7 Maio 2017
ANO A
4º Domingo da Páscoa
4º Domingo da Páscoa
Tema do 4º Domingo da Páscoa
O 4º Domingo da Páscoa é considerado o
“Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo,
um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado
como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe
hoje à nossa reflexão.
O Evangelho apresenta Cristo como “o Pastor”, cuja missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo ao encontro das pastagens verdejantes onde há vida em plenitude (ao contrário dos falsos pastores, cujo objectivo é só aproveitar-se do rebanho em benefício próprio). Jesus vai cumprir com amor essa missão, no respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas.
A segunda leitura apresenta-nos também Cristo como “o Pastor” que guarda e conduz as suas ovelhas. O catequista que escreve este texto insiste, sobretudo, em que os crentes devem seguir esse “Pastor”. No contexto concreto em que a leitura nos coloca, seguir “o Pastor” é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem.
A primeira leitura traça, de forma bastante completa, o percurso que Cristo, “o Pastor”, desafia os homens a percorrer: é preciso converter-se (isto é, deixar os esquemas de escravidão), ser baptizado (isto é, aderir a Jesus e segui-l’O) e receber o Espírito Santo (acolher no coração a vida de Deus e deixar-se recriar, vivificar e transformar por ela).
O Evangelho apresenta Cristo como “o Pastor”, cuja missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo ao encontro das pastagens verdejantes onde há vida em plenitude (ao contrário dos falsos pastores, cujo objectivo é só aproveitar-se do rebanho em benefício próprio). Jesus vai cumprir com amor essa missão, no respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas.
A segunda leitura apresenta-nos também Cristo como “o Pastor” que guarda e conduz as suas ovelhas. O catequista que escreve este texto insiste, sobretudo, em que os crentes devem seguir esse “Pastor”. No contexto concreto em que a leitura nos coloca, seguir “o Pastor” é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem.
A primeira leitura traça, de forma bastante completa, o percurso que Cristo, “o Pastor”, desafia os homens a percorrer: é preciso converter-se (isto é, deixar os esquemas de escravidão), ser baptizado (isto é, aderir a Jesus e segui-l’O) e receber o Espírito Santo (acolher no coração a vida de Deus e deixar-se recriar, vivificar e transformar por ela).
LEITURA I – Actos 2,14a.36-41
Leitura dos Actos dos Apóstolos
No dia de Pentecostes,
Pedro, de pé, com os onze Apóstolos,
ergueu a voz e falou ao povo:
«Saiba com absoluta certeza toda a casa de Israel
que Deus fez Senhor e Messias
esse Jesus que vós crucificastes».
Ouvindo isto, sentiram todos o coração trespassado
e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos:
«Que havemos de fazer, irmãos?»
Pedro respondeu lhes:
«Convertei vos e peça cada um de vós o Baptismo
em nome de Jesus Cristo,
para vos serem perdoados os pecados.
Recebereis então o dom do Espírito Santo,
porque a promessa desse dom é para vós,
para os vossos filhos e para quantos, de longe,
ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus».
E com muitas outras palavras os persuadia e exortava,
dizendo: «Salvai vos desta geração perversa».
Os que aceitaram as palavras de Pedro
receberam o Baptismo,
e naquele dia juntaram se aos discípulos
cerca de três mil pessoas.
Pedro, de pé, com os onze Apóstolos,
ergueu a voz e falou ao povo:
«Saiba com absoluta certeza toda a casa de Israel
que Deus fez Senhor e Messias
esse Jesus que vós crucificastes».
Ouvindo isto, sentiram todos o coração trespassado
e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos:
«Que havemos de fazer, irmãos?»
Pedro respondeu lhes:
«Convertei vos e peça cada um de vós o Baptismo
em nome de Jesus Cristo,
para vos serem perdoados os pecados.
Recebereis então o dom do Espírito Santo,
porque a promessa desse dom é para vós,
para os vossos filhos e para quantos, de longe,
ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus».
E com muitas outras palavras os persuadia e exortava,
dizendo: «Salvai vos desta geração perversa».
Os que aceitaram as palavras de Pedro
receberam o Baptismo,
e naquele dia juntaram se aos discípulos
cerca de três mil pessoas.
AMBIENTE
Continuamos no mesmo ambiente em que nos
colocava a primeira leitura do passado domingo: em Jerusalém, na manhã do dia
do Pentecostes. Pedro é o porta-voz de uma comunidade que, iluminada pelo
Espírito, toma consciência da necessidade de testemunhar Jesus, a sua vida, a
sua morte e a sua ressurreição. Diante dos habitantes de Jerusalém e dos
forasteiros – idos das comunidades judaicas da “Diáspora” – reunidos para a
festa judaica do “Savu’ot” (Pentecostes – a festa que celebrava a aliança do
Sinai e o dom da Lei), a comunidade cristã apresenta o kerigma sobre Jesus e
proclama a sua fé.
Este discurso é uma construção do autor dos Actos e não uma transcrição textual das palavras de Pedro, nesse dia; no entanto, é razoável supor que, nesse momento inicial da caminhada da Igreja, o testemunho dos discípulos de Jesus não se afastou muito das ideias aqui apresentadas.
Este discurso é uma construção do autor dos Actos e não uma transcrição textual das palavras de Pedro, nesse dia; no entanto, é razoável supor que, nesse momento inicial da caminhada da Igreja, o testemunho dos discípulos de Jesus não se afastou muito das ideias aqui apresentadas.
MENSAGEM
O texto que hoje nos é proposto
apresenta-nos, sobretudo, uma catequese acerca da atitude correcta para acolher
a proposta de salvação que Deus faz aos homens, por intermédio dos discípulos
de Jesus.
Os homens e mulheres que, no dia do Pentecostes, escutam o discurso de Pedro representam a comunidade do antigo Povo de Deus, destinatária primeira desse kerigma que a comunidade cristã primitiva é chamada a propor.
Pedro, em nome da comunidade cristã, convida a comunidade do antigo Povo de Deus a reconhecer que rejeitou o “Senhor” (o “kyrios” – nome grego que traduz o “Adonai” hebraico – o nome dado pelos judeus a Jahwéh”), o “Messias” (isto é, o “ungido” de Deus, que veio concretizar as promessas de salvação e de libertação que Jahwéh tinha feito ao seu Povo) e a tirar daí as devidas consequências. Diante dessa interpelação, os ouvintes sentiram o coração “trespassado” (do verbo “katanyssô” – “afligir-se profundamente”). O verbo utilizado traduz o “pesar”, o “sentir pontadas no coração”, como remorso por ter feito algo contrário à justiça. É a atitude que conduz ao arrependimento e o primeiro passo para a mudança de vida, a “metanoia”.
