribua todos os meus bens e entregue o
meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita» (1 Cor
13, 3).
O nosso compromisso da pobreza, que significa a entrega de toda a nossa vida ao
serviço do Evangelho, é também um testemunho de esperança. Lemos nas
Constituições: vivendo a pobreza, «seremos discípulos do Padre Dehon, que teve
sempre uma particular atenção para com os homens do seu tempo, sobretudo os
mais pobres: aqueles a quem faltam biblioteca, razões de viver e esperança»
(Cst 52).
Oratio
Senhor, meu Deus, é a Ti que pertence o tempo
e a história. Tu és liberdade! Tu és amor, que se revela na predilecção pelos
mais pequenos e fracos, no ver além das aparências, no reconhecer o primado da
pessoa humana sobre toda as leis e instituições. Enche-me do teu Espírito para
que me saiba movimentar nos teus espaços, onde os pequenos são os grandes, onde
a atenção aos outros vale mais do que a lei escrita. Ensina-me a discernir o
que realmente conta, para além das aparências, para além do imediato, para além
do politicamente correcto.
Enche-me do teu Espírito que me purifique da rigidez e do fanatismo, e acende
em a fé firme, a caridade ardente e a esperança segura. Amen.
Contemplatio
O terceiro fruto da devoção à paixão é a
esperança. Jesus Cristo está preso à cruz para nos esperar, as suas mãos
querem-nos abraçar, o seu lado aberto deixa escaparem-se correntes de sangue de
graça. Devemos portanto alegrar-nos, porque destas chagas santas saem a
salvação, a vida e a ressurreição. S. Tomé, ao meter os dedos nestas chagas
santas, delas retirou a fé e graças abundantes. Nós também, delas retiraremos
todos os socorros de que temos necessidade.
Tal é em poucas palavras a devoção às cinco chagas. Ela produziu e produzirá
sempre um grande bem na Igreja. Não é preciso todavia crer que a devoção ao
Sagrado Coração não seja mais do que uma parte desta devoção. Ao adorarmos, ao
contemplarmos as chagas do Salvador, mesmo a do lado, não entramos ainda necessariamente
na via do amor, se não subirmos até ao Coração de Jesus, fonte de todos os seus
sacrifícios. É lá que devemos entrar, se quisermos imolar uma hóstia plena e
inteiramente agradável a Deus.
Para nós, o amor tudo abarca, domina e contém todas as outras devoções. Não as
exclui, mas transforma-as todas em devoção de amor. (Leão Dehon, OSP 2, p.
353s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«A esperança é âncora segura e firme da alma » (Hebr 6, 19).
DEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
ResponderExcluirObrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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