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domingo, 31 de março de 2019

O Pai ama o Filho-Dehonianos


3 Abril 2019
Lectio
Primeira leitura: Isaías 49, 8-15
8 Eis o que diz o Senhor:«Eu respondi-te no tempo da graça, e socorri-te no dia da salvação. Defendi-te e designei-te como aliança do povo, para restaurares o país e repartires as heranças devastadas, "per» dizeres aos prisioneiros: 'Saí da prisão!' E aos que estão nas trevas: 'Vinde à luz!' .Ao longo dos caminhos encontrarão que comer, e em todas as dunas arranjarão alimento. 10 Não padecerão fome nem sede, e não os molestará o vento quente nem o sol, porque o que tem compaixão deles os guiará, e os conduzirá em direcção às fontes. 11 Transformarei os meus montes em caminhos planos, e as minhas estradas serão alteadas. 12Vede como eles chegam de longe! Uns vêm do Norte e do Poente, e outros, da terra de Siene.» 13Cantai, Ó céus! Exulta de alegria, ó terra! Prorrompei em exclamações, ó montes! Na verdade, o Senhor consola o seu povo, e se compadece dos desamparados. 14 Sião dizia: «O Senhor abandonou­me, o meu dono esqueceu-se de mim.» 15Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria.
Deus dá nova coragem ao seu Servo experimentado pelo sofrimento e dilata os confins da sua missão a toda a terra. A sua primeira acção consistirá na libertação dos Israelitas do Egipto, porque chegou o tempo da misericórdia, o dia da salvação (v. 8). Deus entra no curso da história humana para a transformar. O Servo é como Moisés: mediador da Aliança. Como Josué, restaurará e redistribuirá a terra. Será o arauto de um novo êxodo, que será çulado pelo próprio Senhor. Os exilados enchem-se de esperança.
A partir do v. 12, o profeta contempla de Jerusalém o povo que regressa à pátria, vindo de Babilónia e de outras paragens onde andava disperso. O próprio universo exulta e entoa hinos ao Senhor que «se compadece dos dessmpsredos». O seu amor é semelhante ao de uma mãe pelos seus filhos: um amor cheio de ternura e profundidade, um amor visceral. O nosso Deus não é um deus longínquo, um juiz implacável. É um Deus próximo e solícito.
Evangelho: João 5, 17-30
17 Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: «O meu Pai continua a realizar obras até agora, e Eu também cominuo!» 18 Perante isto, mais vontade tinham os judeus de o matar, pois não só anulava o Sábado, mas até chamava a Deus seu próprio Pai, fazendo-se assim igual a Deus. 19 Jesus tomou, pois, a palavra e começou a dizer-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vir fazer ao Pai, pois aquilo que este faz também o faz igualmente o Filho. 20 De facto, o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que Ele mesmo faz; e há-de mostrar­lhe obras maiores do que estas, de modo que ficareis assombrados. 21 Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos e os faz viver, também o Filho faz viver aqueles que quer. 220 Pai, aliás, não julga ninguém, mas entregou ao Filho todo o julgamento, 23para que todos honrem - o Filho como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou. 24 Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não é sujeito a julgamento, mas passou da morte para a vida. 25 Em verdade, em verdade vos digo: chega a hora - e é já - em que os mortos hão-de ouvir a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão, 26 pois, assim como o Pai tem a vida em si mesmo, também deu ao Filho o poder de ter a vida em si mesmo; 27 e deu-lhe o poder de fazer o julgamento, porque Ele é Filho do Homem. 28 Não vos assombreis com isto: é chegada a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de ouvir a sua V04 29 e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida; e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação. 30 Por mim mesmo, Eu não posso fazer nada: conforme ouço, assim é que julgo; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou.»
Aos judeus, que O perseguem por curar em dia de sábado, Jesus revela a sua identidade de Filho de Deus, e coloca-se acima da Lei. Segundo especulações judaicas, de que encontramos vestígios no v. 17, o repouso sabático dizia respeito à obra criadora de Deus, mas não à permanente actividade pela qual incessantemente dá a vida e julga. Nos vv. 19-30, Jesus mostra que se conforma em tudo ao agir de Deus: «o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vir fazer ao Pap> (v. 19). Esta afirmação surge novamente no v. 30, revelando o sentido de todo o texto. A total unidade de acção entre o Pai e o Filho resulta da total obediência do Filho, que ama o Pai e partilha do seu amor pelos homens pecadores. O Pai doa ao Filho o que só a Ele pertence, o poder sobre a vida e a autoridade no juízo (vv. 21 s.). Esta íntima relação entre o Pai e o Filho pode alargar-se aos homens pela escuta obediente da palavra de Jesus.
Meditatio
Deus fez do seu Servo, que é Jesus Cristo, sinal e instrumento de aliança com o seu povo: «designei-te como aliança do povt». Esta afirmação permite-nos penetrar mais profundamente no mistério de Cristo. Em primeiro lugar, leva-nos a contemplar a sua união com o Pai. Jesus é o Filho muito amado, que contempla tudo quanto o Pai faz, para também Ele o fazer: «o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vir fazer ao Pai, pois aquilo que este faz também o faz igualmente o Filh(J». O Filho de Deus veio ao mundo, não para fazer a sua vontade, mas a vontade do Pai: «porque não busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou». Por isso, Jesus é imagem viva, activa, do Pai: «O meu Pai continua a realizar obras até agora, e Eu também continuo», Porque está perfeitamente unido ao Pai, Jesus Cristo pode ser aliança para o povo. Como Filho muito amado do Pai, vem convidar todos os homens para a festa da vida. A ninguém é negado esse convite. O único abandonado é precisamente o Filho muito amado, que um Amor maior entrega à morte para a todos dar a vida.
Intimamente unido ao Pai, o Filho fez-Se solidário connosco e veio revelar-nos o amor misericordioso de Deus. Jesus Cristo é aliança de Deus connosco para nos dar a vida. Transmite-nos a palavra de Deus para nos transmitir a vida de Deus: «assim como o Pai ressuscita os mortos e os faz viver, também o Filho faz viver aqueles que quer», Os mortos são os que vivem em pecado, porque, desligados de Deus, não têm em si a vida divina e não podem amar a Deus nem aos irmãos. Só a Palavra de Deus, que revela o amor o seu amor misericordioso, comunica a vida e dá capacidade para amar.
O evangelho de hoje revela-nos que, para estarmos unidos a Deus, precisamos de estar unidos a Cristo. É permitindo e realizando essa união com o Pai que Cristo se revel
a aliança de Deus para nós.
o Pe. Dehon vivia uma profunda união com Deus, através da união a Cristo, já desde os primeiros anos de seminário, em Roma. "Bem depressa Nosso Senhor tomou conta da minha alma. Colocou as disposições que deviam ser a nota dominante da minha vida, apesar das mil e uma faltas: devoção ao Seu Divino Coração, humildade, conformidade com a sua vontade, união a Ele, vida de amor. Este devia ser o meu ideal e a minha vida para sempre. Nosso Senhor mostrava-mo, reconduzia-me sem descanso e assim me preparava para a missão que me destinava para a obra do seu Coração"( NHV IV, p. 183). Esta profunda união com Deus, por Cristo, levou-o a uma grande solidariedade com os irmãos, especialmente com os que viviam em maiores dificuldades. É o que nos pedem também as nossas Constituições: "A nossa união com Cristo" (Cst. 18), "no seu amor pelo Pai e pelos homens" (Cst. 17) manifesta-se, não só "na escuta da Palavra e na partilha do Pão" (Cst. 17), mas também "na disponibilidade e no amor para com todos" (Cst. 18).
Oratio
Senhor Jesus, Tu és verdadeiramente Aquele em Quem encontramos o Pai. Mas és também Aquele em Quem encontramos os irmãos e as irmãs. Só em Ti os podemos amar de verdade. Por isso, queremos permanecer em Ti, especialmente neste tempo da Quaresma, quando já se aproxima a celebração do teu mistério pascal. Várias vezes, durante o dia, queremos penetrar no teu Coração para nele bebermos o amor ao Pai e o amor aos irmãos. Tu és a nossa aliança, a nova e eterna aliança que o Pai nos oferece. Queremos viver em Ti. Amen.
Contemplatio
É nas meditações dos sofrimentos de Nosso Senhor que havemos de retirar as forças necessárias para seguirmos os exemplos de abandono que Ele deu na sua vida de menino. O desejo de nos unirmos aos seus sofrimentos adoça as penas que podemos encontrar na imolação de nós mesmos. Estas penas, unimo-Ias à sua imolação do Calvário e são um meio de nos associarmos à sua dolorosa Paixão. Esta união de intenção é-lhe muito agradável. O amor com o qual a fazemos aumenta o seu valor aos seus olhos.
O seu amor é assim um meio de suportar todas as provações pelas quais devemos passar, de aligeirar e mesmo de transformar em alegrias tudo o que sem isto seria mágoa ou amargura.
Somos flagelados com ele, quando lhe oferecemos amorosamente as mortificações da carne e as humilhações do orgulho. Somos coroados de espinhos, quando unimos amorosamente aos seus sofrimentos todas as contrariedades que provamos. Caminhamos com Ele na via dolorosa do Calvário, quando seguimos, unidos a Ele pelo amor, as vias onde lhe apraz fazer-nos passar. Somos pregados à cruz com Ele quando unimos à sua crucifixão as situações penosas ou dolorosas nas quais lhe apraz colocar os seus amigos. Agonizamos com Ele sobre a cruz, quando unimos às suas penas as angústias de uma situação na qual quer que nos encontremos.
Quem quer que ama passa por provações. É preciso sofrer estas provações com Ele, em união com os sofrimentos da sua Paixão. A união de amor identifica de algum modo os nossos sofrimentos com os de Jesus. Mas não é necessário para isso que experimentemos dores semelhantes às suas. São-lhe sempre semelhantes quando são generosamente aceites e oferecidas em união com as suas.
Mas esta união pede o recolhimento habitual, a recordação constante das bondades de Nosso Senhor e do seu amor e uma doce intimidade habitual com Ele.
Nosso Senhor fala desta união que lhe é cara quando diz: Aquele que faz (por amor para com o meu Pai e por mim) a vontade do meu Pai celeste (e a minha) esse é meu irmão, e minha irmã e minha mãe (Leão Dehon, OSP 3, p. 254s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Lembrai-vos, Senhor, do vosso amor» (SI 24, 6a).

