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quarta-feira, 31 de julho de 2019

A cabeça de João Batista-Dehonianos


3 Agosto 2019
Lectio
Primeira leitura: Jeremias 26, 11-16.24
Naqueles dias, 1o Senhor falou a Moisés, no monte Sinai, nestes termos: 8«Contarás sete semanas de anos, isto é, sete vezes sete anos; de forma que a duração de estas sete semanas de anos corresponderá a quarenta e nove anos. 9Depois, farás ressoar fortemente a trombeta, no décimo dia do sétimo mês. No dia do grande Perdão, fareis ressoar o som da trombeta através de toda a vossa terra. 10Santificareis o quinquagésimo ano, proclamando na vossa terra a liberdade de todos os que a habitam. Este ano será para vós um Jubileu; cada um de vós voltará à sua propriedade, e à sua família. 11O quinquagésimo ano é o ano do Jubileu: não semeareis, não colhereis do que cresce espontaneamente, nem vindimareis as vinhas que não foram podadas. 12Porque é o Jubileu, deve ser uma coisa santa para vós e comereis o produto dos campos. 13Neste Jubileu, cada um de vós recobrará a sua propriedade. 14Quando fizeres uma venda ao teu próximo, ou se comprares alguma coisa, não vos prejudiqueis um ao outro. 15Farás essa compra ao próximo, tendo em conta os anos decorridos depois do Jubileu, e ele fará essa venda tendo em conta os anos das colheitas. 16Conforme os anos forem mais ou menos numerosos, assim tu pagarás mais ou menos pelo que adquirires, porque é um número de colheitas que ele te vende. 17Não vos prejudiqueis uns aos outros. Teme o teu Deus, porque Eu sou o Senhor, vosso Deus.»
A "Lei de santidade", além das festas, elenca as normas de ordem social para os anos santos, seja o ano sabático todos os sete anos (uma semana de anos), seja o ano jubilar todos os cinquenta anos (sete semanas de anos), valorizando assim a santidade do dia de sábado e o esquema septenário da semana. Sob esta estrutura económico-social, descobrem-se elementos teológicos que realçam o desenvolvimento da revelação divina. Ao conceito de Deus criador e senhor da história e do mundo, ligam-se os temas do resgate e da remissão das dívidas.
O ano jubilar, que tem carácter social, mas com fundamento religioso, amadureceu na experiência positiva do ano sabático. Fala-se dele neste texto e em Nm 36, 4 e em Ez 46, 17. O fundamento religioso destas leis sociais encontra-se na concepção hebraica segundo a qual os bens do mundo são iguais para todos: a terra pertence a Deus, que libertou o povo da escravidão do Egipto, os homens são irmãos, e a liberdade da pessoa é um bem inalienável.
Tudo isto se realiza plenamente em Jesus, que liberta a humanidade do mal e concede o perdão dos pecados.
Evangelho: Mateus 14, 1-12
1Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos de Herodes, o tetrarca, 2e ele disse aos seus cortesãos: «Esse homem é João Baptista! Ressuscitou dos mortos e, por isso, se manifestam nele tais poderes miraculosos.» 3De facto, Herodes tinha prendido João, algemara-o e metera-o na prisão, por causa de Herodíade, mulher de seu irmão Filipe. 4Porque João dizia-lhe: «Não te é lícito possuí-la.» 5Quisera mesmo dar-lhe a morte, mas teve medo do povo, que o considerava um profeta. 6Ora, quando Herodes festejou o seu aniversário, a filha de Herodíade dançou perante os convidados e agradou a Herodes, 7pelo que ele se comprometeu, sob juramento, a dar-lhe o que ela lhe pedisse. 8Induzida pela mãe, respondeu: «Dá-me, aqui num prato, a cabeça de João Baptista.» 9O rei ficou triste, mas, devido ao juramento e aos convidados, ordenou que lha trouxessem 10e mandou decapitar João Baptista na prisão. 11Trouxeram, num prato, a cabeça de João e deram-na à jovem, que a levou à sua mãe. 12Os discípulos de João vieram buscar o corpo e sepultaram-no; depois, foram dar a notícia a Jesus.
O relato de Mateus sobre o martírio de João Baptista, mais sóbrio que o de Marcos (6, 14), baseia-se na história, pois se trata de um acontecimento datado no tempo de Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, a quem os romanos reconheceram jurisdição sobre a Galileia e a Pereia, no norte da Palestina.
