3º DOMINGO QUARESMA
Ano B
4 de Março de 2018
Evangelho - Jo 2,13-25
PRIMEIRA
LEITURA - Eu sou o Senhor teu Deus, e não terás outros deuses além de
mim. O mundo está cheio de deuses falsos, mentirosos, e até satânicos. O
dinheiro, o poder, o celular, o computador, a garrafa de vodca, cigarros de
folhas verdes e secas, o pó, a pedra no cachimbo improvisado, o carro possante,
a moto de 1500 cilindradas, a loira, a morena...
Na ânsia louca de substituir Deus, o ser humano comete as maiores
loucuras! Mas o que consegue é somente se matar em doses homeopáticas, ou
mesmo aceleradas. Muitos jovens já estão mais velhos que seus pais. O desgaste
causado pelas aventuras em busca de um delírio extasiante, acaba distorcendo a
realidade fora e dentro de si.
Por outro lado, os filhos da luz se desesperam em busca de soluções
imediatas e impacientes diante da lentidão com
que Deus olha por nós, tornam-se insensíveis e não enxergam a presença de Deus
agindo do seu jeito bem aqui no meio de nós. Os devotos rezam e rezam, e
aplicam ao Reino de Deus os seus cálculos mundanos exigindo soluções rápidas,
espetaculares e eficazes tudo isso de acordo com a ótica humana. E logo se
decepcionam por não conseguirem soluções prontas e imediatas, entendendo com
isso que Deus está dormindo ou coisa desse tipo, acham que o Pai se esqueceu de
nós, por Ele não apressar o ritmo da implantação do Reino definitivo e
sustentável para os seus filhos.
Ora, é importante entender ou lembrar que a construção do Reino de Deus acontece através da união da ação divina com a ação humana. Deus hoje age no mundo através de nós principalmente os seus escolhidos. Mas para que isso aconteça, é indispensável que façamos a nossa parte. O resto fica por conta de Deus.
Quando é que vamos nos conscientizar que o tempo e o agir de Deus é diferente do nosso?
Ora, é importante entender ou lembrar que a construção do Reino de Deus acontece através da união da ação divina com a ação humana. Deus hoje age no mundo através de nós principalmente os seus escolhidos. Mas para que isso aconteça, é indispensável que façamos a nossa parte. O resto fica por conta de Deus.
Quando é que vamos nos conscientizar que o tempo e o agir de Deus é diferente do nosso?
SEGUNDA LEITURA - Enquanto uns pedem soluções ou
sinais milagrosos para a triste realidade a que estamos vivendo, outros
apelam para a sabedoria. Seja uma solução científica, uma solução da biomédica,
ou mesmo da sabedoria de Deus para que possamos restabelecer o equilíbrio das
forças sociais e diabólicas que agem e interagem na dinâmica de uma sociedade
decadente: A maconha está sendo liberada, o adultério não é mais crime em
alguns países, o menor pode matar, o desvio do dinheiro público não tem
punição, entre outras liberalidades da conduta sexual, as quais nem é bom a
gente especificar pois pode-se ser enquadrado como discriminação...
E
nós, que somos aqueles que muitos olham esperando que façamos alguma coisa que
realmente promova uma solução calma, porém firme e verdadeira diante de todo
esse caos, o que nós estamos fazendo? Estamos pregando um Cristo crucificado?
Ou estamos anunciando um Cristo ressuscitado, que está no meio de nós? É
preciso reavaliar os nossos sermões. Será que ficamos enrolando com palavras
ingênuas e repetitivas, trocando o cérebro pelo coração? Ora, o coração é
uma bomba. Ele não pensa, não sente emoções e nem muito menos peca. Tudo isso acontece
no cérebro e pode afetar tragicamente a nossa alma. O fato do nosso coração
bater forte quando estamos emocionados, não significa que as emoções acontecem
no coração.
Portanto, dizer que vamos pedir o perdão pelos
pecados do nosso coração, é pura ingenuidade e uma demonstração de falta de
estudo. Assim como dizer que vamos guardar o amor de Deus, ou os seus
ensinamentos no coração, em vez de dizer na memória, ou no cérebro...
A
nossa catequese precisa ser otimista, mas não de um otimismo ingênuo,
sentimental, portanto, sem efeito positivo para o mundo de hoje.
Enquanto ficarmos anunciando um Jesus morto estamos correndo parados. Ao
contrário, se em vez disso mostrarmos à sociedade um Jesus vivo e atuante no
mundo através dos seus escolhidos, estamos avançando para a construção do
Reino, para a construção de um mundo melhor, ou pelo menos, um mundo menos
violento e menos corrupto e injusto.
