ANO C
5º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Tema do 5º Domingo do Tempo Comum
A liturgia deste domingo leva-nos a reflectir
sobre a nossa vocação: somos todos chamados por Deus e d’Ele recebemos uma
missão para o mundo.
Na primeira leitura, encontramos a descrição plástica do chamamento de um
profeta – Isaías. De uma forma simples e questionadora, apresenta-se o modelo
de um homem que é sensível aos apelos de Deus e que tem a coragem de aceitar
ser enviado.
No Evangelho, Lucas apresenta um grupo de discípulos que partilharam a barca
com Jesus, que acolheram as propostas de Jesus, que souberam reconhecê-l’O como
seu “Senhor”, que aceitaram o convite para ser “pescadores de homens” e que
deixaram tudo para seguir Jesus… Neste quadro, reconhecemos o caminho que os
cristãos são chamados a percorrer.
A segunda leitura propõe-nos reflectir sobre a ressurreição: trata-se de uma
realidade que deve dar forma à vida do discípulo e levá-lo a enfrentar sem medo
as forças da injustiça e da morte. Com a sua acção libertadora – que continua a
acção de Jesus e que renova os homens e o mundo – o discípulo sabe que está a
dar testemunho da ressurreição de Cristo.
LEITURA I – Is 6,1-2a.3-8
Leitura do Livro de Isaías
No ano em que morreu Ozias, rei de Judá,
vi o Senhor, sentado num trono alto e sublime;
a fímbria do seu manto enchia o templo.
À sua volta estavam serafins de pé,
que tinham seis asas cada um
e clamavam alternadamente, dizendo:
«Santo, santo, santo é o Senhor do Universo.
A sua glória enche toda a terra!»
Com estes brados as portas oscilavam nos seus gonzos
e o templo enchia-se de fumo.
Então exclamei:
«Ai de mim, que estou perdido,
porque sou um homem de lábios impuros,
moro no meio de um povo de lábios impuros
e os meus olhos viram o Rei, Senhor do Universo».
Um dos serafins voou ao meu encontro,
tendo na mão um carvão ardente
que tirara do altar com uma tenaz.
Tocou-me com ele na boca e disse-me:
«Isto tocou os teus lábios:
desapareceu o teu pecado, foi perdoada a tua culpa».
Ouvi então a voz do Senhor, que dizia:
«Quem enviarei? Quem irá por nós?»
Eu respondi:
«Eis-me aqui: podeis enviar-me».
AMBIENTE
Estamos em Jerusalém, por volta de 740/739
a.C.. Isaías tem, então, à volta de vinte anos. Enquanto está no Templo em
oração, descobre que Deus o chama a ser profeta. O texto de hoje relata-nos
essa descoberta e a resposta de Isaías. No entanto, este relato não deve ser
visto como uma reportagem jornalística de acontecimentos, mas sim como uma
apresentação teológica de uma experiência interior de vocação.
Os pormenores folclóricos – o trono alto e sublime em que o Senhor Se senta, o
seu manto que enche o Templo, os “serafins” com seis asas que voam sem cessar à
volta e que cobrem a face e os pés, o oscilar das portas nos seus gonzos, o
fumo – são elementos simbólicos com que o profeta desenha a grandeza, a
omnipotência e a magnificência de Deus. É essa a perspectiva que o profeta tem
do Deus que o chamou.
MENSAGEM
Nesta catequese sobre a experiência de
vocação, encontramos vários passos. Vamos resumi-los brevemente.
Em primeiro lugar (vers. 1-5), Isaías deixa claro que a sua vocação é obra de
Jahwéh, o Deus majestoso e santo, infinitamente acima do mundo e distante da
realidade pecadora em que os homens vivem mergulhados. Os elementos literários
típicos das teofanias (o temor, a voz forte, o fumo) definem o quadro típico
das manifestações de Deus no Antigo Testamento: foi esse Deus que se manifestou
a Isaías e que o convocou para o seu serviço.
