Domingo, 5 de janeiro de 2020.
Evangelho segundo São Mateus 2, 1-12.
A Liturgia de hoje nos fala da Epifania do Senhor. Epifania é a
manifestação de Deus a todos os povo e nações, ao mundo todo, na pessoa do
Filho Jesus. Ele se dá a conhecer.
Deus amável e misericordioso manifesta seu plano de amor a toda à
humanidade. Jesus, o rosto misericordioso do Pai, vem nos mostrar a face do
Pai, quem é o Pai. Ninguém está excluído do plano de Deus, mas é preciso
entender o modo como Deus se revela, se manifesta a nós. “Deus é Salvador, mas se manifesta na fragilidade de um recém-nascido!
Deus é luz, mas se apresenta no meio de nós na escuridão de uma manjedoura! Só
podemos nos incluir no projeto do Pai se aprendermos a Amar. Somente assim a
luz brilhará em nós. Nossas comunidades acenderão suas luzes de fraternidade e
justiça quando acolherem a luz!”
O profeta Isaías já havia anunciado a luz em meio às trevas. “Levanta-te, sê radiosa, eis a tua luz! A
glória do Senhor se levanta sobre ti. Vê, a noite cobre a terra e a escuridão,
os povos, mas sobre ti levanta-se o Senhor, e sua glória te ilumina. As nações
se encaminharão à tua luz, e os reis, ao brilho de tua aurora”. (Is 60,1-3)
Neste contexto as trevas, a noite, a escuridão é Herodes e suas
ações, o violento, o assassino, o prepotente, o politiqueiro, o opressor. O
menino Jesus pobre, simples, humilde, reclinado na manjedoura, esse sim, é a
verdadeira luz que vindo ao mundo ilumina a todos. Podemos perceber que o
evangelista Mateus quer mostrar com força que a salvação não vem de Jerusalém,
onde está o tirano Herodes, mas de Belém, cidade do pastor Davi.
No tempo do rei Herodes era muito difícil, de profunda escuridão
para o povo. Viver nessa época era enfrentar nuvens negras, vales profundos,
abismos sem fim. Mas nada pode ofuscar a luz divina, a estrela do menino Jesus,
ela brilhou no oriente e trouxe os reis magos para adorar o menino Deus, que
nascera.
Os magos eram pagãos, conhecem as estrelas, mas não as Escrituras
Sagradas. Eles seguem a estrela, em busca do menino Deus para adorá-Lo. Os
magos, assim chamados, eram os sábios em todas as áreas do conhecimento como
astrologia, medicina, ciências naturais, etc. Mas principalmente eram chamados
magos as pessoas que se dedicavam à ciência dos astros. Tinham muita instrução
e exerciam muita influência em seu país.
A estrela que eles viram já
tinha sido anunciada pelo profeta e o povo a esperava como sinal do nascimento
do novo rei. Os magos se guiam pela estrela brilhante. Ao chegar perto do
palácio de Herodes, a estrela deixa de brilhar e eles perdem a direção a
seguir. Deixa de brilhar porque em Jerusalém é o centro do poder, onde
predominam as trevas como perseguição, morte, corrupção, toda espécie de
desonestidade, porque para não perder o poder, o trono, tudo vale, tudo pode!
Podemos entender a estrela
como símbolo da fé. Quando nos deixamos guiar pela fé, encontramos Jesus, pois
ela sempre nos conduz a Ele. E quem se deixa iluminar por Jesus, se torna “luz
na vida do próximo”, e isso se expressa com atitudes de tolerância, respeito às
diferenças individuais e culturais, diálogo, acolhimento e sem preconceito com
o outro.
Os magos sem saber para onde
ir, sem a estrela, buscam informações a respeito do nascimento do novo rei.
Onde estaria o rei dos judeus que acabara de nascer? Essa notícia se espalha e
chega aos ouvidos de Herodes que o deixa perturbado, notícia que pega de
surpresa Herodes e o poder religioso. Quem estaria ameaçando o seu reinado?
Outro rei? Quem?
Herodes reúne os sumos sacerdotes e os mestres da Lei para saber se
a informação era verdadeira. Eles confirmam a profecia de Miqueias 5,1-3, que o rei nasceria em Belém. "E tu, Belém Éfrata, posto que pequena entre milhares de Judá,
de ti sairá o que será Senhor em Israel, cujas saídas são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade".
Belém não é tão
insignificante quanto Herodes imaginava. Desse lugar, desconhecido, pequeno, os
profetas diziam que nasceria um chefe que iria ser pastor de Israel, que iria
governar o mundo.
Confirmada a profecia para
Herodes, ele chama os magos e pede que eles confirmem o endereço onde está esse
novo rei, porque ele, Herodes, quer também ir adorá-lo. Sabemos bem qual adoração
ele queria fazer!
Tão logo os magos se afastam
do palácio de Jerusalém a estrela voltou a brilhar, e os conduziu até o local
onde se encontrava o menino. Reconheceram o menino e se prostraram diante dele,
como diziam as profecias. Diante de Maria e do menino eles se ajoelharam,
abriram seus cofres e retiraram três presentes: ouro, incenso e mirra, que
simbolizavam o tipo de rei que ali estava. Um rei diferente de todos que já
existiram. O ouro simbolizava a realeza de Jesus, um rei diferente. O incenso a
divindade e a mirra (amarga) a humanidade do Messias, sua fragilidade como
homem na paixão, e o reconhecimento de Jesus como Deus e homem. A mirra era
usada para embalsamar os corpos na ocasião da morte. Oferecer mirra significou
o reconhecimento da doação da vida de Jesus até as últimas consequências.
Depois que homenagearam o
novo Rei, os magos retornaram para suas casas por outro caminho, que não
passava por Herodes.
Amados irmãos, a lição que
podemos aprender com os magos é que uma vez percebida a manifestação de Deus na
nossa vida, não seremos mais os mesmos. Mudaremos o nosso caminho, queremos o
caminho que nos leva a Jesus, e deixamos para traz os caminhos que não são de
Deus. Vamos aprender com os magos a buscar a estrela de Belém, segui-la, mesmo
que tenhamos de enfrentar os Herodes da vida.
Como os magos, vamos adorar
Jesus e abrir o cofre do nosso coração, para oferecer belos presentes a Ele,
como o amor, a justiça, a fraternidade, a solidariedade, a união. É isso que
Deus quer de nós. Saibamos reconhecer as manifestações de Deus na nossa vida e
que ela provoque em nós, mudanças significativas para melhor e à medida que
acolhermos Jesus e seus ensinamentos, podemos nos tornar como Ele, “luz do
mundo”.
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
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