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de Novembro - Sábado - Evangelho - Lc
20,27-40
Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.
Neste Evangelho, nós temos a cena dos
saduceus apresentando a Jesus o caso da mulher de sete maridos, como um
argumento contrário à ressurreição dos mortos.
Mas eles entendiam errado a ressurreição; pensavam
que os que acreditam nela afirmam que no céu nós viveríamos igualzinho aqui na
terra, isto é, teríamos de comer, de beber, de dormir, teríamos também o
casamento...
Jesus explica que, após a nossa morte, o nosso
corpo será glorificado; não morreremos, mais e seremos iguais aos anjos. Os
homens não terão esposas nem as mulheres terão maridos.
Nós não sabemos em detalhes como será a nossa vida
após a morte, e nem precisamos saber agora. Basta conhecermos o caminho para
chegarmos ao Céu, que é Jesus e o seu Evangelho, presentes na Igreja.
Quando participamos da Santa Missa, ou rezamos o
terço, nós dizemos, na profissão de fé: “Creio na ressurreição da carne”. O
Prefácio da Missa dos mortos diz assim: “Com a morte, a vida não é tirada, mas
transformada. Desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado nos céus um corpo
imperecível”. Não será outro corpo, será este mesmo que temos, mas
transformado, glorificado.
Jesus falava que ia ressuscitar (Cf Mc 8,31ss;
9,31ss), e sempre pregava que todos nós ressuscitaremos. Como é bom saber que a
nossa vida é eterna, que tivemos um começo, mas não teremos fim! A fé na
ressurreição nos dá forças para enfrentar as dificuldades, e até o risco de
vida. Os homens podem matar o corpo, mas a alma, nunca.
Jesus ressuscitou algumas pessoas (Lázaro, o filho
da viúva de Naim...) para nos mostrar que tem poder e conhecimento sobre a vida
após a morte. Apesar de esses milagres terem sido completamente diferentes da
ressurreição dele e nossa, pois Lázaro e o filho da viúva simplesmente
retornaram à vida terrena e mortal. Mas os milagres valeram para provar o poder
de Jesus sobre a morte e sobre o que acontece depois.
Jesus, com a sua ressurreição, derrotou a morte.
Ela continua existindo, mas perdeu a sua força. “A morte foi tragada pela vida;
onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Cor
15,54-55). Isso nos dá uma alegria e uma coragem invencíveis!
Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. Toda a
Bíblia apresenta Deus como Deus da vida, e que faz do homem e da mulher seus
amigos, como fez com os três citados por Jesus: Abraão, Isac e Jacó. Se Deus
fez aliança com eles, podia deixá-los desaparecerem para sempre? Nunca! Esse é
o argumento de Jesus.
A ressurreição foi sendo revelada aos poucos. No
começo, o Povo de Deus não conhecia essa verdade. Mas tinha uma vaga
consciência dela, baseado justamente no argumento acima: Deus ama o ser humano,
quer que ele ou ela viva e não desapareça, e pode fazer isso. Portanto o faz.
Por isso que exageravam a duração da vida dos
justos, por exemplo, de Matusalém, que viveu 969 anos (Cf Gn 5,27). Jesus veio
e revelou a verdade completa: Deus não só prolonga a vida humana, ele a tornou
eterna. “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim viverá eternamente”.
“Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em
abundância.” Uma vida em abundância não pode acabar logo. Na luta pela vida,
nós descobrimos o rosto de Deus, pois ele é o Deus da vida, o Deus que quer
vida, e vida plena para todos.
A ressurreição nossa é obra de Deus, fruto do seu
poder. É ele que nos tomará e nos transformará. O mesmo Deus que um dia nos
criou, nos recriará. A ciência não consegue entender nem explicar esse
mistério. Ele é sobrenatural. O livro de Jó é um argumento a favor da
ressurreição. Esse livro mostra que a ressurreição é um mistério, mas sem ela a
vida seria um absurdo.
A nossa melhor atitude diante das realidades
futuras é jogar-nos nas mãos de Deus, como fez Jesus, antes de morrer: “Pai, em
tuas mãos entrego o meu espírito”. Nós não sabemos como será, mas Deus, nosso
bom Pai, sabe, e isso nos basta.
Como que é gratificante saber que vamos
ressuscitar! Saber que Deus nos ama tanto, que nos criou eternos! Ele não quer
separar-se de nós nunca. “Tu não me abandonarás no túmulo, e viverei à tua
direita para sempre” (Sl 16).
Entretanto, a fé na ressurreição nos leva a sermos
prudentes e vigilantes, pois não sabemos o dia nem a hora. "O que adianta
a alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida?" (Mt 16,26).
“Não ajunteis para vós tesouros na terra” (Mt 6,19).
Certa vez, a muitos anos atrás, um operário e um
cavaleiro se encontraram numa estação de trem. Os dois se apresentaram,
conversaram e compraram as passagens na mesma cabine, porque aquele trem tinha
cabines para duas pessoas. O trem chegou e eles embarcaram.
Na estação seguinte, entrou também um padre. Ao
verem o padre passar no corredor, o cavaleiro comentou, com um ar de desprezo:
“Para que serve um padre?” Como quem diz: O padre não serve para nada.
O operário não respondeu. Lá na frente, quando o
trem atravessava uma grande floresta, o operário disse ao cavaleiro: “Estamos
sós. Ninguém nos vê nem nos ouve. O que você faria se eu o estrangulasse agora,
lhe tomasse todo o seu dinheiro e, aproveitando uma curva, pulasse esta janela?”
Pálido de medo, o cavaleiro respondeu: “Você se
engana, eu não trago dinheiro comigo”. “Mentira” retrucou o operário. “Você tem
aí trinta mil Reais. Eu o vi pegar no banco.”
“Você cometeria dois crimes: homicídio e roubo”,
disse o cavaleiro.
“Homicídio e roubo nada significam para quem não
crê em Deus. Se eu pensasse como você, e não fizesse isso agora, eu seria um
bobo. Mas você não tenha medo, porque eu fui educado por padres, e eles me
ensinaram os dez mandamentos: não furtar, não matar etc. E me ensinaram que
existe uma vida eterna após a morte, com o Céu para os bons e o inferno para os
maus. Entendeu agora para que serve o padre?”
Certamente aquele cavaleiro até se esqueceu do
cavalo!
A nossa vida não termina na morte, por isso vamos
preparar-nos bem para o que vem depois!
A ressurreição é o prêmio de Deus aos justos. Maria
Santíssima era tão santa que foi elevada por Deus ao céu em corpo e alma. Que
ela nos ajude a vivermos de acordo com essa gratificante verdade da
ressurreição.
Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.
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