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sexta-feira, 29 de junho de 2018

“VAI! E SEJA FEITO COMO TU CRESTES.” – Olivia Coutinho


Dia 30 de Junho de 2018

Evangelho de Mt8,5- 17

A certeza da presença de Jesus na nossa vida,  nos dá a certeza, de que nunca estaremos sós, de que temos a quem recorrer nas nossas aflições.  
Em todas as sua  ações libertadoras, Jesus  sempre deixou claro, que a cura de quem recorria a Ele, era fruto da sua fé, o que vem afirmar, que a nossa libertação, só acontece, pelos os caminhos da fé! "A tua fé te salvou, ou, a tua fé te curou"
 O Evangelho que a liturgia de hoje coloca diante de nós, nos convida a refletirmos sobre a essencialidade da fé!
A fé é o pilar que nos sustenta, a força que nos move, que não nos deixa perder a esperança! 
A narrativa começa nos mostrando um belíssimo testemunho de fé: um oficial romano, movido pelo o amor ao próximo e a fé no poder libertador de Jesus, recorre a Ele, em favor de seu empregado: “Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia.” Este oficial romano, embora não fizesse parte do grupo dos seguidores de Jesus, dá um grande testemunho de fé, ao acreditar que bastava uma só palavra de Jesus, mesmo que a distancia, para que o seu empregado fosse curado!
O texto chama a nossa atenção sobre três virtudes que devemos exercitar na nossa vida: a fé, a caridade fraterna e a humildade. Aquele oficial, ao  Interceder a Jesus em favor do seu empregado, dá um grande testemunho de fé, de amor ao próximo e de humildade, reconhecendo indigno de receber Jesus em sua casa: "Senhor eu não sou digno que entreis em minha casa.”
Deste episódio, podemos tirar uma grande lição, que poderá nos ajudar a conviver bem com as diferenças religiosas. Ao atender ao pedido de alguém que não fazia parte do grupo dos seus seguidores, Jesus deixa claro, que não é pela religião que se dá testemunho de fé, e sim, pelo o amor ao próximo e pela confiança no poder misericordioso de Deus!
A fé é um dom de Deus, cabe nós, acolher este dom e desenvolvê-lo.
Fé, não é algo que se tem e pronto, fé, é construção, uma construção contínua, que vai se solidificando a medida que vamos  intensificando  a nossa relação com Deus e com os irmãos.
Crescemos na fé, quando crescemos no amor! Fé e vida são inseparáveis, viver a fé, é cuidar da vida, é ter  interesse pelo o bem do outro, como teve o oficial romano  pelo o seu empregado.
O evangelho finaliza  dizendo, que Jesus continuava libertando as pessoas de seus males, como libertou  a sogra de Pedro e muitas outras pessoas.
FIQUE NA PAZ DE JESUS  - Olivia Coutinho
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quinta-feira, 28 de junho de 2018

SOLENIDADE DE SÃOS PEDRO E SÃO PAULO-Adélio Francisco


REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA  01/07/2018
-Mateus 16,13-19

"SOLENIDADE DE SÃOS PEDRO E SÃO PAULO ".

A Igreja celebra juntos São Pedro e São Paulo, chamados "Príncipes dos Apóstolos". Embora com origem e trajetória diversas, ambos estão ligados por um amor incondicionado ao Cristo e sua missão salvadora. Pedro, Galilei e pescador pobre, nascido em Betsaida, mas morador de Cafarnaum, sem formação intelectual, casado, teve um longo aprendizado junto a Jesus, e teve papel importante, embora nem sempre bonito, papel na Paixão e Morte do Senhor. Testemunha da ressurreição de Jesus, e com um expresso mandato do Senhor, assumiu uma incontestada e forte liderança apostólica depois de pentecostes.
Paulo converteu -se no encontro fulgurante com o Senhor, a caminho de Damasco, tendo participado, de corpo e alma e ódio, na paixão e morte dos primeiros cristãos. Era hebreu rico e estudado, solteiro, tinha duas profissões: era rabino e fabricante de tendas de lona, conhecedor profundo da Bíblia e das tradições, cidadão romano desde o nascimento, nascido em Tarso, cidade da então Cilícia, na Ásia Menor, hoje Turquia. Pertencia ao partido dos fariseus. Foi martirizado na periferia de Roma, decapitado, mais ou menos na mesma época de Pedro que morreu, crucificado, de cabeça para baixo, em torno do ano 67.
Pedro chamava-se Simão, antes de conhecer Jesus.
Paulo chamava-se Saul, ou Saulo, antes de começar suas viagens apostólicas entre os pagãos. Se devesse ressaltar uma frase de Pedro, sublinharia a que disse depois do discurso de Jesus sobre o pão: "Senhor, tu tens palavras de vida eterna. Nós temos fé e sabemos que és o Santo de Deus". E de Paulo, do tesouro de suas cartas, prinçaria esta: "Para mim, a vida é Cristo". Ambas as frases expressam bem o mergulho total dos dois no mistério de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus.
Na festa de São Pedro e São Paulo, a Igreja lembra com carinho o Papa, sucessor direito de Pedro no governo da Igreja e herdeiro do espírito universalista de Paulo, que sempre de novo recorda que o Evangelho deve ser pregado a todos em todos os tempos e lugares. Ao Papa dirigem-se as palavras do Evangelho de hoje, com a mesma força com que foram dirigidas a Pedro em Cesaréia de Filipe, perto das nascentes do Rio Jordão. Ele tem a missão de ser "o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos Bispos, quer da multidão dos fiéis". Por isso, ele é chamado de Sumo pontífice, isto é, o maior responsável pelo lançamento de pontes "construtor de pontes" pode capazes de unir dois pontos diversos, dois povos diferentes, múltiplas culturasentre si. Evidentemente que ele, como pessoa humana, não teria a consistência suficiente para essas pontes unidade. Mas a força é de Jesus Cristo, único capaz de "Fazer de dois um só povo; reconciliado ambos com Deus num só corpo pela cruz.
Como Pedro, o Papa hoje é o fundamento da comunidade do povo de Deus. O Concílio o chamou de "cabeça visível de toda a Igreja". O Papa, também chamado Santo Padre, é o nosso a pai na fé, a esperança e a caridade, as três virtudes pilastras da comunidade cristã.
Meus irmãos e irmãs: Quando falamos de Paulo, nos lembra o carisma, a evangelização. Pregou o Evangelho do Senhor depois de sua conversão, quando estava a caminho de Damasco.
O texto de hoje constitui uma secção unitária que compreende três relatos: a confissão de fé de Pedro; o anúncio da morte e ressurreição de Jesus; a exortação dada aos discípulos para que brilhem o mesmo caminho de Jesus.
Pedro ao confessar: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" recebe por parte de Jesus o maior elogio, e também a maior responsabilidade. Dele vai nascer a Igreja, a comunidade de todos aqueles que reconhecem em Jesus o germe da nova humanidade.