O que é que vai resultar desse “remorso”? Antes de mais, os interlocutores de Pedro colocam-se numa atitude que manifesta total disponibilidade, face à interpelação que lhes é feita: “que havemos de fazer, irmãos?” É a atitude de quem reconhece a verdade das acusações que lhe são imputadas, de quem admite os seus erros e limitações e de quem está verdadeiramente disposto a reequacionar a vida, a corrigir os esquemas errados que têm orientado, até aí, a sua existência.
Pedro, em nome de Jesus e da comunidade cristã, define o caminho que a adesão de Jesus propõe a cada crente: converter-se, ser baptizado, receber o Espírito Santo.
A “conversão” (“metanoia”) significa a mudança radical da mente, dos comportamentos, dos valores, de forma a que o coração do crente se volte de novo para Deus. No contexto neo-testamentário, mais especificamente, a “conversão” é a renúncia ao egoísmo e à auto-suficiência, e o aceitar a proposta de salvação que Deus faz através de Jesus. Implica o acolher Jesus como o salvador e segui-l’O, no caminho do amor, da entrega, do dom da vida.
A adesão a Jesus traduz-se num gesto: o “receber o baptismo”. “Pedir o baptismo” é reconhecer que Jesus tem uma proposta de salvação e vida nova, optar por essa vida nova que Jesus propõe e incorporar-se à comunidade dos que seguem Jesus.
Receber o baptismo significa receber o Espírito Santo: ao optar por Cristo, o crente acolhe no seu coração a vida de Deus e a sua existência passa a ser animada por um dinamismo divino que, continuamente, o recria, o vivifica, o transforma.
Os homens e mulheres que, no dia do Pentecostes, escutam o discurso de Pedro representam a comunidade do antigo Povo de Deus, destinatária primeira desse kerigma que a comunidade cristã primitiva é chamada a propor.
Pedro, em nome da comunidade cristã, convida a comunidade do antigo Povo de Deus a reconhecer que rejeitou o “Senhor” (o “kyrios” – nome grego que traduz o “Adonai” hebraico – o nome dado pelos judeus a Jahwéh”), o “Messias” (isto é, o “ungido” de Deus, que veio concretizar as promessas de salvação e de libertação que Jahwéh tinha feito ao seu Povo) e a tirar daí as devidas consequências. Diante dessa interpelação, os ouvintes sentiram o coração “trespassado” (do verbo “katanyssô” – “afligir-se profundamente”). O verbo utilizado traduz o “pesar”, o “sentir pontadas no coração”, como remorso por ter feito algo contrário à justiça. É a atitude que conduz ao arrependimento e o primeiro passo para a mudança de vida, a “metanoia”.
O que é que vai resultar desse “remorso”? Antes de mais, os interlocutores de Pedro colocam-se numa atitude que manifesta total disponibilidade, face à interpelação que lhes é feita: “que havemos de fazer, irmãos?” É a atitude de quem reconhece a verdade das acusações que lhe são imputadas, de quem admite os seus erros e limitações e de quem está verdadeiramente disposto a reequacionar a vida, a corrigir os esquemas errados que têm orientado, até aí, a sua existência.
Pedro, em nome de Jesus e da comunidade cristã, define o caminho que a adesão de Jesus propõe a cada crente: converter-se, ser baptizado, receber o Espírito Santo.
A “conversão” (“metanoia”) significa a mudança radical da mente, dos comportamentos, dos valores, de forma a que o coração do crente se volte de novo para Deus. No contexto neo-testamentário, mais especificamente, a “conversão” é a renúncia ao egoísmo e à auto-suficiência, e o aceitar a proposta de salvação que Deus faz através de Jesus. Implica o acolher Jesus como o salvador e segui-l’O, no caminho do amor, da entrega, do dom da vida.
A adesão a Jesus traduz-se num gesto: o “receber o baptismo”. “Pedir o baptismo” é reconhecer que Jesus tem uma proposta de salvação e vida nova, optar por essa vida nova que Jesus propõe e incorporar-se à comunidade dos que seguem Jesus.
Receber o baptismo significa receber o Espírito Santo: ao optar por Cristo, o crente acolhe no seu coração a vida de Deus e a sua existência passa a ser animada por um dinamismo divino que, continuamente, o recria, o vivifica, o transforma.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão pode partir das seguintes
questões:
• Em cada linha da leitura que nos foi
proposta, está presente a lógica de um Deus que não se conforma com o facto de
os homens rejeitarem a sua oferta de salvação e que insiste em desafiá-los, em
acordá-los, em questioná-los, até que eles percebam onde está a verdadeira vida
e a verdadeira felicidade. Este Deus é, verdadeiramente, o Pastor que nos
conduz para as nascentes de água viva.
• Perante a interpelação que Deus faz,
por intermédio de Pedro, os membros da comunidade judaica perguntam: “que
havemos de fazer, irmãos?” É a atitude de quem toma, bruscamente, consciência
dos caminhos errados que tem trilhado, percebe o sem sentido de certas opções,
comportamentos e valores, aceita questionar as suas certezas e seguranças, para
aceitar os desafios de Deus. Trata-se de uma atitude corajosa: é mais fácil
continuar comodamente instalado na sua auto-suficiência, do que “dar o braço a
torcer” e reconhecer, com humildade, a necessidade de eliminar os preconceitos,
de refazer os esquemas mentais, de admitir as falhas, os limites, as
incoerências. Aceito questionar-me, estou disposto a admitir os meus limites,
procuro humildemente o caminho certo, ou sou daqueles que nunca me engano e
raramente tenho dúvidas?
• “Convertei-vos” – pede Pedro aos seus
interlocutores. Converter-se é deixar os velhos esquemas de egoísmo, de
prepotência, de orgulho, de auto-suficiência que tantas vezes constituem o
cenário privilegiado em que se desenrola a vida, para ir atrás de Jesus e
aprender com Ele a amar, a servir, a dar a vida. Estou disponível para encarar
a minha vida sob o signo da conversão? O que é que, na minha vida, mais
necessita de ser transformado, em termos de ideias, valores, comportamentos?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 22 (23)
Refrão 1: O Senhor é meu pastor: nada me
faltará.
