15 Abril
2021
2ª Semana - Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: Actos 5, 27-33
Naqueles dias, os guardas trouxeram os
apóstolos e levaram-nos à presença do Sinédrio. O Sumo-sacerdote,
interrogando-os, 28disse: «Proibimo-vos formalmente de ensinardes nesse nome,
mas vós enchestes Jerusalém com a vossa doutrina e quereis fazer recair sobre
nós o sangue desse homem.» 29Mas Pedro e os Apóstolos responderam: «Importa
mais obedecer a Deus do que aos homens. 30O Deus dos nossos pais ressuscitou
Jesus, a quem matastes, suspendendo-o num madeiro. 31Foi a Ele que Deus elevou,
com a sua direita, como Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o
arrependimento e a remissão dos pecados. 32E nós somos testemunhas destas
coisas, juntamente com o Espírito Santo, que Deus tem concedido àqueles que lhe
obedecem.» 33Enraivecidos com tal linguagem, pensaram a sério em matá-los.
Os apóstolos estavam presos às ordens do
Sumo-sacerdote, incitado pela aristocracia sacerdotal, onde se destacavam os
saduceus. Competia ao Sinédrio julgá- los. O Sumo-sacerdote acusava os
apóstolos de dois crimes: desobediência às ordens que lhes foram dadas, uma vez
que continuavam a ensinar «em nome de Jesus», e difamação, uma vez que acusavam
os chefes do povo de serem os responsáveis pela morte de Jesus.
Pedro responde com um breve discurso. Reafirma o dever de obedecer antes a Deus
que aos homens, porque só quem se submete a Deus recebe o Espírito Santo.
Depois, centra-se no essencial do Kerygma cristão: a morte e a ressurreição de
Jesus. E fá-lo contrapondo o que fizeram os chefes dos judeus e o que fez Deus:
«vós matastes» Jesus; «Deus ressuscitou» Jesus (cf. vv. 30-31). É um esquema
habitual no livro dos Actos. Pela ressurreição, Deus constituiu «esse homem,
Príncipe e Salvador» (v. 31). Jesus é «Príncipe» porque é o novo Moisés, que
guia o povo para a libertação e salvação; é «Salvador» porque, pela sua morte,
nos alcançou o arrependimento e a remissão dos pecados.
A defesa de Pedro, e dos outros apóstolos, termina apresentando-se, a si e a
eles, como testemunhas oculares do Evangelho que pregam. E o seu testemunho é
garantido pelo Espírito Santo. Isto deixa enraivecidos os judeus, que pensam
matar os apóstolos, tal como tinham feito com Jesus.
Evangelho: João 3, 31-36
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos:
31Aquele que vem do Alto está acima de tudo. Quem é da terra à terra pertence e
fala da terra. Aquele que vem do Céu está acima de tudo 32e dá testemunho
daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. 33Quem aceita o
seu testemunho reconhece que Deus é verdadeiro;
34pois aquele que Deus enviou transmite as palavras de Deus, porque dá o
Espírito sem medida. 35O Pai ama o Filho e tudo põe na sua mão. 36Quem crê no
Filho tem a vida eterna; quem se nega a crer no Filho não verá a vida, mas
sobre ele pesa a ira de Deus.
Na conclusão do capítulo terceiro do seu evangelho,
João recolhe sucessivas palavras de Jesus caras à comunidade joânica. O
evangelista utiliza categorias espaciais como «do Alto», «da terra», para nos
apresentar Jesus como único revelador do Pai e a sua importância para a vida do
homem. A insistência em descobrir a origem e a natureza do Revelador tem uma
intenção existencial clara. Nenhuma palavra que proceda «da terra», por
autorizada que seja, pode comparar- se com as palavras do Revelador, que vem
«do Alto», que está acima de todos. Por isso, todo o discípulo é chamado a
verificar a sua relação com Jesus e o modo como escuta a sua palavra. Cristo
vem «do Alto», pertence ao mundo divino e é superior a qualquer homem. O homem,
ainda que seja um grande profeta, como João Baptista, «vem da terra» e
permanece um ser terreno e limitado. É verdade que alguns ainda se recusam a
crer. Mas há um «resto», que vive de fé, e são os crentes que manifestam «que
Deus é verdadeiro». A sua fé confirma que o agir de Cristo está em comunhão com
o agir do Pai.
Finalmente, Cristo não é só o Revelador da Palavra de Deus, mas é a própria
Palavra, é «espírito e vida» (Jo 6, 63). É, não só Aquele que tudo recebe do
Pai, mas também Aquele que transmite tudo quanto possui, especialmente o seu
Espírito Santo.
Meditatio
O texto evangélico que hoje escutamos
revela-nos a plenitude de graça que recebemos do Ressuscitado. Ele é para nós
revelação do imenso amor com que Deus nos ama. Esse imenso amor, com todos os
dons que compreende, é derramado em nós no baptismo. A vida cristã consiste em
viver, cada vez em maior plenitude, a riqueza que recebemos ao ser baptizados:
a graça santificante e justificante, que nos torna capazes de crer em Deus,
esperar n´Ele e de O amar, pelas virtudes teologais; o poder de vivermos e
agirmos sob a moção do Espírito Santo e os seus dons; a capacidade de crescer
no bem, pelas virtudes morais. O nosso primeiro esforço há-de ser tomar
consciência de todos esses dons do amor de Deus, e não tentar conquistá- los.
