DIA 18/03
Jo 8,1-11
Bom dia!
Vamos fazer como em um filme em que conseguimos ver uma mesma cena de
vários ângulos e poder assim interagir com a cena que esta acontecendo (…)
Primeiro ângulo: Uma mulher sendo trazida pelos fariseus, pois foi pega
em adultério e pela lei deveria ser sumariamente punida. Esse ângulo é a
narrativa do texto em si.
Segundo ângulo: Vemos uma mulher que seria apedrejada por um erro que
com certeza NÃO FEZ SOZINHA. Aonde esta o homem com que ela cometia adultério?
Pois se ela fosse solteira, para que isso estivesse acontecendo precisaria ter
um cúmplice casado, não é verdade?
Terceiro ângulo: As pessoas que cercavam Jesus a ouvir seus ensinamentos
não o põem em pratica, visto que na narrativa NINGUÉM DEFENDE A MULHER. Jesus
pregava o afastar do pecado, mas amar o pecado, MAS NAQUELE MOMENTO NÃO VEMOS
NINGUÉM, ALÉM DELE, A DEFENDÊ-LA.
Quarto ângulo: A começar pelos mais velhos, um a um (…). Esse é um
ângulo interno.
Conseguem imaginar a cena nos quatro ângulos de reflexão? Somando as
cenas será que conseguimos ver semelhanças com alguns dos nossos próprios atos?
Olhem o comentário proposto pelo site da CNBB:
“(…) Quando falamos em pecado, SEMPRE NOS REFERIMOS AOS PECADOS QUE OS
OUTROS COMETERAM, JAMAIS AOS NOSSOS, PORQUE OS OUTROS PRECISAM SER CONDENADOS
PELOS SEUS ERROS E NÓS SOMOS DIFERENTES, PRECISAMOS SER COMPREENDIDOS. Quando
fazemos isso, geralmente escondemos dos outros a face amorosa e misericordiosa
de Deus, porque esta face e só para nós, e lhes mostramos um Deus que pune e é
vingativo, que quer o castigo de todos, e esta face não é para nós. Com isso,
nos tornamos um obstáculo para a conversão dos outros e, em conseqüência disso,
Deus não agirá com misericórdia e amor conosco”.
Para os fariseus, o problema era Jesus e não a mulher (era apenas
um pretexto). É mania nossa tentar resolver (ou seria justificar) um problema
usando outro menor. Quantas vezes em brigas e discussões, principalmente entre
pais e filhos; esposos e esposas, quando um de nós perde a razão, busca no
passado um erro do outro para enfim sair vencedor da disputa? (primeiro ângulo)
“(…) Quando já estavam fora, um dos anjos disse-lhe: “Salva-te, se
queres conservar tua vida. Não olhes para trás, e não te detenhas em parte
alguma da planície; mas foge para a montanha senão perecerás.” (Gênesis 19, 17)
Lembro de minha avó que dizia: “Se brigar na rua, receberá também o
castigo em casa”. Talvez na cabeça de minha avó ela tentasse me ensinar que não
importava quem estava certo, mas que o fato em si me tornava errado também. O
MACHISMO, O PATERNALISMO E O ORGULHO descrevem profundas “justificativas” QUE
NO FUNDO SERVEM APENAS PARA CONDENAR O OUTRO, NÃO SERVINDO PARA MIM E MEU CASO.
Entenda: ainda hoje vigora acreditar que a mulher corrompe o homem; dizem que a
traição esta no DNA do homem; que o instinto do homem é reproduzir, gerar novos
seres, (…). Pode até ter fundamento científico, mas é nítido que para fugir de
nossas próprias mazelas temos mania de contar a história do jeito que nos
agrada. (segundo ângulo).
Mas tem um porém… De Deus nada fica oculto!
“(…) Susana, porém, chorando, disse em voz alta: ‘Ó Deus eterno, que
conheces as coisas escondidas e sabes tudo de antemão, antes que aconteça! Tu
sabes que é falso o testemunho que levantaram contra mim! Estou condenada a
morrer, quando nada fiz do que estes maldosamente inventaram a meu respeito. O
Senhor escutou sua voz” (Dn 13, 42-44)
A mulher pecadora era um pequeno problema, pois uma pedrada, uma ofensa,
uma repreensão resolveria, mas aonde fica a justiça e o amor ao próximo? Tantos
dedos apontado, mas nenhum acolhendo (…). Encontramos talvez o grande problema:
Nossa omissão perante as injustiças!
Não estou fazendo apologia ao pecado, mas é nítido e visível que aqueles
que mais apontam não têm coragem de olhar suas próprias mazelas e apedrejá-las.
Não agimos com toda força, de toda alma e de todo coração contra isso, portanto
não pomos em prática o que Jesus nos ensinou (terceiro ângulo).
Por fim o quarto ângulo! Tudo tem uma hora em nós! Um dia a gente
amadurece. Um a um a começar pelos mais velhos. No próximo “apedrejamento” que
presenciarmos (fofocas, disse me disse ou simplesmente “falar mal” de alguém)
tenhamos uma postura diferente.
“(…) Se alguém causou tristeza, não me contristou a mim, mas de certo
modo – para não exagerar – a todos vós. Basta a esse homem o castigo que a
maioria dentre vós lhe infligiu. Assim deveis agora perdoar-lhe e consolá-lo
para que não sucumba por demasiada tristeza. Peço-vos que tenhais caridade para
com ele, Quando vos escrevi, a minha intenção era submeter-vos à prova para ver
se éreis totalmente obedientes”. (II Coríntios 2, 5-9)
Sejamos mais justos: “Só a justiça gera a paz”!
Um imenso abraço fraterno.
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