Refrão 2: Aleluia.
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva me a descansar em verdes prados,
conduz me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.
Leva me a descansar em verdes prados,
conduz me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.
Ele me guia por sendas direitas por amor
do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.
Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça
e o meu cálice transborda.
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça
e o meu cálice transborda.
A bondade e a graça hão de acompanhar me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.
LEITURA II – 1 Pedro 2,20b-25
Leitura da Primeira Epístola de São
Pedro
Caríssimos:
Se vós, fazendo o bem, suportais o sofrimento com paciência,
isto é uma graça aos olhos de Deus.
Para isto é que fostes chamados,
porque Cristo sofreu também por vos,
deixando vos o exemplo,
para que sigais os seus passos.
Ele não cometeu pecado algum
e na sua boca não se encontrou mentira.
Insultado, não pagava com injúrias;
maltratado, não respondia com ameaças;
mas entregava Se Àquele que julga com justiça.
Ele suportou os nossos pecados
no seu Corpo, no madeiro da cruz,
a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça:
pelas suas chagas fomos curados.
Vós éreis como ovelhas desgarradas,
mas agora voltastes para o pastor e guarda das vossas almas.
Se vós, fazendo o bem, suportais o sofrimento com paciência,
isto é uma graça aos olhos de Deus.
Para isto é que fostes chamados,
porque Cristo sofreu também por vos,
deixando vos o exemplo,
para que sigais os seus passos.
Ele não cometeu pecado algum
e na sua boca não se encontrou mentira.
Insultado, não pagava com injúrias;
maltratado, não respondia com ameaças;
mas entregava Se Àquele que julga com justiça.
Ele suportou os nossos pecados
no seu Corpo, no madeiro da cruz,
a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça:
pelas suas chagas fomos curados.
Vós éreis como ovelhas desgarradas,
mas agora voltastes para o pastor e guarda das vossas almas.
AMBIENTE
Continuamos com essa Primeira “Carta de
Pedro”, escrita por um autor desconhecido e dirigida, durante a década de 80, a
comunidades cristãs de zonas rurais do interior da Ásia Menor. Trata-se de
comunidades constituídas maioritariamente por pessoas provenientes do
paganismo, de classe económica débil: muitos são camponeses que cultivam as
terras dos senhores locais, pastores que cuidam de rebanhos alheios, ou mesmo
escravos. Este ambiente torna-as altamente vulneráveis face à hostilidade que
os defensores da ordem romana manifestam para com os cristãos.
O autor da carta conhece perfeitamente a situação de debilidade em que estas comunidades estão e prevê que, num futuro próximo, o ambiente se vá tornar menos favorável ainda. Recorda, pois, aos destinatários da carta, o exemplo de Cristo, que sofreu e morreu, antes de chegar à ressurreição. É um convite à esperança: apesar dos sofrimentos que têm de suportar, os crentes estão destinados a triunfar com Cristo; por isso, devem viver com alegria e coragem o seu compromisso baptismal.
O texto que nos é proposto integra uma perícopa em que o autor apresenta aos destinatários da carta um conjunto de conselhos práticos sobre a conduta que os cristãos devem assumir em várias situações da vida (cf. 1 Pe 2,11-5,11). Mais especificamente, o nosso texto reflecte sobre os deveres dos servos (cf. 1 Pe 2,18) face aos seus senhores.
O autor da carta conhece perfeitamente a situação de debilidade em que estas comunidades estão e prevê que, num futuro próximo, o ambiente se vá tornar menos favorável ainda. Recorda, pois, aos destinatários da carta, o exemplo de Cristo, que sofreu e morreu, antes de chegar à ressurreição. É um convite à esperança: apesar dos sofrimentos que têm de suportar, os crentes estão destinados a triunfar com Cristo; por isso, devem viver com alegria e coragem o seu compromisso baptismal.
O texto que nos é proposto integra uma perícopa em que o autor apresenta aos destinatários da carta um conjunto de conselhos práticos sobre a conduta que os cristãos devem assumir em várias situações da vida (cf. 1 Pe 2,11-5,11). Mais especificamente, o nosso texto reflecte sobre os deveres dos servos (cf. 1 Pe 2,18) face aos seus senhores.
MENSAGEM
No centro da catequese que aqui nos é
proposta pelo autor da Primeira Carta de Pedro, está o exemplo de Cristo: Ele
sofreu (vers. 21) sem ter feito mal nenhum (vers. 22); maltratado pelos
inimigos, não respondeu com agressão e vingança (vers. 23); pelo dom da sua
vida, eliminou o pecado que afastava os homens de Deus e uns dos outros (vers.
24); por isso, Ele é o Pastor que conduz e guarda os crentes (vers. 25).
O texto está cheio de referências vétero-testamentárias. Para descrever a atitude de Cristo, o autor utiliza a letra do quarto cântico do “servo de Jahwéh” (cf. Is 53,4-9.12) – um texto que reflecte a experiência desse “servo sofredor” que “não cometeu pecado algum e em cuja boca não se encontrou mentira” (vers. 22; cfr. Is 53,9), que suportou pacientemente as injustiças e de cuja entrega resultou vida para o seu Povo. Provavelmente, estamos diante de um antiquíssimo hino cristão utilizado na liturgia primitiva, que comparava o sofrimento de Cristo ao sofrimento do “servo de Jahwéh” e o valor salvífico da morte de Cristo ao valor salvífico da morte do “servo”.
Por outro lado, o autor utiliza o motivo do “pastor” de Ez 34. Aí, o profeta falava de Deus como “o bom pastor”, que havia de vir cuidar das suas ovelhas fracas, doentes e tresmalhadas. Ao ligar o tema do “pastor” com o tema do sofrimento de Cristo, o autor desta catequese está a sugerir que foi do sofrimento de Cristo que resultou vida e salvação para o rebanho de Deus.