Em segundo lugar (vers. 6-7), temos a objecção e a purificação. A objecção do
profeta é um elemento típico dos relatos de vocação (cf. Ex 3,11, no chamamento
de Moisés). Manifesta o sentimento de um homem que, chamado por Deus a uma
missão, tem consciência dos seus limites e da sua indignidade, ou prefere
continuar no seu cantinho cómodo, sem se comprometer. A “purificação” sugere
que a indignidade e a limitação não são impeditivos para a missão: a eleição
divina dá ao profeta autoridade, apesar dos seus limites bem humanos.
Em terceiro lugar, temos a aceitação da missão pelo profeta. Convém, a
propósito, notar o seguinte: Isaías oferece-se sem saber ainda qual a missão
que lhe vai ser confiada; manifesta, dessa forma, a sua disponibilidade
absoluta para o serviço de Deus.
Temos, aqui, descrito o caminho da verdadeira vocação.
ACTUALIZAÇÃO
Nesta reflexão sobre a “vocação”, considerar
as seguintes questões:
• Cada um de nós tem a sua história de
vocação: de muitas formas Deus entra na nossa vida, desafia-nos para a missão,
pede uma resposta positiva à sua proposta. Temos consciência de que Deus nos
chama – às vezes de formas bem banais? Estamos atentos aos sinais que Ele
semeia na nossa vida e através dos quais Ele nos diz, dia a dia, o que quer de
nós?
• A missão que Deus propõe está,
frequentemente, associada a dificuldades, a sofrimentos, a conflitos, a
confrontos… Por isso, é um caminho de cruz que, às vezes, procuramos evitar.
Será que eu consigo vencer o comodismo e a preguiça que me impedem de
concretizar a missão?
• É preciso ter consciência, também, que
as minhas limitações e indignidades muito humanas não podem servir de desculpa
para realizar a missão que Deus quer confiar-me: se Ele me pede um serviço,
dar-me-á a força para superar os meus limites e para cumprir o que Ele me pede.
• Isaías aceita o envio, ainda antes de
saber, em concreto, qual é a missão. É o exemplo de quem arrisca tudo e se
dispõe, de forma absoluta, para o serviço de Deus. No entanto, é difícil
arriscar tudo, sem cálculos nem garantias: é o pôr em causa os nossos projectos
e esquemas para confiar apenas em Deus, de forma que Ele possa fazer de nós o
que quiser. Qual a minha atitude em relação a isto?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 137 (138)
Refrão: Na presença dos Anjos,
eu Vos louvarei, Senhor.
De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos Vos hei-de cantar
e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo.
Hei-de louvar o vosso nome pela vossa bondade
e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma.
Todos os reis da terra Vos hão-de louvar,
Senhor,
quando ouvirem as palavras da vossa boca.
Celebrarão os caminhos do Senhor,
porque é grande a glória do Senhor.
A vossa mão direita me salvará,
o Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos.
LEITURA II – 1 Cor 15,1-11
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São
Paulo aos Coríntios
Recordo-vos, irmãos, o Evangelho
que vos anunciei e que recebestes,
no qual permaneceis e pelo qual sereis salvos,
se o conservais como eu vo-lo anunciei;
aliás teríeis abraçado a fé em vão.
Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi:
Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras;
foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras,
e apareceu a Pedro e depois aos Doze.
Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez,
dos quais a maior parte ainda vive,
enquanto alguns já faleceram.
Posteriormente apareceu a Tiago e depois a todos os Apóstolos.
Em último lugar, apareceu-me também a mim,
como o abortivo.
Porque eu sou o menor dos Apóstolos
e não sou digno de ser chamado Apóstolo,
por ter perseguido a Igreja de Deus.
Mas pela graça de Deus sou aquilo que sou
e a graça que Ele me deu não foi inútil.
Pelo contrário, tenho trabalhado mais que todos eles,
não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.
Por conseguinte, tanto eu como eles,
é assim que pregamos;
e foi assim que vós acreditastes.