PERMANECEMOS NA SANTA PAZ DE DEUS-- Adélio Francisco 

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SENHOR, SE QUERES TENS PODER PARA PURIFICAR-ME-Adélio


REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA  29/06/2018
-Mateus 8,1-4

"SENHOR, SE QUERES TENS PODER PARA PURIFICAR-ME."

No episódio do Evangelho que a liturgia nos convida a refletir no dia de hoje, mostra-nos que Jesus desse da montanha e uma grande multidão o seguiu. Eis que um leproso aproximou-se e prostrou-se diante dele, dizendo: "Senhor, se queres, podes curar-me".
O leproso é figura de todo marginalizado por motivo religioso. 
O homem afetado de tal enfermidade não podia ter acesso a Deus. Nessa cura do leproso podemos destacar estes elementos:
Há um evento pessoal do doente com aquele que cura; o leproso se aproxima de Jesus. O portador dessa doença era afastado da comunidade. Era considerado marginalizado. Não podia se aproximar de ninguém. Nesse encontro, Jesus rompe as barreiras. Jesus o acolhe e permite que ele receba a salvação a que tem direito; vontade e poder: o pedido por parte do doente: "Senhor, se queres, pode curar-me". Poder e vontade andam junto. Jesus cura porque é um modo pedagógico de manifestar o Reino e a vontade do Pai, que criou tudo para o bem e a felicidade do homem.
Fazer coincidir a nossa vontade com a vontade de Deus nos possibilita a cura, a libertação de todos os males. A atitude do leproso revela qual deve ser o nosso relacionamento com Deus. A fé é a única condição para fazer nascer o amor.

PERMANECEMOS NA SANTA PAZ DE DEUS-- Adélio Francisco. 

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"TU ÉS O MESSIAS, O FILHO DO DEUS VIVO!”- Olivia Coutinho


SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO.

Dia 01 de Julho de 2018

Evangelho de Mt16,13 -19



Celebramos neste Domingo, a festa  de São Pedro e São Paulo, dois homens, que chegaram a Jesus, por caminhos diferentes e que são chamados de “colunas da Igreja.” Pedro, por ter sido o primeiro líder da Igreja, e Paulo, por transformá-la numa Igreja Missionária, sendo o primeiro a propagar o Reino de Deus entre os pagãos.
Vindos de realidades bem diferentes, estes dois líderes, Pedro, um simples pescador, e Paulo, um Judeu culto de origem romana, deixaram-se conquistar por Jesus, se entregando por inteiros a serviço do Reino de Deus, e como o próprio Jesus, deram a vida pela causa deste Reino, sendo fieis ao evangelho até as últimas consequências. 
O evangelho que a liturgia desta solenidade nos convida a refletir, narra o momento em que Jesus confere a Pedro o primado da sua Igreja.
 Ao longo do texto, vemos o caminho  usado por Jesus, para chegar  a esta escolha. Primeiro, Ele faz uma pergunta aos discípulos: “Quem dizem as pessoas ser o Filho do homem? Para esta pergunta, surgiram várias respostas, afinal, é fácil responder em nome do outro, não compromete! Já, quando esta mesma pergunta, é voltada para os próprios discípulos, aí, paira um silencio, desta vez, a pergunta feita por Jesus, requer uma resposta pessoal, o que exige comprometimento e ninguém arriscar, a não ser Pedro, ele  foi o único que respondeu, e respondeu com firmeza: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” Esta resposta  de Pedro, agradou Jesus, pois Ele sabia, que esta sua afirmação, era fruto da sua convivência com Ele! Por esta profissão de fé, Jesus convoca Pedro para uma missão desafiadora: conduzir a sua Igreja! “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja...”
Este episódio chama a nossa atenção, sobre a responsabilidade de quem afirma conhecer Jesus! Saber quem é Jesus é muito mais do que saber que Ele é Deus, afirmar que conhecemos Jesus implica em comprometimento com a sua causa, em dar testemunho Dele em qualquer circunstancia.
A narrativa chama a nossa atenção, sobre a importância de aprofundarmos no conhecimento a Jesus. Sem conhecer Jesus, não vamos entrar na dinâmica do Reino, e muito menos  compreender,  que, para ganhar a vida, é preciso passar pela cruz, como Ele passou.  
Olhando para a escolha de Pedro, vemos que Jesus, não entregou a responsabilidade de conduzir a sua igreja, a um homem  diplomado, visto com “grande” pela sociedade, mas a Pedro, um homem simples, frágil, sujeito a falhas que representa os homens de toda a história da Igreja: homens santos e pecadores! 
Antes de conferir a Pedro, esta missão tão grande, Jesus não questionou o seu passado, não lhe faz nenhuma exigência, a não ser, o seu compromisso de transformar o seu amor por Ele, em cuidado para com o que é de mais precioso para Deus que é o povo.
Ao escolher Pedro para a liderança da sua Igreja, fica evidente a compreensão de Jesus para com a fragilidade humana. Pedro era um homem de temperamento extremamente forte, Jesus sabia, que mais tarde ele o negaria, mas  mesmo assim, confia na sua fidelidade.
Como vemos, a escolha de quem conduziria a barca de Jesus, (Igreja) não caíra sobre um homem especial, e sim, sobre um homem comum, alguém dotado de virtudes e defeitos como qualquer um de nós. O que nos mostra, o quão é grande a diferença entre os critérios humanos e os critérios de Deus. Os homens escolhem pessoas capacitadas para cargos de lideranças, Deus, capacita os que Ele escolhe.
Com a volta de Jesus para o Pai, Pedro assume a liderança da igreja, uma Igreja fundamentada no amor de Jesus, conduzida pelo o seu Espírito. 
Sobre a liderança de Pedro, a Igreja começa a dar passos rumo a uma nova Jerusalém, tendo a grande colaboração de Paulo, que representa a igreja itinerante que não se limita a quatro paredes, mas que vai ao encontro do povo!
"A missão da Igreja consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição de Jesus! Sua grande riqueza está na abertura a todos os povos e culturas!"
A Igreja é unidade, ela é guardiã e propagadora do amor do Pai, da fidelidade do Filho e do poder Santificador do Espírito Santo!
O amor a Jesus é o fundamento de toda comunidade cristã, por tanto, numa comunidade, cujo centro é Jesus, um líder não se destaca pela a sua autoridade, e sim, pelo o seu amor a Jesus transformado em serviço.
Pedro e Paulo, modelos de discípulos missionários com suas virtudes e fraquezas, mas sobre tudo, com o seu amor e fidelidade a Cristo e a sua Igreja.
Nesta solenidade, unamos em oração pelo o nosso Pastor, o sucessor de Pedro, o represente legítimo de Jesus Cristo aqui na terra: o Papa Francisco, um servo de Deus que preserva dentro de si, o amor de Jesus, a firmeza de Pedro e a flexibilidade de Paulo. 


FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olívia Coutinho
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quarta-feira, 27 de junho de 2018

As raposas têm tocas-Dehonianos


2 Julho 2018
Tempo Comum - Anos Pares
XIII Semana - Segunda-feira
Lectio
Primeira leitura: Amós 2, 6-10. 13-16
6Assim fala o Senhor:«Por causa do triplo e do quádruplo crime de Israel, não revogarei o meu decreto. Porque vendem o justo por dinheiro e o pobre, por um par de sandálias; 7esmagam sobre o pó da terra a cabeça do pobre, desviam os pequenos do caminho certo. Porque o filho e o pai dormem com a mesma jovem, profanando o meu santo nome. 8Porque se estendem ao pé de cada altar sobre as roupas recebidas em penhor, e bebem no templo do seu Deus o vinho dos que foram confiscados. 9Fui Eu que, diante deles, exterminei os amorreus, que eram altos como cedros e fortes como os carvalhos. Destruí-lhes por cima os frutos e por baixo as raízes. 10Eu é que vos tirei da terra do Egipto, e vos conduzi, através do deserto, durante quarenta anos, a fim de vos dar a posse da terra dos amorreus. 13Pois bem! Eis que vos vou esmagar contra o solo como esmaga um carro bem carregado de feno. 14O homem ágil não poderá fugir, o forte em vão recorrerá à sua força, o valente não salvará a sua vida. 15O que maneja o arco não resistirá, nem o homem de pés ligeiros escapará, nem o cavaleiro salvará a sua vida. 16E o mais corajoso entre os valentes fugirá nu, naquele dia.
Este oráculo foi preparado pelos seis anteriores. A repetição progressiva da expressão «triplo ou quádruplo» criou expectativa e preparou os leitores para a mensagem que hoje escutamos: Javé não um simples Deus nacional de Israel, semelhante a deuses, mas é o Deus de todos os povos, o juiz e senhor da história. Por isso, pede contas a cada um deles. São enumerados sete, o número perfeito, que indica a totalidade dos povos. O monoteísmo dá um passo decisivo. O Deutero-Isaías definirá melhor esta universalidade de Deus.
A denúncia dos pecados de Israel é seguida pela recordação dos benefícios divinos. Seguem-se as ameaças contra o pecado concretamente apresentado na alteração das relações de justiça e de respeito entre os homens, a substituição das pessoas por coisas, a opressão dos pobres, a perda da dignidade nas relações.
A violência das ameaças devia levar o povo a voltar-se para Deus. Em vez disso, revolta-se contra o profeta. O castigo torna-se inevitável. Mas, ao menos para nós, o salmo abre uma perspectiva de esperança, pois termina apontando a relação feliz entre Deus, que mostra a salvação, e o homem que honra a Deus, avançando pelo caminho recto.
Evangelho: Mateus 8, 18-22
Naquele tempo, 18vendo Jesus em torno de si uma grande multidão, decidiu passar à outra margem. 19Saiu-lhe ao encontro um doutor da Lei, que lhe disse: «Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores.» 20Respondeu-lhe Jesus: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.» 21Um dos discípulos disse-lhe: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» 22Jesus, porém, respondeu-lhe: «Segue-me e deixa os mortos sepultar os seus mortos.»
Jesus decide «passar à outra margem» (v. 18). Mas, antes de executar a sua decisão, ilustra as exigências requeridas a quem O quer seguir, as exigências da fé. Quem quiser seguir a Cristo, como o escriba, deve saber ao que se compromete, qual o modo de vida que o espera, quem é Aquele a quem escolheu. Sabendo isso, há-de estar disposto a aceitar os sofrimentos, as adversidades e a paixão como passagens obrigatórias. Foi esse o caminho do Senhor e Mestre, Jesus Cristo. A expressão «as raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça» está construída em estilo oriental: depois de duas imagens positivas, vem uma negativa. Alguns exegetas vêem aqui uma alusão ao celibato de Jesus: não tem casa, não tem família. O expressão «Filho do Homem», que aparece pela primeira vez no evangelho, indica a precaridade de Jesus, o seu ser sem casa nem raiz, sem referência nem refúgio. A contraposição entre Jesus e «os mortos» indica a ruptura que «Aquele que vive» veio inserir na experiência dos homens. Aquele que é a Vida, aponta o Caminho: não ter onde reclinar a cabeça, para dormir e para morrer, é condição para que a vida seja restituída à sua verdade.
Meditatio
As palavras duras e polémicas de Amós ecoam na vida e nos ensinamentos de Jesus. O Mestre divino usa uma linguagem mais branda e ensina, sobretudo, com o seu exemplo. Mas nem por isso é menos radical.
A ganância é fonte de muitos males. Paulo reconhece-o, quando escreve: «os que querem enriquecer caem na tentação, na armadilha e em múltiplos desejos insensatos e nocivos que precipitam os homens na ruína e na perdição. Porque a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro. Arrastados por ele, muitos se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições» (1 Tm 6, 9-10). Amós denuncia a perversão provocada pela ganância, que faz perder o sentido de justiça e o respeito devido às pessoas, transformadas em meios para alcançar determinados lucros. «Vendem o justo por dinheiro e o pobre, por um par de sandálias», diz Amós (v. 6). A pessoa humana, criada à imagem de Deus, torna-se artigo de troca, é reduzida à escravidão por causa de um lucro miserável. Amós também denuncia o desprezo da mulher, vítima de imoralidade sexual, talvez até por questões de dinheiro e de lucro. Violar uma jovem é culpa grave, porque também Deus é ofendido, e o seu nome profanado.
Os gananciosos perdem o respeito devido a Deus quando oprimem os outros para acumular riquezas. O culto que eventualmente prestarem a Deus não Lhe será agradável: «Estendem-se ao pé de cada altar sobre as roupas recebidas em penhor, e bebem no templo do seu Deus o vinho dos que foram confiscados», denuncia Amós (v. 8). O profeta alude a refeições sagradas que concluíam certos sacrifícios rituais. Como poderia um tal culto agradar a Deus? Jesus não se deixa impressionar com as ofertas chorudas dos ricos. Apreciava mais a dádiva dos poucos cêntimos da viúva pobre (Mc 12, 41-44), e convidava todos ao desapego do dinheiro. Ele mesmo não tinha «onde reclinar a cabeça» (v. 20). Não tinha casa, não tinha bens próprios, não tinha esposa e filhos, não tinha projectos pessoais. Era verdadeiramente pobre e desapegado de tudo; procurava e fazia a vontade do Pai. E tudo por causa do Reino. Se Amós clama por justiça e rectidão, Jesus, pela sua palavra e pelo seu exemplo, convida à radicalidade do desapego de tudo, mas também à alegria, à pressa, que havemos de ter, em possuir o tesouro, a pérola, que é o Reino, que é Ele mesmo, Cristo (cf. Cst 14). Paulo dá-nos testemunho e exemplo desse desapego radical, para tudo possuir: «Tudo isso, que para mim era lucro, reputei-o perda por Cristo. Na verdade, em tudo isso só vejo dano, comparado com o supremo conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por Ele tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo» (Fl 3, 7-8).
Oratio
Senhor, liberta-me da ganância, mas também de todo o apego aos bens deste mundo. Faz-me generoso contigo e com os meus irmãos. Que eu saiba dar e, sobretudo, dar-me, sem nada reservar para mim. Enche-me do teu Espírito para que me torne dom agradável para Ti e dom eficaz para os meus irmãos. Enche-me do teu Espírito para que, como Amós, saiba denunciar a ganância, e as injustiças a que ela conduz. Enche-me do teu Espírito para que, como Tu, viva a pobreza, a castidade e a obediência, por causa do Reino, tornando-me sinal claro do mundo que há-de vir. Amen.
Contemplatio
Jesus escolheu a pobreza como sua parte: «Jesus, rico de todos os bens do céu e da terra, fez-se pobre, diz-nos S. Paulo, para nos enriquecer com a sua pobreza» (2Cor 8, 9). Repara a nossa sensualidade. Desde o seu nascimento e toda a sua vida, Jesus quis conhecer o desnudamento. Ele, Filho de Deus e Filho de David, é repelido por todos em Belém, e nasce num estábulo como o mais pobre dos pobres. Durante o exílio no Egipto, ninguém saberia dizer a penúria da Sagrada Família. Viveram sem dúvida de esmolas, e o Filho de Deus ensaiou sem dúvida os seus primeiros passos estendendo a mão à caridade pública. Em Nazaré, o criador do mundo afadiga-se no trabalho para ganhar o pão quotidiano. Os Nazarenos, espantados com a sua sabedoria, exclamam: «Não é este um carpinteiro e o filho de um carpinteiro?». Na sua vida apostólica, percorre vastas províncias a pé, vive de pão de cevada e de peixes secos; para se alimentar a si e aos seus e para ajudar aos pobres nada mais tem do que as esmolas de algumas piedosas mulheres. Assim como viveu no desnudamento, morre despojado de tudo sobre a cruz, e o seu corpo vai repousar num sepulcro emprestado (Leão Dehon, OSP 4, p. 135).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra
«O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça» (Mt 8, 20).
| Fernando Fonseca, scj |