Queres ficar são?-Dehonianos


2 Abril 2019
Lectio
Primeira leitura: Ezequiel 47, 1-9.12
Naqueles dias, o Anjo "Condumr-rne para a entrada do templo, e eis que saía água da sua parte subterrânea, em direcção ao oriente, porque o templo estava voltado para oriente. A água brotava da parte de baixo do lado direito do templo, a sul do altar. 2 Fez-me sair pelo pórtico setentrional e contornar o templo por fora, até ao pórtico exterior oriental; vi rebentar a água do lado direito. 30 homem avançou para oriente com o cordel que tinha na mão, e mediu mil côvados; depois fez-me atravessar a água; ela chegava-me até aos tornozelos. 4 Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; ela chegava-me aos joelhos. Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; chegava-me aos quadris. 5 Mediu ainda mil côvados; era uma torrente que eu não conseguia atravessar, porque a água era tão profunda que era necessário nadar. Efectivamente, era uma torrente que não se podia atravessar. 6 E Ele disse-me: «Viste, filho de homem?» E levou-me até à beira da torrente. 7 Quando aí cheguei, eis que havia à beira da torrente grande quantidade de árvores, em cada uma das margens. 8 Ele disse-me: «Esta água corre para o território oriental, desce para a Arabá e dirige-se para o mar; quando chegar ao mar, as suas águas tomer-se-êo salubres. 9 Por onde quer que a torrente passar, todo o ser vivo que se move viverá. O peixe será muito abundante, porque aonde quer que esta água chegar, tomar-se-e salubre; e a vida desenvolver-se-e por toda a parte aonde ela chegar. 12Ao longo da torrente, nas suas margens, crescerá toda a sorte de árvores frutíferas, cuja folhagem não murchará e cujos frutos nunca cessam: produzirão todos os meses frutos novos, porque esta água vem do santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas, de remédio.»
Numa terra árida, como a Palestina, uma nascente era vista como verdadeira bênção de Deus e símbolo do seu poder. Por isso, muitas vezes, construía-se junto dela um templo. O profeta Ezequiel contempla uma fonte que brota dos fundamentos do próprio templo e corre para Oriente, por onde entrara a Glória do Senhor para morar no meio do povo regressado do exílio. A nascente deu origem, primeiro a uma pequena corrente de água, nada comparável aos grandes rios da Mesopotâmia, que os exilados tinham contemplado. Mas, pouco a pouco, a corrente engrossa até se tornar um rio navegável. Ezequiel é convidado a experimentar no seu corpo a grandeza e a força da torrente, bem como a sua fecundidade e eficácia: ela torna verdejante o deserto e salubre o Mar Morto que se enchem de vida. E surge uma época de prosperidade.
Esta visão profética realiza-se em Jesus, verdadeiro templo, de cujo Lado aberto jorra a água viva do Espírito (cf. Jo 7, 38; 19, 34).
Evangelho: João 5, 1-3a.5-16
1 Naquele tempo, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém. 2 Em Jerusalém, junto à Porta das Ovelhas, há uma piscina, em hebraico chamada Betzatá. Tem cinco pórticos, 3 e neles jaziam numerosos doentes, cegos, coxos e paralíticos. 5 Estava ali um homem que padecia da sua doença há trinta e oito anos. 6 Jesus, ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava muito tempo assim, disse-lhe:
«Queres ficar são?» 7Respondeu-Ihe o doente: «Senhor, não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto eu vou, algum outro desce antes de mim». 8 Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda.» 9 E, no mesmo instante, aquele homem ficou são, agarrou na enxerga e começou a andar. Ora, aquele dia era de sábado.
10 Por isso os judeus diziam ao que tinha sido curado: «É sábado e não te é permitido transportar a enxerga.» llE/e respondeu-lhes: «Quem me curou é que me disse: 'Toma a tua enxerga e anda»12Perguntaram-Ihe, então: «Quem é esse homem que te disse: 'Toma a tua enxerga e anda?» 13 Mas o que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus se tinha afastado da multidão ali reunida. 14Mais tarde, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: «Vê lá: ficaste curado. Não peques mais, para que não te suceda coisa ainda pior» 15 0 homem foi-se embora e comunicou aos judeus que fora Jesus quem o tinha curado. 16 E foi por isto, por Jesus realizar tais coisas em dia de sábado, que os judeus começaram a persegui-lo.
Jesus, salvação de Deus, passa por entre os doentes e deficientes que se acumulam à volta da piscina, junto à Porta da Ovelhas, em Jerusalém. Dá especial atenção a um homem que ali jaz paralítico há 38 anos e faz-lhe uma pergunta aparentemente óbvia: «Queres ficar são;», Mas a pergunta, e a ordem que se segue, são suficientes para que este homem, que talvez já nada esperava da vida, se reanime, se erga, volte a agarrar na vida com coragem e até dê testemunho de Cristo àqueles que teimavam em permanecer paralisados na interpretação literal da Lei. Enquanto o paralítico quis ser curado, os adversários de Jesus não quiseram deixar-se curar da sua cegueira e rigidez, passando a uma aberta hostilidade.
Ao encontrar, mais tarde, no templo, o doente curado, Jesus dirige-lhes palavras de grande exigência, dando-lhe a entender que o pecado e as suas consequências são algo de pior que 38 anos de paralisia. Há que deixar-se curar completamente dos males do corpo, mas também do mal da alma. É uma opção a fazer livremente cada dia: deixar-se curar e não pecar.
