DIA 1 º DE ABRIL - SEGUNDA
Mt 28,8-15
Daí-nos, Senhor,
coragem para acreditar!
Estamos vivendo
a Oitava da Páscoa, e isso significa que nós celebramos durante oito dias a
maior festa e o maior motivo de alegria de nossa Igreja: a Ressurreição de
Jesus. A Páscoa nos é tão importante que desejamos alongar esse dia tão
especial por oito dias, como se fossem um só!
O Evangelho de
hoje nos deixa estremecidos. Isso porque são as mulheres que primeiro avistam o
Ressuscitado. Para os dias de hoje, essa afirmação pode não nos dizer
absolutamente nada, – um tempo em que as mulheres e os homens são vistos como
seres humanos de igual dignidade. Mas numa sociedade patriarcal como a do
Antigo Israel, dizer que as mulheres viram Jesus Ressuscitado era zombar do
mestre que havia morrido há pouco.
Para que se
tivesse uma prova concreta de que um fato realmente se realizou, naquela época,
eram necessárias duas testemunhas, masculinas – é claro! Várias mulheres
poderiam fazer uma acusação, mas mesmo assim não seriam ouvidas, pois não eram
dignas de confiança, – vê-se, por exemplo, a estória de Susana, no livro de
Daniel! (Dn 13). Entretanto, Jesus vem para confundir os fortes e os ricos, os
poderosos e os dominadores. A sua ressurreição é testificada por mulheres,
aquelas que o seguiam quando ele vivia o seu ministério público.
O cristianismo
exige de nós muita coragem e muita fé para que possamos assumir a ressurreição
de Jesus como uma verdade inegável. Esse momento magnífico em que um homem
vence a morte que atormentava os seres humanos é presenciado por um bando de
galileus ignorantes, que não possuíam grande conhecimento das letras e das
escrituras, e por muitas mulheres, as quais não deviam ser levadas em conta! É
exatamente por isso que as autoridades religiosas da época achavam que os
discípulos daquele que morreu na cruz haviam roubado o seu corpo e espalhado a
notícia de que ele estava vivo.
Os saduceus,
grandes sacerdotes da época, não permitiriam que um bando de pobretões
ignorantes, é assim que eram vistos os seguidores de Jesus, convencessem os
judeus de que o crucificado estava vivo, e no meio deles. Por isso mesmo é que
se pagou uma alta soma de dinheiro aos soldados para que dissessem realmente
que o corpo havia sido roubado, ainda que isso denunciasse a falta de
competência dos próprios soldados em vigiar o túmulo de um “malfeitor”.
Jesus realmente
era visto como um malfeitor, um agitador das multidões, um causador de tumultos
e de revoltas contra a religião oficial de Israel, o Povo Eleito. Esse era o
motivo pelo qual os chefes religiosos queriam apagar da mente da população a
memória daquele que passou fazendo arruaças na ordem estabelecida.
Mas, para os
discípulos, Jesus estava vivo. Jesus deixa ser tocado, abraçado e come com os
discípulos. Ele está realmente vivo e animando a comunidade de discípulos e
apóstolos desorientados. Uma pergunta deve ser feita àqueles que não creem na
ressurreição de Jesus: o que aconteceu para que aqueles discípulos medrosos,
que haviam abandonado Jesus na hora da morte, começassem a pregar as palavras
do mestre sem medo de perderem a própria vida? Pela lógica humana, eles deviam
ter se escondido e enterrado a memória daquele que pensavam ser o Messias; mas
não, eles começaram a gritar e a falar publicamente que aquele crucificado
estava vivo!
Mulheres e
homens deram a vida para que nós crêssemos que Jesus está vivo. Eles não
inventaram a ressurreição, nem roubaram o corpo do mestre, que seria um grande
desrespeito, na visão deles. Jesus Ressuscitado muda completamente as nossas
vidas. Faz com que nós, medrosos e indiferentes, sejamos anunciadores do seu
projeto de amor, dando-nos coragem suficiente para doar até mesmo as nossas
vidas, de diversas maneiras.
Que essas
mulheres destemidas e audaciosas sejam a inspiração para a nossa vivência
cristã: enfrentando todos os percalços que nós encontrarmos pelo nosso caminho
de fé em Jesus Ressuscitado!
Fr. José Luís
Queimado, CSsR (jlqueimado@ig.com.br)
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