Jerusalém será pisada pelos infiéis, até
que o tempo dos pagãos se complete.
Hoje, quinta-feira de novembro, é
o Dia Nacional de Ação de Graças. Estamos no final do ano litúrgico e quase no
final do ano civil; por isso queremos agradecer a Deus o ano que termina. Quantos
benefícios recebemos dele! A vida, a saúde, a família, os amigos, a fé... Deus
nos protegeu, estando ao nosso lado de manhã até a noite, e em todos os dias
deste ano!
Deus provou que nos ama; vamos
retribuir-lhe com amor também. “Que retribuirei ao Senhor por todo o bem que me
deu?” (Sl 116,12). “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que
nos abençoou com toda bênção espiritual, nos céus, em Cristo” (Ef 1,3).
No Evangelho de hoje, Jesus começa
preparando os habitantes de Jerusalém para o momento da invasão do exército
romano, que aconteceria trinta anos depois. “Os que estiverem no campo, não
entrem na cidade... Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estão
amamentando naqueles dias!”
Os habitantes de Jerusalém “serão
levados presos para todas as nações”. De fato, os romanos levaram milhares de
judeus para Roma e outras cidades do Império, como escravos.
A partir daqui, a narração muda de tom e
Jesus começa a falar da sua segunda vinda e dos sinais que a precederão.
“Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas”.
“Então eles verão o Filho do Homem,
vindo numa nuvem com grande poder e glória.” Jesus veio a primeira vez com
aparência de fraco, uma criança pobre deitada numa manjedoura. Mas foi uma
fraqueza apenas aparente; ele é forte, fortíssimo.
E Jesus termina apresentando o objetivo
deste seu discurso, que é tranqüilizar os discípulos, pois estes sinais mostram
o seu poder, e que ele vem para libertar os seus queridos e queridas
discípulas. “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a
cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. É como quem diz: este mundo é
cheio de tribulações, mas é passageiro. E quanto ao mundo futuro, não se
preocupem, deixem comigo.
Na nossa luta do dia a dia, a segunda
vinda de Jesus será como a chegada de alguém que vem nos ajudar a terminar uma
tarefa, bem na hora em que já estamos cansados. Será como um preso que vê
chegar alguém com a chave do presídio, a fim de soltá-lo. Ou como uma pessoa
que está se afogando e vê chegar o salva-vidas.
Aquele dia será o fim de tudo o que os
discípulos de Jesus detestam: injustiças, mentiras, maldades... Os maus e os
corruptos vão ver com quantos cincos se faz um dez, com quantos paus se faz uma
canoa. Descobrirão que este mundo tem dono, e um dono forte e poderoso, diante
do qual todos os impérios e poderes são como uma palha.
Também o seu Reino, que está nas nossas
mãos, é forte, fortíssimo, apesar de parecer fraco diante dos outros reinos e
poderes do mundo. Basta ver a força desse Reino, ao ultrapassar os séculos.
Diante de Jesus é a verdade e a justiça que valem. Quem segue outro caminho, um
dia vai tremer de medo, como vara verde.
Jesus nos deixou todos os recursos para
nos salvarmos, e vivermos eternamente com ele e com a sua Família no céu. Cabe
a nós escolher se queremos caminhar com ele ou de costas para ele.
Em várias passagens da Bíblia, a segunda
vinda de Jesus é chamada de “Dia do Senhor”, mesmo nome que damos para o
domingo. De fato, o domingo é para nós uma celebração antecipada da segunda
vinda de Jesus.
Às vezes a graça de Deus espera a nossa
cutucadinha, a mãozinha do cristão que chega de leve... e Deus faz o resto. A
nossa vida na terra é passageira. Que bom se nos dedicássemos mais aos valores
da outra vida, tanto para nós mesmos como para os nossos irmãos!
Certa vez, um poeta e um artista estavam
examinando juntos uma pintura de um célebre artista, retratando a cura dos dois
cegos de Jericó. O artista perguntou: “O que lhe parece a coisa mais notável
nesta pintura?”
O poeta respondeu: “Tudo na pintura é
excelente. A forma dada a Cristo, as pessoas agrupadas, a expressão dos rostos,
tudo”.
O artista pareceu achar o toque mais
importante em outro lugar. Apontando para a estrada que passava ao lado, ele
disse: “Você vê uma bengala descartada ali?”
“Sim” – respondeu o poeta – “mas o que
tem a ver isso?”
“Meu amigo!” – continuou o artista – “Um
cego estava sentado naquele pau ali, com a bengala na mão. Mas quando ouviu
falar que era Jesus que passava, jogou a bengala fora e foi ao encontro dele.
Isso porque ele estava certíssimo de que seria curado, e assim deixaria de usar
a bengala. Cheio de alegria, ele em direção ao Senhor como se já estivesse
recebido a graça.”
Que nós também observemos a grande pintura
dos acontecimentos com mais fé e discernimento, a fim de descobrirmos nela os
sinais da vinda de Cristo. Como seria bom se tivéssemos a fé daquele cego! Com
certeza hoje não seríamos mais cegos, nem fisicamente nem espiritualmente. A
nossa fé nos permitiria andar pela vida como se víssemos o invisível, e
seríamos mais gratos a Deus.
Maria Santíssima era uma pessoa muito
grata a Deus. O Magnificat é o mais belo hino de ação de graças existente na
Bíblia. Quando o recitamos, não estamos para Maria, mas para Deus do jeito
dela. No magnificat, Maria agradece a Deus tudo, até coisas que ainda não
tinham acontecido mas que ela sabia que iam acontecer. Isso porque a sua fé era
muito grande, e ela sabia que Deus não falha em suas promessas. Que ela nos
ajude a ser gratos, e também a nos preparar bem para o encontro com Jesus em
sua segunda vinda.
Jerusalém será pisada pelos infiéis, até
que o tempo dos pagãos se complete.
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