Do exemplo de Cristo, o autor da carta tira as consequências para a vida dos cristãos: como Cristo, os crentes são chamados a responder às ofensas e injustiças com bondade e mansidão. Isto é “uma graça aos olhos de Deus” (vers. 20b) – quer dizer, é uma atitude agradável a Deus e é uma atitude que resulta da graça de Deus. O autor da carta dirige-se explicitamente aos servos, aconselhando-os a suportar com paciência as provações a que são sujeitos pelos seus senhores. No entanto, ele pretendia, provavelmente, ir mais além e estender a sua exortação a todos os crentes… O cristão – seguidor desse Jesus que sofreu sem culpa e que suportou os sofrimentos com amor – deve rejeitar absolutamente o recurso à violência. É nessa atitude de bondade e de mansidão que se manifesta a graça de Deus.
O texto está cheio de referências vétero-testamentárias. Para descrever a atitude de Cristo, o autor utiliza a letra do quarto cântico do “servo de Jahwéh” (cf. Is 53,4-9.12) – um texto que reflecte a experiência desse “servo sofredor” que “não cometeu pecado algum e em cuja boca não se encontrou mentira” (vers. 22; cfr. Is 53,9), que suportou pacientemente as injustiças e de cuja entrega resultou vida para o seu Povo. Provavelmente, estamos diante de um antiquíssimo hino cristão utilizado na liturgia primitiva, que comparava o sofrimento de Cristo ao sofrimento do “servo de Jahwéh” e o valor salvífico da morte de Cristo ao valor salvífico da morte do “servo”.
Por outro lado, o autor utiliza o motivo do “pastor” de Ez 34. Aí, o profeta falava de Deus como “o bom pastor”, que havia de vir cuidar das suas ovelhas fracas, doentes e tresmalhadas. Ao ligar o tema do “pastor” com o tema do sofrimento de Cristo, o autor desta catequese está a sugerir que foi do sofrimento de Cristo que resultou vida e salvação para o rebanho de Deus.
Do exemplo de Cristo, o autor da carta tira as consequências para a vida dos cristãos: como Cristo, os crentes são chamados a responder às ofensas e injustiças com bondade e mansidão. Isto é “uma graça aos olhos de Deus” (vers. 20b) – quer dizer, é uma atitude agradável a Deus e é uma atitude que resulta da graça de Deus. O autor da carta dirige-se explicitamente aos servos, aconselhando-os a suportar com paciência as provações a que são sujeitos pelos seus senhores. No entanto, ele pretendia, provavelmente, ir mais além e estender a sua exortação a todos os crentes… O cristão – seguidor desse Jesus que sofreu sem culpa e que suportou os sofrimentos com amor – deve rejeitar absolutamente o recurso à violência. É nessa atitude de bondade e de mansidão que se manifesta a graça de Deus.
ACTUALIZAÇÃO
Na reflexão, considerar as seguintes
linhas:
• Como devemos lidar com a injustiça e
com a violência? Haverá uma violência justa e aceitável? Os fins justificam os
meios? É a este tipo de questões que a nossa leitura responde. O autor não está
interessado em grandes argumentações filosóficas, sociológicas ou teológicas:
propõe apenas o exemplo de Cristo, que passou pelo mundo fazendo o bem e foi
preso, torturado, assassinado sem resistir, sem Se revoltar, sem responder “na
mesma moeda” aos seus assassinos. É uma lógica incompreensível, ou até mesmo
demente, aos olhos do mundo… Mas é a lógica de Deus; e Jesus demonstrou que só
este caminho conduz à ressurreição, à vida nova, a um dinamismo gerador de um
mundo novo. O cristão é chamado a ser testemunha no meio dos homens desta
novidade absoluta: só o amor gera vida nova e transforma o mundo.
• Esta leitura apresenta Cristo como “o
Pastor” que guarda e conduz as suas ovelhas. Neste contexto, em concreto,
seguir o Pastor é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem. Cristo é,
de facto, o meu “Pastor”, a minha referência, o modelo de vida que eu tenho
sempre diante dos olhos – tanto nesta como noutras questões? Quem é que eu
ouço, quem é que eu sigo, quem é o meu modelo?
ALELUIA – Jo 10,14
Aleluia. Aleluia.
Eu sou o bom pastor, diz o Senhor:
conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me.
conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me.
EVANGELHO – Jo 10,1-10
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta,
mas entra por outro lado,
é ladrão e salteador.
Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas.
0 porteiro abre lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz.
Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva as para fora.
Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem,
caminha à sua frente
e as ovelhas seguem no, porque conhecem a sua voz.
Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele,
porque não conhecem a voz dos estranhos».
Jesus apresentou lhes esta comparação,
mas eles não compreenderam o que queria dizer.
Jesus continuo: «Em verdade, em verdade vos digo:
Eu sou a porta das ovelhas.
Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores,
mas as ovelhas não os escutaram.
Eu sou a porta.
Quem entrar por Mim será salvo:
é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem.
O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir.
Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida
e a tenham em abundância».
«Em verdade, em verdade vos digo:
Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta,
mas entra por outro lado,
é ladrão e salteador.
Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas.
0 porteiro abre lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz.
Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva as para fora.
Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem,
caminha à sua frente
e as ovelhas seguem no, porque conhecem a sua voz.
Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele,
porque não conhecem a voz dos estranhos».
Jesus apresentou lhes esta comparação,
mas eles não compreenderam o que queria dizer.
Jesus continuo: «Em verdade, em verdade vos digo:
Eu sou a porta das ovelhas.
Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores,
mas as ovelhas não os escutaram.
Eu sou a porta.
Quem entrar por Mim será salvo:
é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem.
O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir.
Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida
e a tenham em abundância».
AMBIENTE
O capítulo 10 do 4º Evangelho é dedicado
à catequese do “Bom Pastor”. O autor utiliza esta imagem para propor uma
catequese sobre a missão de Jesus: a obra do “Messias” consiste em conduzir o
homem às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota a vida em
plenitude.
A imagem do “Bom Pastor” não foi inventada pelo autor do 4º Evangelho. Literariamente falando, este discurso simbólico está construído com materiais provenientes do Antigo Testamento. Em especial, este discurso tem presente Ez 34 (onde se encontra a chave para compreender a metáfora do “pastor” e do “rebanho”). Falando aos exilados da Babilónia, Ezequiel constata que os líderes de Israel foram, ao longo da história, maus “pastores”, que conduziram o Povo por caminhos de morte e de desgraça; mas – diz Ezequiel – o próprio Deus vai agora assumir a condução do seu Povo; Ele porá à frente do seu Povo um “Bom Pastor” (o “Messias”), que o livrará da escravidão e o conduzirá à vida.
