QUARTA FEIRA DA IX SEMANA DO TC 05/06/2013
1ª Leitura Tobias 3,1-11ª.16.
Salmo 24(25),1 “Para vós, Senhor, elevo a minha alma”
Evangelho Marcos 12, 18-27
Tenho
um amigo que o pai morreu de Alzheimer e cuja preocupação é que no dia em que
ele também morrer e for encontrar-se com o pai na Vida Eterna, este não o
reconheça. Outro colega de serviço quis saber, em certa ocasião em que
falávamos sobre o assunto, se ele na Vida Eterna irá se reencontrar com o
cachorrinho de estimação que perdeu vítima de uma doença.
Um
outro disse em tom de brincadeira que não quer se encontrar com a sua sogra na
Eternidade, e se registrarmos todas as conversas e opiniões sobre o assunto,
facilmente percebemos que a maioria confunde ressurreição com ressuscitação,
que são coisas bem distintas. Queremos todos chegar na Vida Eterna e dar
continuidade a tudo que somos e fizemos nesta vida, com as mesmas emoções e
sentimentos, com o mesmo modo de se relacionar com as pessoas.
Os
Saduceus, um grupo que não acreditava na ressurreição, resolveu contar uma
piadinha para Jesus, sim, uma historinha dessa só pode ser uma piada, é o caso
de uma super mulher, que teve sete maridos e todos “bateram a cacholeta”, e por
fim um belo dia a viúva por sete vezes também morreu, essa realmente descansou....Só
que na cabeça dos Saduceus espirituosos, a história continuou, agora a coitada
chega no Céu e dá de cara com os sete que a esperavam, e no final veio a
perguntinha descabida : “De quem ela terá que ser esposa?” Pronto ! Está feito
a “misturança”, uma realidade terrestre com uma realidade ultra-terrestre,
alguém aí já imaginou se fosse assim, levar conosco para a Vida Eterna os
problemas mal resolvidos ou a resolver aqui nesta terra, para dar continuidade
a historia? Podem ter a certeza de que não valeria a pena ressuscitar. Um pouco
pior é o pensamento reencarnacionista onde a gente sobe e desce, vai e volta ,
até terminar o processo de purificação total, pagando todas as nossas
faltas. Ressurreição não é nada disso! Como é que podemos afirmar isso? Na
ressurreição de Jesus e nas suas aparições na comunidade. É um processo de
continuidade, Jesus é o mesmo, nós seremos os mesmos, a pessoa que construímos
com nossas ações boas ou más, porém, de um outro jeito, Jesus Ressuscitado é o
Jesus crucificado, mas de um outro jeito, o mesmo irá acontecer com todos nós,
seremos os mesmos, mas de um outro jeito.
Por
não termos a união hipostática das duas naturezas como Jesus, só seremos
revelados o que de fato somos, após a consumação dos séculos, quando a história
chegar ao seu final e o Reino atingir a sua plenitude, sempre lembrando que a
nossa Vida se dá no tempo e espaço, enquanto que Deus é Eterno, não tem passado
nem futuro, e portanto a nossa morte biológica nos permite mergulharmos no
infinito de Deus. Não estaremos mais sujeitos ao tempo ou ao espaço, não
teremos mais nenhuma necessidade de qualquer ordem, seja ela corporal, afetiva
ou espiritual, por isso as relações de afetividade não terão mais razão de ser.
Em Deus estaremos completos e perfeitos. O Amor que nos ama nos transformará, e
nós também seremos Amor, e viveremos eternamente nesse Amor.
- Diac. José da Cruz
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