Comentários Prof.Fernando* 6ºdomingo da Páscoa: (“Dia das mães”)
- 10 de maio de 2015
SOBRE JUDEUS, CRISTÃOS E NÃO CRENTES
( 1) no
princípio... judeus e pagãos
·
O interessante do episódio de Pedro em casa de não
judeus (leitura1) é que os não crentes recebem o Espírito de Deus. E mesmo antes
de serem batizados. Ouviram a “Boa Notícia” (= eu-angélion, “evangelho’). O batismo será um sinal dessa
participação no projeto do Criador. Toda religião, organizada historicamente,
tem seus ritos, expressando crenças e propostas. No cristianismo o batismo
expressa a Fé no sentido da Páscoa para quem aceita que Jesus é o Cristo
(Messias, enviado por Deus). Continuamos por 50 dias no “tempo da Páscoa”. Páscoa,
em resumo, é o mergulho de Jesus na confiança e no amor do Pai, e em sua morte
atinge o ponto máximo da missão de ser sua imagem neste mundo: “Quem me vê, vê o Pai” disse a Felipe na
última ceia. Ou, como diz Pedro no discurso de hoje:
·
(...) Jesus de Nazaré: Deus
o ungiu com o Espírito Santo e poder - ele passou por toda a parte fazendo
coisas do bem e curando todos os oprimidos pelo Caluniador/Acusador. O que ele fez em dois ou três anos depois que saiu de casa?
Cuidou dos abandonados e curou os mais aflitos e permaneceu fiel a sua missão
até a morte. Pedro continua: somos
testemunhas de tudo o que ele realizou na terra dos judeus e em Jerusalém, onde
o assassinaram, pendurando-o num tronco (cruz). Mas Deus não o abandonou: Deus, porém, o ressuscitou e lhe concedeu
que fosse visto (...) por testemunhas que escolhera para este fim, por nós que
comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos.
(2) depois, brigas
e acordos
·
(Muitos cristãos e até comunidades cristãs inteiras
preocupam-se mais com detalhes de rituais de batismo do que com o sentido de sua
celebração. Muitas discussões, movimentos e brigas ocorreram na história do
cristianismo, pela diversidade de lideranças e doutrinas, cada uma pretendendo
ser a correta interpretação das Escrituras gerando mútuas acusações de heresia X
ortodoxia. Do cristianismo primitivo os Atos registram apenas estes primeiros
cristãos “boquiabertos/estupefatos” (verso45) diante da liberdade do Espírito
de Deus que “circundou/abraçou” o oficial romano Cornélio e seus familiares e
amigos. No século 3 temos as disputas com novacianos
e no século 5º a briga de Agostinho contra montanistas
e donatistas. Durante a Reforma no
séc.16 encontramos os anabatistas (“modernos”,
pois já no 3ºséculo, com Cipriano, já existiam controvérsias sobre re-batismo).
Esse movimento sofreu violentas perseguições que chegaram a torturas e
execuções promovidas tanto por católicos como por protestantes. No começo do século
17 surge a Igreja batista a partir de discordância com sua origem anglicana
mas, em grande parte pela importância dada ao modo de batizar.
·
Na história também há movimentos também de reunião e
acordos entre Igrejas cristãs. Hoje existe por ex. uma reaproximação entre ortodoxos
e católicos, já cancelada há alguns anos a “mútua excomunhão” dada há 10
séculos. Desde inícios do séc.20 ganha força o diálogo ecumênico entre
protestantes e católicos. Na América do Norte (em 2010) cinco Igrejas firmaram o
“Acordo de reconhecimento mútuo do batismo”: Cristã Reformada; Presbiteriana;
Reformada na América; Católica Romana; Unida de Cristo. O diálogo é um
aprendizado paciente – o que certamente terá levado Pedro a ficar mais alguns
dias com os novos amigos de Cesareia (verso48). Podemos imaginar que ele, um “judeu-cristão”,
teve de superar muitos preconceitos, por ex. em questões de pureza ritual (ver todo
o cap. e o verso 15), já que sua formação nas tradições judaicas o levavam separação
clara entre coisas profanas e impuras e costumes permitidos. Mas, educado pelo
Espírito conforme previra seu Mestre, Pedro reviu suas tradições: já naquele
dia proclama que Deus (a fonte do amor) também ama, em qualquer cultura, “aquele que o respeita e age conforme a
justiça divina”.
(3) o amor de mãe é
como o amor do “Pai”
·
Amor, aliás, é a “trilha sonora” do tempo da Páscoa.
·
Amor é também, com razão, a palavra mais lembrada
no Dia das Mães.
·
Na 2ª leitura de hoje o autor da Carta 2ª de João volta ao tema: amemo-nos uns aos outros – todo o que ama é
nascido de Deus e conhece a Deus – o amor consiste não em termos nós amado a
Deus, mas em ter-nos ele amado. A modernidade que se orgulha, também com
razão, de ser a era da liberdade ou era das opções e escolhas, pode contaminar
em muitos cristãos o vírus da intolerância: quando acham ter “escolhido” “sua”
Igreja porque é a “única”, “certa”, a “verdadeira” Igreja de Cristo. Ora, Pedro
descobriu que o Espírito tem liberdade maior que qualquer realidade histórica.
É ele que dá vida à comunidade dos remidos – a Igreja de Cristo (no singular). As
Igrejas (no plural), nascem e crescem dentro de complexos condicionamentos
históricos.
·
E só o Mestre de Nazaré aponta para a razão de
nossa alegria: Não fostes vós que me
escolhestes, mas eu vos escolhi. Lembremos a leitura de hoje em João 15:
o Disse Jesus: “Como o Pai me ama, assim também eu
vos amo. Perseverai no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, sereis
constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e
persisto no seu amor. Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em
vós, e a vossa alegria seja completa.
o Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros,
como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por
seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. Já não vos chamo
servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos,
pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.
o Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos
escolhi,
o e vos constituí para que vades e produzais fruto, e
o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto
pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda. O meu mandamento é que vos ameis
uns aos outros”.
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O mundo será melhor quando todos (principalmente os
cristãos) escutarem seu Mestre.
ooooooooooooooooooooooooooooooooooo
( * ) Prof.(1975-2012-Edu/Teo/Fil) fesomor2@gmail.com
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