A catequese que o 4º Evangelho nos oferece sobre o “Bom Pastor” sugere que a promessa de Deus – veiculada por Ezequiel – se cumpre em Jesus.
A imagem do “Bom Pastor” não foi inventada pelo autor do 4º Evangelho. Literariamente falando, este discurso simbólico está construído com materiais provenientes do Antigo Testamento. Em especial, este discurso tem presente Ez 34 (onde se encontra a chave para compreender a metáfora do “pastor” e do “rebanho”). Falando aos exilados da Babilónia, Ezequiel constata que os líderes de Israel foram, ao longo da história, maus “pastores”, que conduziram o Povo por caminhos de morte e de desgraça; mas – diz Ezequiel – o próprio Deus vai agora assumir a condução do seu Povo; Ele porá à frente do seu Povo um “Bom Pastor” (o “Messias”), que o livrará da escravidão e o conduzirá à vida.
A catequese que o 4º Evangelho nos oferece sobre o “Bom Pastor” sugere que a promessa de Deus – veiculada por Ezequiel – se cumpre em Jesus.
MENSAGEM
O texto que nos é proposto deve ser
entendido no contexto mais amplo da denúncia da actuação dos dirigentes
espirituais judeus. No episódio do cego de nascença (cf. Jo 9), tinha ficado
claro que os dirigentes não estavam interessados em acolher a luz e em deixar
que o Povo escolhesse a liberdade que Jesus oferecia. Em jeito de conclusão
desse episódio, Jesus avisa os dirigentes de que veio chamá-los a juízo
(“krima”) por causa da sua má gestão como líderes do Povo de Deus (cf. Jo
9,39-41 – os versículos que antecedem o nosso texto): eles não só preferiram
continuar nas trevas da sua auto-suficiência, como impedem o Povo que lhes foi
confiado de descobrir a luz libertadora que Jesus lhes quer oferecer.
O texto do Evangelho, que hoje nos é proposto, está dividido em duas partes, ou em duas parábolas.
Na primeira parábola (cf. Jo 10,1-6), Jesus apresenta-se preferencialmente como “o Pastor”, cuja acção se contrapõe a esses dirigentes judeus que se arrogam o direito de pastorear o “rebanho” do Povo de Deus, mas sem serem “pastores”.
Jesus não usa meias palavras: os dirigentes judeus são ladrões e bandidos (cf. Jo 10,1), que se servem das suas prerrogativas para explorar o Povo (ladrões) e usam a violência para o manter sob a sua escravidão (bandidos). Aproximam-se do Povo de Deus de forma abusiva e ilegítima, porque Deus não lhes confiou essa missão (“não entram pela porta”): foram eles que a usurparam. O seu objectivo não é o bem das “ovelhas”, mas o seu próprio interesse.
Ao contrário, Jesus é “o Pastor” que entra pela porta: ele tem um mandato de Deus e a sua missão foi-Lhe confiada pelo Pai. Em Ezequiel, o papel do “pastor” correspondia, em primeiro lugar, a Deus (cf. Ez 34,11-12.15) e ao futuro enviado de Deus, o “Messias” descendente de David (cf. Ez 34,23). Ao apresentar-se como Aquele “que entra pela porta”, com autoridade legítima, Jesus declara-Se, implicitamente, o “Messias” enviado por Deus para conduzir o seu Povo e para o guiar para as pastagens onde há vida em plenitude. Ele entra no redil das “ovelhas” para cuidar delas, não para as explorar. A sua missão é libertá-las das trevas em que os dirigentes as trazem e conduzi-las ao encontro da luz libertadora (cf. Jo 10,2).
Como é que Jesus exercerá a sua missão de “pastor”? Em primeiro lugar, irá chamar as “ovelhas”. “Chama-as pelo seu nome”, porque conhece cada uma e com cada uma quer ter uma relação pessoal de amor, de proximidade, de comunhão: para Jesus, não há “massas”, mas pessoas concretas, com a sua identidade própria, com a sua riqueza, com a sua dignidade.
Não obrigará ninguém a responder-Lhe; mas os que responderem ao seu chamamento farão parte do seu “rebanho”. A esses, Jesus conduzi-los-á “para fora” (vers. 3): Jesus não veio instalar-Se na antiga instituição judaica, geradora de opressão e de escravidão; mas veio criar uma comunidade humana nova – a comunidade do novo Povo de Deus.
Depois, o “pastor” caminhará “diante das ovelhas” e estas segui-l’O-ão (vers. 4). Ele indica-lhes o caminho, pois Ele próprio é “o caminho” (cf. Jo 14,6) que leva à vida plena. As “ovelhas” seguem-n’O: “seguir” traduz a atitude do discípulo, convidado a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida, a fazer d’Ele a sua referência fundamental, a aderir a Ele de todo o coração. As “ovelhas” “escutam a sua voz”, porque sabem que só a voz de Jesus as conduz, com segurança, ao encontro da vida definitiva.
Na segunda parábola (cf. Jo 10,7-9), Jesus apresenta-Se como “a porta”. Aqui, Ele já não é o pastor legítimo que passa pela porta, mas “a porta”. O que é que Ele quer traduzir com esta imagem?
A imagem pode aplicar-se aos líderes que pretendem ter acesso ao “rebanho”, ou pode aplicar-se às próprias “ovelhas”. No que diz respeito aos líderes, significa que ninguém pode ir ao encontro das “ovelhas” se não tiver um mandato de Jesus, se não tiver sido convidado por Jesus; e significa também que ninguém pode ir ao encontro das “ovelhas” se não tiver os mesmos sentimentos, a mesma atitude de Jesus (que não é a de explorar as “ovelhas”, mas a de dar-lhes vida).
No que diz respeito às “ovelhas”, significa que Jesus é o único lugar de acesso para que as “ovelhas” possam encontrar as pastagens que dão vida. “Passar pela porta” que é Jesus significa aderir a Ele, segui-l’O, acolher as suas propostas. As “ovelhas” que passam pela porta que é Jesus (isto é, que aderem a Ele) podem passar para a terra da liberdade (onde não mandam os dirigentes que exploram e roubam), onde encontrarão “pastos” (vida em plenitude).
