SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA
07/04/2013
1ª Leitura Atos 5, 12-16
Salmo 117 (118) “Louvai o
Senhor, porque ele é bom: porque eterna é a sua misericórdia”
2ª Leitura Apocalípse
1,9-11ª.12-13. 17-19
Evangelho João 20, 19-31
O
ESPÍRITO QUE DÁ A VIDA PLENA...”
A descrença de
Tomé persiste ainda hoje nas comunidades cristãs, pois em sã consciência, é
difícil as vezes, ter a crença inabalável de que o Senhor está vivo e presente
na comunidade. Não só porque não podemos vê-lo nem tocá-lo, mas principalmente
porque a vida em comunidade nem sempre é o que sonhamos e esperamos.
Como pode Jesus
estar presente se certas coisas dão tão errado, como pode Ele estar presente e
as intrigas, fofocas, divisões, mal entendidos, ciúmes e inveja, serem tantas
no seio da comunidade. Enfim, são tantos pecados da nossa Igreja, da parte dos
fiéis e dos ministros, que é impossível crer que o Senhor está realmente
presente. Parece mesmo que o Senhor desistiu da barca da Igreja e ela foi a
deriva.
O próprio
ambiente, e as condições em que a comunidade se encontrava, após a morte de
Jesus, já era algo mais para a incredulidade e o fracasso, do que um retorno ao
projeto do Reino anunciado por Jesus. Estavam de portas fechada, por medo,
provavelmente iriam fazer uma última reunião, dizer que foi um prazer
caminharem aqueles três anos juntos, mas que infelizmente era melhor cada um
tomar o seu rumo e retornar á vidinha de antes.
Muitos cristãos,
marcados por desilusões, pensam assim, alguns até insistem em procurar uma
comunidade perfeita e pensam tê-la encontrado, até que nova desilusão provém e
a fé vai perdendo o seu encanto. Parece que a Igreja e o Cristianismo,
tornaram-se intrusos na vida do homem.
Entretanto, uma
assembléia que estava destinada a dissolver-se, porque havia perdido o seu rumo,
é surpreendida pela presença do Senhor! É nos momentos de fracasso, medo e
desânimo, que Jesus se revela na assembléia. Quantos momentos e períodos assim,
a Igreja já não viveu, desde os primórdios até os dias atuais? Digamos que, se
ela fosse uma grande “farsa” como pensam alguns “iluminados”, como alguém
poderia sustentar uma “farsa” ao longo de dois milênios de História....
“A Paz esteja
convosco!” É a primeira saudação do Ressuscitado. Como viver a paz em meio ao
“caos” da Família, sociedade, comunidade, será que a Paz tem algum significado,
será que ela é realmente buscada? Não! Da parte do homem nada há que se possa
fazer para se construir a paz... Que não é ausência de guerras e conflitos, que
não é ausência de problemas, isso seria a plenitude, e o ser humano, com suas
limitações e fragilidades, jamais concretizaria o sonho da paz, mesmo porque,
para quem detém algum poder, paz é quando tudo está sob controle, como era a
famosa Pax Romana.
Paz, no contexto
da igreja comunidade, é a presença do Senhor, entretanto, é bom compreender
bem, o que significa a presença misteriosa de Jesus em nosso meio, pois há
muitos que a compreendem como uma espécie de “alívio”. Jesus caminha com a
nossa igreja, então vamos deixar que Ele resolva todos os problemas e dificuldades,
podemos cruzar nossos braços e ficar no aguardo do grande Dia, em que seremos
todos com Ele, arrebatados ao céu....
O evangelho de
João, escrito 90 anos após a ascensão de Jesus, quer ajudar as comunidades
cristãs, daquele tempo e também as de hoje, a perceberem que a Fé não nasce de
uma experiência humana, não é resultado do raciocínio e nem produto da lógica.
O Reino de Deus anunciado por Jesus, não é um reino lá de cima, sem qualquer
conexão com as realidades humanas, é um reino aqui de baixo, com suas raízes
plantadas no chão da história, mas que, apesar disso, não depende do homem, de
suas aspirações ou ideologias, para atingir a plenitude.
Este homem novo,
que não é alienado, mas que também não é só uma realidade carnal e psíquica,
nasceu no “sopro” de Jesus, este homem convocado para viver uma nova realidade
celestial, mesmo em meio ao “caos” estabelecido na humanidade, é que forma a
Igreja dos que crêem, e que não encontrando em si mesmo uma força que
transforme aas relações, sonha, constrói e vai a luta, impelido pelo Espírito
do Senhor Ressuscitado, que vai á frente da sua Igreja, como um General vai á
frente da Batalha, convicto da vitória.
Há
uma missão a cumprir, dificílima e sempre desafiadora, para cada Cristão
Batizado, mas o bom êxito da missão está assegurado, porque é o Espírito do
Senhor, que nos move, anima, direciona e impulsiona. Não importa as nossas
fragilidades, vacilo e indecisões, pois o mais importante é que, como São Tomé,
reconheçamos Jesus como nosso único Deus e Senhor, tudo o mais, inclusive a
tenebrosa força do mal, está abaixo desse Senhorio, a Soberania pertence a
Cristo, e somente a Ele...
Se todos os pregadores da Palavra de Deus falassem assim, com tanta clareza, com certeza haveriam mais cristãos praticantes do que meros seguidores.
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