A decapitação do Baptista é motivada pela sua intransigência moral e pela sua forte personalidade. O profeta não se amedrontava diante de nada nem de ninguém, quando se tratava de denunciar a imoralidade. Não se amedrontou sequer diante de Herodes, que tendo repudiado a consorte, tomou por esposa a mulher de seu irmão. Herodes continha a sua vontade de vingança, porque temia uma rebelião popular. Mas Herodíades não se preocupava com isso. Assim, quando Herodes jurou dar à filha de Herodíades o que quer que lhe pedisse, a adúltera não hesitou em sugerir a cabeça de João (vv. 6-11). E obteve-a! Com o seu martírio, João Baptista terminou a missão de precursor. E Jesus compreendeu que era chamado a percorrer o mesmo caminho.
Meditatio
A primeira leitura, com a instituição do jubileu, por meio do qual Deus põe limite à escravidão, à expropriação e aos trabalhos pesados dos campos, realça a intenção de Deus em libertar e redimir os escravos e os oprimidos da sociedade. Séculos depois, em Nazaré, Jesus lê o texto de Isaías em que se anuncia e proclama um ano de remissão, um ano de jubileu (cf. Lc 4, 16,19). Deus não quer prender, nem manter prisioneiro quem quer que seja: «O espírito do Senhor Deus está sobre mim,porque o Senhor me ungiu: enviou-me para levar a boa-nova aos que sofrem, para curar os desesperados, para anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros; para proclamar um ano da graça do Senhor» (Is 61, 1-2a). Deus quer a remissão: a remissão das dívidas, e a remissão dos pecados.
O pecado, que até pode parecer um acto de libertação da lei de Deus, lança-nos na mais dura escravidão. Jesus disse-o claramente: «aquele que comete o pecado é servo do pecado» (Jo 8, 34), e comete pecados cada vez mais graves. Foi o que sucedeu com Herodes: começou por prender João Baptista e chegou a mandá-lo matar, pois era escravo de um juramento feito publicamente, e era sobretudo escravo do seu pecado.
Deus quer libertar-nos, quer-nos livres. Que alegria nos dá esta certeza! Deus quer tirar da opressão as pessoas e as próprias coisas. Daí a lei do repouso jubilar da terra. A Igreja inspirou-se nesta lei do Levítico para instituir o Jubileu, que é um ano de remissão, um ano de graça, em que oferece a possibilidade de obter a remissão da pena merecida com o pecado. Para isso, propõe-nos um contacto mais fácil com o Senhor, convida-nos a aproximar-nos dele, com a certeza de que somos libertados e recebemos nova coragem para cumprir cada vez melhor o bem a que somos chamados.
Oratio
Senhor Jesus, dá-nos tranquilidade diante do imenso campo de trabalho que nos espera. Faz-nos compreender e assumir a espiritualidade do jubileu, para defendermos a vida e a dignidade dos nossos irmãos e irmãs, sem qualquer excepção. Torna-nos solidários com os teus pobres, com aqueles cujo sangu
e não é julgado precioso pelos tiranos e cobardes deste mundo, mas que é precioso aos teus olhos. Dá-nos a coragem de João Baptista para denunciarmos os abusos dos poderosos. Dá-nos a coragem da caridade na verdade, ainda que isso nos venha a custar caro, como custou a João Baptista, como custou a Ti. Amen.
Contemplatio
O Coração de Jesus é o lugar do nosso doce repouso. Desde os Padres da Igreja que a tradição interpreta neste sentido o nosso texto do Cântico dos Cânticos. Santo Agostinho diz no seu Manual (c. 2): «Longuinhos abriu-me com a sua lança o lado de Jesus, e eu entrei e repouso lá em segurança». - S. Bernardo tem páginas deliciosas no seu tratado da Paixão (c. 3): «O vosso coração foi ferido, diz a Nosso Senhor, para que eu possa nele e em vós habitar... como é bom habitar neste coração!...». S. Boaventura dizia: «Penetrando nas chagas de Jesus, chego até ao fundo do seu amor... entremos lá todo inteiros, aí encontraremos o nosso repouso e uma inefável doçura» (Stim. Div. Amoris, c.1). Nosso Senhor dizia a Santa Matilde: «Dar-te-ei o meu coração como um lugar de refúgio». S. Francisco de Sales escrevia a uma visitandina (Carta 64): «Não sei onde estareis nesta Quaresma segundo o corpo; segundo o espírito, espero que estareis na caverna da rola e no lado ferido de Nosso Senhor; quero esforçar-me por estar lá muitas vezes convosco; Deus, pela sua soberana bondade, nos faça essa graça!... Como este Senhor é bom, minha muito querida filha, como o seu coração é amável! Permaneçamos lá neste santo domicílio!» O P. Cláudio de la Colombière tem por tanto razão ao dizer que o Coração de Jesus é o retiro de todas as almas santas. (Leão Dehon, OSP 3, p. 676).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Enviou-me a proclamar um ano da graça do Senhor» (Is 61, 1-2a).


