4 DE MARÇO
Lc 4,24-30
Alexandre Soledade
Bom dia!
Certa vez ouvi frei Alceu dizer: “Pela oração vamos ao
encontro de Deus e ao sermos expostos ao sofrimento, Deus vem a nosso
encontro”. Sim! Deus bem sabe a quem envia os seus profetas, no entanto, mesmo
sendo Deus a enviá-los, nem sempre serão bem recebidos, ouvidos, acolhidos (…).
Primeiro ponto…
Levar a palavra de Deus aos irmãos requer muita coragem,
pois essa mesma palavra que edifica, consola e renova a vida também pode
exortar, chamar a atenção, corrigir. Falo isso, pois enquanto as pessoas
ouvirem palavras de edificação, consolo ou vida não terás problemas, mas todas
as vezes que o profeta levantar sua voz para denunciar, causará a revolta
daqueles que vivem na penumbra.
Devemos omitir a exortação? Não!
Anunciar a Palavra é “acostumar-se” com expressões “santo
de casa não faz milagres”, “quem é você”, “quem você pensa que é”, entre
outras. É acostumar ouvir criticas sem fundamento, apelidos pejorativos,
ofensas, perseguições, deslocamentos e projeções. É “acostumar” com a idéia de
isolamento social, fofocas, “disse-me-disse”, no entanto… VALE MUITO A PENA
CONTINUAR…
Segundo ponto…
Deus nos manda, portanto devemos ir. Nunca disse que
seria fácil. Nunca escondeu as perseguições e as dificuldades pelo caminho.
Nunca disse que seria um mar de flores, (…), mas SEMPRE nos alertou. Alertou
dos falsos profetas, das noites mal dormidas, das perseguições por causa do Seu
nome. Ordenou que vigiássemos e orássemos; que não pulássemos do barco; que as
inconstâncias seriam passageiras (…). Disse que pela fé caminharíamos sobre as
águas, removeríamos montanhas, venceríamos o inimigo.
“(…) Vede, eu vos envio como ovelhas para o meio de
lobos. Sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas”.
(Mateus 10, 16)
Se tivermos que falar, falemos; denunciar, denunciaremos!
Se pudéssemos buscar um culpado para a vida que o povo de Deus leva hoje em
relação às diferenças sociais, pobres e ricos, assistidos e abandonados,
teríamos muitos personagens, mas se procurássemos cúmplices teríamos começar
por nós.
Reparemos como nos comportamos. Somos bem próximos àquele
povo narrado na primeira leitura. Um povo que dificulta o trabalho de Deus! Um
povo que sabe desestimular mais que ajudar a contruir; um povo que fala, mas
não consegue por em prática. Ainda nos falta coragem pra assumir que DE FATO o
REINO DE DEUS É POSSÍVEL.
Espelho em Dom Bosco que “testava” a batina dos seus
seminaristas para ver se eram resistentes aos puxões das crianças, se eram
próprias e fortes o suficiente para a lida com os adolescentes.
Deseja o reino? Ponha-se a serviço! A começar em mim!
Isso me fez lembrar quando dois discípulos, através de
sua mãe, foram citados para ocupar um lugar de destaque perante aos outros:
“(…) Jesus lhes disse: ‘Não sabeis o que estais pedindo.
Podeis beber o cálice que eu vou beber? Ou ser batizados com o batismo com que
eu vou ser batizado?’ Responderam: ‘Podemos’. Jesus então lhes disse: ‘Sim, do
cálice que eu vou beber, bebereis, com o batismo com que eu vou ser batizado,
sereis batizados. Mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não
depende de mim; é para aqueles para quem foi preparado”. (Marcos 10, 38-40)
A mudança não começa no outro.
Um imenso abraço fraterno!
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