AMBIENTE
A chegada do cristianismo ao mundo grego
provocou um choque de mentalidades e de perspectivas culturais. Isso ficou bem
evidente na dificuldade dos coríntios em aceitar a ressurreição dos mortos.
A ressurreição dos mortos era relativamente bem aceite no judaísmo, habituado a
ver o homem na sua unidade; mas constituía um problema sério para a mentalidade
grega. Porquê? Porque a cultura grega, fortemente influenciada por filosofias
dualistas (como a filosofia de Platão, por esta altura na moda) que viam no
corpo uma realidade negativa e na alma uma realidade ideal e nobre, recusava-se
a aceitar a ressurreição do homem integral. Como poderia o corpo – essa
realidade material, carnal, sensual, que aprisionava a alma e a impedia de
subir ao mundo ideal, na opinião dos filósofos gregos – seguir a alma?
É a esta questão posta pelos Coríntios que Paulo vai responder neste texto.
MENSAGEM
A argumentação de Paulo é simples e
contundente: nós, cristãos, ressuscitaremos um dia, porque Cristo já
ressuscitou.
O texto começa com a evocação de uma fórmula da catequese primitiva sobre esta
questão. Paulo não está a inventar: está a transmitir com absoluta fidelidade a
catequese que recebeu.
A fórmula paulina, que é ao mesmo tempo reflexo e modelo da primitiva pregação
cristã acerca da ressurreição, estrutura-se em três tempos: afirmação do facto
(morte/ressurreição), testemunho da Sagrada Escritura, comprovação experimental
do mesmo (sepultura/aparições). A comprovação do facto resulta dos outros dois
elementos.
No que diz respeito ao testemunho das escrituras, Paulo não cita directamente
nenhum texto da Sagrada Escritura em favor da sua tese; mas podemos pensar que
Paulo está a referir-se a Is 53,8-12 (o quarto poema do Servo de Jahwéh) e a Os
6,2. No que diz respeito às testemunhas da ressurreição de Jesus, Paulo cita
seis manifestações de Jesus ressuscitado: a Pedro, aos Doze, a mais de quinhentos
irmãos, a Tiago, aos outros apóstolos e, finalmente, ao próprio Paulo.
Notemos que os apóstolos (Paulo incluído) não testemunharam o momento da
ressurreição, mas a experiência de um Jesus que continuou vivo depois da morte.
O ressuscitado fez-se presente na vida destes homens e, como tal, converteu-se
em objecto de pregação e de fé. Portanto, ao falar da ressurreição de Jesus,
não estamos a falar de um “facto histórico”, entendendo por “facto histórico”
aquele de que qualquer pessoa pode relatar os pormenores. A ressurreição de
Cristo é um facto real, mas ao mesmo tempo sobrenatural e meta-histórico, algo
que ultrapassa completamente as categorias humanas de espaço e de tempo, a fim
de entrar na órbita da fé. É algo que a ciência histórica não pode demonstrar,
porque corresponde a uma experiência de fé. O que, historicamente, podemos
comprovar, é a incrível transformação dos discípulos que, de homens cheios de
medo, de frustração e de cobardia, se converteram em arautos destemidos de
Jesus, vivo e ressuscitado.
Além do mais, a ressurreição é um facto que ocorreu, mas que continua a
ocorrer; continua a ter a eficácia primitiva, continua a ser capaz de converter
em homens novos, a quantos aceitam Jesus pela fé. A comunidade cristã é
convidada a fazer esta descoberta, a partir das Escrituras, do Espírito e da
própria vida nova que continuamente vai nascendo nos cristãos.
ACTUALIZAÇÃO
Na reflexão deste texto, considerar as
seguintes questões:
• Será um dado adquirido, para qualquer
cristão, a ressurreição de Jesus. No entanto, essa ressurreição é, para nós,
uma verdade abstracta que afirmamos no credo, ou algo vivo e dinâmico, que
todos os dias continua a acontecer na nossa vida e na nossa história, gerando
vida nova, libertação, amor, numa contínua manifestação de Primavera para nós e
para o mundo?