De onde lhe vem esta sabedoria?-Dehonianos


2 Agosto 2019
Lectio
Primeira leitura: Levítico 23, 1.4-11.15-16.34b-37
Naqueles dias, 1o Senhor falou assim a Moisés, dizendo. 4Eis aqui as festas do Senhor, as assembleias sagradas que proclamareis na devida data. 5No décimo quarto dia do primeiro mês, ao crepúsculo, é a Páscoa do Senhor. 6E no décimo quinto dia desse mês, terá lugar a festa do Pão Ázimo em honra do Senhor; durante sete dias comereis pão sem fermento. 7No primeiro dia, fareis uma assembleia sagrada. Não fareis nenhum trabalho servil. 8Oferecereis ao Senhor uma oferta queimada em cada um dos sete dias. No sétimo dia, haverá uma assembleia sagrada. Não fareis nenhum trabalho servil.' 9O Senhor falou assim a Moisés: 10«Fala aos filhos de Israel e diz-lhes: 'Quando chegardes à terra que vos concedo, e procederdes à ceifa, levareis ao sacerdote o primeiro molho da vossa colheita, 11e ele fará o ritual de apresentação diante do Senhor, para que vos seja aceite; o sacerdote fará essa apresentação no dia seguinte ao sábado. 15«Depois, contareis sete semanas completas, a partir do dia seguinte ao do sábado, isto é, do dia em que tiverdes feito o rito da apresentação do molho de espigas. 16Contareis até ao dia seguinte da sétima semana, isto é, cinquenta dias, e oferecereis ao Senhor uma nova oblação. 27«No décimo dia deste sétimo mês, que é o dia do perdão, fareis uma assembleia sagrada; fareis penitência, e apresentareis uma oferta queimada em honra do Senhor. 'No décimo quinto dia deste sétimo mês, celebrar-se-á a festa das Tendas, em honra do Senhor, durante sete dias. 35No primeiro dia haverá uma assembleia sagrada, não fareis nenhum trabalho servil. 36Em cada um dos sete dias, apresentareis uma oferta queimada ao Senhor. No oitavo dia, fareis ainda uma assembleia sagrada e apresentareis uma oferta queimada ao Senhor: é uma reunião festiva e não fareis nenhum trabalho servil. '» 37«São estas as festas em honra do Senhor, em que deveis convocar assembleias sagradas, apresentando uma oferta queimada ao Senhor, um holocausto e uma oblação, sacrifícios e libações, segundo o ritual de cada dia.
O texto que escutamos refere-se ao ciclo litúrgico das diversas festas anuais, ligado ao ambiente de Jerusalém e enquadrado na «Lei de santidade». As festas hebraicas são vistas como assembleia do povo no lugar santo, na presença do Deus três vezes santo, e lembram a sua sequência no ciclo anual. A digna celebração das festas deve levar os indivíduos a sair da sua auto-suficiência, inserindo-os numa vida com dimensão comunitária. Cada homem pertence ao povo e é sua expressão e, por meio dele, pertence a Deus. Os elementos fundamentais das festas de Israel são especialmente dois: a convocação da santa assembleia do povo e o repouso do trabalho. O primeiro, cadencia a vida do povo e faz-lhe reviver, particularmente na celebração litúrgica, as maravilhas operadas por Deus na sua história; o segundo, afasta o povo das coisas materiais e quotidianas para o introduzir no tempo forte de Deus, onde toma conta do passar da vida e do seu significado de salvação. A páscoa ocupa um lugar especial entre as festas: o Senhor, que, todos os anos, oferece os frutos da terra e os animais, é o mesmo que manifestou o seu poder salvador para libertar Israel. A festa da páscoa funde-se com a dos ázimos para recordar a libertação da escravidão e a posse da terra fértil. A festa das semanas ou do Pentecostes celebra a colheita do trigo e o dom da Lei. A festa dos tabernáculos recorda a vindima e ao mesmo tempo a passagem de Israel pelo deserto. As festas cristãs inspiram-se nas festas hebraicas, mas enriquecidas com o novo conteúdo cristão.
Evangelho: Mateus 13, 54-58
Naquele tempo, 54tendo Jesus chegado à sua terra, ensinava os habitantes na sinagoga deles, de modo que todos se enchiam de assombro e diziam: «De onde lhe vem esta sabedoria e o poder de fazer milagres? 55Não é Ele o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? 56Suas irmãs não estão todas entre nós? De onde lhe vem, pois, tudo isto?» 57E estavam escandalizados por causa dele. Mas Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua pátria e em sua casa.» 58E não fez ali muitos milagres, por causa da falta de fé daquela gente.
Acabado o discurso das parábolas, Mateus introduz, no seu evangelho, outro material narrativo que marca a progressiva separação entre Jesus e Israel, e evidencia a formação específica dada ao grupo dos discípulos (cf. Mt 13, 54-17,27). O episódio de hoje tem um paralelo em Mc 6, 1-6, do qual depende, e refere-se à rejeição de Jesus pelos seus conterrâneos. A apresentação "oficial" de Jesus na sinagoga da sua terra redunda em completo fracasso. Após o assombro inicial, os seus conterrâneos interrogam-se sobre a identidade de Jesus. A frase mais significativa de toda a perícopa é: «estavam escandalizados por causa dele» (v. 57). O evangelho introduz-nos, deste modo, no mistério de Jesus. A atitude dos nazarenos é significativa de todos aqueles que procuram compreender Jesus, partindo unicamente do que pode saber-se sobre Ele: é da nossa terra, filho do carpinteiro, conhecemos a sua família, estudou na nossa sinagoga... Jesus foi incompreendido e desprezado, tal como o foram os profetas... O mesmo sucederá com os seus discípulos. Paulo falará do escândalo da cruz (Mc 14, 27.29; 1 Cor 1, 23). A sorte dos profetas, de Jesus, dos discípulos é sempre a mesma: ser recusados, ser objecto de troça, de desprezo, de perseguição e, muitas vezes, de morte violenta.
Meditatio
A primeira leitura insiste em falar das «festas do Senhor». Fazer festa é importante para nós. Não fomos feitos para viver sempre de modo banal, rotineiro. Fomos feitos para gozar da alegria do Senhor. Também não fomos criados para ser escravos, mas livres. Mas devemos reconhecer que o trabalho, com frequência, assume um aspecto servil, isto é, de escravidão. Noutros tempos, havia escravos e homens livres. Infelizmente, ainda hoje, em alguns lugares e situações, continua a haver escravos e pessoas livres. Muitas «festas do Senhor» continuam subordinadas a certas necessidades escravizantes do nosso mundo contemporâneo. A muitos cristãos não é reconhecido o direito de praticar publicamente a sua religião, de celebrar as «festas do Senhor».
Mas Deus quer que os seus filhos possam viver, em alegria e liberdade, dias de festa ao longo do ano. Já Moisés, a convite de Deus, ordenou ao povo que não fizesse qualquer trabalho servil nas solenidades do Senhor, para, na alegria, se encontrar com Ele e com os outros. No dia da festa do Senhor, da «santa assembleia», é possível acolher-nos reciprocamente, em relações abençoadas pelo Senhor e orientadas para a comunhão com Ele. Estas relações, que orientam para o Senhor, são profundas, sinceras,
verdadeiras, e permitem amar-nos generosamente uns aos outros no Senhor.
As festas tornam-nos livres para darmos tempo ao Senhor, para estarmos mais unidos a Ele na oração, no louvor, na exultação, e fazem-nos mais disponíveis para com os outros, mais atentos a todos, mais prontos a escutá-los, a partilhar na alegria, na liberdade e no amor.
A Igreja assumiu este desejo de Deus, e instituiu muitas festas, para nos ajudar a criar um clima de alegria na novidade de vida que Cristo nos deu com a sua morte e ressurreição. Todas as solenidades da Igreja estão ligadas ao Mistério Pascal, para evidenciar que Cristo é centro, princípio e fim de toda a realidade.
Oratio
Senhor, faz-nos compreender a importância do trabalho como meio para a nossa subsistência, mas também como meio de realização pessoal, e de participação na tua obra da criação. Mas faz-nos também compreender a importância do descanso e da festa, para nos encontrarmos mais intimamente Contigo e com os nossos irmãos. Que jamais nos deixemos escravizar pelo trabalho, mas sempre vivamos na liberdade e na alegria, para estarmos em comunhão Contigo e construirmos relações fraternas com todos os homens. Amen.
Contemplatio
Amar Jesus, é tudo o que ele pede. Ele quer expandir a devoção ao seu Coração sagrado, para que vamos ter com ele com o coração. É preciso nesta devoção distinguir duas coisas: o culto público e o culto interior. As solenidades do culto público glorificam o Sagrado Coração e ele é muito sensível a isso. Deus Pai compraz-se nisso e responde com graças abundantes, mas é preciso mais e melhor para Nosso Senhor. É preciso que ele tenha adoradores em espírito e verdade, adoradores que lhe dêem o seu coração, que lhe dêem todos os seus batimentos, todas as suas aspirações, todos os afectos. (Leão Dehon, OSP 3, p. 665s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Que eu Te escute, Senhor, e me converta a Ti» (cf. Jr 26, 3).

