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Dezembro 2019
Tempo do Natal - 6º dia da Oitava do Natal
Lectio
Primeira leitura: 1 João 2, 12-17
12*Eu vo-lo escrevo, filhinhos: Os vossos
pecados estão-vos perdoados pelo nome de Jesus. 13*Eu vo-lo escrevo, pais: Vós
conheceis aquele que existe desde o princípio. Eu vo-lo escrevo, jovens: Vós
vencestes o maligno. 14Eu vo-lo escrevi, filhinhos: Vós conhecestes o Pai. Eu
vo-lo escrevi, pais: vós conheceis aquele que existe desde o princípio. Eu
vo-lo escrevi, jovens: Vós sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e
vós vencestes o Maligno. 15*Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém
ama o mundo, o amor do Pai não está nele. 16*Pois tudo o que há no mundo ..a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e o estilo de vida
orgulhoso . não vem do Pai, mas sim do mundo. 17*Ora, o mundo passa e também as
suas concupiscências mas quem faz a vontade de Deus permanece para sempre.
João dirige-se afectuosamente à comunidade
cristã para que seja coerente com o projecto de salvação e com as opções que
fez em relação a Deus e ao mundo. Assim poderá manifestar o seu amor para com
Deus.
Escrevendo aos filhos, exorta-os a reflectir
sobre a situação actual de salvação em que vivem, pois obtiveram o perdão dos
pecados (v. 12) e conheceram o Pai (v. 14ª). Escrevendo aos pais, recorda-lhes
que conheceram Jesus, «aquele que existe desde o princípio» (v. 13), por meio
da Palavra, pelo que se exige deles uma fé madura que não os deixe ser
seduzidos pelo mundo. Aos jovens recorda que aderiram a Jesus e venceram o mal
(v. 13), e que a sua fortaleza espiritual, reforçada pela palavra de Deus, os
exclui de compromissos com as fáceis atracções do mundo (v. 14).
Este projecto de vida espiritual resume-se
numa vida separada da lógica do mundo, entendido como reino do mal que se opõe
a Deus. Deus e mundo são duas realidades opostas. João menciona alguns aspectos
que pertencem à transitoriedade do mundo, inimigo de Deus: «a concupiscência da
carne», isto é, as tendências más que existem no homem decaído e inclinado ao
pecado; «a concupiscência dos olhos», isto é, a cobiça que pode entrar pelos
olhos, tal como a avidez pelos bens terrenos; «o estilo de vida orgulhoso»,
isto é, o orgulho fundado na concepção materialista da vida.
A separação do mundo tem, para os cristãos,
uma razão de ser: vivem no mundo, mas sabem que, enquanto o mundo passa, Deus
permanece (v. 17).
Evangelho: Lucas 2, 36-40
36Quando os pais de Jesus levaram o Menino a
Jerusalém, a fim de o apresentarem ao Senhor, estava no templo uma profetisa,
Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, a qual era de idade muito avançada.
Depois de ter vivido casada sete anos, após o seu tempo de donzela, 37*ficou
viúva até aos oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, participando no
culto noite e dia, com jejuns e orações. 38*Aparecendo nessa mesma ocasião,
pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a redenção
de Jerusalém. 39Depois de terem cumprido tudo o que a Lei do Senhor
determinava, regressaram à Galileia, à sua cidade de Nazaré. 40*Entretanto, o
menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus
estava com Ele.
Caixa de texto: Tempo do Natal 30|Dezembro
O texto do evangelho que lemos hoje é a conclusão do episódio da apresentação de Jesus ao templo. Consta de duas partes: o testemunho da profetiza Ana (vv. 36-38) e o regresso da Sagrada Família a Nazaré (vv. 39-40).
O texto do evangelho que lemos hoje é a conclusão do episódio da apresentação de Jesus ao templo. Consta de duas partes: o testemunho da profetiza Ana (vv. 36-38) e o regresso da Sagrada Família a Nazaré (vv. 39-40).
De acordo com a lei dos hebreus, para garantir
a verdade de um facto, exigia-se a deposição de duas testemunhas. Depois do
testemunho de Simeão, vem o de Ana. É outra "pobre de Deus", típica
representante daqueles que aguardavam a redenção de Israel. Louva o Senhor
porque reconheceu no Menino Jesus, apresentado ao templo, o Messias esperado, e
espalhou a notícia entre aqueles que viviam disponíveis para o evento da
salvação (v. 38).
