28º DOMINGO DO TEMPO COMUM
1ª Leitura 2 Reis 5, 14-17
Salmo 97(98) , 2b
“Manifestou sua justiça á face dos povos”
2ª Leitura 2 Timóteo 2, 8-13
Evangelho Lucas 17, 11-19
Mateus, que escreve para os
Judeus, não provocaria dessa maneira seus leitores, mas estamos diante de
Lucas, para quem Jesus é o Salvador e a oferece gratuitamente a todos os
homens. Por isso o personagem em evidência é novamente um estrangeiro, um
Samaritano, mal visto pelos Judeus, considerado impuro e que por isso mesmo
jamais iria ser salvo, uma vez que não tinha acesso aos ritos de purificação e
expiação dos pecados. A palavra “Estrangeiro” com a qual Jesus se refere ao
Samaritano, nos induz a pensar que os outros nove eram Judeus. Por que será que
não voltaram ?
A primeira leitura nos dá
uma dica importante quando Naamã, ao ver-se curado totalmente da lepra, como
predissera Eliseu que o mandou mergulhar sete vezes no rio Jordão, ele quer de
alguma forma retribuir ao profeta com presentes, que Eliseu recusa
veementemente. Naamã professa uma fé maravilhosa mas se vê na obrigação de “dar
algo em troca da cura”. O judeu pensa a mesma coisa “Deus faz, mas eu preciso
dar algo, eu preciso merecer, com minhas boas ações, rituais, holocaustos e a
prática da Lei. Eis aí porque os outros não voltaram, pensavam assim: se foram
curados, é porque mereceram aquela ação
Divina a seu favor e agora o mais importante a fazer era apresentar-se diante
do Sacerdote do templo, que iria homologar a cura” .Depois certamente iriam
procurar Jesus para agradecê-lo. Mas o Samaritano não pensa assim, para ele, a
sua cura não está em nível institucional, mas físico e espiritual. Cura de
lepra, por aquele tempo, era algo fantástico, que somente o Poder Divino
poderia fazê-lo. Lepra significava pecado, e a Instituição apenas separava os
“Impuros” dos “puros” , os pecadores dos que estavam
salvos. Era a religião altamente excludente!
Compreender a Graça como Dom
realmente gratuito não é nada fácil, até mesmo para nós,pois, quando alguém de nossas relações, recebe
algum ganho ou benefício, seja ele material ou espiritual, logo dizemos “Você
merece!”. Por que será que Deus atende a alguns, cura esses, e não cura aqueles?
Parece que atende mais a oração de alguém em especial. Isso me lembra “Súplica
Cearense” onde a certa altura da música, a letra diz “Desculpe, eu não rezei
direito o Senhor me perdoe, eu acho que a culpa foi, deste pobre que não sabe
fazer oração”. Existirá uma fórmula certa para se rezar? O Segredo está no mais
íntimo do ser humano, quando percebemos Deus e a sua Graça agindo em nossas
entranhas, somos impelidos a louvá-lo, manifestando assim nossa gratidão.
O Samaritano deixa que o
coração fale mais alto, não há nada com que possa retribuir aquela cura, que
para ele, diferente do modo de pensar dos outros nove, era imerecida! Só Deus
poderia manifestar um amor tão grande, gratuito e incondicional, por isso ele
volta e se prostra aos pés de Jesus, reconhecendo o seu messianismo,
possivelmente disposto a tornar-se um seguidor. Os outros nove como já o
dissemos anteriormente, também viriam agradecê-lo, mas certamente não iriam se
prostrar, pois a Ação Divina estava no templo e no sacerdote, que para eles
estava acima de qualquer coisa.
Não coloquemos a
Instituição, nossas virtudes e labutas pastorais, como uma paga á Deus pelos
inúmeros benefícios que Ele nos concede no dia a dia. Antes, sintamos a alegria
da sua Graça presente em nós, e que é muito maior que nossos pecados e
limitações. Gratidão e louvor que expressamos em nossas liturgias, por esse
Deus manifestado em Jesus, e que nos ama do jeito que somos agora. Dando
abertura a essa Graça, como aquele Samaritano, sentiremos sempre uma alegria inexplicável,
que um dia se tornará plena, quando o Reio de Deus for manifestado á toda a
Humanidade!
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