O Reino do Céu é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar...-Dehonianos


1 Agosto 2019
Lectio
Primeira leitura: Êxodo 40, 16-21.34-38
16Moisés obedeceu; fez tudo quanto o Senhor lhe ordenara. 17No primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, foi erigido o santuário. 18Moisés erigiu o santuário: assentou as bases, as pranchas, as travessas e ergueu as colunas; 19estendeu a tenda sobre o santuário e, por cima, a cobertura da tenda, como o Senhor lhe tinha ordenado. 20Tomou o testemunho e depositou-o na Arca; meteu os varais na Arca, sobre a qual colocou o propiciatório. 21Transportou a Arca para o santuário, fixando o véu de protecção, para vedar o acesso à Arca do testemunho, como o Senhor lhe tinha ordenado. 34Então, a nuvem cobriu a tenda da reunião, e a majestade do Senhor encheu o santuário. 35Moisés já não pôde entrar na tenda da reunião, porque a nuvem pairava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o santuário. 36Quando a nuvem se retirava de cima do santuário, os filhos de Israel partiam de viagem, 37e quando a nuvem não se retirava, não partiam, até ao instante em que ela se elevava. 38Porque uma nuvem do Senhor cobria o santuário durante o dia, e um fogo brilhava ali durante a noite, aos olhos de toda a casa de Israel, em todas as suas caminhadas.
O nosso texto é claramente pós-exílico (séculos VI-V a. C.). Ele projecta sobre o santuário do deserto, objecto portátil, que tinha por função representar a condução divina do povo na marcha para a terra, a imagem do templo de Jerusalém. Assim procura o documento sacerdotal justificar o ordenamento do culto da comunidade do segundo templo. Moisés, em obediência a Deus, constrói a tenda, a "Morada" do Senhor (vv. 16-21, e Deus vem estabelecer-se no meio do seu povo escolhido (vv. 34-38). Depois do Sinai, é a tenda que constitui a comunidade da revelação de Deus com os homens. Ela é o lugar ideal onde cada homem pode entrar em contacto com o Senhor e dialogar com Ele. Deus opta por estabelecer morada no meio do seu povo e comunicar com Moisés, mediador carismático. O sinal visível do Deus invisível era a «nuvem», que regulava as etapas do caminho do povo no deserto rumo à terra prometida. A presença de Deus, que enchia a tenda do santuário, era chamada, pela tradição sacerdotal, «glória», manifestação do amor salvífico de Deus no seu poder e santidade. No judaísmo sucessivo, essa «presença» de Deus será chamada shekhînah, «a Presença» por excelência. Para João, a humanidade de Cristo será a nova tenda, o novo templo onde reside toda a plenitude de sabedoria, graça e verdade, em que se manifesta a presença perfeita do Emanuel, o Deus-connosco.
Evangelho: Mateus 13, 47-53
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 47«O Reino do Céu é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes. 48Logo que ela se enche, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e escolhem os bons para as canastras, e os ruins, deitam-nos fora. 49Assim será no fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus do meio dos justos, 50para os lançarem na fornalha ardente: ali haverá choro e ranger de dentes.» 51«Compreendestes tudo isto?» «Sim» - responderam eles. 52Jesus disse-lhes, então: «Por isso, todo o doutor da Lei instruído acerca do Reino do Céu é semelhante a um pai de família, que tira coisas novas e velhas do seu tesouro.» 53Depois de terminar estas parábolas, Jesus partiu dali.
A parábola da rede que, lançada ao mar, «apanha toda a espécie de peixes» (v. 47), aprofunda o significado da parábola do trigo e do joio. É uma parábola eminentemente escatológica, pois se refere a realidades que terão lugar nos últimos dias, no último dia. Como na rede se encontram peixes bons e peixes ruins, assim também na Igreja há quem viva e acolha a palavra de Jesus, e há quem a recuse ou permaneça indiferente. A separação, de uns e de outros, acontecerá no fim dos tempos, e pertence a Deus fazê-la (vv. 47-50). Entretanto, como na parábola do trigo e do joio, bons e maus têm de conviver ou coexistir até ao fim. Só então se manifestará clara e definitivamente quem é bom e quem é mau, quem confessou Cristo com o coração e os lábios e quem o confessou só por palavras, quem pertence à comunidade dos filhos de Deus e quem não pertence. Estes últimos terão a sorte dos peixes ruins e do joio.
Meditatio
Quanto nos conforta saber que Deus mora no meio do seu povo e que a sua presença enche essa morada. Há uma presença geral de Deus em todas as coisas. Mas também há uma presença pessoal, que permite dialogar com Ele. Deus quis estar assim presente no meio de nós. A morada, de que nos fala a primeira leitura, é lugar de encontro e de segurança, antecipação e prelúdio de uma outra tenda, a do Verbo de Deus. De facto, a verdadeira morada de Deus no meio dos homens é Cristo. A Virgem Maria também se tornou morada de Deus na Incarnação, quando a sombra do Espírito a cobriu e ficou cheia da glória do Senhor. Agora, a verdadeira morada, onde havemos de permanecer, é Jesus. Nos "discursos de adeus", que lemos no evangelho de João, volta esta palavra como consolação, convite e promessa: «viremos a ele e nele faremos morada» (Jo 15, 23), «permanecei em mim, e eu permanecerei em vós» (15, 4) e ainda: «permanecei no meu amor» (15, 9).