Senhor, eu não sou digno-Dehonianos


30 Junho 2018
Tempo Comum – Anos Pares
XII Semana – Sábado
Lectio
Primeira leitura: Lamentações 2,2.10-14.18-19
2O Senhor arrasou, sem piedade, todas as moradas de Jacob. E, em seu furor, arruinou as fortificações da capital de Judá. Lançou por terra e amaldiçoou o reino e os seus príncipes. 10Os anciãos da cidade de Sião sentam-se por terra, emudecidos. Lançam cinza sobre as suas cabeças, vestem-se de saco. As virgens de Jerusalém inclinam a cabeça para a terra. 11Os meus olhos derretem-se em lágrimas; fremem as minhas entranhas. Por terra derrama-se o meu fígado, por causa da ruína do meu povo, enquanto vão desfalecendo os meninos e as crianças de peito nas ruas da cidade. 12Onde haverá pão e vinho? – perguntam eles às mães, enquanto, como feridos de morte, iam desfalecendo nas praças da cidade, exalando o seu último suspiro no regaço materno. 13A que coisa te hei-de assemelhar? A que te comparar ó Jerusalém? A que te igualarei, para te consolar, ó jovem capital de Sião? É imensa como o mar a tua ruína; quem poderá curar-te? 14Os teus profetas vaticinaram-te apenas coisas falsas e loucas. Não te revelaram as tuas iniquidades, a fim de mudar o teu destino. Anunciaram-te apenas oráculos falsos e enganadores. 18Clama com o coração ao Senhor, ó muralha da cidade de Sião! Faz correr em torrente as tuas lágrimas noite e dia! Não te dês descanso, não cessem os teus olhos de chorar! 19Levanta-te, grita durante a noite, no começo das vigílias; derrama o teu coração como a água perante a face do Senhor. Ergue para Ele as mãos, pela vida dos teus filhos que desfalecem de fome por todos os recantos das ruas.
A página do livro das Lamentações, que hoje escutamos, é a melhor reflexão sobre o sentido dos eventos narrados nos Livros dos Reis. O livro das Lamentações é atribuído a Jeremias, profeta que viveu os momentos dramáticos do cerco, da queda e da destruição de Jerusalém, da partida do povo para Babilónia. O nosso texto, bastante resumido para o uso litúrgico, é uma dolorosa meditação sobre o exílio, sobre a responsabilidade dos falsos profetas e das práticas idólatras, no desastre que atingiu a cidade de Deus e o seu templo. Tudo isto leva ao arrependimento e à súplica. O afastamento da pátria simboliza dramaticamente o afastamento de Deus, esse Deus que domina a história e que, por meio dos seus mensageiros, lhe revela o sentido e o significado. Depois de recordar a infausta sorte do rei, dos sacerdotes e profetas, dos velhos e dos novos, o cântico dirige-se a Sião, recorda-lhe os enganos de que foi vítima e convida-a a chorar a sua sorte.
Evangelho: Mateus 8, 5-17
Naquele tempo, 5entrando Jesus em Cafarnaúm, aproximou-se dele um centurião, suplicando nestes termos: 6«Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo horrivelmente.» 7Disse-lhe Jesus: «Eu irei curá-lo.» 8Respondeu-lhe o centurião:«Senhor, eu não sou digno de que entres debaixo do meu tecto; mas diz uma só palavra e o meu servo será curado. 9Porque eu, que não passo de um subordinado, tenho soldados às minhas ordens e digo a um: ‘Vai’, e ele vai; a outro: ‘Vem’, e ele vem; e ao meu servo: ‘Faz isto’, e ele faz.» 10Jesus, ao ouvi-lo, admirou-se e disse aos que o seguiam: «Em verdade vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé! 11Digo-vos que, do Oriente e do Ocidente, muitos virão sentar-se à mesa do banquete com Abraão, Isaac e Jacob, no Reino do Céu, 12ao passo que os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.» 13Disse, então, Jesus ao centurião: «Vai, que tudo se faça conforme a tua fé.» Naquela mesma hora, o servo ficou curado. 14Entrando em casa de Pedro, Jesus viu que a sogra dele jazia no leito com febre. 15Tocou-lhe na mão, e a febre deixou-a. E ela, levantando-se, pôs-se a servi-lo. 16Ao entardecer, apresentaram-lhe muitos possessos; e Ele, com a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos os que estavam doentes, 17para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas dores.
Este milagre, narrado por Mateus, também se encontra em Lucas e em João, com algumas diferenças. Enquanto Mateus fala da cura de um filho-servo (pais), Lucas da cura de um servo (dûlos) e João da cura de um filho (hyiós). Na realidade trata-se de um prodígio onde confluem o poder taumatúrgico de Cristo, que actua de modo imediato («naquela mesma hora»), mesmo à distância, e a fé do centurião elogiada pelo Mestre. Esta situação oferece a Cristo ocasião para estigmatizar a falta de fé dos seus conterrâneos e descrever as tristes consequências da mesma. As expressões «choro e ranger de dentes» são idiomáticas, indicando a enorme desespero daqueles que, no castigo, reconhecem as suas culpas. A cena do centurião é como que um prelúdio da missão ou anúncio do Evangelho aos pagãos.
Jesus detém-se em Cafarnaúm, na casa de Pedro, cuja sogra estava doente com febre. E Jesus toma a iniciativa de a curar, – caso único em Mateus -, tocando-lhe, como fizera com o leproso. Uma vez curada, a mulher põe-se a servir, tornando-se a primeira «diaconisa» da história cristã.