• A ressurreição de Cristo garante-nos
que não há morte para quem aceita fazer da sua vida uma luta pela justiça, pela
verdade, pelo projecto de Deus. Temos consciência disso? A certeza da
ressurreição encoraja-nos a lutar, sem a paralisia que vem do medo, por um
mundo mais justo, mais fraterno, mais humano?
ALELUIA – Mt 4,19
Aleluia. Aleluia.
Vinde comigo, diz o Senhor,
e farei de vós pescadores de homens.
EVANGELHO – Lc 5,1-11
Evangelho de Nosso senhor Jesus Cristo segundo
São Lucas
Naquele tempo,
estava a multidão aglomerada em volta de Jesus,
para ouvir a palavra de Deus.
Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré
e viu dois barcos estacionados no lago.
Os pescadores tinham deixado os barcos
e estavam a lavar as redes.
Jesus subiu para um barco, que era de Simão,
e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra.
Depois sentou-Se
e do barco pôs-Se a ensinar a multidão.
Quando acabou de falar, disse a Simão:
«Faz-te ao largo
e lançai as redes para a pesca».
Respondeu-Lhe Simão:
«Mestre, andámos na faina toda a noite
e não apanhámos nada.
Mas, já que o dizes, lançarei as redes».
Eles assim fizeram
e apanharam tão grande quantidade de peixes
que as redes começavam a romper-se.
Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco
para os virem ajudar;
eles vieram e encheram ambos os barcos
de tal modo que quase se afundavam.
Ao ver o sucedido,
Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe:
«Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador».
Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele
e de todos os seus companheiros,
por causa da pesca realizada.
Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu,
que eram companheiros de Simão.
Jesus disse a Simão:
«Não temas.
Daqui em diante serás pescador de homens».
Tendo conduzido os barcos para terra,
eles deixaram tudo e seguiram Jesus.
AMBIENTE
Estamos na Galileia, no início do ministério
de Jesus. Há algum tempo, Ele apresentou o seu programa na sinagoga de Nazaré
como anúncio da Boa Nova aos pobres e proposição da libertação para os
prisioneiros… Agora, começam a notar-se os primeiros resultados da actividade
de Jesus: à sua volta começa a formar-se o grupo dos que foram sensíveis a essa
proposta de salvação e seguiram Jesus.
MENSAGEM
O texto que nos é proposto como Evangelho é
uma catequese que procura apresentar as coordenadas fundamentais da identidade
cristã: o que é ser cristão? Como se segue Jesus? O que é que implica seguir
Jesus?
Ser cristão é, em primeiro lugar, estar com Jesus “no mesmo barco” (vers. 3). É
desse barco (a comunidade cristã), que a Palavra de Jesus se dirige ao mundo,
propondo a todos a libertação (“pôs-Se a ensinar, da barca, a multidão”).
Ser cristão é, em segundo lugar, escutar a proposta de Jesus, fazer o que Ele
diz, cumprir as suas indicações, lançar as redes ao mar (vers. 4-5). Às vezes,
as propostas de Jesus podem parecer ilógicas, incoerentes, ridículas (e quantas
vezes o parecem, face aos esquemas e valores do mundo…); mas é preciso confiar
incondicionalmente, entregar-se nas mãos d’Ele e cumprir à risca as suas
indicações (“porque Tu o dizes, lançarei as redes” – vers. 5).
Ser cristão é, em terceiro lugar, reconhecer Jesus como “o Senhor” (vers. 8): é
o que faz Pedro, ao perceber como a proposta de Jesus gera vida e fecundidade
para todos. O título “Senhor” (em grego, “kyrios”) é o título que a comunidade
cristã primitiva dá a Jesus ressuscitado, reconhecendo n’Ele o “Senhor” que
preside ao mundo e à história.