Meditatio
As leituras de hoje falam-nos ambas de água que cura. O Evangelho diz-nos que Jesus é o verdadeiro médico e o verdadeiro remédio para os nossos males. A água é apenas símbolo da sua graça.
Os Padres da Igreja reconheceram no templo, de que nos fala a visão de Ezequiel, o verdadeiro Templo que é Jesus de Lado aberto e Coração trespassado na cruz, donde jorram sangue e água, símbolos do Espírito que dá a vida. Ezequiel contempla o templo, de cujo lado direito, brota a água prodigiosa que leva a vida e a fecundidade ao deserto e ao próprio Mar Morto. Este mar tem água. Mas é uma água que não permite a vida, porque saturada de sal. Pelo contrário, a água que vem do Templo, é viva e gera vida, porque é pura.
É a transformação que o Espírito de Deus realiza em nós e nas nossas comunidades, quando O acolhemos e nos abrimos à sua acção. Em cada um de nós, e nas nossas comunidades, há um «Mar Morto», um espaço de amargura, de preconceitos, de egoísmo que tornam difíceis as nossas relações e estéril o nosso apostolado. Só o Espírito Santo nos pode transformar. No baptismo recebemos o Espírito Santo, como uma pequena fonte, que há-de ir crescendo, à medida que nos abrimos a Ele e colaboramos na sua acção, até se tornar em nós uma torrente capaz de transformar a nossa vida e de tornar fecundo o nosso apo
stolado.
o Evangelho fala-nos do paralítico que, havia 38 anos, esperava junto à piscina uma oportunidade para entrar nela e ser curado. Como ele, muitos dos nossos irmãos jazem impotentes nas margens da esperança, desiludidos de tudo, talvez até da religião e, por isso, incapazes de mergulharem na vida. São estes homens e mulheres do nosso tempo que Cristo vem procurar, onde quer que estejam, paralisados pelo sofrimento, pelo pecado e pelas circunstâncias da vida. Também a eles, Jesus pergunta: «Queres ficar são;». Parece uma pergunta desnecessária. Mas Jesus sabe que é a resposta pessoal que renova e faz sentir a cada um a sua dignidade humana, a sua liberdade e responsabilidade. Perante a resposta do paralítico, Jesus diz-lhe simplesmente: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda». O poder da Palavra de Deus dispensa os ritualismos ou o uso de águas medicinais. A Palavra de Deus cura, rompe cadeias, liberta. Liberta o corpo e liberta o espírito, porque há paralisias bem piores do que as corporais, que tolhem o coração no pecado. A Igreja, por vontade de Cristo, dispõe da Palavra e da graça que brotaram do seu Lado aberto na cruz, para as distribuir aos homens, sobretudo no Baptismo, na Eucaristia e nos outros sacramentos.
Abramo-nos ao dom do Espírito Santo, invoquemo-I' O e demos-Lhe lugar nos nossos diálogos comunitários. Experimentemos os seus saborosos frutos: a caridade, a paz, a alegria, a bondade, a benevolência, a mansidão, etc. Não só pessoalmente, mas também comunitariamente.
Estamos convencidos de que a realidade escatológica dos "novos céus' e da "nova terra", onde "habita a justiça" (2 Pe 3, 13), obra do Espírito que tudo renova, pode ser uma realidade actual, antecipada, a nível pessoal, mas também a nível comunitário.
Tudo depende se damos ou não a Deus a possibilidade de realizar em nós a profecia de Ezequiel: "Dar-vos-ei um coração novd' (36, 26); Jesus manso e humilde de coração, dá-me o Teu coração (cf. n. 3)! "Infundirei em vós um espírito novd' (36, 26): "Vem, Espírito Santo ... " (cf. nn. 3.11.23.42.57).
Oratio
Vem, Senhor Jesus! Vem procurar o homem que jaz deprimido e doente, desesperado pelo pecado, que o domina e que lhe tolhe todo o movimento. Vem também procurar-me a mim. Aproxima-te de todos e de cada um de nós, para que possamos ouvir a tua pergunta: «Queres ficar são;». Vem mergulhar-nos no profundo abismo do teu amor misericordioso, capaz de tudo renovar, recriar e tornar fecundo. Renova em cada um de nós a graça do baptismo, para que a viva fielmente, em conformidade com os dons recebidos. Dá a água das lágrimas da penitência para que seja purificado. Então, liberto do pecado que me paralisa, poderei caminhar na tua presença e correr ao encontro dos meus irmãos para lhes anunciar o teu amor que redime e salva. Amen.
Contemplatio
E saiu sangue e água, diz S. João. O ferro ao retirar-se deixou jorrar uma dupla fonte de sangue e de água, na qual os Padres da Igreja viram o símbolo desta outra maravilha de amor, os sacramentos, canais preciosos da graça da salvação. - Rio de água que, no santo baptismo e no banho da penitência, lava a alma da mácula original; rio de sangue que cai todas as manhãs nos cálices dos altares, para se expandir pelo mundo fora, consolar a Igreja sofredora do Purgatório e reanimar a Igreja que combate sobre a terra; rio refrescante, onde o coração, ressequído pelos trabalhos e pelas tentações, vai saciar-se de piedade, de caridade e de santa alegria.
Senhor, concedei-me beber desta água e deste sangue, para não mais tenha esta sede doentia das coisas do mundo que me tortura, e que eu seja inebriado pelo vosso amor (Leão Dehon, OSP 3, p. 367s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Dá-me, Senhor, a alegria da selvação. (SI 50, 14a):