Os últimos versículos sintetizam a obra de Cristo em favor dos endemoninhados e dos doentes. Mateus aproveita para fazer uma releitura de Is 53, 4: enquanto o profeta fala de sofrimentos e dores, o evangelista fala de enfermidades e doenças. Trata-se de uma expiação libertadora, fruto da solidariedade de Cristo com os homens.
Meditatio
Ao descrever a situação de Jerusalém, destruída e devastada pelos babilónios, o Livro das Lamentações revela a causa profunda dessa catástrofe: «Os teus profetas vaticinaram-te apenas coisas falsas e loucas. Não te revelaram as tuas iniquidades, a fim de mudar o teu destino. Anunciaram-te apenas oráculos falsos e enganadores» (v. 14). Também nós preferimos, muitas vezes, ouvir palavras falsas e enganadoras, discursos retóricos e lisonjeiros, mais do que admoestações e chamadas de atenção. Alimentam as nossas ilusões, é certo. Mas é preferível ouvir palavras que nos revelem as nossas faltas e nos incitem à mudança de vida. Os falsos profetas também pregaram o que os habitantes de Jerusalém, particularmente os seus chefes, queriam ouvir, em vez de lhes denunciarem as faltas. Mas os verdadeiros profetas, como Jeremias, não se cansavam de avisar a cidade para os perigos a que podia levar a inobservância da Lei na justiça, e a falta de solidariedade. Ninguém os escutava.
Acontece o mesmo no nosso mundo de hoje. Quando o Papa lembra a doutrina da Igreja sobre a moral, sobre o respeito pela vida desde o seu início até ao seu fim natural, sobre o respeito pelo amor, pela fidelidade, ou até sobre o uso do dinheiro, sobre os perigos do
capitalismo, muitas vezes se ouvem reacções negativas. Muita gente prefere discursos que não incomodem, que não ameacem os egoísmos instalados, mas que levam a grandes catástrofes.
O evangelho mostra-nos Jesus que não se inibe de contactar com leprosos, pagãos e mulheres, coisa imprópria para um rabi. Mas se Deus, em Jesus, assumiu um corpo humano, foi para comunicar com o corpo do homem. O Senhor intervém por causa da fé do doente (no caso do leproso), ou da comunidade (no caso da sogra de Pedro). Mas o maior elogia vai para a fé na sua palavra, manifestada por um pagão. Até àquele momento, ninguém em Israel tinha manifestado tanta fé.
O Senhor continua a tocar-nos na Eucaristia, mas também nos toca pela força da sua Palavra. Que impacto tem a Palavra na cura da minha pessoa?
O Pe. Dehon convida-nos a sermos profetas do amor e servidores da reconciliação (cf. Cst 7). Como ele, e no seu “seguimento”, “em comunhão com a vida da Igreja, queremos contribuir para instaurar o reino da justiça e da caridade cristã no mundo (cf. Souvenirs XI). Para isso, há que denunciar corajosamente todas as injustiças, em primeiro lugar, as cometidas contra Deus, não Lhe reconhecendo o lugar a que tem direito, nem respeitando a sua lei. Mas há apontar também as inúmeras injustiças contra as pessoas e, por vezes, até contra povos inteiros. Há que fazer o que estiver ao nosso alcance para aliviar o sofrimento de tantos irmãos e irmãs, e para que lhes se feita justiça. A solidariedade é um sinal dos tempos muito sentido, tanto pelos crentes como pelos não crentes. Há que praticá-la e promovê-la em favor de todos os explorados e oprimidos, particularmente pelos povos que estão em vias de desenvolvimento, pelos que sofrem a fome, pelas vítimas das guerras crónicas, ou das catástrofes e calamidades naturais (Cf. A.A., n. 14).
Oratio
Senhor, Tu carregaste sobre Ti os nossos males e as nossas doenças, porque só se redime o que se assume. Tu queres restituir ao género humano a beleza e a saúde com que saiu das mãos do Criador. Renova o dom do teu Espírito, para que sejam reparados em mim os efeitos do pecado. Uma vez reparado, dá-me a graça de cooperar Contigo na obra de cura e de redenção que estás a realizar no mundo. Amen.
Contemplatio
A perfeição da fé, diz S. João, é crer no amor de Nosso Senhor por nós (Jo 4, 16). Tal era a lei do bom centurião.
A fé deve ser esclarecida, não pede, no entanto, um luxo exagerado de provas. Os judeus pediam sempre novos prodígios para acreditarem. Jesus censura-os por isso (Jo 4, 48). O centurião soube que Jesus curava muitos doentes com uma bondade extrema, isso lhe basta.
A fé deve ser confiante e firme. Assim foi a do centurião. Não duvida, tem confiança, insiste, sabe que Jesus pode curar à distância.
A fé deve estar penetrada de humildade. O nosso oficial não ousa ir ele mesmo ter com Jesus, envia um ancião da sinagoga, depois um vizinho. Não se julga digno que Jesus entre debaixo do seu tecto.
A fé fortifica-se no meio das provas. Nosso Senhor com frequência provou a fé por meio de uma primeira recusa, como aconteceu com a mulher cananeia.
É preciso confessar a própria fé e não ter vergonha. O centurião fez isto de um modo magnífico, ele que era estrangeiro e pagão e que admirava os judeus pela vivacidade da sua fé. (Leão Dehon, OSP4, p. 166).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Senhor, diz uma só palavra e o meu servo será curado» (Mt 8, 8).
| Fernando Fonseca, scj |