O nosso texto termina com a reafirmação do contraste entre Jesus e os dirigentes: os líderes religiosos judaicos utilizam o “rebanho” para satisfazer os seus próprios interesses egoístas, despojam e exploram o povo; mas Jesus só procura que o seu “rebanho” encontre vida em plenitude.
O texto do Evangelho, que hoje nos é proposto, está dividido em duas partes, ou em duas parábolas.
Na primeira parábola (cf. Jo 10,1-6), Jesus apresenta-se preferencialmente como “o Pastor”, cuja acção se contrapõe a esses dirigentes judeus que se arrogam o direito de pastorear o “rebanho” do Povo de Deus, mas sem serem “pastores”.
Jesus não usa meias palavras: os dirigentes judeus são ladrões e bandidos (cf. Jo 10,1), que se servem das suas prerrogativas para explorar o Povo (ladrões) e usam a violência para o manter sob a sua escravidão (bandidos). Aproximam-se do Povo de Deus de forma abusiva e ilegítima, porque Deus não lhes confiou essa missão (“não entram pela porta”): foram eles que a usurparam. O seu objectivo não é o bem das “ovelhas”, mas o seu próprio interesse.
Ao contrário, Jesus é “o Pastor” que entra pela porta: ele tem um mandato de Deus e a sua missão foi-Lhe confiada pelo Pai. Em Ezequiel, o papel do “pastor” correspondia, em primeiro lugar, a Deus (cf. Ez 34,11-12.15) e ao futuro enviado de Deus, o “Messias” descendente de David (cf. Ez 34,23). Ao apresentar-se como Aquele “que entra pela porta”, com autoridade legítima, Jesus declara-Se, implicitamente, o “Messias” enviado por Deus para conduzir o seu Povo e para o guiar para as pastagens onde há vida em plenitude. Ele entra no redil das “ovelhas” para cuidar delas, não para as explorar. A sua missão é libertá-las das trevas em que os dirigentes as trazem e conduzi-las ao encontro da luz libertadora (cf. Jo 10,2).
Como é que Jesus exercerá a sua missão de “pastor”? Em primeiro lugar, irá chamar as “ovelhas”. “Chama-as pelo seu nome”, porque conhece cada uma e com cada uma quer ter uma relação pessoal de amor, de proximidade, de comunhão: para Jesus, não há “massas”, mas pessoas concretas, com a sua identidade própria, com a sua riqueza, com a sua dignidade.
Não obrigará ninguém a responder-Lhe; mas os que responderem ao seu chamamento farão parte do seu “rebanho”. A esses, Jesus conduzi-los-á “para fora” (vers. 3): Jesus não veio instalar-Se na antiga instituição judaica, geradora de opressão e de escravidão; mas veio criar uma comunidade humana nova – a comunidade do novo Povo de Deus.
Depois, o “pastor” caminhará “diante das ovelhas” e estas segui-l’O-ão (vers. 4). Ele indica-lhes o caminho, pois Ele próprio é “o caminho” (cf. Jo 14,6) que leva à vida plena. As “ovelhas” seguem-n’O: “seguir” traduz a atitude do discípulo, convidado a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida, a fazer d’Ele a sua referência fundamental, a aderir a Ele de todo o coração. As “ovelhas” “escutam a sua voz”, porque sabem que só a voz de Jesus as conduz, com segurança, ao encontro da vida definitiva.
Na segunda parábola (cf. Jo 10,7-9), Jesus apresenta-Se como “a porta”. Aqui, Ele já não é o pastor legítimo que passa pela porta, mas “a porta”. O que é que Ele quer traduzir com esta imagem?
A imagem pode aplicar-se aos líderes que pretendem ter acesso ao “rebanho”, ou pode aplicar-se às próprias “ovelhas”. No que diz respeito aos líderes, significa que ninguém pode ir ao encontro das “ovelhas” se não tiver um mandato de Jesus, se não tiver sido convidado por Jesus; e significa também que ninguém pode ir ao encontro das “ovelhas” se não tiver os mesmos sentimentos, a mesma atitude de Jesus (que não é a de explorar as “ovelhas”, mas a de dar-lhes vida).
No que diz respeito às “ovelhas”, significa que Jesus é o único lugar de acesso para que as “ovelhas” possam encontrar as pastagens que dão vida. “Passar pela porta” que é Jesus significa aderir a Ele, segui-l’O, acolher as suas propostas. As “ovelhas” que passam pela porta que é Jesus (isto é, que aderem a Ele) podem passar para a terra da liberdade (onde não mandam os dirigentes que exploram e roubam), onde encontrarão “pastos” (vida em plenitude).
O nosso texto termina com a reafirmação do contraste entre Jesus e os dirigentes: os líderes religiosos judaicos utilizam o “rebanho” para satisfazer os seus próprios interesses egoístas, despojam e exploram o povo; mas Jesus só procura que o seu “rebanho” encontre vida em plenitude.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar, na actualização da Palavra,
os seguintes elementos:
• Na nossa cultura urbana, a figura do
“Pastor” é uma figura de outras eras, que pouco evoca, a não ser um mundo
perdido de quietude e de amplos espaços verdes; em contrapartida, conhecemos
bem a figura do presidente, do líder, do chefe: não raras vezes, é alguém que
se impõe pela força, que manipula as massas, que escraviza os que estão sob a
sua autoridade, que se aproveita dos fracos, que humilha os mais débeis… Ao
propor-nos a figura bíblica do “Bom Pastor”, o Evangelho convida-nos a
reflectir sobre o serviço da autoridade… Propõe como modelo de presidência (ou
de “Pastor”) uma figura que oferece a vida, que serve, que respeita a liberdade
das pessoas, que se dedica totalmente, que ama gratuitamente.
• Para os cristãos, “o Pastor” por
excelência é Cristo: Ele recebeu do Pai a missão de conduzir o “rebanho” de
Deus das trevas para a luz, da escravidão para a liberdade, da morte para a
vida. O nosso “Pastor” é, de facto, Cristo, ou temos outros “pastores” que nos
arrastam e que são as referências fundamentais à volta das quais construímos a
nossa existência? O que é que nos conduz e condiciona as nossas opções? Cristo?