um profeta não é estimado na sua própria terra-Dehonianos


1 Abril 2019
Lectio
Primeira leitura: Isaías 65, 17-21
Assim fala o Senhor: 17 Olhai, Eu vou criar um novo céu e uma nova terra; o passado não será mais lembrado e não voltará mais à memória. 18 Alegrem-se e rejubilem para sempre por aquilo que vou criar. Olhai, vou criar uma Jerusalém cheia de alegria e um povo cheio de entusiasmo. 19 Eu mesmo me alegrarei com esta Jerusalém e me entusiasmarei com o meu povo. Doravante não se ouvirão nela choros nem lamentos. 20 Não haverá ali criança que morra de tenra idade, nem adulto que não chegue à velhice, pois será ainda novo aquele que morrer aos cem anos, e quem não chegar aos cem anos será como um amaldiçoado. 21 Construirão casas e habitarão nelas, plantarão vinhas e comerão o seu fruto.
Regressado do exílio, o povo continua a resistir à voz do Senhor, a descuidar-se na invocação do seu nome (vv. 1-7) e a cair na idolatria, provocando a sua justa ira. O profeta intervém e lembra que será diferente a sorte dos que praticam a justiça, reconhecendo a Deus o lugar que Lhe pertence e prestando-Lhe o devido culto, e a dos rebeldes (vv. 8-16a). O texto que hoje escutamos abre perspectivas de um futuro feliz, revelando a grandeza do projecto de Deus, que não envolve apenas cada um, mas atinge todo o universo. Os sofrimentos passados vão ser esquecidos, porque Deus vai realizar uma nova criação. Nos versículos que escutamos, parece misturar-se o cântico do coração de Deus e o da humanidade: ao júbilo divino pela sua cidade santa, pelo seu povo renovado, corresponde a alegria do mesmo povo perante a maravilhosa re-criação operada por Deus. Na nova Jerusalém cessará toda a tristeza, a elevada mortalidade infantil. Será grande a longevidade. A liberdade e a estabilidade política garantirão a prosperidade e a paz. Esta promessa realízar-se-á definitivamente em Jesus Cristo que, pela sua obra salvífica, transformará o mundo.
Evangelho: João 4, 43-54
Naquele tempo, 43 Jesus partiu da Samaria e foi para a Galileia. 44 Ele mesmo tinha declarado que um profeta não é estimado na sua própria terra. 45 No entanto, quando chegou à Galileia, os galileus receberam-no bem, por terem visto o que fizera em Jerusalém durante a festa; pois eles também tinham ido à festa. 46 Veio, pois, novamente a Caná da Galileia, onde tinha convertido a água em vinho. Ora havia em Cafarnaúm um funcionário real que tinha o filho doente. 47 Quando ouviu dizer que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com Ele e pediu-lhe que descesse até lá para lhe curar o filho, que estava a morrer. 48 Então Jesus disse-lhe: «Se não virdes sinais extraordinários e prodígios, não acreditais.» 49 Respondeu-lhe o funcionário real: «Senhor, desce até lá, antes que o meu filho morra.» 50Disse-Ihe Jesus: «Vai, que o teu filho está salvo.» O homem acreditou nas palavras que Jesus lhe disse e pôs-se a caminho. 51 Enquanto ia descendo, os criados vieram ao seu encontro, dizendo: «O teu filho está salvo.» 52perguntou-Ihes, então, a que horas ele se tinha sentido melhor. Responderam: «A febre deixou-o há pouco, depois do meio-die» 530 pai viu, então, que tinha sido exactamente àquela hora que Jesus lhe dissera: «O teu filho está salvo». E acreditou ele e todos os da sua casa. 54Jesus realizou este segundo sinal miraculoso ao ir da Judeia para a Galileia.
S. João, ao narrar a cura, à distância, do filho do funcionário real, quer apresentar-nos Jesus como Palavra de vida. O Senhor regressava à Galileia. A fama do que fizera em Jerusalém, durante a festa, tinha-O precedido. Desta vez, os galileus receberam-no bem. Mas Jesus decide ir a Caná, onde fizera o seu primeiro milagre. Surge, então, o funcionário real que Lhe pede para descer a Cafarnaúm para curar o seu filho doente. O verbo «descer», em que João insiste, justifica-se pela posição geográfica de Cafarnaúm, mas também pela intenção do evangelista em nos apresentar Aquele que, «por nós homens e pela nossa salvação, desceu do céu». Jesus reprova a fé imperfeita do funcionário de Herodes. Mas ele não desiste. Jesus cura-lhe o filho, símbolo da humanidade doente e moribunda. Oferece-lhe uma palavra de vida. Mas exige a fé.
O sinal extraordinário, o prodígio de Jesus é a Palavra. Quem acredita nela e lhe obedece, experimenta milagres. O funcionário acolheu a palavra: «Vai, que o teu filho está sstvo (v. 50). Acreditou, obedeceu, partiu para sua casa. E vieram-lhe ao encontro os servos que lhe dizem: «O teu filho está sstvo. (v. 53). A fé, que caminhou na obscuridade (v. 52ss.) cresceu: «Acreditou ele e todos os da sua casa» (v. 53).
Meditatio
A Palavra de Jesus é o sinal extraordinário e o prodígio que nos oferece. Quem acolhe a Palavra e acredita nela, vê rasgaram-se horizontes inesperados, experimenta milagres. Permanecer na Palavra, guardando-a no coração, e cumprindo-a, mesmo que seja preciso caminhar na escuridão, apenas iluminado por ela, significa participar na obra divina da nova criação, santificação e transfiguração do universo.