Senhor, Senhor,-Dehonianos


28 Junho 2018
Tempo Comum – Anos Pares
XII Semana – Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: 2 Reis 24, 8-17
8Joiaquin tinha dezoito anos quando começou a reinar, e reinou três meses em Jerusalém. 9Fez o mal aos olhos do Senhor, tal como o seu pai. 10Foi nesse tempo que os homens de Nabucodonosor, rei da Babilónia, vieram sobre Jerusalém e a sitiaram. 11Nabucodonosor chegou à cidade, quando as suas tropas a sitiavam. 12Joiaquin, rei de Judá, saiu ao encontro do rei da Babilónia, com sua mãe, com os altos funcionários, com os oficiais e com os eunucos; e o rei da Babilónia prendeu-o. Isto aconteceu no oitavo ano do reinado de Nabucodonosor. 13E como o Senhor tinha anunciado, Nabucodonosor levou dali todos os tesouros do templo do Senhor e do palácio real, e quebrou todos os objectos de ouro que Salomão, rei de Israel, fizera para o santuário do Senhor. 14Levou cativa toda a corte de Jerusalém, todos os chefes e todos os notáveis, ao todo dez mil, com todos os ferreiros e artífices; deixou apenas os pobres do país. 15Deportou Joiaquin de Jerusalém para a Babilónia, com a sua mãe, as suas mulheres, os eunucos do rei e os grandes do país. 16Todos os homens de valor, aptos para a guerra, em número de sete mil, os ferreiros e os artífices, em número de mil, o rei da Babilónia levou-os cativos para a Babilónia. 17Em lugar de Joiaquin, o rei da Babilónia nomeou rei seu tio Matanias, cujo nome mudou para Sedecias.
Entretanto, a Assíria, que se aliou ao Egipto, para fazer frente ao expansionismo babilónio, diminuiu a sua ameaça sobre Jerusalém. Mas surgiu a ameaça da própria Babilónia. Tendo caído Nínive, capital da Assíria (612), Nabucodonosor tornou-se rei da Babilónia (605). Na Primavera de 598, apoderou-se do fraco reino de Joiaquim, expugnando Jerusalém, e procedendo a uma primeira deportação, que envolveu o profeta Daniel. Sedecias substituiu o fraco Joiaquim como rei de Judá (598-587). É nesta época que actua o profeta Jeremias (cf. Jr 22, 13-17).
Como sempre acontece, o autor sagrado liga os dramas do povo à sua infidelidade à aliança (cf. v. 9). O profeta de Anatot em vão tinha apelado à conversão. O mal do povo tornou-se tão grande, que Jeremias chegou a perder as esperanças (Jr 5, 1-3).
Evangelho: Mateus 7, 21-29
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 21«Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu. 22Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizámos, em teu nome que expulsámos os demónios e em teu nome que fizemos muitos milagres?’ 23E, então, dir-lhes-ei: ‘Nunca vos conheci; afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.’» 24«Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. 26Porém, todo aquele que escuta estas minhas palavras e não as põe em prática poderá comparar-se ao insensato que edificou a sua casa sobre a areia. 27Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se, e grande foi a sua ruína.» 28Quando Jesus acabou de falar, a multidão ficou vivamente impressionada com os seus ensinamentos, 29porque Ele ensinava-os como quem possui autoridade e não como os doutores da Lei.
Ao concluir o Sermão da Montanha, Jesus previne contra a presunção de se salvar apenas pela invocação do nome divino, ou em virtude de acções carismáticas, sem as acompanhar com uma vida coerente, com a prática da caridade, ainda que sejam expressão da própria fé. Não se pode ficar pelo «dizer»; há que «fazer». Notemos também que a referência, no juízo final, será sempre Cristo: «me dirão», «minhas palavras» (cf. Mt 25). Também é significativa a acentuação de «muitos»: «muitos me dirão…». «Então, dir-lhes-ei»: no texto original, lê-se: «Então declararei», numa clara alusão ao «dia do Senhor», ao dia do juízo. Quando Cristo declara que não conhece (como na parábola das virgens insensatas: Mt 25, 12) tais «tais praticantes da iniquidade» (cf. Mt 13, 14; 24, 12), onde encontramos o mesmo termo), utiliza a fórmula judaica de excomunhão do mestre, que implicava uma suspensão temporária do discípulo.
O Sermão da Montanha repõe o esquema de bênçãos e maldições diante das quais era colocado o povo da Aliança (Lv 26, Dt 28) e termina com a expressão «e grande foi a sua ruína» (Mt 7, 27), que contrasta com as palavras de abertura: «Felizes…» (Mt 5, 2ss.). Notemos também o paralelismo escondido nas palavras «rocha» (Cristo) e «casa» (Igreja).
Finalmente, Cristo fala de duas maneiras de escutar a Palavra: de modo superficial e descomprometido, ou de modo atento e eficaz. Fala também das consequências de escutar de um ou de outro modo.
Meditatio
Estamos a viver o tempo comum da Liturgia. Enquanto o tempo do Advento ao Pentecostes representa o tempo de Jesus, em que Ele realiza historicamente a nossa redenção, o tempo comum representa o tempo da Igreja, porque nele se constrói a mesma Igreja, Corpo de Cristo, que continua no mundo a obra salvífica de Jesus e prolonga a sua incarnação. É neste tempo que os homens são chamados a entrar na Igreja pelo baptismo, e a crescer nela pelos sacramentos e pelo empenhamento pessoal até alcançarem a plena estatura de Cristo, o estado de adultos na fé. É, pois, o nosso tempo, em que havemos de construir o nosso destino eterno, o tempo para nos realizarmos como homens e como cristãos.
