FINADOS 02 DE NOVEMBRO DE 2016- QUARTA FEIRA
(Há varias opções de leituras, além
dessas)
1ª Leitura Sabedoria 3, 1-9
Salmo 41/42,3"Minha alma tem
sede de Deus, do Deus vivo; quando irei contemplar a face de Deus?"
2ª Leitura Romanos 8, 14-22
Lucas 7, 11-17
Uma
multidão formada por discípulos seguidores de Jesus e o povão, e um grupo
desolado que acompanha um enterro em direção ao cemitério. Provavelmente no
primeiro carro atrás do Carro Fúnebre, a mãe do Jovem, cujo corpo inerte vai á
frente no ataúde. Uma mãe com o coração partido, uma infinita tristeza no olhar
e uma dor que parece ser inconsolável. Um quadro que não pode ser revertido e
que todos os dias se repete nas grandes ou pequenas cidades. Se o evangelista
São Lucas estiver se referindo simplesmente a um quadro assim, todos nós iremos
pensar. " Muito linda a história, mas isso foi lá na Palestina, há mais de
dois mil anos, no tempo em que Jesus estava sobre a terra...e só nos resta nos
emocionar, imaginando a cena em que o jovem morto se levanta do caixão e é
entregue á sua mãe"
Claro
que não é este o ensinamento de Lucas, aliás, nesse caso, nem haveria
ensinamento porque nada teria a ver conosco aqui mais de dois milênios depois.
A Liturgia da Igreja coloca esse evangelho na Celebração de Finados de maneira
proposital para que entendamos o sentido da Vida, a partir da Morte. Nas aulas
da Faculdade de Medicina, se tem a aula prática, quando cirurgiões
especialistas em alguma área da Biologia, abrem
cadáveres diante dos alunos, explicando em detalhes a Vida Biológica
presente em nosso corpo.
Toda
vez que experimentamos a morte de alguém muito querido, o próprio Jesus Cristo,
aproveita para nos explicar em detalhes a Vida Nova que ele nos deu em
definitivo, e que supera a morte Biologica, dando-lhe um novo significado. Se a
morte biológica é considerada uma perda, a morte espiritual é algo tenebroso,
onde a dor pela morte biológica, é um leve pranto, perto do choro e desespero,
que se apodera do ser humano, quando ele se permite morrer espiritualmente. A
dor e a angústia já começa nesta vida, e nem a Psicologia consegue curar uma
alma ferida pela descrença, e que decretou a morte de Deus dentro de si.
Nascemos
mortos pelo pecado original, pecado não cometido, mas contraído, que não é um
Ato, mas um estado. Nascemos da carne e assim o seremos em toda nossa
existência, até a nossa Finitude. O Homem que nesta vida não consegue descobrir
Deus dentro de si, caminha inexoravelmente para o seu destino, é um morto vivo,
em uma eterna marcha funebre, não descobriu o sentido da vida, nada consegue
vislumbrar a não ser sua breve existência efêmera e transitória, onde não
encontra respostas aos seus anseios mais profundos.
Eis
que de repente, em algum lugar da nossa existência, nos encontramos com Jesus,
como esse cotejo fúnebre. Esse encontro com cada homem e cada mulher, que passa
por este mundo acontece com todos. Nenhum Ser humano irá passar por esta vida,
sem fazer este encontro com o Senhor da Vida. Nenhuma força ou ideologia, por
mais consistente que seja, conseguirá impedir que isso ocorra. Mas é preciso
parar...como aquele cotejo triste que leva um morto. Há casais, famílias
inteiras e até comunidades cristãs, que carregam seus mortos sem saber o que
fazer com eles. Mortos rejeitados, renegados, excluídos, irrecuperáveis, filhos
e filhas, homens e mulheres, idosos e jovens, crianças e adolescentes dos quais
desistimos, esquecemos, ou queremos apagar da memória. Nunca se teve tantos
mortos sendo carregados como nestes tempos, em que as pessoas tentam se desviar
de Deus, porque não creêm, porque perderam as esperanças, porque não tem mais
nenhuma perspectiva.
A
Marcha para morte definitiva tem que ser parada pelos que ainda crêem, pelos
que alimentam sua esperança em Cristo Jesus. Nós cristãos temos que parar e
facilitar o acesso de Jesus aos nossos "mortos" que carregamos para
serem sepultados e assim banidos de nossas vidas. Temos que facilitar esse
toque de Jesus nos esquifes que nós fabricamos para esses mortos, há muitos
rótulos da morte, espalhados por todos os lugares, eles até parecem, sinais de
vida, mas não passam de esquifes para transportar mortos. As ilusões, as
fantasias, os desejos desenfreados dando vasão aos nossos egoísmos, palcos
iluminados, que nos oferecem glórias efêmeras, antes de nos trancar em um
esquife. "Moço, eu te ordeno,
levanta-te!"
Nossos
mortos estão sequiosos para ouvirem essa ordem, esse Grito do Deus da Vida, que
restaura, que ressuscita, que dá Vida Nova. Não deixemos de cumprir com o nosso
dever, de neste dia prantear nossos mortos, cujos restos mortais foram
colocados um dia no Campo Santo. Mas que a Eucaristia celebrada hoje, em
homenagem aos nossos entes queridos, nos levem a este compromisso de
ressuscitar nossos "mortos" facilitando o encontro deles com o Deus
da Vida Plena, manifestada a todo HOmem em Cristo Jesus.
(Diácono José da Cruz - Paróquia Nossa Senhora Consolata -
Votorantim SP - E-mail jotacruz3051@gmail.com)