IV DOMINGO DA PÁSCOA
21/04/2013
1ª Leitura Atos dos
Apóstolos 13.14. 43-52
Salmo 99 (100) ,3c “Somos
o seu povo e as ovelhas do seu rebanho”
2ª Leitura Ap. 7,9.14b-16
Evangelho João 10, 27-30
“NINGUÉM
VAI ARRANCÁ-LAS DE MIM...” -Diac.
José da Cruz
Vivemos em um tempo em que infelizmente somos muitas vezes
dominados pelo medo e a insegurança porque vemos a ação do mal por todos os
cantos.
Olhamos para nós mesmos e sentimos que embora nos esforcemos por
viver bem, inúmeras vezes pecamos, por falta de amor, de fidelidade, de perseverança,
de confiança em Deus, na própria igreja só olhamos a instituição, a igreja
humana e às vezes o desânimo é tanto que não enxergamos a igreja divina,
instituída por Jesus, e da qual participamos pelo nosso Batismo, apesar de
sermos indignos.Sentimo-nos ameaçados a todo o momento e o medo de sucumbir no
mal, é muito grande e diante do avanço das forças do mal, sentimo-nos
impotentes.
Possivelmente era também esse o estado de espírito das
comunidades de João no primeiro século da era cristã, por causa das intensas
perseguições do império romano e dos próprios judeus ao cristianismo. O medo e
a insegurança podem fazer–nos render diante do mal.
“Elas jamais hão de perecer e ninguém as roubará de minha mão.
Meu pai que mas deu, é maior que todos; e ninguém as poderá arrebatar do meu
pai. Eu e o pai somos um” - é uma afirmativa de Jesus no evangelho desse
domingo, que refletido em profundidade irá nos tirar a todos desse marasmo, do
comodismo e conformismo diante do mal.
A primeira idéia é de proteção, estamos nas mãos do Pai e do seu
Filho Jesus e nada de mal irá nos ocorrer, podemos ficar tranqüilos e basta
apenas que cumpramos nossas obrigações religiosas para com Deus e a igreja de
Cristo. Esse pensamento é nefasto porque nos conduz a passividade e perdemos a
capacidade de nos indignar diante de fatos ocasionados pelo mal. A outra idéia
errada que podemos ter, é de que o nosso Deus é possessivo quando fala que
ninguém nos arrancará de suas mãos.
Mas a mensagem é bem outra e aqui podemos nos lembrar das
narrativas do livro dos reis, que enfoca a bravura e a coragem de Davi quando
ainda pastor, que quando via o seu rebanho atacado pelo lobo, se atirava sobre
ele e o estraçalhava com a força do seu braço e dos seus dentes. Talvez nos
falte hoje essa bravura e esta coragem diante das forças do mal, temos medo do
que vemos e assistimos no dia a dia, não queremos nos envolver ou nos
comprometer com algum posicionamento mais radical contra a maldade presente no
coração de muitos que matam, roubam, enganam, manipulam.
Temos medo de testemunhar o evangelho e sermos taxados de
antiquados, retrógrados, preferimos muitas vezes nos deixar levar pela onda, “é
melhor não falar, é melhor não dar a minha opinião, alguém pode não gostar”
.Agimos assim no trabalho, na política, no ensino, na comunidade e na família.
Preferimos ficar rezando para que Deus toque no coração dos que estão dominados
pelo mal, fazemos a nossa parte rezando.
O evangelho de hoje é um incentivo e um grito de esperança e de
ânimo para quem quiser ir à luta, combatendo abertamente o mal, não as pessoas,
presente em todos os lugares. Cristo Jesus nosso único pastor nos deu a vida
eterna, nos libertou e nos redimiu com seu sangue, fomos assim resgatados das
forças do mal, pertencemos a Deus e o Pai nos confiou a seu Filho Jesus,
“ninguém conseguirá nos arrebatar de suas mãos poderosas” , Jesus e o Pai são
um, e com ele nós somos a Igreja, com a missão de evangelizar, de anunciar a
verdade, a justiça e a paz, o shalon que evoca a presença de Jesus em nosso
meio. Não há o que temer ! Mas é preciso ser discípulo, seguidor de Jesus, não
tremer, não vacilar e nem recuar diante do mal.
É preciso conhecer a sua voz, sua palavra de ordem do evangelho,
diante de tantas falsas palavras que nos iludem, oferecendo-nos um mundo novo
que não passa de uma fantasia. Só Jesus é o nosso pastor e mais ninguém.
Ele é a nossa rocha, nossa fortaleza e segurança, o mal presente
em nós, o pecado dos nossos irmãos, o mal presente na sociedade de tanta morte
e violência, não conseguirá nos arrancar de suas mãos. Basta crer e se
comprometer com o seu reino. E assim podermos rezar na firmeza do salmo 99
“sabei que o Senhor, só ele é Deus, nós somos seu povo e seu rebanho”.
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