Jesus pediu ao funcionário real a fé na sua palavra: «Vai, que o teu filho está sstvt». O homem acreditou e o seu filho ficou curado. Acreditou na palavra de Jesus. Acreditou em Jesus, porque Jesus é a Palavra de Deus feita carne. Acreditou e partiu, obediente e confiante. E alcançou a vida para o seu filho. Acreditar e obedecer, acolher a palavra e pô-Ia em prática é uma questão de vida ou de morte. O homem aflito teve a força de crer na palavra de Jesus, que nada fez de especial, apenas falou. Não insistiu para que Jesus mudasse os seus planos e fizesse o que lhe pedia. Acreditou e partiu confiando na verdade da palavra de Jesus.
Quantas vezes, também nós, nos vemos na situação de ter que acreditar na Palavra, sem vermos ou antes de vermos qualquer sinal. Rezamos, somos iluminados, mas tudo parece permanecer imutável. .. É o momento de progredirmos na fé, que não é simples verificação, mas acreditar na palavra e n ' Aquele que a pronuncia. Se soubermos caminhar na fé, mesmo na noite escura do sofrimento e da provação, a Palavra será como uma lâmpada para os nossos passos. E, quando o Senhor quiser, encontraremos a confirmação luminosa do seu poder que faz maravilhas. Então, a nossa fé tornar-se-é exultação e júbilo. Será aquela fé firme e segura, que transforma a alma e a faz caminhar em novidade de vida, em plenitude cristã.
A confiança do funcionário real na palavra de Jesus, o seu abandono à palavra de Jesus, o seu caminhar na fé por um caminho obscuro, tornou eficaz a sua intercessão pelo filho que estava doente em Cafarnaúm. O jovem foi curado, foi salvo.
As nossas Constituições lembram-nos que a nossa cooperação na obra da redenção, passa pelo "apostolado". Mas, mais cedo ou mais tarde, pode
também passar pela simples confiança e abandono à palavra de Jesus, em situações de grande "sofrimento", de solidão, de noite escura, de imolação, de cruz, de morte ... ", onde apenas a Palavra nos ilumina e dá conforto (cf. Cst 24).
Então, a nossa vida será reparadora na oferta, na paciência, no abandono, quer dizer, na disponibilidade da "vítima" para a imolação, em comunhão com a paixão e a morte redentora do Senhor ... , e, confiados na Palavra, entregaremos voluntariamente a nossa vida em favor dos irmãos, olhando para Cristo trespassado, que nos precedeu neste amor redentor (cf. 1 Jo 3, 16).
Oratio
Senhor Jesus, Tu és a palavra viva e vivificadora do Pai. Quero escutar-Te cada dia, quero encontrar-me Contigo, cada vez que acolho a tua Palavra. Como Maria, tua e minha mãe, quero guardá-Ia no coração, meditá-Ia, rezá-Ia, para me entregar a ela com uma fé simples, que rasga novos horizontes e faz ver as tuas obras prodigiosas e colaborar nelas.
Obrigado, Senhor, pela tua Palavra. Que ela seja sempre a luz dos meus passos, a garantia da minha esperança, a motivação suprema da minha confiança e da minha entrega sem reservas ao teu serviço e ao serviço dos irmãos. Que a tua Palavra floresça no meu coração e dê frutos de bem para este mundo e para o reino dos céus. Amen.
Contemplatio
E qual é então, Senhor, o caminho da paz? - É a fé viva e confiante. Credes no meu Pai, crede também em mim. Tendes confiança no meu Pai, tende também confiança em mim.
É a fé que pacifica, são as vistas, as esperanças sobrenaturais, que sustêm e que consolam.
A fé faz-me ver Deus, a sua vontade, o seu amor, mesmo naquilo que me perturba. Devo crer sem hesitar e sem raciocinar, crer com o meu coração que Nosso Senhor me vê sofrer e penar, mas também que se compraz em me ver ter paciência com ele e por ele. Escuta os meus suspiros, as minhas orações; conta, recolhe as minhas lágrimas; abençoa os meus esforços, aprecia os meus sacrifícios; prepara-me dias de graças e de consolações; prepara a minha coroa, a minha morada, na casa da sua eternidade.
Ah! A fé prática, que fonte de graça, de paz e de consolação! Se tivesse um pouco de fé, como um grão de mostarda! Se acreditasse praticamente no Evangelho! Se me recordasse com fé que Nosso Senhor passou curando todas as enfermidades; que perdoou a Madalena, à mulher adúltera, à samaritana; que ressuscitou Lázaro; que sofreu por mim todas as dores da sua agonia e da sua paixão; que deu a sua vida para me salvar!
Se me recordasse que é bom, como o bom samaritano, como o bom Pastor, como o pai do filho pródigo! Se tivesse uma fé mais viva, e mais prática na Eucaristia! Se acreditasse mais firmemente que Nosso Senhor foi para o céu para me preparar um lugar, estaria ainda triste, angustiado e perturbado?
Oh! Como esta palavra de Nosso Senhor tem um sentido profundo: «Que o vosso coração não se perturbe! Crede em mim como credes em meu Pai!» (Leão Dehon, OSP 3, p. 427s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Deus, vinde em nosso auxílio; Senhor, socorrei-nos e salvai-nos» (SI 69, 2).