É esta a esperança, o desejo profundo de todos quantos O amam: permanecer n´Ele e ser sua morada, numa intimidade misteriosa mas muito real com Ele, com o Pai e com o Espírito. Esta realidade realiza-se, sobretudo, na Eucaristia. No sacrário, torna-se presente a nós «o Verbo feito carne» porque, de facto «habita entre nós» (cf. Jo 1, 14). No Antigo Testamento, Deus manifestava-se na nuvem que vinha e ia, sem se poder tocar. Na plenitude dos tempos, manifestou-se em carne visível, palpável, estável entre nós. Por isso, os apóstolos poderão dizer: «O que vimos, ouvimos, contemplámos, relativamente ao Verbo da vida, isso vos anunciamos...» (cf. 1Jo 1, 1-4). Depois da Ceia pascal, podiam acrescentar: «comemos»: De facto, Jesus diz-lhes: «Tomai e comei...»; «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue...». Na Eucaristia, a presença de Deus torna-se pessoal, real, concreta, plenamente adaptada à nossa condição de seres incarnados. Como os antigos hebreus, podemos dizer: «Que grande nação tem a sua divindade tão próxima de si, como o Senhor está próximo de nós?» (Dt. 4, 7). Verdadeiramente, diante do sacrário, podemos exclamar, como João no Apocalipse: «Eis a morada de Deus entre os homens!» (Apoc 21, 3). A presença eucarística possibilita a dupla imanência de que acima falámos: Jesus em nós e nós n´Ele: «viremos a ele e nele faremos morada» (Jo 15, 23), «permanecei em mim, e eu
permanecerei em vós» (15, 4), diz o Senhor. Tudo isto se realiza de modo muito concreto na comunhão eucarística, em que Cristo vem a nós e nos une a Ele, ao Pai e ao Espírito Santo.
Oratio
Senhor, Tu quiseste habitar no meio de nós. São muitos os modos como habitas. Hoje quero agradecer-Te, particularmente, pela tua presença na Eucaristia, verdadeira morada de Deus entre os homens. Aí podemos encontrar-Te de modo muito particular, de modo sacramental. Aí podemos falar Contigo, como falava o Francisco de Fátima, e como falam todos os que reconhecem a tua presença, escondida mas real, nas espécies eucarísticas. Aí podemos receber-Te para que, não só habites no meio de nós, mas habites em nós. Contigo, assim o cremos, recebemos o Pai e o Espírito Santo. Que maravilhosa é a Eucaristia. É, na verdade, o dom do teu Coração. Obrigado, Senhor! Amen.
Contemplatio
O Coração de Jesus soube tudo arranjar, e a fim de permanecer sempre connosco, inventou o sacramento do amor. Não vemos Jesus, mas Ele está lá; só as fracas aparências eucarísticas nos separam d'Ele, e temos a fé para as penetrar, e temos um coração que voa para o Coração de Jesus, tornado mais do que nunca o Coração do nosso irmão e do nosso amigo. É assim que o Coração de Jesus cumpre a sua promessa: «Não vos deixarei órfãos». É assim que a Eucaristia continua o mistério da Incarnação e multiplica por toda a parte Belém e Nazaré. A Eucaristia torna mesmo Nosso Senhor mais perto de nós do que o mistério da Incarnação, e quando reflectimos bem nisto vemos que Ele não se afastou do homem pela Ascensão senão para estar mais perto dele pela Eucaristia, porque as condições da vida mortal não permitiam ao Salvador tornar-se presente em todos os pontos do espaço, em todo o coração que o amasse e que desejasse a sua visita, mas a sua vida gloriosa permite-lhe a omnipresença do amor; o seu Coração está em toda a parte, encontramo-lo em todos os santuários, e se a nossa ligeireza e a nossa indiferença não impedissem as efusões deste amor insaciável no dom de si mesmo, ser-nos-ia permitido como aos primeiros crentes de o guardar nas nossas casas e de o levar sempre no nosso coração. Tal teria sido a condescendência deste Coração generoso, se a Igreja não tivesse tomado, de algum modo contra Ele mesmo, o cuidado do respeito que Lhe é devido. Mas se este privilégio não nos é concedido, nós podemos sem grande fadiga, e quando queremos, a toda a hora do dia e da noite, aproximar-nos do Coração eucarístico, falar-lhe, abrir-lhe todo o nosso coração, atraí-lo a nós e fazer d'Ele tudo o que quisermos... Pela santa Eucaristia, a Incarnação multiplica-se sobre todos os pontos da terra habitável; em toda a parte aonde nos é dado dirigir os nossos passos, encontramos o Coração do nosso irmão e do nosso amigo, sempre pronto a nos receber, sempre pronto a nos consolar, sempre pronto a nos cumular de graças, a nos iluminar, a nos levantar e a nos perdoar. Assim, nesta Incarnação nova, é sobretudo o Coração de Jesus que está presente; Ele esconde todo o resto, a sua divindade, a sua humanidade, a fim de melhor deixar ver o seu Coração; e se os olhos do corpo não podem ver, como o vêem os olhos do coração e como sabem penetrar os véus que o envolvem! Ah! Porque não nos é dado multiplicar também o nosso coração para o dar a este Coração que se multiplica por nós! Pelo menos, arranquemos os nossos pensamentos, as nossas afeições ao mundo, a nós mesmos, para os dar todos ao único Coração que nos ama, e se não podemos superá-lo nem mesmo igualá-lo em amor, ao menos que todo o nosso amor lhe pertença, todo, absolutamente todo; e ainda, depois disto, digamos que não somos senão servos inúteis (Pe. Dehon, Eucaristia, OSP 2, p. 4 e19s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Viremos a ele e nele faremos morada» (Jo 15, 23),

