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Fevereiro 2018
Lectio
Primeira leitura: Jeremias 18, 18-20
Primeira leitura: Jeremias 18, 18-20
18*Eles
disseram: «Vinde e tramemos uma conspiração conta Jeremias, porque não nos
faltará a lei se faltar um sacerdote, nem o conselho se faltar um sábio, nem a
palavra divina por falta de um profeta! Vinde, vamos difamá-lo, e não prestemos
atenção às suas palavras!» 19SENHOR, ouve-me! Escuta o que dizem os meus
adversários. 20É assim que se paga o bem com o mal? Abriram uma cova para me
tirarem a vida. Lembra-te de que me apresentei diante de ti, a fim de
interceder por eles e afastar deles a tua cólera.
o
versículo 18 situa o texto que hoje escutamos. Jeremias está novamente sob
ameaça de morte (cf. Jer 11, 18s.). Agora são os próprios chefes de Israel que
tentam reduzi-lo ao silêncio. Daí a dureza da invocação de vingança que, de acordo
com a lei vetero-testamentária de Talião, sai da boca do profeta. Mas o nosso
texto omite esses versículos, orientando-nos, sim, para a escuta do evangelho.
Jeremias é
tipo do Servo sofredor (cf. Is 53, 8-10) e é perseguido por causa da fidelidade
à sua vocação e do seu amor ao povo. Jeremias abandona-se confiadamente a Deus,
de quem espera a salvação.
Tudo
aquilo que o profeta faz por amor do seu povo, e diz na sua oração, irá
realizar-se de modo perfeito no verdadeiro Servo sofredor, Jesus. Ele será
morto pelos chefes do povo. Mas não pedirá vingança a Deus; pedirá perdão para
os seus inimigos, e oferecerá livremente a vida em favor daqueles que O
crucificam.
Evangelho:
Mateus 20, 17-28
Naquele
tempo, 17*ao subir a Jerusalém, pelo caminho, Jesus chamou à parte os Doze e
disse-lhes: 18«Vamos subir a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos
sumos-sacerdotes e aos doutores da Lei, que o vão condenar à morte. 19Hão-de
entregá-lo aos pagãos, que o vão escarnecer, açoitar e crucificar. Mas Ele ressuscitará
ao terceiro dia.»
20Aproximou-se
então de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu, com os seus filhos, e prostrou-se
diante dele para lhe fazer um pedido. 21 *«Que queres?» perguntou-lhe Ele. Ela
respondeu: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem um à tua direita e o
outro à tua esquerda, no teu Reino.» 22*Jesus retorquiu: «Não sabeis o que
pedis. Podeis beber o cálice que Eu estou para beber?» Eles responderam:
«Podemos.» 23Jesus replicou-lhes: «Na verdade, bebereis o meu cálice; mas, o
sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence a mim concedê-lo:
é para quem meu Pai o tem reservado.»
240uvindo
isto, os outros dez ficaram indignados com os dois irmãos. 25*Jesus chamou-os e
disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores, e
que os grandes exercem sobre elas o seu poder. 26Não seja assim entre vós. Pelo
contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e 27quem
no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28Também o Filho do Homem
não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a
multidão.»
Jesus sobe
a Jerusalém consciente daquilo que lá O espera. Pela terceira, vez fala aos
discípulos da sua paixão. Fala claramente. Para espanto e confusão dos seus contemporâneos,
identifica-se com o Filho do homem, figura celeste e gloriosa esperada para
instaurar o reino escatológico de Deus, mas também se identifica com outra
figura, de sinal aparentemente oposto, a do Servo sofredor. Os discípulos não
conseguem compreender e aceitar tais perspectivas e preferem cultivar as de
sucesso e poder (vv. 20-23). Jesus explica-lhes, mais uma vez, o sentido da sua
missão e o sentido do seguimento que lhes propõe: Ele veio para «beber o
cálic(!» (v. 22), termo que, na linguagem dos profetas, indica a punição divina
a reservada aos pecadores. Quem aspira aos lugares mais elevados no Reino, terá
que, como Ele, estar pronto a expiar o pecado do mundo. É mesmo o único
privilégio que pode oferecer, porque não Lhe compete distribuir lugares no
Reino. Ele é o Filho de Deus, mas não veio para dominar. Veio para servir como
o Servo de Javé, oferecendo a sua vida em resgate para que os homens, escravos
do pecado e sujeitos à morte, sejam libertados.
Meditatio
À mãe dos
filhos de Zebedeu, que pensava que a vida vale pelos lugares que se ocupam na
sociedade, pelo poder de que se dispõe, o profeta Jeremias e, sobretudo, Jesus
oferecem o exemplo de uma vida gasta no serviço, por amor. Não é fácil
compreender uma tal perspectiva. Jesus vê-se na necessidade de, por três vezes,
preparar e anunciar aos discípulos a sua paixão, dizendo-lhes que será preso,
condenado, escarnecido, crucificado. Mas eles continuam a procurar satisfazer
as suas ambições. Hoje, são os filhos de Zebedeu que, por meio da mãe, tentam a
sua sorte. Jesus tinha falado de humilhações. Eles pedem honras, lugares de
privilégio: sentar-se «um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino.