A cena conclui-se com a observação de Lucas
sobre o crescimento de Jesus, em Nazaré: «o menino crescia e robustecia-se,
enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele» (v. 40). Diz-se
muito pouco sobre a vida oculta de Jesus. Mas, o pouco que se diz, é suficiente
para captarmos o espírito e apreciarmos o ambiente onde viveu o Salvador: os
seus pais eram obedientes e fiéis à Lei, Jesus crescia em sabedoria, cheio como
estava dos dons da graça de que o Pai o cumulava (cf. v. 52; 1 Sam 2, 26).
Estamos perante uma comunidade que se abre ao reino de Deus, no respeito pela
vontade do Pai.
Meditatio
A profetiza Ana, uma anciã com 84 anos, número
bíblico que simboliza a perfeição (resulta de 12×7), pois está no fim dos seus
dias, sugere uma comparação com o ano civil que também está a terminar. Ana,
depois de 7 anos de casamento, permaneceu no templo, servindo a Deus dia e
noite com jejuns e orações. Por isso mereceu a graça do encontro com o
Salvador. O nosso ano civil também está muito velho, e termina com o encontro
do Senhor no Natal. Esse encontro é tanto mais belo e frutuoso quanto tiver
sido cuidada a preparação. Mas, apesar de toda a nossa infidelidade, o Senhor,
na sua infinita bondade e misericórdia, vem até nós, e dá-se a conhecer como
nosso Salvador. Por isso, também nós, como Ana e, afinal, como Maria e todos os
que esperavam a salvação de Israel, podemos entoar hinos de louvor e gratidão
ao Senhor.
Este encontro com o Senhor traz-nos a
salvação, insere-nos numa nova forma de vida, com a qual havemos de ser
coerentes, para manifestarmos o nosso amor a Deus. A vocação cristã, a que fomos
chamados, compromete-nos a viver no mundo a serviço do homem, para testemunhar
a Cristo e levar a todos a sua mensagem de salvação. Vivemos no mundo, mas sem
nos confundirmos com ele, nem cedermos a compromissos
com ele. Caso contrário, negamos o espírito de humildade, de pobreza, de caridade que deve animar a nossa vida de crentes. Só o coração que se esvaziar do mundo, das suas propostas de vida transitórias e da avidez pelos seus bens efémeros, podem ser cumulado do amor do Pai (cf. 1 Jo 2, 15).
com ele. Caso contrário, negamos o espírito de humildade, de pobreza, de caridade que deve animar a nossa vida de crentes. Só o coração que se esvaziar do mundo, das suas propostas de vida transitórias e da avidez pelos seus bens efémeros, podem ser cumulado do amor do Pai (cf. 1 Jo 2, 15).
O discípulo de Jesus jamais será aceite pelo
mundo, por causa da sua opção de vida, contrária às propostas e interesses
mundanos. Os crentes, por causa da sua eleição e da sua opção de vida por
Cristo, são considerados estranhos e inimigos do mundo. Por isso é que o homem
de fé é odiado e recusado. O mundo recusa os discípulos porque não são seus.
Perturbam a sua paz, desmascaram o seu orgulho, acusam o seu conformismo. Mas,
se Cristo permanece sinal de contradição para quem segue a lógica do amor,
também é certo que tanta oposição se torna critério de autenticidade e de
solidez para os discípulos de Cristo.
Como cristãos e, mais ainda, como religiosos,
estamos "no mundo", mas não somos "do mundo" (cf. Jo 17,
11-14). As nossas Constituições dizem-nos que estamos inseridos no mundo,
"segundo a nossa vocação específica" (n. 61), isto é, que devemos
conservar e viver a nossa identidade de oblatos, servindo o Senhor noite e dia,
e servindo os homens, segundo o nosso carisma específico e a missão a que somos
chamados. Se assim não for, condenamo- nos à esterilidade em relação a nós
mesmos, à Igreja, ao mundo, e esvaziamos de significado a nossa missão (cf. ET
52).
A vivência da nossa vocação e missão não está
livre de oposições. Sabemos quantas dificuldades o Pe. Dehon teve que enfrentar
durante a sua longa vida e como elas acabaram por revelar a autenticidade e a
solidez da sua santidade e do seu carisma. Escreve na meditação para o último
dia do ano: «O ano teve, sem dúvida, sofrimentos e tristezas. Seria heróico agradecer
a Deus essas provações que, nos seus desígnios sobre nós, têm a finalidade de
nos purificar e santificar... Bendigamos a Deus e pensemos nas alegrias eternas
que hão-de recompensar as provações actuais» (OSP 4, p. 604).