18o Domingo do Tempo Comum-Jorge Lorente


Evangelhos Dominicais Comentados 04/agosto – 18o Domingo do Tempo Comum Evangelho: (Lc 12, 13-21) Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?” E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”. COMENTÁRIO A liturgia deste domingo nos fala de partilha, mas não daquela partilha do jeito que Deus ensina. Fala de uma divisão gananciosa, fala de herança. Como se diz em linguagem jurídica, fala de divisão obrigatória, legal e de direito.
 Deus está sempre rodeado por alguém pedindo alguma graça ou favor. Nesta passagem do Evangelho, Jesus é solicitado para resolver problemas de dinheiro. Jesus aproveita o exemplo destes dois irmãos para entrar no assunto que pretendia. Jesus não quis se envolver com problemas de herança, mas não perdeu a oportunidade para mostrar o valor da herança espiritual. Usou como exemplo o comportamento desses irmãos para mostrar, para toda multidão, que não são os bens materiais que trazem segurança e felicidade.
 São outros os tesouros que devem ser acumulados, diz Jesus. O tesouro que Jesus se refere, chama-se partilha, porém no seu verdadeiro sentido. Para Jesus, partilha vai muito além da obrigação e da lei dos homens. A verdadeira partilha é fruto do amor e, é espontânea, por isso traz mais satisfação para quem distribui do que para quem recebe.
  A parábola narrada por Jesus mostra o comportamento de um homem avarento e ambicioso, só que tem uma única preocupação; trabalhar para enriquecer ainda mais, pois já era rico. Seus celeiros estavam lotados e já não tinha mais onde armazenar o produto de sua colheita.
  Pouco sabemos sobre ele, porém podemos concluir que ele não se lembrou dos necessitados, nem quis saber dos miseráveis e famintos. Certamente sentia-se isento de culpa pela péssima distribuição de renda e não se achava responsável pelos desempregados e sem terras que, certamente, já existiam naquela época.
 Nem sequer pensou naqueles lavradores que, em troca de um mísero salário, plantaram e colheram para ele. Considerava um desperdício vender a colheita a preço acessível e uma loucura doar parte dela. Nunca lhe passou pela ideia investir uma parte de seus bens para gerar empregos e amenizar a fome.
 Esta parábola deve servir de alerta para cada um de nós. Ninguém está proibido de trabalhar e de poupar para o futuro, porém é preciso lembrar que o nosso tempo de vida não é proporcional ao volume de dinheiro e de bens que acumulamos.
 Nada mais justo do que agradecer a Deus se hoje estamos radiantes de alegria e sem problemas de saúde ou financeiros. Agradecer também pelo dinheiro e pelos bens. No entanto, não é segredo que essa calmaria não é perpétua. Só temos uma certeza: sabemos que estamos vivos agora, mas nada sabemos sobre o próximo minuto, quanto mais do amanhã. Isso é válido para o pobre e para o rico. O rico perante Deus é aquele que não acumula riquezas para si, mas sim para o bem do próximo. Trabalha de sol a sol para o bem comum, não é avarento e muito menos esbanjador. Sabe valorizar seus bens, porque são necessários para a sobrevivência e para uma vida digna.
 O rico de verdade, sabe distribuir amor e, acima de tudo, sabe que basta manter seus celeiros transbordantes de boas obras, para garantir a sua parte na Herança Eterna. (3099) jorge.lorente@miliciadaimaculada.org.br - 04/agosto/2019 


DEUS LANÇA A SUA REDE NAS PROFUNDEZAS DO MAR HUMANO! - Olívia Coutinho

 Dia 01 de Agosto de 2019

 Evangelho de  Mt 13,47-53
 
        Deus não desiste de sua criação, não coloca ponto final na historia de amor iniciada por Ele na Criação. 
Deus é um Pai amoroso que não quer perder nenhum dos filhos seus, para   Ele não existe caminho sem volta.
É por meio de Jesus que  lança sua rede nas profundezas do mar humano, permitindo que os peixes (pessoas) não bons, entrem também  na sua rede e tenham chance de se tornarem “peixes” bons.
O evangelho que a liturgia de hoje nos convida a refletir, vem nos falar, através de uma parábola, da tolerância de Deus para com o humano. O texto começa nos apresentando  a parábola da rede lançada no mar.
A mensagem principal que Jesus quer nos passar através desta parábola, é semelhante a mensagem da parábola do joio! Tanto na parábola do joio, quanto nesta, Jesus nos fala da incomparável paciência de Deus, para com a fragilidade humana, para com  aqueles que ainda não acordaram para a vida.
Um pescador, ao lançar sua rede no mar, não evita que os peixes não bons, entrem na rede, só depois de retirá-la  para fora, que ele  faz a seleção dos peixes, eliminando  os que não são bons. Assim também acontece na rede de Deus,  lançada  pelos os pescadores de homens.  A palavra de Deus lançada  no “mar humano” alcança  todos, mas nem todos serão escolhidos.   
Ao permitir que bons e maus, permaneçam juntos neste mundo, Deus oferece  a todos a mesma chance, as pessoas não boas, terão oportunidade na convivência com os bons, de se converterem de se tornarem “peixes” bons.
Estamos todos na rede de Deus, somos os peixes atraídos por Jesus, com a responsabilidade de nos tornarmos também, pescadores, ponte para que o outro chegue a Deus. 
Ser os peixes atraídos por Jesus, não nos garante isenção de passarmos pela a seleção do juízo final. Também, não nos compete julgar quais serão os peixes que serão eliminados, e nem acharmos que já estamos salvos, é Jesus quem fará esta seleção. Mt25,32-34.
No final do evangelho, Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da lei que se torna discípulo do reino dos céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. Com essas palavras, Jesus quer nos dizer, que a construção do Reino dos céus, se faz, através de uma mescla entre o velho e novo. 
Para Jesus, não se deve apregoar a mudança de tudo, o  que  se aprende  no antigo testamento tem um grande valor. 
O conhecimento de um  mestre da lei, acrescentado a uma nova mentalidade fundamentada nas palavras de  Jesus, dá  ao discípulo, um equilíbrio na missão.
Jesus veio nos mostrar a face humana do Pai, apagar da nossa mente, a imagem de um Deus severo, vingativo mostrado no antigo testamento. 
Na pessoa de Jesus conhecemos o nosso Deus de amor, o Deus da vida que se vestiu da fragilidade humana exceto do pecado, para estar conosco.
A porta de entrada para o Reino dos céus é Jesus, Jesus é o caminho que nos conduz ao Pai, portanto,  nossa salvação, perpassa pelo o nosso seguimento a Ele.

FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olívia Coutinho
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(Vídeo) 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM-Ano C-Vera Lúcia

terça-feira, 30 de julho de 2019

O TESOURO E A PÉROLA-Adélio Francisco.


REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 31/07/2019
- Mateus 13,44-46
" O TESOURO E A PÉROLA."-
Adélio Francisco.

Ninguém vive sem ideal. Há muitos ideais que passam e que não preenchem o coração do ser humano sedento de felicidade. 
   
   Todos vivem a procura de tesouros de felicidade, de bem-estar, de  realização. Resta tomar consciência do  tesouro que temos escondidos em nossa propriedade. Se ainda andamos tristes, precisamos rever a nossa vida. Pode ser que  precisamos redescobrir o tesouro que carregamos em nós. Assim é o Reino de Deus: o maior tesouro que alguém pode encontrar. É a aspiração mais profunda do coração do homem.
    
   O evangelho  que a liturgia de hoje nos convida a refletir,  apresenta-nos o valor do reinado de Deus, ao qual é preciso sacrificar todos os outros valores. Jesus disse: "O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no campo." As parábolas do tesouro e da pérola contêm o mesmo ensinamento: o compromisso total, mas levado pela alegria de ter descoberto um valor incomparável de que não se tinha suspeitado.
    
    O homem que descobriu o tesouro descobriu o que não procurava, enquanto que aquele que procurava pérolas encontrou o que não se atrevia a imaginar. Não se entra no Reino de Deus mediante os próprios méritos, mas é um dom que se oferece e que pede uma resposta. Aos afortunados que acharam tesouros é colocado diante deles o trabalho de toda uma vida, o trabalho de ir subordinando tudo (vender todos seus bens, diz Jesus) por causa do reino. O reino se transforma no único valor absoluto para aquele que o descobre; é a maior riqueza para o seguidor de Jesus.
    
    Meus irmãos e irmãs: a atitude do verdadeiro discípulo diante do Reino de Deus não pode ser outra do que a conversão, a mudança de orientação da própria vida, que acontece num clima de alegria.
 
   A parábola de Jesus destaca o valor da salvação que Deus nos oferece, e que devemos fazer tudo para a acolher. Mas lembra também que a salvação é um tesouro escondido, que não podemos descobrir, nem avaliar apenas por nós mesmos.  É preciso que Deus nos ilumine, desperte em nós a vontade de procurá-lo, e nos conceda o dom da fé, e ajude-nos a continuar procurando sempre.

PERMANECEMOS NA SANTA PAZ DE DEUS
-Adélio Francisco.

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18º DOMINGO DO TEMPO COMUM-C-JUNTAR TESOUROS NA TERRA-José Salviano


18º DOMINGO DO TEMPO COMUM-C
4 de Agosto de 2019

Evangelho Lc 12,13-21


-O JUNTAR TESOUROS NA TERRA- Lc 12,13-21 -José Salviano

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Eles também precisam ser salvos.


E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança.
Mas ele lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?
E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.
E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância;
E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos.
E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens;
E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga.
Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem ficará?
Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.



Lucas 12:13-20


Então aquele homem ambicioso trabalhou, e trabalhou, não fez outra coisa na vida além de acumular riquezas. Ele se especializou em fazer isso de tal forma, que foi considerado um campeão em gerar riquezas. Não se importou com a sua saúde, com a família, muito menos com o amor aos filhos, porque para ele tudo se reduzia a um grande comércio, e todas as relações entre as pessoas se resumia em um constante TOMA LÁ DÁ CÁ. Afeto, carinho, fraternidade, são coisas sem a menor importância. Religião, muito menos.  Só o respeito. O respeito, apenas. O respeito a Deus para ele, é uma coisa até importante. Porém, isso não devia atrapalhar de modo algum,  a sua corrida louca e insana pela busca de mais lucros e rendimentos.

Fábricas, lojas, navios, iates, muitos, muitos imóveis em sua cidade e também em outras, shoppings, empresas de transportes. Sua riqueza se multiplicou de forma assustadora, e, ao contrário do que se possa pensar, o seu sono não era uma pausa repousante, pois vivia aterrorizado com a possibilidade de estar sendo lesado pelos seus gerentes espalhados pelas suas múltiplas empresas.  Não era um homem tranquilo, sereno, muito menos feliz. Vivia atormentado por vários tipos de medo: Medo de ser sequestrado, ou de ter um filho nas mãos de bandidos exploradores exigindo resgate, medo de possíveis crises econômicas, medo de não poder contar com a confiança de seus empregados, mais o seu maior  medo era daqueles que poderiam lhe pedir doações, esmolas, e algum tipo de ajuda. Por isso, vivia praticamente isolado, nem se vestia tão bem quanto o podia, para não chamar a atenção, não gostava de festas, evitava todo tipo de desperdício, economizava em tudo na maior mesquinharia, só era gentil e "amoroso" com quem lhe poderia proporcionar algum tipo de lucro. Em suma, aquele homem, gênio, uma verdadeira máquina de acumular riquezas, não viveu a vida. Não desfrutou sua existência, nem mesmo quando era jovem.  Porque diversão significava desperdício de tempo e dinheiro, duas coisas que para ele eram inaceitáveis. 