Que o nosso Deus forte, sensato, sábio, imortal e presente entre nós nos
oriente em como falar dele de modo mais efetivo, de uma forma que
contribua para a conversão definitiva do nosso irmão, da nossa irmã. Amém!
EVANGELHO
No
Evangelho deste domingo, deparamos com um Jesus indignado, irado (cheio de
energia), revoltado de ver a Casa de seu Pai que foi feita para a oração
e a busca de Deus, estar sendo usada para o comércio.
Jesus disse que destruiria aquele templo e o reconstruiria em três dias, mas
ninguém entendeu nada, nem mesmo os discípulos. Estes só entenderam depois de
sua ressurreição. Pois Jesus estava se referindo ao seu corpo, que passou a ser
um novo templo de encontro com o Pai. Pois só por meio dele chegaremos a Deus.
Os
vendilhões do templo transformaram a sua casa em uma casa de comércio. Aliás,
podemos considerar o Templo de Jerusalém, como o primeiro grande shopping do
mundo. Isto por causa dos líderes judaicos o ter transformado em um grande
centro de lucro e de exploração dos peregrinos tantos estrangeiros como locais,
e principalmente dos humildes e fracos.
Podemos citar como exemplo, o sacrifício feito pela
queima dos animais para o perdão dos pecados. Animais esses, que eram comprados
das fazendas dos saduceus.
E essa prática de fé não agradava nem um pouco a
Jesus, o qual disse: “Eu quero caridade e
não sacrifício”.
Existem muitas religiões hoje nas quais se fala
muito pouco do Evangelho e fala muito sobre dinheiro. Dizem que Deus nos quer
ricos, pedem dinheiro a todo instante aos que ali vão em busca de curas
mirabolantes, os quais voltam frustrados para suas casas. Nessas supostas
igrejas, a pastoral do dízimo é a mais importante. Eles amedrontam os
"fiéis" ou clientes, dizendo que para se salvar é necessário dar mais
dinheiro a Deus, ou seja, a eles.
Isso é um absurdo! A religião não pode ser usada como meio de ganhar dinheiro,
como faziam os doutores da lei e todos os demais membros da elite judaica. Não
podemos explorar a ingenuidade dos humildes de baixa renda, e sob ameaças de
condenação eterna, tirar o seu pobre dinheirinho. E pensar que tem muita gente
fazendo isso ainda hoje! E tudo isso é feito em nome de Jesus. Os judeus
apresentavam um deus que exigia a contribuição do pobre, e era tolerante com os
abusos e injustiças dos ricos. Hoje também, essas tais religiões que pregam a
prosperidade econômica, apresentam uma imagem distorcida de Deus. Eles
inventaram um deus que quer que sejamos ricos. Um deus que exige o seu depósito
nas contas bancárias daqueles que se auto-nomeiam “bispos”, e pastores.
Caríssimos. Catequista que pede dinheiro não é catequista, mas sim, esperto, e
ambicioso comerciante. Pois a graça de Deus não se vende. "De graça
recebestes, de graça devereis dar". O verdadeiro catequista está
interessado em mudar o mundo para melhor, através da conversão do seu irmão, e
não em ficar rico. Porém, o sustendo do padre é de inteira responsabilidade
nossa. E assim, se a catequese for eficiente, nós estaremos conscientes dessa
responsabilidade. E nem precisa pedir dinheiro para um cristão que está ciente
do seu dever. Ele vai colaborar automaticamente, naturalmente.
Ninguém imaginava que o dócil Jesus fosse um dia se indignar contra uma
situação de injustiça, ao ponto de derrubar as mesas dos cambistas no
camelódromo do Templo. Mas com aquele gesto, O Filho de Deus quer nos mostrar
que o cristão não é aquele cara bonzinho, ou bobinho, que deixa todos pisar
nele.
Santidade
não é bem isso. Santidade também é indignar-se com as injustiças, com a
corrupção, com os salários injustos, com a pedofilia, com o roubo do dinheiro
público, com o Estatuto do Menor, e com toda impunidade que gera violência
gratuita. Se você é um desses revoltados contra o abuso dos fora do Plano de
Deus, não se sinta culpado, mas pelo contrário. Sinta-se um imitador de Cristo.
Vai
lá. Jesus te ama e te chama para corrigir o irmão que vive errado. Pois se você
não repreender o erro do seu irmão, passará a fazer parte do erro dele. É
como acolher em sua casa um fugitivo da lei. Fazendo isso, você se tornará um
cumplice do seu delito.
Bom domingo, José Salviano.
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