Sexta-feira, 05 de
janeiro de 2018.
Evangelho: Jo 1, 43-51
No quarto dia
do Testemunho de João Batista Jesus caminha para Galileia, lugarejo pobre no
qual o empobrecimento do povo se faz a partir dos grandes centros da Judéia.
Jesus distancia dos dominadores – Judéia – e passa a conviver com os dominados.
Sinal de luta pela libertação a fim da construção da nova realidade.
Filipe de Betsaida, cidade de André e Pedro, fala
para Natanael que encontrou com Jesus de
Nazaré, aquele que Moisés escreveu na Lei sendo o filho de José. Momento de
glória, pois estar com o Filho de Davi simboliza o encontro da confirmação da
Aliança que o Senhor fez com o povo de Israel. Entretanto, Natanael duvida
deste homem ao afirmar: de Nazaré pode sair coisa boa? (Jo 1,46). Filipe
respondeu: venha, e você verá.
Natanael sendo
um homem pobre, passando por dificuldade, não tem a sensatez no primeiro momento
de reconhecer o testemunho de Filipe. Seu coração se prende ao preconceito e ao
orgulho. Não consegue pensar a partir da realidade vivida, mas da realidade
almejada e sonhada pelas famílias poderosas.
Como o povo de Nazaré era
paupérrimo, não poderia ter a confiança num homem que falava em nome do Senhor.
Contudo, mais uma vez confirma a prepotência e a arrogância plantada no seio de
um povo de que a pobreza e a miséria não geram algo que possa ser valioso, ou
seja, deste povo lascado só pode nascer o atraso.
Natanael
representa as pessoas que para
reconhecer Jesus tem que passar por transformações. Primeiro: deixar o
preconceito; segundo, abandonar a arrogância e a prepotência e terceiro ser
humilde.
Ser discípulo de Jesus não há nada
de especial. Qualquer um poderia ser. Mas, para tanto, seria necessário ter um
coração maduro e livrar das ideias alienantes que chamam para si a morte.
Natanael deveria abandonar os princípios
do Sinédrio que julga a partir de suas leis mortais. Não se pensa no
outro na extensão de irmão, mas se pensa no outro na extensão da cobiça e na
exploração.
O encontro de
Jesus com Natanael revela o encontro de
do povo de Israel a espera da vinda do Messias. Natanael está sentado debaixo
da figueira que simboliza o povo Deus a espera. Antes mesmo de tecer qualquer
comentário Jesus fala diretamente: “eis ai um israelita verdadeiro, sem
falsidade” (Jo 1,47). Demonstra o
conhecimento por inteiro do seu povo e de suas atitudes. Surpreso ficou
Natanael: de onde me conheces? Como sabeis que sou eu? Nunca te vi em lugares
diferentes deste?
Ás vezes, ficamos surpresos com as maravilhas de Deus.
Preocupamos tantos com coisas irrelevantes que ao depararmos com a magnitude do Senhor e duvidamos: Senhor está acontecendo isto comigo mesmo?
Claro, às vezes, Cristo cansa de enxergarmos parados, sem atitudes que Ele dá
um sinal. Porém são poucos que tem a sensatez de perceber o agir de Jesus em
suas vidas.
O desafio para nós é descobrirmos
que Jesus é o dom que Deus faz à humanidade. Por isso que o nome Natanael
significa “o dom de Deus”. Ou seja,
Jesus é o Homem que carrega a vida plena consagrada por seu Pai a toda a
humanidade.
João termina o
Evangelho afirmando nas palavras de Jesus: “eu lhes garanto: vocês verão o céu
aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”(Jo 1,51). Esta afirmação relata o sonho de Jacó de uma
grande escada que unia o céu a terra.
Todavia, o elo entre o céu a terra estava na Luz do Filho de Homem. Para chegar
ao céu era preciso conhecer e seguir
Jesus de Nazaré, Homem pobre, mas de uma sensatez infinitamente inconfundível.
Portanto, não
escondemos do compromisso de fazer algo para o povo. Preocupemos menos com a
situação de uma vida boa a partir da cobiça e vivamos a plenitude no consolo do
dom de nosso Deus que nos quer bem. Vivamos a fraternidade e sem o preconceito.
Amém!
Abraços
Claudinei
M. Oliveira
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