12 de Maio - Terça -
Evangelho - Jo 16,5-11
Se eu não for, não
virá até vós o Defensor
Neste Evangelho, Jesus
continua nos falando a respeito do Espírito Santo. Como os discípulos ficaram
tristes ao saberem que a partida de Jesus estava próxima, ele lhes disse: “É
bom para vós que eu parta”. E explica: “Se eu não for, não virá a vós o
Defensor; mas, se eu me for, eu vo-lo mandarei”.
De fato, graças ao
Espírito Santo que Jesus nos mandou após a sua ascensão ao Céu, a presença de
Jesus na terra até aumentou, pois foi multiplicada. Antes ele estava
circunscrito às limitações de tempo e espaço; agora não, está presente em todos
os tempos e lugares.
O Espírito Santo
“demonstrará ao mundo em que consistem o pecado, a justiça e o julgamento”.
Demonstrar é mostrar claramente. Essa demonstração acontece em duas etapas: a
primeiro aos cristãos e a segunda ao mundo.
Demonstrará aos
cristãos o que é pecado, para que o evitem, ou se arrependam, se já cometeram.
E também para que denunciem o pecado do mundo. Demonstrará aos cristãos o que é
justiça, isto é, quais obras são justas e quais não são, para que as pratiquem
e as apontem para todas as pessoas. A justiça é a outra ponta da mesma
realidade citada antes, a demonstração do que é pecado. O contrário do pecado é
a justiça. E o Espírito Santo levará os cristãos a perceberem que Jesus é maior
que o chefe deste mundo, o capeta. Este chefe que, através de seus seguidores,
fala alto e dá aparência de muito poder, já está derrotado; não só derrotado,
mas condenado. É o que vemos em todos os tempos do cristianismo. Por exemplo,
S. Pedro sendo libertado de uma prisão súper segura (At 16,22-34). Quem fala a
última palavra agora é Cristo, e fim de papo.
A segunda etapa da
ação do Espírito Santo em relação ao pecado, à justiça e ao julgamento, é uma
demonstração dessas três realidades ao mundo, através das Comunidades cristãs.
A presença das Comunidades, misturadas no meio do mundo, é parâmetro
(referência, critério, paradigma) para que o mundo saiba claramente o que é
pecado, o que é justiça e quem é que realmente manda no mundo.
O mundo vê a vida da
Comunidade cristã e descobre o que é pecado e o que é justiça. Através dos
cai-levanta da Comunidade, o mundo descobre também o julgamento, isto é, quem
realmente diz a última palavra no mundo. E o mundo percebe que aquele que está
falando grosso no seu meio, tentando dizer que está por cima, na verdade está,
não só derrotado, mas condenado.
Esse é o Defensor que
conduz os cristãos, e através deles conduz o mundo, à verdade plena, à justiça
plena e ao julgamento definitivo. O mundo tem também verdade, justiça e
julgamento, mas nele essas três realidades estão misturadas com o seu
contrário. A verdade misturada com a mentira, a justiça misturada com a
injustiça e o julgamento misturado com a derrota.
Certa vez, uma família
da roça resolveu criar um porquinho dentro de casa. Ele perdeu a mãe quando era
ainda pequenino e a família teve de usar mamadeira para alimentá-lo. Criado
assim, tornou-se um porquinho de estimação. Em vez de ficar no chiqueiro,
estava sempre dentro de casa, e até gostava muito de ficar no colo. As crianças
costumavam dar banho no porquinho, passar talco nele, amarravam até fitinhas no
seu pescoço.
Mas havia um problema:
quase sempre, depois de limpo e perfumado, o porquinho deitava-se na lama e
voltava todo sujo para dentro da casa. Então tinham de começar tudo de novo.
O porco sente-se mal
em viver limpo; essa é a sua natureza. Nós, ao contrário, sentimo-nos mal na
sujeira, porque a nossa natureza é de vivermos limpos.
Quem vive no pecado,
está em distonia consigo, com o mundo e com Deus. Pode ter momentos felizes,
mas não é feliz plenamente.
Vamos acolher os três
dons que o Espírito Santo nos quer dar – a verdade, a justiça e o julgamento –
e levá-los para as pessoas, pois este é o melhor presente que podemos lhes dar.
Maria Santíssima não
só viveu essas três virtudes, mas denunciou fortemente o seu contrário, como
vemos no magnificat. Santa Maria, rogai por nós!
Se eu não for, não
virá até vós o Defensor.
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