DIA 21 TERÇA -Mc 2,23-28
O Evangelho de hoje traz algo que nós
evitamos aprofundar sobre o assunto: Jesus transgrediu alguma regra? Pois é,
Ele se colocou acima da tradicional regra de que o sábado é o dia do descanso.
E isso é um fato que precisamos aprofundar hoje… Será que estamos seguindo
alguma regra que nos impede de seguir a maior de todas as regras? A tradicional regra do sábado impunha
que ninguém deveria trabalhar neste dia, já que foi o dia escolhido por Deus,
desde a criação do mundo, para o descanso. Os judeus levavam isso tão à sério
que foram criando regras cada vez mais rígidas para o sábado. Eles instituíram
uma distância máxima que era permitido caminhar, proibiram o uso de sandálias
que precisassem amarrar as correias, e nem os curandeiros podiam trabalhar, a
não ser em caso de risco de morte.
O sábado foi instituído e oferecido ao
homem como algo muito precioso, como um bem, um favor divino. Figueiredo
traduz: “O sábado foi feito em contemplação do homem”. O sentido evidente é que
o sábado foi instituído para o bem estar físico, moral e espiritual das
criaturas humanas. O sábado é assim uma instituição a favor do homem, em seu
benefício, uma bênção grandiosa. Só uma perversa distorção do texto poderia
levar à conclusão de que o sábado deva ser considerado contrário ao homem.
Deus não criou o homem porque Ele
tivesse um sábado necessitando ser guardado por alguém. Ao contrário, criara
primeiro homem , e depois o sábado para atender-lhe às necessidades de repouso
e recreação espiritual. Assim o sábado lhe seria uma bênção e não uma carga. O
farisaísmo dos dias de Cristo obscurecera o verdadeiro caráter do sábado. Os
rabinos o acumularam de exigências esdrúxulas que o tornaram um fardo quase
insuportável. A atitude de Cristo para com o sábado foi a de escoima-lo desses
acréscimos, devolvendo-o à prístina pureza. A atitude de Cristo para com Seu
santo dia foi de reverência e não de desprezo.
As regras foram ficando tão
estapafúrdias que deixaram de lado a razão e o bom senso. Jesus chegou para
abalar essas regras que desvirtuavam o sentido original do dia de descanso. “O
sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.” Com essa frase Ele
resume o que a nova lei, que Ele veio instituir, pensa a respeito do “dia de
descanso”. O sábado não está acima do nosso dever maior que consiste em fazer o
bem às pessoas da mesma forma que nós gostaríamos que elas nos fizessem bem. E
nessa frase você pode trocar o “fazer o bem” por amar, perdoar, acolher,
ajudar, compreender, sorrir, entender, porque essas são as atitudes de quem na
verdade imita e segue o Mestre do Amor que Jesus. Pois se vos amardes uns aos
outros o mundo vos reconhecerá que sois meus discípulos. E São João nos diz que
Deus é amor, quem ama permanece em Deus.
Pensemos então nas regras que aprendemos
a seguir sem pensar, e lembremo-nos que nenhuma delas está acima da maior de
todas: a Regra do Amor. E o amor não tem dia nem hora. Todos os dias e horas
são propícios para a prática do amor. Não podemos ter alguma dívida contra o
próximo a não ser a dívida do amor.
Portanto, o amor é o caminho que abre a
prática da liberdade em relação às restrições legais religiosas que ofusca a
vida do povo. Ele é o caminho da vida, na contramão da ordem do poder opressor
e desumano.
Como cristãos somos chamados a abrir
caminhos que para, pelo e por amor rompam as cercas levantadas pelo sistema do
poder, que gera ódio, vingança, injustiças, fome e morte de todos os homens e
mulheres. E nesta luta não temos dia nem horas. O nosso Guia nos disse: Meu Pai
trabalha todos os dias e eu também trabalho. Assim, sendo, não temos que
procurar descanso, a não saber que fazemos a santa vontade de Deus.
Senhor Jesus ensinai-me a ser generoso,
a servir-Vos como Vós o mereceis. A dar-me sem medias, a combater se cuidar das
feridas. A trabalhar sem procurar descanso. A gastar-me sem esperar outra
recompensa. Senão saber que faço a vossa vontade santa. Amén!
Amém!!Que o Senhor nos abençoe e nos conduza!!
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