Oratio
Senhor Jesus, Tu quiseste viver numa família
humana sem aparência, prestígio ou riqueza, a tua experiência humana. A tua
vida de criança foi marcada pela fragilidade e pelo crescimento normal.
Trabalhaste para ganhar o pão de cada dia. Viveste no escondimento e na
reflexão silenciosa a preparação para a vida pública. Assim experimentaste a
condição humana e venceste o orgulho do mundo.
Dá-nos a graça de acolhermos, com alegria e
gratidão, a nossa fragilidade humana, a nossa história, a nossa família, a
terra onde nascemos. Dá-nos a graça de aceitarmos a nossa fragilidade
espiritual, sem todavia renunciarmos à busca permanente da tua sabedoria e da
tua Palavra.
Dá-nos a graça de sermos coerentes com a opção
que fizemos por Ti, no Baptismo, na profissão religiosa. Que, jamais, a pretexto
de inserção no mundo, nos deixemos confundir com ele, com os seus ideais e
interesses. Que, a pretexto de não-violência, jamais desçamos a compromissos
com o mundo, entendido como conjunto de forças que se opõem a Ti e ao teu
Reino.
Que, tendo-Te aceitado como Salvador e Senhor
da nossa vida, aceitemos também partilhar um destino semelhante ao teu. Amen.
Contemplatio
Ana, filha de Fanuel, mulher venerável, cheia
de anos e de graças, também estava lá. Tinha o costume de rezar longamente
todos os dias no Templo, e esperava como Simeão a vinda do Messias.
Como Simeão, ela reconheceu o menino divino e
sua mãe, e isto foi para ela a mesma alegria e a mesma acção de graças.
Exultava e anunciava a boa nova a todas as pessoas piedosas que esperavam a
redenção de Israel.
E eu, eu recebo Nosso Senhor na sagrada
comunhão. Recebo-o mesmo mais intimamente que Simeão. Vem dar-me a sua graça.
Qual é o meu fervor para o receber? Como é que lhe testemunhei até aqui a minha
alegria, o meu respeito, o meu reconhecimento?
Ana, toda entusiasmada, falava de Jesus a
todas as pessoas: loquebatur de illo omnibus. Quais são as minhas conversas
depois das minhas comunhões? São edificantes, caridosas, sobrenaturais?
Transportado de amor depois das minhas
comunhões, devia estar resolvido a viver glorificando Jesus e a morrer
amando-o.
Simeão repete a Maria a profecia de Isaías: «O
Cristo será para a santificação de muitos em Israel, mas será para outros uma
pedra de escândalo» (Is 8,14). É manifesto. Cristo é causa de salvação e de ressurreição
para aqueles que o reconhecem, que o amam e que o servem. É causa de ruína para
aqueles que o rejeitam.
A indiferença não é colocada aqui. Jesus é a
vida. Todas as bênçãos são prometidas àqueles que o seguem e que o amam. É
preciso estar com ele ou com o mundo. Os povos e as famílias, como os
particulares, encontrarão o caminho da paz e dos favores divinos no seguimento
de Jesus e no seu serviço.
Estas palavras do profeta são graves. Há dois
caminhos oferecidos à nossa escolha: de um lado o caminho das bênçãos, com o
seu traçado marcado no Evangelho: «Bem- aventurados os pobres, bem-aventurados
os puros, bem-aventurados os que choram, os que perdoam, os que sofrem
perseguição». Do outro lado, o caminho que afasta de Cristo. Tem este traçado:
amor pelo ouro, pelo luxo, pelo prazer e pelo mundo. - Sois vós quem eu
escolhi, meu Salvador, é o vosso caminho, é o vosso amor, é o vosso Coração,
mesmo que deva encontrar as contradições e as perseguiçõ
;es!
;es!
Simeão predisse a Maria a dor e a espada. Ela
terá uma grande parte na paixão de Jesus. Sofrerá, ela também, por nós e pela
nossa salvação. Ó Maria, como queria consolar-vos e partilhar das vossas mágoas
para as aliviar! Até aqui, aumentei-as com as minhas faltas, perdoai-me. Vou-me
esforçar por vos consolar com a minha paciência, com os meus sacrifícios e com
as minhas mortificações.
Com Simeão, alegro-me por possuir muitas vezes
Jesus na sagrada comunhão. Agarro-me ao bom Mestre, que é sempre contradito.
Contentarei o seu divino Coração com as minhas práticas quotidianas de
reparação e de amor (Leão Dehon, OSP 3, p. 127s.)
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Quem faz a vontade de Deus permanece para
sempre» (1 Jo 2, 17).
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