15
de Novembro-Sábado- Evangelho - Lc 18,1-8
Padre Antonio Queiroz
Deus fará justiça aos seus escolhidos, que dia e
noite gritam por ele.
Neste Evangelho, Jesus nos conta a parábola do juiz
injusto, que não queria atender a viúva e, no fim, só a atendeu devido à
insistência dela. O centro da parábola não é o juiz, evidentemente, mas a
viúva, e mais precisamente, a insistência da viúva.
Quando rezamos, Deus nos atende logo e não nos faz
esperar. Acontece que ele faz o que é bom para nós e do jeito que é melhor para
nós, o que nem sempre coincide com o que nós pensamos.
O evangelista S. Lucas começa a narração com as
seguintes palavras: “Jesus contou aos discípulos uma parábola, para
mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir”. Está aí o
objetivo da parábola. Devemos ser, diante de Deus, como a viúva diante do juiz:
pedir, pedir, pedir... e ficarmos insistindo até receber o que queremos.
Devemos persistir na oração, mesmo quando dá
impressão que Deus não está ouvindo. Deus é Pai amoroso. Ele nos escuta com
atenção, desde o primeiro pedido que fizemos. Escuta e atende. A forma dele
atender é que, muitas vezes, é um mistério para nós.
A oração é também uma escola. Ela purifica os
nossos afetos, organiza as nossas idéias, direciona os nossos pensamentos e
vai, aos poucos, colocando-nos no caminho certo da nossa felicidade. O
resultado da oração perseverante é sempre uma grande alegria, ânimo e vontade
de lutar e vencer.
Quando rezamos, Deus nos atende mostrando-nos os
primeiros passos do caminho. Os outros passos, ele vai mostrar depois que
dermos os primeiros passos. Se ele nos mostrasse todos os passos logo no
início, correríamos o risco de esquecê-los. “Não vos preocupeis com o dia de
amanhã”.
Quem não reza, afoga-se num copo d’água. O
horizonte das nossas possibilidades é bem pequeno, termina logo ali. Nós não
dominamos nem a nós mesmos! Daí a angústia. Mas com Deus as nossas
possibilidades tornam-se infinitas e sem fronteiras.
Santo Afonso Maria de Ligório dizia: “Quem reza se
salva, quem não reza se condena”. Nós não queremos ser condenados, por isso
vamos rezar.
Rezar de manhã, rezar ao meio dia, rezar à noite;
rezar quando estamos tristes e quando estamos alegres; rezar principalmente
quando somos tentados. As tentações começam pelos nossos pensamentos. Portanto,
desde aí, já devemos rebatê-los com uma prece. Pode ser uma oração curtinha,
que chamamos jaculatórias, feitas mentalmente. “Vigiai e orai para não cairdes
em tentação”. Em resumo, rezar sempre e nunca cessar de o fazer.
A oração age em nós como limpa-brisa de carro. As
falhas diárias vão embaçando a nossa visão, obscurecendo a inteligência,
enfraquecendo a vontade, descontrolando os sentimentos... É hora de ligar o
limpa-brisa, através da oração.
Deus caminha ao nosso lado nas vinte e quatro horas
do dia. Mas, por respeito à nossa liberdade, ele não entra na nossa vida, se
não pedirmos. Ele fica nos esperando em cada esquina da vida, com seus sinais,
alertas, advertências e convites. Ele é capaz de morrer na Cruz, na nossa
frente, mas sem interferir na nossa liberdade. Agora, se pedimos, abrindo a
porta para ele, maravilhas acontecerão.
A oração é estrada de duas mãos. Nós falamos com
Deus e Deus fala conosco. Imagine um amigo encontrar-se com você e falar o
tempo todo! Seria chato, não? Às vezes, somos chatos com Deus, pois não o
deixamos falar nada para nós! Ele nos fala através da Sagrada Escritura.
Quem toma a iniciativa da oração é sempre Deus. Ele
que percebe as nossas necessidades, e nos inspira, movendo-nos a pedir, a
agradecer, a pedir perdão, a louvá-lo... “Sem mim nada podeis fazer” (Jo
15,15). Deus é que nos dá o pensar, o querer e o agir.
O destaque está na persistência da viúva. Se até um
homem ruim atende, por causa da insistência, quanto mais Deus que é nosso Pai
amoroso! “Será que vai fazê-los esperar?”
No final da parábola, Jesus lamenta: “Mas o Filho
do Homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” Que pena
a falta de fé! Nós perdemos a fé por tão pouca coisa! Basta um aparente atraso
de Deus em nos atender, pronto.
Vamos responder à pergunta de Jesus, dizendo: “Sim,
Jesus. Quando o Senhor vier, vai encontrar fé. Como Santa Mônica, nós, através
da oração, vamos perseverar firmes na fé, confiantes na esperança e alegres na
caridade”.
Havia, certa vez, um mendigo que passava o dia na
rodoviária pedindo esmolas. As pessoas davam moedinhas para ele.
Um dia, ele viu um homem indo embora, foi atrás,
bateu nas costas dele e disse: “Por favor, o senhor podia dar-me uma moeda de
dez centavos?” Assim que o homem se virou para trás, o mendigo o reconheceu:
era seu pai! Então disse: “Meu pai! O senhor não está me conhecendo?”
O pai lançou-se ao pescoço dele e falou emocionado:
“Meu filho! Já fazem dezoito anos que estou procurando você! Eu quero dar-lhe
tudo o que eu possuo, todos os meus bens”.
Que nós não andemos pela vida em busca de dez
centavos, sendo que ao nosso lado está o nosso Pai, rico e amoroso, que quer
dar-nos tudo o que possui. O bom Deus quer que lhe entreguemos todas as nossas
preocupações, para assim podermos dedicar-nos mais ao cumprimento da sua
vontade sobre nós.
Maria Santíssima é nossa Mestra de oração. “Ensina
teu povo a rezar, Maria, Mãe de Jesus!”
Deus fará justiça aos seus escolhidos, que dia e
noite gritam por ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário