Muitos virão do
Oriente e do Ocidente para o Reino do Céu.
Este Evangelho narra a
cura do empregado do oficial romano. Chamam a nossa atenção a fé e a humildade
do oficial, resumidas na sua frase: “Senhor, eu não sou digno de que entres em
minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. Junto com
Jesus, a Igreja expressa a sua admiração à atitude desse oficial, repetindo a
sua frase em todas as Missas, na hora da Comunhão.
Ele tinha tanta
certeza da divindade de Jesus e do seu poder sobre as doenças, que achava que
apenas uma palavra de Jesus já devolveria a saúde ao seu empregado.
A fé é o segredo da
felicidade. Quem tem fé “tira de letra” todas as dificuldades e obstáculos que
aparecem na vida. Quem tem fé sabe que uma doença, por mais grave que seja,
para Deus é um grãozinho de areia.
A fé é uma graça que
Deus dá a quem ele quer, do Oriente ou do Ocidente, do Norte ou do Sul. Jesus
se referiu aos pontos cardeais, para dizer, primeiro, que todas as pessoas do
mundo recebem as graças suficientes para ter fé, esperança e caridade, e para
se salvar. Deus ama a todos e não faz distinção de qualquer espécie entre as
pessoas.
Segundo, para dizer
aos judeus que eles não eram o povo privilegiado de Deus, como pensavam. Não
existe povo privilegiado diante de Deus. Simplesmente, Israel recebeu a missão
de preparar a vinda do Messias, só isso.
A fé é uma graça que
Deus dá a todos os seres humanos indistintamente, sem nenhuma restrição em
relação à raça, ao país ou a qualquer outra distinção.
Quem tem fé faz como o
oficial fez: vai atrás de Jesus, expõe o seu problema e acredita que Jesus quer
e pode resolver, portanto vai resolver. Por isso, quem tem fé não entra em
pânico, não se revolta, não desilude, não alvoroça, não perde a alegria nem a
esperança, mesmo nas situações mais desafiadores, pois sabe que nenhum problema
é maior que Deus.
Ter fé é muito mais
que acreditar com a cabeça; é acreditar com o corpo inteiro; por isso já dá o
primeiro passo no novo caminho que pediu a Deus. Mas, é claro, ter fé é seguir
um caminho novo, traçado não por nós, mas por Deus para nós.
“A fé é a certeza
daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se vêem” (Hb
11,1). É caminhar “como se visse o invisível” (Hb 11,27).
O exemplo de Moisés,
na travessia do Mar Vermelho, nos mostra bem o que é fé: “Moisés estendeu o
bastão sobre o mar e durante a noite inteira o Senhor fez soprar sobre o mar um
vento leste muito forte, fazendo recuarem as águas... E assim os hebreus
puderam atravessar” (Ex 14,21-22).
Dá impressão que no
início as águas não se afastavam, mas Moisés ficou firme, com o seu bastão
estendido sobre o mar. Deus quer que nós mostremos a fé nele, mesmo sem ver uma
resposta imediata. Em vez de uma noite, ele pode demorar dias ou até anos para
nos atender. Mas se permanecermos com o nosso bastão estendido, ele se
manifesta e, com toda a certeza, separará as águas.
Nós queremos crescer
na fé, porque dela nasce a esperança, e das duas nasce a caridade. Assim,
vivendo as três virtudes teologais, seremos certamente felizes, agora e por
toda a eternidade.
Certa vez, em um
mosteiro, um noviço chegou para o mestre e disse: “Padre mestre, penso que não
tenho vocação. Não consigo guardar na memória o que leio na Bíblia, nem as
palestras do senhor”.
O mestre não respondeu
imediatamente a questão. Apenas disse ao jovem: “Pegue aquele cesto de junco,
desça ao riacho, encha-o de água e traga aqui”.
O noviço olhou para o
cesto, todo furado e sujo, e achou muito estranha a ordem. Mas obedeceu. Desceu
ao riacho, encheu o cesto de água e começou a subir. Quando chegou até o mestre
já não havia água, pois se escorreu toda pelos buracos.
O mestre lhe pediu que
repetisse a viagem. O noviço voltou ao riacho, afundou o cesto na água,
encheu-o e veio trazendo. Mas novamente chegou com o cesto vazio.
Então o mesmo
perguntou: “Meu filho, o que você aprendeu?” O rapaz respondeu na hora: “Que
cesto de junco não transporta água”.
O mestre lhe disse:
“Olhe para o cesto. Vê alguma diferença?” O noviço olhou e disse com um
sorriso: “Vejo que o cesto, que antes estava todo sujo e empoeirado, agora está
limpo. Se a água não chegou aqui, pelo menos lavou o cesto!”
O mestre concluiu:
“Nada importa que você não consiga guardar na memória os textos bíblicos e as
palestras; o importante é que a sua vida fique limpa diante de Deus”.
Em relação ao Evangelho
de hoje, podemos dizer também: Importa obedecer as Leis de Deus, mesmo que não
as entendamos na hora. Deus, o legislador, é mais inteligente que nós, e sabe
que seus mandamentos, se não transportam água, pelo menos lavam o cesto.
Isabel elogiou a fé da
sua prima Maria Santíssima: “Feliz aquele que acreditou, pois aquilo que lhe
foi dito da parte do Senhor será cumprido” (Lc 1,45). Maria nunca vacilou na
fé, nem na hora mais difícil, que foi a cruz. Que ela nos ajude a crescer na
fé.
Muitos virão do Oriente
e do Ocidente para o Reino do Céu.
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