SEGUNDA FEIRA DA 27ª SEMANA DO TC 06/10/2014
1ª Leitura Gálatas 1, 6-12
Salmo 110 ( 111) , 5b “Será lembrada eternamente a sua aliança ó
Senhor”
EvangelhoLucas 10, 25-37
Esse Doutor da Lei tinha uma régua de referência, que julgava
perfeita e completa, e não estava a fim de mudá-la, o evangelista frisa bem que
a pergunta era para por Jesus á prova, isso é, ele queria saber se Jesus tinha
algo de novo que fosse mais relevante e perfeito do que a lei, seu coração
estava fechado para a Boa Nova, pois sabia que nada estava acima da lei.
Para sua surpresa Jesus cita a Lei, que para ele era sagrada, onde
está explícito o amor a Deus em primeiro lugar, e o segundo que é semelhante ao
próximo. Tem-se as impressão de que a partir daí o Doutor da Lei foi mais
sincero, pois a sua pergunta procedia. A Lei determinava amar ao próximo, a
quem está mais perto, esposa, esposo, filhos, parentes. Parece que isso deixava
o coração daquele Doutor da Lei um tanto inquieto, talvez ele quisesse amar um
pouco mais, a outras pessoas fora desse círculo seleto. Mas quem?
Presume-se que Jesus também começou a gostar da conversa, e não vai
só responder quem é o próximo, mas sim no principal “O que é amar o próximo”.
Amar o próximo que nem sempre nos retribui, que não é digno do nosso amor, que
não vai muito com a nossa cara, que não comunga da nossa mesma ideologia, que
não é da nossa igreja ou do nosso grupo, o próximo que pensa totalmente
diferente de nós, do próximo que parece desejar o nosso mal....Dom próximo que
parece ser arrogante e metido, que não olha na nossa cara....Esse mesmo!
E então vem essa parábola revolucionária para um Judeu, poderíamos
até dizer, Provocante. Percebam como o quadro se inverte, agora é Jesus que
provoca o Doutor da Lei. Um Sacerdote e um Levita são referências sagradas para
todo judeu, são pessoas selecionadas pela Lei, mediadores entre o Sagrado e o Humano,
e que pelas funções sagradas que desempenhavam no templo, estavam mais próximas
de Deus do que o resto da comunidade. Já o Samaritano...pessoa desprezível, de
outra religião, contrária a Religião da Aliança, que dos Judeus só tinha o
desprezo e o escárnio, a ponto do judeu mudar o seu caminho e direção, caso
estivesse para cruzar com o Samaritano.
E foi esse Samaritano, odiado de coração por todo Judeu piedoso,
que Jesus coloca como “mocinho” da parábola, o texto frisa muito bem que o
Samaritano, diante do homem gravemente ferido, vítima de assaltantes cruéis
(naquele tempo já tinha) estava ali á beira do caminho, e ele ao passar Viu-o e
moveu-se de compaixão...Ver o outro e não permanecer indiferente á sua dor, ao
seu sofrimento, não passar “batido” pelas pessoas da família ou da comunidade,
ou seja lá quem for..... Compaixão significa sofrer junto, gemer junto, chorar
junto, sentir as mesmas dores junto. Quando se sente compaixão do outro, a
gente supera qualquer barreira, seja ela de ordem social, moral ou até mesmo
religiosa, a gente vai além dos limites estabelecidos. Isso é amor ao próximo.
O próprio Doutor da Lei, agora convencido de que Jesus tinha
realmente algo novo a ensinar, se convence disso quando o Senhor lhe pergunta
“Qual desses foi o próximo daquele homem?”.
Prestemos atenção na resposta do Doutor da Lei, ainda marcada pelo
preconceito, não disse “Foi o Samaritano...”, mas pelo menos reconhece nessa
ação uma virtude “Aquele que usou de misericórdia para com ele”.
E Jesus, percebendo que o Doutor da Lei estava mais manso e mais
aberto á sua Palavra, ordenou “Vai, e faze tu o mesmo”.Não se sabe se o Doutor
da Lei cumpriu essa ordem, mas com certeza, em Jesus ele viu a beleza da Lei de
Deus, que tem n o centro o amor sem limites, que ama quando vê as necessidades
do próximo. (Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora Consolata –
Votorantim SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)
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