Ser cristão é, em quarto lugar, aceitar a missão que Jesus propõe: ser pescador
de homens (vers. 10). Para entendermos o verdadeiro significado da expressão,
temos de recordar o que significava o “mar” no ideário judaico: era o lugar dos
monstros, onde residiam os espíritos e as forças demoníacas que procuravam
roubar a vida e a felicidade do homem. Dizer que os seus discípulos vão ser
“pescadores de homens” significa que a missão do cristão é continuar a obra
libertadora de Jesus em favor do homem, procurando libertar o homem de tudo
aquilo que lhe rouba a vida e a felicidade. Trata-se de salvar o homem de
morrer afogado no mar da opressão, do egoísmo, do sofrimento, do medo – as
forças demoníacas que impedem a felicidade do homem.
Ser cristão é, finalmente, deixar tudo e seguir Jesus (vers. 11). Esta alusão
ao desprendimento do discípulo é típica de Lucas (cf. Lc 5,28;12,33;18,22):
Lucas expressa, desta forma, que a generosidade e o dom total devem ser sinais
distintivos das comunidades e dos crentes que seguem Jesus.
Uma palavra, ainda, para o papel proeminente que Pedro aqui desempenha: a
comunidade lucana é uma comunidade estruturada, que reconhece em Pedro o
“porta-voz” de todos e o principal animador dessa comunidade de Jesus que
navega nos mares da história.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar os seguintes dados:
• A reflexão deste texto deve pôr em
paralelo o “caminho cristão”, tal como Lucas o descreve aqui, com esse caminho
– às vezes não tão cristão como isso – que vamos percorrendo todos os dias.
Considerar as seguintes questões:
• O nosso caminho é feito no barco de
Jesus, ou, às vezes, embarcamos noutros projectos onde Jesus não está e fazemos
deles o objectivo da nossa vida? Por outro lado, deixamos que Jesus viaje
connosco ou, às vezes, obrigamo-l’O a desembarcar e continuamos viagem sem Ele?
• Ao longo da viagem, somos sensíveis às
palavras e propostas de Jesus? As suas indicações são para nós sinais
obrigatórios a seguir, ou fazem mais sentido para nós os valores e a lógica do
mundo?
• Reconhecemos, de facto, que Jesus é o
“Senhor” que preside à nossa história e à nossa vida? Ele é o centro à volta do
qual constituímos a nossa existência, ou deixamos que outros “senhores” nos
manipulem e dominem?
• Chamados a ser “pescadores de homens”,
temos por missão combater o mal, a injustiça, o egoísmo, a miséria, tudo o que
impede os homens nossos irmãos de viver com dignidade e de ser felizes. É essa
a nossa luta? Sentimos que continuamos, dessa forma, o projecto libertador de
Jesus?
• A nossa entrega é total, ou parcial e
calculada? Deixamos tudo na praia para seguir Jesus, porque o seu projecto se
tornou a prioridade da nossa vida?
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 5º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 5º Domingo do Tempo Comum, procurar
meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em
cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária
da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos
eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para
viver em pleno a Palavra de Deus.
2. DA PALAVRA À EUCARISTIA.
As palavras do nosso Sanctus vêm da primeira leitura deste domingo. Se o
Sanctus programado para este dia tiver um refrão, este último poderá ser
utilizado como antífona do salmo responsorial. Será um modo simples de
valorizar a ligação entre as duas mesas, a mesa da Palavra e a mesa da
Eucaristia.
3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o
acolhimento das leituras com a oração.
No final da primeira leitura:
“Deus Altíssimo, Rei e Senhor do universo, juntamo-nos à imensa multidão
celeste das tuas criaturas espirituais para Te aclamar: Santo, Santo, Santo,
Senhor Deus do universo. Toda a terra está cheia da tua glória!
Pai, que desejas tanto estar próximo de nós e de Te fazer conhecer, nós Te
pedimos: envia os teus mensageiros, que o teu Nome seja santificado em toda a
terra.”
No final da segunda leitura:
“Pai, nos Te damos graças pela Boa Nova de Jesus ressuscitado, Ele que foi
manifestado aos Apóstolos e revelado a todos aqueles que Te procuram com fé.
Bendito sejas pelo testemunho apostólico transmitido de geração em geração.