Jesus fala deste tempo com a imagem da casa, que pode ser construída sobre a rocha ou sobre a areia. A imagem é clara e eficaz. Enquanto a primeira resiste aos ventos e às enxurradas, a segunda fica reduzida a um monte de ruínas. Ambos os construtores conheceram Jesus e ouviram a sua palavra. Mas, enquanto um a põe em prática, o outro não. Um faz a vontade do Pai. O outro limita-se a dizer: «Senhor! Senhor!» (v. 22).
O evangelho de hoje apela para a coerência da nossa vida de cristãos. Com estas parábolas, Jesus não nos deixa ilusões. A porta do Reino só se abre para aqueles que fizeram a vontade do Pai. A rocha representa essa vontade. Sobre ela, pode construir-se uma casa bonita, acolhedora e forte.
A vontade de Deus não é algo de abstracto, porque se «fez carne» e, em certo sentido, se materializou em Jesus Cristo. Por isso, Paulo escreve: «estais edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus» (Ef 2, 20). Pedro também fala de Jesus como pedra angular (1 Pe 2, 5-6). Construir sobre a rocha quer dizer construir a própria vida sobre Jesus, sobre a
sua Palavra, sobre a sua Pessoa.
«Escutamos com frequência a Palavra de Deus», dizem as nossas Constituições (n. 77). Sublinhamos a expressão «com frequência». Não se trata só da escuta da palavra de Deus na Missa ou noutras celebrações; trata-se de acolher, na nossa vida, a Palavra, o Verbo eterno de Deus feito carne, conforme a exortação do Pai na Transfiguração: «Este é o Meu Filho muito amado, em Quem pus as minhas complacências: Escutai-O» (Mt 17, 5).
Este convite à “escuta” já estava expresso na famosa «shemá» («escuta…»), com que o piedoso israelita manifestava a Deus a sua fé, a adesão da sua vontade e a oblação da sua própria vida, cumprindo a Palavra de Deus: «Escuta, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda as tuas forças. Estes mandamentos que hoje te imponho, serão gravados no teu coração. Ensiná-los-ás aos teus filhos…» (Dt 6, 4-7).
Assim Deus Se revelava a na vida do piedoso israelita como Javé («Eu sou aquele que sou» Ex 3, 14), isto é, como presente na vida como libertador, como guia, como salvador. A presença da Palavra era a presença da Pessoa. Com maior razão tudo isto se realiza em Jesus, que é a Palavra, o Verbo de Deus feito carne: «Quem ouve as minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha…» (Mt 7, 24). “Rocha”, “Rochedo” são as imagens típicas de Deus, que exprimem solidez, segurança e, portanto, fé, adesão completa: «Deus é a rocha da minha defesa…» (Sl 62(61), 3): «Vós sois, meu Deus, a rocha da minha salvação…» (Sl 89(88), 27). É como dizer: o Senhor é o meu «amem», a minha segurança, a minha salvação. É assim que Cristo é chamado no Apocalipse: «Assim diz o Amem, a Testemunha fiel…» (3, 14) e Paulo: «Por meio de Jesus Cristo sobe até Deus o nosso Amem» (2 Cor 1, 20).
Oratio
Senhor, ouço falar muito de carismas, de dons extraordinários. Acredito que Tu os distribuis generosamente para a construção da tua Igreja. Mas precisamos que nos ajudes a discerni-los, para sabermos quais são verdadeiros e quais o não são. De facto, como hoje nos ensinas, não basta dizer «Senhor! Senhor!», nem profetizar ou realizar milagres em teu nome. É preciso fazer a vontade do Pai, mesmo com sacrifício. Sem isso, os carismas mais clamorosos, que poderiam significar uma especial relação Contigo, apenas servem para alimentar o orgulho de quem os possui. A verdadeira rocha é a fé na Palavra de Deus: quanto mais for profunda, mais segura estará a nossa casa. Senhor, ajuda-me a construir sobre Ti todos os meus projectos, toda a minha vida. Amen.
Contemplatio
«Não são aqueles que se contentam em escutar a lei que são justos aos olhos de Deus, mas somente aqueles que a praticam que serão justificados» – (Rom 2, 13). – «Guardemos fielmente o que ouvimos, com medo que não sejamos como canais onde a água corre. Porque se a lei antiga dada pelos anjos permaneceu firme, e se toda a transgressão e toda a desobediência recebeu o castigo que merecia, como escaparemos nós se formos negligentes a respeito da doutrina de salvação, anunciada por Nosso Senhor mesmo e confirmada por aqueles que a escutaram da sua boca.
Deus mesmo sancionou o seu testemunho com milagres, por prodígios, por diferentes efeitos do seu poder, e pelos dons do Espírito Santo, que Ele distribui como quer» (Heb 2, 1).
Nosso Senhor quis, portanto, desde o começo da sua vida apostólica nos precaver contra as ilusões da fé sem as obras. Cumpramos tudo o que a fé nos pede, segundo a nossa vocação: todos os nossos deveres de estado, todos os nossos deveres de piedade, as virtudes cristãs em toda a sua delicadeza e as obras de misericórdia, que são a característica da vida cristã.
Jesus mostra-nos o verdadeiro cristão em acção na parábola do Samaritano, e ameaça-nos com a sua condenação no juízo se não tivermos cumprido as obras de misericórdia. (Leão Dehon, OSP4, p. 100s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«O homem sábio constrói a sua casa sobre a rocha» (Mt 7, 24).
| Fernando Fonseca, scj |