São-nos oferecidos gratuitamente no baptismo.
A nossa vida há-de ser permeada de gratidão para com Deus, tão generoso para
connosco. Ter a certeza desse amor é atitude fundamental na vida cristã. Se, na
vida natural, quase tudo se alcança à custa de esforço e lentamente, na vida da
graça tudo nos é dado. Há apenas que acolher e viver os dons que Deus
gratuitamente nos oferece.
A primeira leitura fala-nos de um dom de que hoje se fala pouco e de que os
cristãos nem sempre têm suficiente consciência: a remissão dos pecados. Mas,
quem tem o sentido de Deus, quem adverte a importância decisiva de estar em
comunhão com Ele, quem sente por experiência própria a tragédia de estar longe
d´Ele, quem toma a sério que o definitivamente válido é a comunhão com Deus,
sabe que a remissão dos pecados é algo decisivo na nossa vida. Todos somos
pecadores. Todos precisamos de perdão. Jesus remiu-nos do pecado, isto é,
restabeleceu a comunhão filial, amiga, pacificadora com Deus. É o princípio de
todos os bens messiânicos. Sem esse fundamento, nada se pode construir. Longe
de Deus, sentimo-nos afastados da nossa origem e do nosso fim. É por isso que
S. Pedro anuncia o Senhor ressuscitado como Aquele que restabelece a amizade
entre o angustiado coração humano e o ardente coração de Deus Pai.
O grande obstáculo ao acolhimento do amor gratuito de Deus é o pecado. "O
Padre Dehon é muito sensível ao pecado... conhece os males da
sociedade..." e "reconhece na recusa do amor de Cristo a causa mais
profunda desta miséria humana", afirmam as nossas Constituições (cf. n.
4). Também nós, Oblatos- Sacerdotes do Coração de Jesus, tal como o Pe. Dehon,
devemos estar
"comprometidos... para reparar o pecado e
a falta de amor na Igreja e no mundo (Cst 7; Cf. n. 79), isto é, o não
acolhimento do amor de Deus e a falta de correspondência a esse amor,
oferecendo-nos ao Pai "em solidariedade" com Cristo... como uma
oblação viva, santa e agradável (cf. Rom 12, 1)... em sacrifício de suave odor
(Ef 5, 2)" (n. 22).
Oratio
Obrigado, Senhor, por todos os teus dons.
Obrigado pela remissão dos meus pecados. Facilmente esqueço que fui perdoado
por ti, não só uma, mas muitas vezes. Facilmente esqueço a alegria que me traz
o teu perdão, a alegria que me traz sentir- me reconciliado Contigo.
Ensina-me a falar da salvação como perdão dos pecados e comunhão Contigo.
Que jamais esqueça o teu amor benevolente e misericordioso quando, a tremer por
causa das minhas culpas, me apresento diante de Ti. Mostra-me, então, o teu
rosto benigno de salvador e infunde em mim o teu Espírito para remissão dos
pecados. Unido a Ti, meu divino Salvador, quero ser arauto do teu amor diante
de todos os meus irmãos e irmãs, para que também eles acolham o dom da remissão
dos pecados, que a todos ofereces. Amen.
Contemplatio
Comentando a palavra do Salvador, S. Pedro
diz-nos: «Sede submissos, por amor de Deus, a toda a instituição humana, seja
ao rei como soberano; seja aos governadores, como enviados por ele, para punir
os maus e para recompensar os bons... Porque tal é a vontade de Deus, que,
fazendo o bem, fechais a boca dos insensatos e dos ignorantes. Sois livres, mas
como servos de Deus, e não para vos cobrirdes da liberdade como de um véu que
favorece a licenciosidade.
Honrai a todos: amai os vossos irmãos, temei a Deus, respeitai o rei. Servos,
sede submissos aos vossos senhores com todo o temor, não somente àqueles que
são bons e doces, mas ainda àqueles que são impertinentes. Porque é uma glória
suportar mágoas e sofrer injustamente por motivo de consciência para com Deus.
Que glória há, de facto, em suportar os castigos que mereceis pelas vossas
faltas?
Mas se tendes de sofrer quando fizestes o bem, e o suportastes com paciência,
eis o que é grande diante de Deus» (1Pd 2, 13).
S. Paulo também diz a Tito: «Adverti os irmãos para que sejam submissos aos
príncipes e aos poderosos, que obedeçam à sua palavra, que estejam prontos para
todas as boas obras».
Mas assim como devemos deferência e submissão à autoridade legítima, quando
actua dentro dos limites das suas atribuições, do mesmo modo devemos
mostrar-nos firmes na nossa resistência, quando ela se vira contra Deus e pisa
aos pés os direitos da consciência.
Aos seus juízes que lhes proibiam de falarem no futuro no nome de Jesus, Pedro
e João responderam: «Pronunciai vós mesmos, e dizei, perante Deus, se é justo
obedecer-vos antes que a Deus. Não podemos calar o que vimos e escutámos».
– E chamados a juízo uma segunda vez, dizem ainda: «É a Deus que é preciso
obedecer antes que aos homens» (Act 4-5). S. Paulo adverte-nos também para que
conservemos a nossa dignidade de cidadãos e para fazermos respeitar os nossos
direitos: «Sou cidadão romano, diz, e apelo a César» (Act 22) (Leão Dehon, OSP
4, p. 78s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Qj.Jem crê no Filho tem a vida eterna>> (Jo 3, 36 ).
DEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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