Jesus, Filho do Deus vivo, salva-nos pela tua ressurreição, acolhe todos os
nossos irmãos e irmãs defuntos na tua comunhão, na luz da tua Páscoa eterna”.
No final do Evangelho:
“Jesus, Mestre e Senhor, bendito sejas pelos apelos que nos diriges em cada
dia, convidando-nos a seguir-Te.
Mestre, nós Te confiamos os nossos desencorajamentos, porque também nós
sofremos para avançar ao largo, no teu caminho. Mas na tua Palavra e com o
sopro do Espírito, retomaremos o caminho”.
4. BILHETE DE EVANGELHO.
Estes pescadores tinham, sem dúvida, ouvido falar de Jesus. O seu ensinamento
parecia ter autoridade, mas não era um homem do Lago. Não era Ele que ia dar
lições a estes três pescadores experimentados. Então, que se passou? Ele devia
inspirar confiança, para que Simão lhe emprestasse a sua barca, fazendo dela
lugar de pregação e, mais ainda, para que este mesmo Simão obedecesse à sua
ordem, uma ordem insensata: lançar novamente as redes, quando a pesca tinha
sido infrutífera toda a noite. Diante da prodigalidade da pesca, Simão lança-se
aos pés daquele que reconhece como mestre, enquanto ele mesmo se reconhece como
homem pecador. Jesus faz um segundo sinal, um segundo milagre: vai fazer de
Pedro um outro homem. De pescador de peixes torna-se pescador de homens,
torna-se um homem cheio de confiança. Deixando tudo, como Tiago e João, segue
Jesus!
5. À ESCUTA DA PALAVRA.
Pedro era um pescador profissional. Conhecia o seu ofício. Aquele dia era um
dia “não”, um dia de pesca infrutífera. E chega Jesus, carpinteiro, a dizer-lhe
o que fazer, para lançar as redes. A primeira atitude de Simão é, naturalmente,
de hesitação. Apesar de tudo, manifesta uma atitude de confiança, ao lançar as
redes. A palavra e a personalidade de Jesus inspiraram-lhe alguma confiança.
Segundo Lucas, Pedro já tinha tido ocasião para experimentar a presença de
Jesus junto da sua sogra, doente com febre. A pesca é verdadeiramente
milagrosa. Humanamente, não seria possível! Pedro e os companheiros admitem que
este jovem rabino tem poderes sobre-humanos. Pelo menos, é um profeta, um
enviado de Deus. Mas para Pedro ficam interrogações: a presença de Deus não
acontece no Templo, em Jerusalém, onde são necessários ritos de purificação
para se aproximar d’Ele? Daí o grito de Pedro: “afasta-Te de mim, que sou um
homem pecador!” Em Jesus, Deus sai do Templo, de todos os templos. Vem caminhar
na estrada dos homens. Vem ao encontro dos homens, os mais pequenos, os
pescadores e pecadores, independentemente de qualquer purificação. Será isso o
mundo ao contrário? Certamente! Jesus vem colocar o mundo face a Deus, numa
relação de amor que suprime todas as barreiras e que suscita infinita
confiança. Isso continua a ser verdade hoje!
6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a Oração Eucarística I, que recorda o nome dos apóstolos de
que fala o Evangelho e na Carta de Paulo. As palavras “na presença da tua
glória sobre o teu altar celeste” evocam, de certo modo, o clima da primeira
leitura.
7. PALAVRA PARA O CAMINHO…
As últimas palavras do sacerdote na missa são palavras de paz: “Ide em paz e o Senhor
vos acompanhe!” Eis-nos enviados entre os homens, nossos irmãos, como Isaías,
como Simão, como Paulo… E, como eles, não nos sentimos dignos de cumprir a
missão que Deus nos confia em cada Eucaristia. Mas, como a Isaías, a Simão, a
Paulo, uma palavra forte é dita a cada um de nós: “Não tenhas medo…” Partamos,
como Paulo… com a certeza de que não sou eu que trabalho sozinho, “é a graça de
Deus, que está comigo!”
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
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