sexta-feira, 29 de março de 2019

“...PORQUE ESTE TEU IRMÃO ESTAVA MORTO E TORNOU A VIVER...”-Olivia Coutinho


4º DOMINGO DA QUARESMA

Dia 31 de Março de 2019

Evangelho de Lc15,1-3.11-32
Neste quarto domingo da quaresma, já podemos dar passos mais largos,  pois nossos olhos já conseguem alcançar novos horizontes!
A liturgia deste tempo, nos possibilitou  uma aproximação maior de Deus, de um Deus misericordioso que não levou em conta as nossas ingratidões.
Aprendemos muito nesta nossa caminhada de preparação para a Páscoa, mas ainda há muito que aprender, afinal, não estamos prontos, estamos  sempre em construção...
Aproveitemos bem os dias que nos separa da grande Festa da vida, para revisar o quanto há de luz e o quanto há de trevas  em nossa vida, pois ainda há tempo de eliminar as trevas que nos impede de enxergar a face humana de Jesus, estampada no rosto desfigurado de tantos irmãos perdidos pelas periferias da vida. Não somente enxergar, como também reerguê-los!
No evangelho que a liturgia de hoje nos convida a refletir, fariseus e mestres da lei, criticam Jesus, por Ele acolher os pecadores.  Em resposta a estas criticas, Jesus conta-lhes uma parábola muito conhecida, que é a  parábola do filho pródigo.
A história nos mostra com detalhes, a conduta de dois filhos e a atitude misericordiosa de um pai, diante à ingratidão do filho mais novo e a dureza de coração do filho mais velho.
Na parábola, é evidenciada, a paciência de um pai que ama, que não desiste do filho que espera dia pós dia pelo o seu retorno à  vida.
O personagem principal desta história, é o pai, o pai não interfere na escolha do filho mais novo, não impede que ele tome um rumo diferente ao do irmão mais velho, saindo de casa para levar a vida à seu modo.
Deus também é assim conosco, Ele nos deixa livres para fazermos as nossas escolhas, não interfere nas nossas decisões. 
A repreensão, do pai, ao filho mais velho, que sentiu enciumado em relação ao caloroso acolhimento oferecido  ao irmão mais novo, quando ele volta para casa depois de ter consumido sua herança com uma vida devassa, fala-nos da misericórdia de Deus, da importância do perdão.
Ao contar esta parábola, Jesus mostra-nos,  como é a  atitude de Deus, diante as nossas imperfeiçoes, o seu olhar de Pai, é um olhar de misericórdia, um olhar que vê a pessoa e não o seu pecado.
São muitos os que estão sobre a terra, mas que se sentem soterrados, pessoas que pagam um alto preço pelos os erros cometidos, assim como pagou o filho mais novo da parábola. E quantos de nós, que dizemos seguidores de Jesus, temos a mesma atitude do filho mais velho; ao invés de acolhermos estes irmãos que se enveredaram por caminhos contrários, mas que querem voltar contribuímos para que eles se percam ainda mais, com a nossa indiferença, com o nosso preconceito, não lhe dando sequer uma chance para que ele possa  refazer a  sua vida.
Enganamos, quando pensamos que somente aqueles  que se dispersaram e que aos nossos olhos se afastaram  de Deus, são os necessitados de conversão, todos nós, necessitamos de conversão, até mesmo os que se consideram bons, como o filho mais velho da parábola!
Precisamos ter um coração misericordioso, semelhante ao coração do Pai, um coração aberto para acolher aqueles que erraram, mas que querem redimir-se.
Acolher aqueles que dispersaram, não significa concordar com os seus erros e sim, acreditar que uma pessoa criada a imagem e semelhança de Deus, é merecedora de uma  chance para refazer a sua vida.
Para Deus, não existe caminho sem volta e  nem ponto final para uma história de amor iniciada na criação.
O amor é caminho que traz de volta àquele que dispersou, sejamos, pois, a força deste amor na vida do nosso irmão, a ponte que o leva a Deus.
FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olivia Coutinho
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A MISERICÓRDIA INFINITA DO PAI – Maria de Lourdes Cury Macedo


Domingo, 31 de Março de 2019.
Evangelho de São Lc 15, 1-3.11-32.  

Estamos no 4º domingo da quaresma chamado de domingo laetere, da alegria, pois já nos coloca próximos a alegria da Ressurreição.
A liturgia desse domingo nos mostra que a misericórdia de Deus é sem limites, infinita, só Deus mesmo para ter tanta misericórdia que vai além da justiça.
Os cobradores de impostos e os pecadores se aproximaram de Jesus para escutá-lo, ao contrário os escribas e os fariseus criticavam as atitudes de Jesus, pois apegados às leis não entendiam a misericórdia de Jesus, que não discriminava e nem excluía os pecadores, que comia com eles na mesma mesa, o que significava compartilhar das mesmas ideias. Queria sim, salvar e curar os doentes da alma e do corpo, em sua totalidade.
Para ajudar os fariseus entenderem o que é ser misericordioso, Jesus contou a parábola do filho pródigo, que poderia ser chamada a “parábola do pai misericordioso”, parábola linda, emocionante, que toca no coração sensível de todos que a escuta e a acolhe.
Jesus descreve a misericórdia divina, pois o pai da parábola é Deus. O filho mais novo representa os pecadores. O filho mais velho é o símbolo dos fariseus, que se escandalizavam com a bondade de Deus.
Nesta parábola Jesus quer nos revelar quem é o Pai, aquele que acolhe a todos com seu infinito amor, que respeita a liberdade de seus filhos, que tem um coração aberto para acolhê-los a qualquer momento, sem críticas, sem exigências, independente do que praticou, dos erros que cometeu.
O filho que quis experimentar a vida longe da casa do pai é a imagem do filho que se revolta, que protesta, que se afasta de Deus. E longe de Deus acontece o pior, se perde, se machuca, sofre, perde o norte, perde o sentido da vida. Mas tem uma solução para recuperar a sua identidade perdida: reencontrar-se novamente com o Pai.
Nos diz a história que o rapaz de posse de sua herança “partiu para um país que ficava muito longe”. Muito longe significa, longe de Deus, da sua graça, da sua amizade, da sua presença.
O jovem enquanto tinha bens, tinha amigos, companheiros, mulheres, todos interesseiros e interessados. Quando a fonte secou todos se afastaram dele e o jovem se viu sozinho, pobre, sem nada, sem emprego, sem dignidade. A necessidade chegou forte e ele começou a passar necessidade, ou melhor, fome até. Todos os atos tem uma consequência, muito triste essa!
Estranho em terras estranhas, desesperado com sua situação procurou emprego, só encontrou o trabalho de cuidar dos porcos. Cuidar dos porcos é o nível mais baixo que um judeu poderia descer em sua dignidade e ainda não poder se alimentar da comida deles. Para um judeu, estar no meio de porcos é estar no meio de animais impuros que, ainda tinham sorte melhor do que a dele, pois tinham o que comer. A fome do rapaz era tanta que ele tinha vontade de comer o que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. A comida desses porcos provavelmente era o fruto de uma árvore, umas bolotas. Nem isso lhe era permitido. Ele não podia repartir a comida dos porcos com ele. Esse fato mostra o estado da pessoa, que se torna escrava das paixões, do vício e cai na miséria. De filho ele passou a escravo.
Mas quando se sente sem saída, o jovem se lembra da casa do pai, “caindo em si”, ele pensou: "Quantos trabalhadores do meu pai têm comida de sobra, e eu estou aqui morrendo de fome”! Vou me levantar e voltar para meu pai e dizer a ele: “Pai, pequei contra Deus e contra o senhor, já não mereço mais ser chamado de seu filho, me aceite como um dos seus empregados”. Então, o rapaz arrependido do erro, tomou a decisão, levantou-se e foi ao encontro do pai.
Percebe-se três partes no discurso que ele diria ao pai: 1º reconheceu que errou; 2º que não merecia mais ser chamado de seu filho; 3º pede para ser apenas um empregado.
Podemos imaginar aquele moço voltando para casa, no caminho árido, empoeirado, sozinho, desfigurado, esfarrapado, mal cheiroso, esfomeado, humilhado treinando o seu discurso para o pai. O pai que nunca perdera a esperança que um dia o filho voltaria, avista-o de longe e de braços abertos e com muita pena correu ao encontro do filho amado, abraçou-o e beijou, mesmo naquela situação de mendigo. O rapaz foi recebido como filho e o pai exige que se celebre o retorno à vida. O pai sempre perdoa e nem deixou que o filho falasse todo o seu discurso e ordenou aos empregados: "Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Ponham um anel no dedo dele e sandálias nos seus pés. O anel significa a dignidade restaurada. Matem o bezerro gordo. Vamos começar a festejar porque este meu filho estava morto e viveu de novo; estava perdido e foi achado." Não é uma simples volta. É um reviver, um nascer de novo, a vida nova tem que ser festejada e assim começa a festa com muita alegria. O pai não censura o filho, não pede explicação, apenas o acolhe com todo o amor e misericórdia.
O irmão mais velho não estava em casa, estava no campo. Quando chegou protestou, se revoltou, não quer participar da alegria do pai, até critica-o. O pai fala ao filho mais velho com muita bondade e amor. Explica-lhe que é preciso usar de misericórdia para com o irmão arrependido, festejar o retorno do filho perdido. Morreu quando se afastou, mas recobrou a vida agora que voltou. No entanto o filho mais velho deixa o ciúme corroer o seu coração porque não vê o pai como amigo, companheiro, mas como patrão.
Essa parábola termina fazendo um convite a celebrar a volta do pecador arrependido, esse é o desejo do Pai. Jesus durante sua vida também foi em busca do pecador, da ovelha perdida, essa atitude de Jesus, que também deve ser a nossa, revela a face misericordiosa do Pai.
Não é só Deus que usa de misericórdia, os homens, à semelhança do Pai, devem usá-la também e Deus será misericordioso conosco na medida que também formos misericordiosos com o próximo.
Essa maravilhosa parábola nos mostra que o Pai foi bondoso com os dois filhos. O Pai foi ao encontro do filho revoltado e, com carinho e amor, o convence de que sempre estiveram unidos, juntos. Tudo entre eles é comum, os bens são deles. A missão de todos os pais é batalhar pelo perdão, pela reconciliação, pela misericórdia, pela fraternidade.
Vamos pedir ao Pai, em nome de Jesus, que nos ajude a olhar o mundo com um novo olhar, sempre querendo acolher, amar e ajudar as pessoas voltarem à vida, como o jovem da parábola de hoje.

Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes

   



        


quinta-feira, 28 de março de 2019

Quem será justificado?-HELENA SERPA






Naquele tempo, Jesus contou esta parábola para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros: “Dois homens subiram ao Templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos.
O fariseu, de pé, rezava assim em seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’.
O cobrador de impostos, porém, ficou a distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’
Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”.
Reflexão do Evangelho –  “quem será justificado”

A verdade brilha como o sol do meio dia: “quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”. Ao contar a parábola do fariseu e do cobrador de impostos Jesus nos dá a noção exata do que seja uma pessoa humilde. Humildade é o reconhecimento da nossa limitação e da medida da nossa capacidade.  A nossa competência para as coisas espirituais é restrita, e, por nós mesmos (as), nunca seremos justificados (as). O fariseu que abriu a boca diante do altar do templo do Senhor, se justificou, achando que todas as suas “boas obras” eram méritos seus e, ainda mais, apontava para o cobrador de impostos, desprezando-o e se auto elogiando. A sua oração de autopromoção não agradou a Deus. O cobrador de impostos deu o exemplo de humildade reconhecendo o seu pecado, e, não se achando digno de nem mesmo olhar para o Senhor, clamou por misericórdia: “Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!” A sua oração agradou a Deus e ele voltou para casa justificado, como disse Jesus. O que nós poderemos apreender dessa mensagem? Não são as nossas palavras bonitas, nem as orações longas que agradam ao Senhor. O nosso espírito contrito, humilhado por causa das nossas transgressões e o reconhecimento da nossa miséria é que nos farão alcançar a misericórdia de Deus. Às vezes não precisamos nem dizer alguma coisa, porém o nosso pensamento sugere o que se passa no nosso coração e o Senhor que nos sonda sabe se estamos nos elevando ou nos humilhando. Mesmo que não digamos nada, o Senhor conhece tudo. Portanto, não nos adiantará fugir ou camuflar.   – E você? Tem voltado para a casa justificado (a), ou não? – Como tem sido feito o exame da sua consciência diante do Senhor?  – Você costuma se auto elogiar? – Você reconhece a medida da sua capacidade e da sua incapacidade? –  Você costuma julgar alguém pela sua aparência?
Helena Colares Serpa – fundadora da COMUNIDADE CATÓLICA MISSIONÁRIA UM NOVO CAMINHO


4º DOMINGO DA QUARESMA-Helena Serpa



Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Então Jesus contou-lhes esta parábola: “Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. O rapaz queira matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome’. Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’.
Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’. Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”’.
“Gastar a herança aqui é um  direito que temos”
Todos nós precisamos ter em mente que o pecado é o afastamento de Deus, é o dar às costas para Ele, é o nosso não ao acolhimento do Seu Amor.  A parábola do filho pródigo nos revela uma mensagem muito eficaz para explicar a nossa situação de rebeldia ao amor de Deus. Todos nós aqui na terra temos direito a uma parte na herança para bem vivermos, pois o Senhor nos cumula de dons e de bens. Gastar a herança aqui é direito que temos, todavia, o modo como consumimos o nosso legado é o que faz toda a diferença. Por essa razão, precisamos estar bem atentos para sabermos se também  não estamos sendo os “filhos pródigos” de hoje,  que nos afastamos da “Casa do Pai”, que esbanjamos os nossos bens e desperdiçamos a nossa vida nas mais diversas situações de morte.  Cada um de nós pode ser chamado de “pródigo”, isto é, (Que ou aquele que dissipa seus bens, gasta mais do que o necessário; gastador, esbanjador, perdulário), quando, querendo a liberdade, nos afastamos de Deus e levamos para longe Dele o nosso “dote” almejando ter sucesso e sermos donos de nós mesmos optando pela vida do mundo, longe do Seu olhar.
Quando nos afastamos de Deus e queremos ser donos da nossa vida com “liberdade”, vivendo sem restrições e fazendo o que nos dá na telha, nós desperdiçamos o que recebemos de Deus e sofremos as consequências, por isso, nos sentimos perdidos, afundados na lama, famintos e humilhados. É neste momento que começa para nós o processo da volta para casa, pois percebemos que não podemos caminhar mais sozinhos, descobrimos que a vida que procurávamos é muito cruel e que nos encontramos num “beco sem saída”, pois perdemos tudo para o mundo.   Nesta Parábola Jesus nos acena com o perdão e a reconciliação e nos aponta o caminho de volta para a Casa do Pai, o arrependimento sincero.  Esta é a chance que temos ainda durante a nossa vida terrena de nos reabilitar e reconquistar a nossa cidadania desde já. Jesus já nos libertou!  O Pai nos espera!    Podemos voltar!  O nosso arrependimento sincero e o nosso reconhecer Jesus é o que nos levará ao Pai  e será a chave que podemos usar para que a porta do céu se abra. –  Você já experimentou voltar para Deus arrependido e humilhado? Como você se sentiu? – Quando você erra volta-se pra Deus com o coração de filho (a) ou de empregado (a)?   – E quando você não se arrepende,  embora saiba que não fez certo, como se sente? – Você acha que será bem recebido (a) nos tabernáculos eternos?
(Helena Colares Serpa – Comunidade Católica Missionária UM NOVO CAMINHO – www.umnovocaminho.com)