DOMINGO 19 de Outubro
- Evangelho - Mt 22,15-21
Donde
vinha o batismo de João?
Este
Evangelho começa com uma pergunta dos dirigentes judeus a Jesus: “Com que
autoridade fazes estas coisas?” Eles se referiam aos dois fatos narrados logo
antes no Evangelho: a expulsão dos vendilhões do Templo e a entrada triunfal
dele em Jerusalém. Referiam-se também ao fato de Jesus estar ensinando no
Templo.
Jesus
usou de uma astúcia, e respondeu: “Também eu vou fazer uma pergunta. Se vós me
responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. Donde
vinha o batismo de João? Do céu ou dos homens?” Eles ficaram em dificuldade,
porque, se respondessem “Do céu”, Jesus podia colocá-los na parede, dizendo:
“Por que então não acreditastes nele?” Se dissessem: “Dos homens”, tinham medo
do povo, pois todos tinham João Batista na conta de profeta. Disseram então:
“Não sabemos”. Em resposta, Jesus disse: “Eu também não vos direi com que
autoridade faço estas coisas”.
Jesus
usou várias outras vezes de astúcias semelhantes. Por exemplo, quando um grupo
formado por fariseus e saduceus quiseram colocar Jesus em dificuldade
perguntando se era ou não lícito pagar o imposto a César. Como na moeda havia a
imagem de César, Jesus respondeu: “Daí a César o que é de César e a Deus o que
é de Deus” (Mt 22,15-21). Na parábola do administrador infiel o administrador
usa também de astúcia, para sobreviver (Lc 16,1-8).
Também
S. Paulo fez algo semelhante em Jerusalém, para se livrar da prisão: “Sabendo
que uma parte do tribunal era composta de saduceus e a outra, fariseus, Paulo
exclamou bem alto: Irmãos, eu sou fariseu e filho de fariseus. Estou sendo
julgado por causa da nossa esperança na ressurreição dos mortos. Apenas falou
isso, armou-se um conflito entre fariseus e saduceus, a assembléia ficou
dividida...” (At 23,6-7) e por isso o processo de condenação de Paulo foi
encerrado.
Nós
precisamos usar de muita sagacidade para conseguir cumprir a nossa missão de
cristãos e de construtores do Reino de Deus. Deus nos capacitou para isso,
dando-nos muitos dons, talentos e carismas. E o próprio Espírito Santo, que é a
inteligência em pessoa, está conosco para nos inspirar e ajudar. Temos,
portanto, condições de sobra para dominar a terra, cumprindo a ordem de Deus
nas primeiras páginas da Bíblia.
Aqueles
sacerdotes e anciãos, que perguntaram a Jesus com que autoridade ele agia, eram
encarregados de manter a fé autêntica. Mas na verdade não se preocupavam com a
fé, e sim em defender seus interesses. Isso foi demonstrado pela atitude deles,
provocada por Jesus. A armadilha que fizeram para Jesus virou-se contra eles.
As
pregações de João Batista tinham sido o acontecimento religioso mais importante
dos últimos anos. Naturalmente, os sacerdotes deviam pronunciar-se a respeito
de João. Se não o faziam, tampouco tinham moral para exigir que Jesus explique
com que autoridade agia.
Além
do mais, João já havia testemunhado para eles a respeito de Jesus: “No meio de
vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim. Eu não mereço
desamarrar a correia de suas sandálias” (Jo 1,26-27).
O
próprio Jesus foi batizado por João (Mt 3,13-17), referendando o batismo de
conversão que João realizava.
Tanto
João Batista como Jesus não eram “profetas de ocasião”, que falam aquilo que os
grandes querem ouvir. Por isso foram recusados pelas elites.
Havia,
certa vez, um jardineiro que trabalhava como diarista em várias residências de
um bairro classe alta, cuidando dos jardins das residências.
Um
dia, um especialista em marketing de uma grande empresa contratou esse
jardineiro para cuidar do jardim de sua casa.
Quando
o jardineiro terminou o serviço, pediu ao executivo a permissão para utilizar o
telefone, o que foi prontamente permitido. Contudo, o executivo não pôde deixar
de ouvir a conversa. O rapaz havia ligado para uma senhora, com a qual teve o
seguinte dialogo:
-
A senhora está precisando de um jardineiro?
-
Não. Eu já tenho um.
-
Mas, além de aparar, eu também tiro o lixo.
-
Isso o meu jardineiro também faz.
-
Eu limpo e lubrifico todas as ferramentas no final do serviço.
-
Mas o meu jardineiro também o faz.
-
Eu faço a programação de atendimento o mais rápido possível.
-
Não, o meu jardineiro também me atende prontamente.
-
O meu preço é um dos melhores.
-
Não, muito obrigada! O preço do meu jardineiro também é muito bom.
Assim
que o moço desligou o telefone, o executivo lhe disse: “Meu rapaz, você perdeu
um cliente”. Ele respondeu: “Não. Eu sou o jardineiro dela. Eu apenas estava
medindo o quanto ela estava satisfeita”.
No
advento, nós celebramos a espera do nascimento de Jesus. É uma espera ativa,
isto é, não o esperamos de braços cruzados. Quando vamos receber uma visita,
costumamos preparar a nossa casa. Vamos aproveitar estes poucos dias que faltam
para nos preparar, e nos preparar bem. Nós pedimos à Rainha dos Profetas que
nos ajude a acolher bem os verdadeiros profetas de Deus, e a exercer a nossa
vocação profética, usando para isso todos os nossos talentos e muita
sagacidade.
Donde
vinha o batismo de João?
Padre
Queiroz
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