QUINTA – DIA 28 Evangelho - Mt 2,13-18
Hoje é o dia que a Igreja escolheu para a
festa dos Santos Inocentes, mártires; dia em que o Evangelho nos fala da
matança dos inocentes, ordenada por Herodes.
Quero juntar, a todos estes Santos Inocentes
anônimos, todos aqueles a quem não foi permitido nascer e também todas as
crianças mortas por maus-tratos.
Com efeito, Deus, Senhor da Vida, confiou aos
homens para que estes desempenhassem, de um modo digno, o nobre encargo de
conservar a vida. Esta deve, pois, ser salvaguardada com extrema solicitude
desde o primeiro momento da concepção.
O aborto e o infanticídio são crimes
abomináveis!
A Igreja honra, como mártires, este coro de
crianças, vítimas do terrível e sanguinário rei Herodes, arrancadas dos braços
de suas mães para escrever, com o seu próprio sangue, a primeira página do
álbum de ouro dos mártires cristãos a merecerem a Glória eterna, segundo a
promessa de Jesus: “Quem perder a vida por amor de Mim, há de reencontrá-la”.
Para eles, a Liturgia repete hoje as palavras
do poeta Prudêncio: “Salve, ó flores dos mártires, que na alvorada do
Cristianismo fostes massacrados pelo perseguidor de Jesus como um violento
furacão, arranca as rosas apenas desabrochadas!”
Vós fostes as primeiras vítimas, a tenra grei
imolada. Num mesmo altar recebestes a palma e a coroa.
O episódio é narrado somente pelo evangelista
Mateus que se dirigia principalmente aos leitores hebreus e, portanto,
tencionava demonstrar a messianidade de Jesus, no qual se realizaram as antigas
profecias: “Quando Herodes descobriu que os sábios o tinham enganado, ficou
furioso. Mandou matar em Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos
para baixo, conforme o tempo que ele tinha apurado pelas palavras dos sábios”.
Foi assim que se cumpriu o que o profeta
Jeremias havia dito: “Em Ramá se ouviu um grito: coro amargo, imensa dor. É
Raquel a chorar seus filhos e não quer ser consolada, porque eles já não
existem”.
A origem dessa festa é muito antiga. Aparece
já no calendário cartaginês do século IV, e cem anos mais tarde em Roma no
Sacramentário Leonino.
Hoje, com a nova Reforma Litúrgica, a
celebração tem um caráter jubiloso e não mais de luto como o era antigamente, e
isso em sintonia com os simpáticos costumes medievais, que celebravam, nestas
circunstâncias, a festa dos Meninos do Coro e do Serviço do Altar.
Entre as curiosas manifestações, temos aquela
de fazer descer os Cônegos dos seus lugares, ao canto do versículo: “Depôs os
poderosos do trono e exaltou os humildes”. Deste momento em diante, os meninos,
revestidos das insígnias dos cônegos, dirigiram todo o ofício do dia.
A nova Liturgia, embora não querendo
ressaltar o caráter folclórico que este dia teve no curso da história, quis
manter esta celebração elevada ao grau de festa por São Pio V, muito próxima da
festa do Natal.
Assim, colocou as vítimas inocentes entre os
companheiros de Cristo, para circundar o berço de Jesus Menino de um gracioso
coro de crianças, vestidas com as cândidas vestes da inocência, pequena
vanguarda do exército de mártires que testemunharão, com o sangue, a sua
pertença a Cristo. Ontem, assim como hoje, continuam os gritos e vozes de
crianças inocentes que já não existem mais. Nós devemos ser o grito e a voz
delas no nosso mundo.
Padre Bantu Mendonça
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