5 de Dezembro- Sexta - Evangelho - Mt 9,27-31
O local geográfico do episódio não é citado.
Alguns estudiosos das sagradas escrituras o situam em Cafarnaum, em vista de
estar, em Mateus, logo a seguir à ressurreição da filha de Jairo, e se dividem
quanto à “casa” a que se refere o narrador, que diz apenas “entrando em casa”.
Todavia, supõe-se, que seja na casa de Pedro, ou então na de Mateus. Ou ainda
que Jesus alugara um apartamento para si, independente, para ter a liberdade de
movimento indispensável a um ministério como o seu. E essa dedução é feita
porque em Mat. 8:14 é dito “foi à casa de Pedro”, e em Mat. 13:1 “saiu de casa”
ou “voltou a casa” (Mat. 13:36 e 17:25). Logo é a “sua casa”. Não cremos haja
Jesus abandonado a casa de Pedro, nem para trocá-la por uma mais rica (a de
Mateus), nem para uma casa própria, onde teria o problema de quem lhe cuidasse
das coisas, o que não faltava, com todo o amor, na casa de Pedro, com as
esposas dele e de André, suas filhas e a própria sogra de Pedro, que fora
curada por Jesus.
Pela cronologia geralmente aceita, a cura foi
efetuada na Transjordânia, em sua estada depois da Festa da Dedicação.
Jesus
passou os seus três anos de vida pública pregando o Reino do Pai e operando
milagres em benefício daquele povo que sofria muito, por pertencer a uma classe
desprivilegiada, muito pobre e excluída, por isso, do convívio e costumes dos
escribas e fariseus, descendentes do povo que Moisés (enviado por Deus), tirou
da escravidão que viviam no Egito por 400 anos, para levá-los à terra prometida
e que acabaram, depois de tantas alianças propostas por Deus, vivendo como
pagãos. Por isso Jesus veio, como extremo recurso, para salvar aquele povo de
“cabeça dura” e, nas suas andanças, Jesus não foi aceito no meio daquela gente
que até hoje espera pelo Messias, pelo Salvador
que já veio. Eles achavam que o salvador deveria ser um grande, forte e
poderoso homem, que chegaria montado num belo cavalo e que seria para eles o
salvador que Javé havia prometido aos seus antepassados, os quais viviam dentro
de esquemas cheios de leis, mais de 5000. Leis impostas aos pobres que não faziam parte do convívio
com os ricos, senhores e doutores das leis, que os exploravam, massacravam,
desprezavam e nem eram dignos de terem algum contato com eles.
Um dia, Jesus passava pelas ruas e em determinado
local passa por dois cegos, à beira do caminho, que gritam chamando-lhe a
atenção. Os cegos acompanham Jesus “que vai saindo de lá”, e vão “gritando”,
como são sempre apresentados os cegos nos Evangelhos. O título “Filho de David”
designava o Messias (cfs. Salmo 17:23, etc) e já fora empregado pela Cananéia.
Não é plausível que eles soubessem que se tratava do Messias. Mais viável que,
desejando um favor, atribuíssem interessadamente, um título que honrava a
pessoa: bem David. É mais da psicologia humana, não só daquele tempo, como de
hoje: elogiar aquele de quem esperamos um favor.
Jesus primeiro pergunta se eles acreditam que
Ele tenha a força de fazer isso. A resposta é singela: “Sim, Senhor”, “meu
senhor”. Em resposta, Jesus lhes diz: “faça-se a vós segundo a vossa crença”, e
lhes toca os olhos, recuperando eles imediatamente a visão. Depois adverte-os,
que ninguém saiba. Mas bastava olharem para eles, para verificar que haviam
recuperado a visão, e eles tornam Jesus conhecido em toda a região.
Jesus
chega até eles e lhes pergunta:- “Que quereis que vos faça?” – “Que
enxerguemos, Senhor! Tende piedade de nós!” Jesus coloca os dedos em seus olhos
e diz: “Então, que vejam!” E ficaram ambos curados. Saíram gritando e
glorificando a Deus pela graça recebida, por toda aquela região. Daí, Jesus,
com as Suas pregações e o Seu amor, começa a mudar a vida de muita gente que
passa a segui-lo como discípulos; passando da apatia que os dominava, para a
certeza em suas esperanças revividas por aquele homem que lhes falava ao
coração e lhes trazia a alegria do Senhor. Abriu-lhes os olhos para a realidade
das promessas feitas por Deus aos seus antepassados; que começava a ser
cumprida ali, em cada encontro. Abriu os olhos a todos que a Ele se achegaram:
os olhos do coração, os olhos da decência, os olhos da bondade, os olhos da
partilha, os olhos do perdão, da mesma forma que fez aos olhos dos cegos. O
povo que O ouvia foi crescendo, crescendo, que mesmo Ele sendo crucificado todos assumiram o
seu lugar na Sua vida. E, passado todo aquele tempo da missão de Jesus, todos
enxergaram limpidamente, com exceção dos que foram responsáveis por sua morte
e, que até hoje esperam o
Messias, que já veio, chama-se Jesus e vive no meio de nós, pelo seu Espírito
Santo que Ele nos deixou como advogado e defensor. Por isso, todos os dias e a
cada Natal, nós, cristãos, fazemos memória e trazemos Jesus à terra, para lhe
demonstrarmos que O amamos, na comemoração do Seu nascimento, apesar de sermos
fracos, pequenos, mas lutadores e perseverantes para chegarmos até o fim, para
recebermos, através da Sua extrema Misericórdia, o lugar no céu, que Ele
prometeu a todos que vivessem os Seus ensinamentos.
Pai, cura-me da cegueira que me impede de
reconhecer a presença de tua salvação na minha vida, realizada pela ação
misericordiosa de teu Filho Jesus.
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