“AFASTAI-VOS DE MIM, VÓS QUE PRATICAIS O MAL.” – Olívia Coutinho.


Dia 28 de Junho de 2018

Evangelho de Mt7,21-29

A palavra de Deus nos aquieta e ao mesmo tempo nos inquieta, nos aquieta, porque ela nos traz a certeza de que temos um  Pai que nos ama, o seu Filho que cuida de nós e seu o  Espírito, (Espírito Santo) que nos conduz.  E ela  nos inquieta, porque ao conhecê-la,  sentimos pressa de  levá-la ao outro!
O coração de quem acolhe a palavra de Deus com compromisso  e fidelidade, é como um vulcão em constante erupção,  é um coração que pulsa forte, que está sempre em movimento,  um coração que é puro amor! 
Ouvir os ensinamentos de Jesus, não corresponde apenas na nossa audição física, sem entrar no nosso coração, os seus ensinamentos cai no vazio, não ganha vida em nós, portanto, ela não produzirá frutos. 
Para que a palavra de Deus frutifique no mundo,  através de nós, precisamos primeiro, acolhê-la, deixar  que ela fecunde o nosso coração e chegue ao outro através das nossas atitudes.
O evangelho  que a liturgia de hoje nos convida a refletir, é um convite a construirmos a nossa vida alicerçada nos valores do evangelho!
“Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos céus, mas o que põe em pratica a vontade de meu Pai que estás nos céus”. Com estas palavras, Jesus nos alerta sobre a importância de realizarmos a vontade de Deus!
 Não são com palavras bonitas que vamos agradar a Deus e sim, fazendo a sua vontade e a sua vontade,  é que todos nós  vivamos no amor!
As palavras que dirigimos a Deus, só chegarão a Ele, se houver coerência entre o que falamos e o que vivemos, do contrário, elas não passam de  palavras vazias, sem consistência, não partem do coração.
De nada adianta, erguermos as nossas mãos para louvar o Senhor, se não estamos dispostos a abaixá-las para reerguer o nosso irmão que está no chão!
Mais do que admiradores da palavra de Deus,  precisamos colocá-las em prática, dar vida a elas com as nossas atitudes do dia a dia!
Construir uma casa segura,  é alicerçar a nossa vida nos valores irrenunciáveis do evangelho. Se alicerçados nestes valores, com certeza, nada e ninguém  conseguirá nos derrubar, pois a nossa sustentação estará em Jesus, jesus é o nosso porto seguro.

FIQUE NA PAZ DE JESUS  - Olivia Coutinho
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