A voz do política e socialmente correcto? A voz da opinião pública? A voz do
presidente do partido? A voz do comodismo e da instalação? A voz do preservar
os nossos esquemas egoístas e os nossos privilégios? A voz do êxito e do
triunfo a qualquer custo? A voz do herói mais giro da telenovela? A voz do
programa de maior audiência da estação televisiva de maior audiência?
• Atentemos na forma como Cristo
desempenha a sua missão de “Pastor”: Ele conhece as “ovelhas” e chama-as pelo
nome, mantendo com cada uma delas uma relação única, especial, pessoal.
Dirige-lhes um convite a deixarem a escuridão, mas não força ninguém a
segui-l’O: respeita absolutamente a liberdade de cada pessoa. É dessa forma
humana, tolerante, amorosa, que nos relacionamos com os outros? Aqueles que
receberam de Deus a missão de presidir a um grupo, de animar uma comunidade,
exercem a sua missão no respeito absoluto pela pessoa, pela sua dignidade, pela
sua individualidade?
• As “ovelhas” do rebanho de Jesus têm
de “escutar a voz” do “Pastor” e segui-l’O… Isso significa, concretamente,
tornar-se discípulo, aderir a Jesus, percorrer o mesmo caminho que Ele
percorreu, na entrega total aos projectos de Deus e na doação total aos irmãos.
Atrevemo-nos a seguir o nosso “Pastor” (Cristo) no caminho exigente do dom da
vida, ou estamos convencidos que esse caminho não leva aonde nós pretendemos
ir?
• Nas nossas comunidades cristãs, temos
pessoas que presidem e que animam. Podemos aceitar, sem problemas, que elas
receberam essa missão de Cristo e da Igreja, apesar dos seus limites e
imperfeições; mas convém igualmente ter presente que o nosso único “Pastor”,
Aquele que somos convidados a escutar e a seguir sem condições, é Cristo. Os
outros “pastores” têm uma missão válida, se a receberam de Cristo; e a sua
actuação nunca pode ser diferente do jeito de actuar de Cristo.
• Para que distingamos a “voz” de Jesus
de outros apelos, de propostas enganadoras, de “cantos de sereia” que não
conduzem à vida plena, é preciso um permanente diálogo íntimo com “o Pastor”,
um confronto permanente com a sua Palavra e a participação activa nos
sacramentos onde se nos comunica essa vida que “o Pastor” nos oferece.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 4º
DOMINGO DA PÁSCOA
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A LITURGIA MEDITADA AO LONGO DA
SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 4º Domingo da Páscoa, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa…
Ao longo dos dias da semana anterior ao 4º Domingo da Páscoa, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa…
2. DIA DAS VOCAÇÕES.
Domingo do Bom Pastor, Dia Mundial de Oração pelas Vocações… A introdução à celebração deve ter em conta essa intenção. Para envolver a comunidade neste dinamismo vocacional, é bom recolher algum material preparado pelos animadores de centros vocacionais, que ajudem à oração, à reflexão e ao compromisso. O próprio Salmo 22 deve ser cuidado de modo especial. Ele não somente canta o Bom Pastor, mas é o salmo da iniciação cristã (alusão à água, à unção, à mesa). O cântico de entrada poderia ser um texto relacionado com este salmo.
Domingo do Bom Pastor, Dia Mundial de Oração pelas Vocações… A introdução à celebração deve ter em conta essa intenção. Para envolver a comunidade neste dinamismo vocacional, é bom recolher algum material preparado pelos animadores de centros vocacionais, que ajudem à oração, à reflexão e ao compromisso. O próprio Salmo 22 deve ser cuidado de modo especial. Ele não somente canta o Bom Pastor, mas é o salmo da iniciação cristã (alusão à água, à unção, à mesa). O cântico de entrada poderia ser um texto relacionado com este salmo.
3. A PARÁBOLA DAS 4 PORTAS.
Neste dia em que a porta tem uma função essencial de saída e entrada (a tal porta que é Cristo), a seguinte parábola, adapatda de Henri Denis, pode ajudar-nos a renovar o dinamismo da nossa vocação.
“A Igreja é um templo com 4 portas.
Jesus de Nazaré, o Cristo, é a sua pedra angular.
Sobre esta pedra, colocaram-se os alicerces:
a fé de Maria, o ensino dos Apóstolos.
O templo foi-se edificando com pedras vivas.
A construção é permanente durante séculos e séculos.
Este templo é a Igreja: somos o templo do Deus vivo.
A entrada no templo dá-se através de 2 portas.
Uma chama-se MISTÉRIO, a outra INSTITUIÇÃO.
Porém, quem entra no templo, é logo convidado a sair.
As portas de saída também são duas.
Uma chama-se MISSÃO, a outra REINO.
No templo, entra-se para sair e sai-se para entrar.
Não é um cofre, nem uma arca, nem um bunker.
Nem sequer um paraíso,
nem uma mera ponte ou um edifício ornamental.
No templo, nota-se um admirável dinamismo,
onde se harmoniza o aparentemente contraditório.
Todos estão a caminho, em permanente movimento.
No templo, há dois eixos:
o centrípeto, para o qual conduzem as portas de entrada
(criam comunhão e identidade)
e o centrífugo, para o qual conduzem as portas de saída
(responsável pela dispersão da Igreja e sua missão no mundo).
Cada um pode escolher, para começar,
a porta de que mais gostar,
a que lhe pareça mais fácil e acessível,
mas com a condição de ir buscar em seguida
as chaves das outras portas”.
Neste dia em que a porta tem uma função essencial de saída e entrada (a tal porta que é Cristo), a seguinte parábola, adapatda de Henri Denis, pode ajudar-nos a renovar o dinamismo da nossa vocação.
“A Igreja é um templo com 4 portas.
Jesus de Nazaré, o Cristo, é a sua pedra angular.
Sobre esta pedra, colocaram-se os alicerces:
a fé de Maria, o ensino dos Apóstolos.
O templo foi-se edificando com pedras vivas.
A construção é permanente durante séculos e séculos.
Este templo é a Igreja: somos o templo do Deus vivo.
A entrada no templo dá-se através de 2 portas.
Uma chama-se MISTÉRIO, a outra INSTITUIÇÃO.
Porém, quem entra no templo, é logo convidado a sair.
As portas de saída também são duas.
Uma chama-se MISSÃO, a outra REINO.
No templo, entra-se para sair e sai-se para entrar.
Não é um cofre, nem uma arca, nem um bunker.