            E PARA QUEM FICARÁ O QUE TU ACUMULASTE?

E assim, suas vistas se escureceram, e o final de sua vida chegou... Com os movimentos limitados pela artrose, pela artrite, vistas cansadas, surdez de um dos ouvidos, esclerose, mau humor, irritabilidade com todos, só uma coisa ele tinha em abundância: DINHEIRO! MUITO DINHEIRO. Aquele rico e pobre homem sempre acreditou que com dinheiro se podia comprar tudo. Por isso, durante toda a sua vida, ele não perdeu tempo com diversão. Só trabalhava, só acumulava.  Assim, depois de uma certa idade, ele acreditando  poder COMPRAR TUDO! Buscou  recuperar o tempo perdido nos vários anos de uma corrida louca em busca da riqueza! Mas, infelizmente,  isso não foi possível, constantemente ficava muito irritado quando era recusado quando fazia algumas de  suas propostas indecentes...
    
A essa altura os seus filhos, herdeiros naturais, não paravam de brigar pela divisão da herança. Cada um pretendia ficar com a mais rendosa parte, com a melhor fatia do grande bolo.  A divisão deveria ser igual para todos mesmo para um dos filhos que era um vagabundo e boêmio total.  Quanta fortuna, gerando tanta infelicidade entre um família que via a cada dia, o seu grande afortunado e velho pai,  indo embora aos poucos, e deixando tudo para aqueles que não trabalharam para acumular tanto valor...

Tomai cuidado contra todo tipo de ganância!  É o recado, o conselho, de Deus, que  Jesus nos trás no Evangelho de hoje. Pois foi exatamente por causa disso, por causa das consequências da usura exacerbada, que Jesus nos fez essa grande e tão importante advertência.  Riqueza, ao contrário do que pensam os pobres, nem sempre é motivo de tranquilidade, de paz e de felicidade.  E a pior coisa, é que a ganância quase sempre tira o ser humano do caminho da salvação eterna. "Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus.

 " Descansa, come, bebe, aproveita!' Mas Deus lhe disse: 'Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?"


A riqueza em sim não é má. Ela pode e deve ser usada para o progresso, é preciso que haja ricos que constroem  fábricas pois sem elas não existe crescimento da economia, nem  empregos para os pobres...  O problema do acúmulo da riqueza consiste no que ela pode fazer no psiquismo, ou na cabeça do dono dela. Aquele que levou sua vida toda acumulando riqueza de forma egoísta, e às custas da exploração dos menos favorecidos pela sorte, e nada aplicou dessa sua fortuna pelo bem da humanidade, muito menos para aliviar o sofrimento daqueles que vivem na miséria parcial e total, agiu como um loco, como disse Jesus: ": 'Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?"
 Ele acumulou uma fortuna somente para ele, mais não poderá desfrutar dela, e o principal motivo é que morrerá e deixará tudo aí para os outros. 

Porque a nossa vida não se resume em acumular riquezas. "A VIDA DE UM HOMEM NÃO CONSISTE NA ABUNDÂNCIA DE BENS."

Caríssimas e caríssimos.
Na  liturgia desse domingo Jesus nos convida a uma reflexão forte sobre a nossa atitude diante dos bens materiais. Porque eles, em geral, juntamente com e o dinheiro, em particular, não são maus em si, ou de  modo absoluto.  Eles podem ser usados para o bem. Jesus,  em uma outra passagem do Evangelho, nos aconselhou a fazer amigos com o dinheiro.
Nós fazemos amigos com nossos bens materiais ou espirituais, com os talentos que nos foram dados por Deus, como o dom de cantar, de escrever, de curar,  quando os colocamos não somente ao nosso serviço, não somente para ganhar dinheiro, mas também ao serviço da sociedade, em benefício do irmão carente, e daqueles que não foram favorecidos pela sorte como nós. Deus nos presenteia com algum tipo de talento exatamente para isso: Para que o usemos não somente em nosso benefício, mas também em benefício do irmão.
Aí, o dinheiro se torna motivo de libertação, de alegria e de vida para si e para os demais irmãos. Desse modo podemos nos  tornar até amigos dos pobres, e viveremos em paz com  Deus. Pois "toda vez em que destes uma esmola a um pobre, foi a mim que destes".

É impossível agradar a Deus sem agradar ou ajudar aquele que necessita, aquele que é nosso irmão e clama por uma ajuda. Ajuda essa que não nos custa muito ou quase nada. Pois tudo aquilo que sobra na nossa casa, na nossa vida, pode crer que está faltando na casa e na vida de alguns dos nossos irmãos em cristo. Portanto, não podemos contar com a amizade do Pai se não matamos a fome dos seus filhos, nossos irmãos necessitados que estão em nossa volta, já que Esse mesmo Pai nos proporcionou talentos suficientes para construir um verdadeiro império de bens materiais, que não deve ser usado somente em nosso benefício.

A Carta de São Paulo aos Colossenses nos dá uma receita ideal de como deveremos ser: Diz nos ele: "Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto...aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres." 
Irmãos. Até podemos aspirar o progresso pessoal, desde que não nos esqueçamos daqueles que do nosso lado vivem da miséria, na carência parcial ou total de bens indispensáveis a uma vida digna com qualidade.
" Portanto, fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria."

Podemos até cumular bens materiais, mas sem idolatrar o dinheiro e a tudo o que com ele podemos comprar. Usemos tudo como se não os estivéssemos usando. Ter um carro não é pecado nem luxo. Luxo é ter um super carro, e pecado é humilhar o irmão que não pode ter nem uma bicicleta.

"Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu Criador..."
É isso aí, meus irmãos. Mudemos as nossas atitudes em relação ao que possuímos, e sejamos pessoas novas. Homens novos e mulheres novas em relação à nossa mentalidade com relação aos bens materiais, e a nossa compaixão diante daqueles que sofrem.
Vai e faça o mesmo.

E tenha um bom e santo domingo.


José Salviano.