(v. 21).
Isto
mostra-nos a necessidade da paixão. Só ela poderia mudar o coração do homem.
Não eram suficientes palavras, mesmo que fossem as de Jesus. A paixão de Jesus
revela-nos onde se encontra a verdadeira alegria, a verdadeira glória, a
verdadeira vida: servir, amar como Ele, até ao sacrifício da própria vida pelos
outros vistos como mais importantes do que nós mesmos. Isto pressupõe a
humildade, virtude que torna verdadeiro todo o gesto de amor e o liberta de
equívocos, da busca dos interesses. Foi o caminho do profeta Jeremias. Só
depois de o percorrer, descobriu o seu verdadeiro significado. Por isso,
gritava a Deus: «É assim que se paga o bem com o met;» (v. 20).
Também no
caminho espiritual de cada um de nós, a provação é importante para nos
transformar interiormente. Depois, dela já não ambicionamos a satisfação
terrena que antes procurávamos. E, se a vivemos unidos a Cristo, d ‘ Ele
recebemos a força para realizar o bem incondicionalmente, sabendo que não se
perderá, mas que, a seu tempo, dará fruto: depois da paixão e da morte, vem a
ressurreição (cf. Mt 20, 18ss.). O serviço humilde, até ao fim, motivado pelo
amor, conduz à vida, a glória eterna.
O Espírito
faz-nos superar o nosso egoísmo ou amor de exigência e impele-nos para o amor
oblativo; faz-nos ultrapassar a busca dos interesses e comodidades pessoais,
para actuar conforme a justiça em relação a cada uma das pessoas e em relação à
comunidade, para não violarmos os seus direitos. O Espírito impele-nos a
dar-nos aos outros, especialmente aos mais pobres e marginalizados, não só com
aquilo que temos, mas também com aquilo que somos: tempo, capacidades, cultura,
etc. O Espírito leva-nos à vida de amor e serviço desinteressado, mas também
universal, porque deita por terra todas as barreiras de raça, de cultura, de
sexo:
"Todos
os que fostes baptizados em Cristo, vos revestistes de Crist
o. Não há judeu nem grego; não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo’ (Gal 3, 27-28).
o. Não há judeu nem grego; não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo’ (Gal 3, 27-28).
Oratio
Obrigado
Senhor Jesus, porque, com doçura e firmeza nos conduziste pelo caminho da cruz.
Quando nos apontas o Calvário, talvez nos escandalizemos como Pedro, talvez
discutamos entre nós sobre quem é o maior, talvez Te apresentemos pedidos de
privilégio e de poder. Tem paciência connosco, diz-nos e repete-nos que a
verdadeira grandeza está em servir e em dar a vida pelos amigos e inimigos.
Como bom pedagogo, conduz-nos pela mão pelas várias etapas, rumo à vida, à
alegria eterna. Contigo saberemos passar pelas provações, beber o cálice e
aguardar a recompensa que só o Pai nos destina e quer dar. O importante é aprendermos
Contigo a amar e a servir até dar a vida para que todos experimentem a graça da
para redenção. Amen.
Contemplatio
Tiago e
João, filhos de Zebedeu e de Salomé, eram de Betsaida, como S. Pedro, e
pescadores como ele. João tinha conhecido o Salvador junto de João Baptista no
Jordão. Tinha conversado com Ele, tinha comunicado a Tiago, seu irmão. E alguns
dias depois, quando estavam ocupados a consertar as suas redes, Jesus chamou um
e outro, dizendo-lhes: «Vinde comigo, farei de vós pescadores de homens». Nosso
Senhor já tinha chamado Pedro e André. Estes quatro ficaram os seus preferidos,
os seus privilegiados.
Tiago e João
tinham um ardor exuberante. Nosso Senhor formou-os. Para os advertir dos seus
defeitos, tratava-os como Boanerges, filhos do trovão. Um dia propõem a Jesus
que faça cair um raio sobre toda uma cidade de Samaritanos que não tinha
querido receber o Salvador e os seus. «Não sabeis de que espírito sois, diz
Nosso Senhor; Deus é paciente, espera os pecadores e trata-os com
misericórdia». Noutro dia os dois irmãos vêm com sua mãe pedir a Nosso Senhor o
primeiro lugar no reino de Deus. «Estas honras, diz Nosso Senhor, dependem dos
desígnios da Providência; mas em todo o caso, para ter um bom lugar no reino de
Deus é preciso beber o cálice do sacrifício».
Deixemo-nos
formar por Nosso Senhor, como Tiago e João, os seus discípulos bem amados (Leão
Dehon, OSP 3, p. 90).
Actio
Repete
frequentemente e vive hoje a palavra:
«O Filho
do homem veio para servir e dar a vide» (cf. Mt 20, 28).
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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