Nem sequer um paraíso,
nem uma mera ponte ou um edifício ornamental.
No templo, nota-se um admirável dinamismo,
onde se harmoniza o aparentemente contraditório.
Todos estão a caminho, em permanente movimento.
No templo, há dois eixos:
o centrípeto, para o qual conduzem as portas de entrada
(criam comunhão e identidade)
e o centrífugo, para o qual conduzem as portas de saída
(responsável pela dispersão da Igreja e sua missão no mundo).
Cada um pode escolher, para começar,
a porta de que mais gostar,
a que lhe pareça mais fácil e acessível,
mas com a condição de ir buscar em seguida
as chaves das outras portas”.
4. BILHETE DE EVANGELHO.
Chamados a ser a fazer… Alguns escolheram o seu estado de vida, outros não escolheram, mas procuram assumi-lo: pensemos nas pessoas viúvas, dicorciadas, celibatárias. A Igreja enriquece-se com esta variedade de estados de vida: vida consagrada na vida religiosa ou num instituto secular, vida conjugal, celibato. Todos somos chamados a tornarmo-nos em cada dia um pouco mais santos. Tal é a nossa vocação comum a todos. A Igreja cumpre a sua missão graças àqueles que asseguram um serviço. Há o ministério ordenado (padres ou diáconos), o serviço do anúncio da Boa Nova para lá de todas as fronteiras (missionários) e todos os serviços prestados pelos leigos nos domínios da catequese, da liturgia, da acção caritativa, do testemunho. Nem todos somos chamados a ser padres, diáconos ou missionários. Mas somos todos chamados a servir no mundo e na Igreja!
Chamados a ser a fazer… Alguns escolheram o seu estado de vida, outros não escolheram, mas procuram assumi-lo: pensemos nas pessoas viúvas, dicorciadas, celibatárias. A Igreja enriquece-se com esta variedade de estados de vida: vida consagrada na vida religiosa ou num instituto secular, vida conjugal, celibato. Todos somos chamados a tornarmo-nos em cada dia um pouco mais santos. Tal é a nossa vocação comum a todos. A Igreja cumpre a sua missão graças àqueles que asseguram um serviço. Há o ministério ordenado (padres ou diáconos), o serviço do anúncio da Boa Nova para lá de todas as fronteiras (missionários) e todos os serviços prestados pelos leigos nos domínios da catequese, da liturgia, da acção caritativa, do testemunho. Nem todos somos chamados a ser padres, diáconos ou missionários. Mas somos todos chamados a servir no mundo e na Igreja!
5. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.
No final da primeira leitura:
Bendito sejas, Jesus, manifestado como Cristo e Senhor pela tua ressurreição. Por Ti damos graças a Deus nosso Pai pelo baptismo na tua Igreja, pelo perdão dos pecados e pelo dom do Espírito Santo.
Nós Te pedimos por todos os nossos irmãos e irmãs que procuram conhecer-Te: converte os seus corações à tua Palavra, para que possam aproximar-se do baptismo.
Bendito sejas, Jesus, manifestado como Cristo e Senhor pela tua ressurreição. Por Ti damos graças a Deus nosso Pai pelo baptismo na tua Igreja, pelo perdão dos pecados e pelo dom do Espírito Santo.
Nós Te pedimos por todos os nossos irmãos e irmãs que procuram conhecer-Te: converte os seus corações à tua Palavra, para que possam aproximar-se do baptismo.
No final da segunda leitura:
Deus nosso Pai, nós Te damos graças pelo teu Filho Jesus, porque suportou os nossos pecados no madeiro da cruz, a fim de que nós possamos morrer a tudo o que é mal e viver na justiça.
Nós éramos errantes como ovelhas, mas por Jesus Tu nos procuraste, e nós pudemos regressar para junto do pastor que vela por nós. Cura-nos das feridas do mal.
Deus nosso Pai, nós Te damos graças pelo teu Filho Jesus, porque suportou os nossos pecados no madeiro da cruz, a fim de que nós possamos morrer a tudo o que é mal e viver na justiça.
Nós éramos errantes como ovelhas, mas por Jesus Tu nos procuraste, e nós pudemos regressar para junto do pastor que vela por nós. Cura-nos das feridas do mal.
No final do Evangelho:
Nós Te damos graças, Jesus, Pastor do teu povo, que caminhas à frente da tua Igreja. Nós Te bendizemos, Tu que és a Porta das ovelhas, Tu que vieste para que tenhamos a vida em abundância.
Nós Te pedimos por todos os teus fiéis: Tu que chamas cada um de nós pelo nome, torna-nos atentos à tua voz, que nos fazes ouvir na tua Igreja pela leitura dos Evangelhos.
Nós Te damos graças, Jesus, Pastor do teu povo, que caminhas à frente da tua Igreja. Nós Te bendizemos, Tu que és a Porta das ovelhas, Tu que vieste para que tenhamos a vida em abundância.
Nós Te pedimos por todos os teus fiéis: Tu que chamas cada um de nós pelo nome, torna-nos atentos à tua voz, que nos fazes ouvir na tua Igreja pela leitura dos Evangelhos.
6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a Oração Eucarística III para a Assembleia com Crianças, em harmonia com o Evangelho, que contém duas passagens próprias do tempo pascal.
Pode-se escolher a Oração Eucarística III para a Assembleia com Crianças, em harmonia com o Evangelho, que contém duas passagens próprias do tempo pascal.
7. PALAVRA PARA O CAMINHO.
Eu sou o bom pastor. Nesta semana, tomemos tempo para caminhar ao ritmo do Pastor que nos conhece e que chama cada um de nós pelo próprio nome. E nós escutaremos a sua voz, saboreando o magnífico Salmo 22: «O Senhor é meu pastor, nada me falta». Durante a semana procuremos também rezar pela fidelidade à vocação a que o Senhor nos chama e por todas as outras vocações…
Eu sou o bom pastor. Nesta semana, tomemos tempo para caminhar ao ritmo do Pastor que nos conhece e que chama cada um de nós pelo próprio nome. E nós escutaremos a sua voz, saboreando o magnífico Salmo 22: «O Senhor é meu pastor, nada me falta». Durante a semana procuremos também rezar pela fidelidade à vocação a que o Senhor nos chama e por todas as outras vocações…
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
Proposta para
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
Proposta para
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org