TEMPO
PASCAL - 20 /04/2012 - SÁBADO
1
LEITURA Atos 9, 31-42
SALMO
115 (116), 3
EVANGELHO
João 6, 60-69
"Discípulos
em Crise..." -Diac. José da
Cruz
O leitor mais atento vai perceber que
nesta semana Jesus insistiu muito na necessidade da Fé Nele próprio, que é o
Filho de Deus descido do céu, uma Fé que requer intimidade com ele, comendo sua
carne e bebendo seu sangue, para ter a Vida Eterna que ele próprio,
revelando-se como alimento que transmite e que dá a aquele que crê a Vida
Eterna, mesmo com todas as limitações humanas. Que essas afirmações nos debates
com os Judeus, acabou transformando-se em provas para a sua condenação, porque
para os Judeus da "gema", para quem a referência máxima do Deus da
Aliança era Moisés, isso era uma blasfêmia, passível de condenação.
Hoje alguns discípulos menos
preparados também acabam se escandalizando com essa revelação e a crise está
estabelecida na comunidade. Pois estes pensam exatamente como os Judeus
conservadores, Jesus Cristo é bem conceituado entre eles, como grande profeta
enviado por Deus (mas não Deus) homem de grandes prodígios e de uma sabedoria
que causava admiração na comunidade, mas ainda o conceituavam em um patamar
inferior a Moisés, isso é, estavam presos aos laços da carne e não conheciam
outra vida que não fosse a Biológica, onde a grande bênção de Deus se
manifestava na prosperidade material e na descendência, exatamente como havia
prometido a Abraão.
Por isso, diante da afirmativa de
Jesus de "O Espírito é que vivifica, a carne de nada serve, e que suas
palavras são espírito e Vida...." desencadeou-se uma crise entre eles.
Isso se aplica tanto ao grupo dos discípulos, onde a dificuldade de pensar as
coisas de Deus, era muito grande, como também as comunidades do fim do primeiro
século do Cristianismo.
E a frase que provocou ainda mais a
crise foi esta "Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não for
concedido", esse foi o estopim que eclodiu na comunidade, onde no
pensamento judaico, as boas obras aproximavam o homem de Deus e o justificavam,
Deus era estático, o homem é que se move em sua direção. Jesus havia acabado de
dizer que as "boas obras" e a observância de toda Lei, eram apenas as
placas sinalizadoras do Caminho, que era Ele próprio. A essas alturas do
campeonato, muitos fizeram as malas e deixaram a comunidade, Judas foi o
primeiro, atrás dele foram outros da comunidade de João, no primeiro século da
Igreja, e hoje também a toda Hora tem cristão abandonando o barco, porque não
concorda com a Fé proclamada por uma Igreja Cristocêntrica, institucional e
mística, humana e Divina, onde o elo entre Deus e o Homem é a Eucaristia...quem
comer a minha carne e beber do meu sangue permanece em mim e eu nele...
Diante da crise estabelecida, Jesus
fez o contrário de certas lideranças fajutas, que não querendo perder ovelhas,
abranda o discurso, ameniza a prática cristã, abre um caminho mais fácil e
menos exigente, principalmente em nossos tempos. Mas Jesus encarou os que
ficaram, e em vez de parabenizá-los e rasgar elogios por não terem abandonado a
comunidade, endureceu ainda mais o "jogo" " Quereis vós também
retirar-vos? " ou seja, para quem não aceitar esta verdade, vivendo o cristianismo
do jeito que ele é, a porta da rua é a serventia da casa....
E nesta hora é belíssimo de Pedro, que não era nenhum super apóstolo,
tinha muitas limitações, mas em seu coração professava uma Fé descomunal em
Jesus, porque o Via como o próprio Deus "Senhor, a quem iremos se só tu
tens palavras de Vida Eterna".....Talvez muita gente competente e
intelectual, gente importante que poderia fazer a diferença na comunidade, a
tenha abandonado, os que ficaram são simples mas fervorosos, pois em nossas
comunidades o que vale é a Fé em Jesus Cristo, e não o brilho das pessoas, ou
seu status, poder ou prestígio. Uma Fé assim, uma igreja assim, um Jesus Cristo
assim, Real e Verdadeiro como João nos apresenta, é PEGAR ou LARGAR...não tem
meio termo ou mais ou menos....
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