XI DOMINGO DO TEMPO COMUM
16/06/2013
1ª Litura 2Samuel 12, 7-10.13
Salmo 31 (32) ,5ad”Então eu
vos confessei o meu pecado. E vós perdoastes a pena do meu pecado”
2ª Leitura Gálatas 2,
16.19-21
Evangelho Lucas 7, 36-8,3
Na sociedade
globalizante e consumista da qual fazemos parte, onde vale tudo para ser feliz,
seduzido pelas facilidades da vida moderna, na medida em que o homem avança em
ritmo acelerado na tecnologia e na ciência, experimenta uma evolução rápida e
espantosa. Porém, por outro lado todo esse sucesso da comunidade científica
aumenta no ser humano a prepotência e a auto suficiência, assumindo o lugar de
Deus, quando se apresenta como senhor de sua vida e de seus atos, conhecedor do
bem e do mal, e arrogando-se o direito de decidir sua própria vida.
Temos visto
recentemente em uma emissora de TV uma campanha publicitária onde determinada
corrente ideológica defende abertamente o aborto e uma mulher elegante e
liberada convence o telespectador de que o aborto está entre as demais
conquistas da mulher moderna, que por isso têm todo direito de decidir o que
fazer com seu corpo, sem dar satisfação a ninguém, muito menos a Deus, cuja lei
é considerada retrógrada.
E assim, nessa sociedade
mais do que nunca antroprocêntica, o homem arrogante vai dando o seu grito de
independência, decretando a morte de Deus e o fim do pecado, como se Deus
atrapalhasse os planos de ser feliz, da humanidade.
Mas e os discípulos
de Jesus, membros de tantas igrejas cristãs, como se posicionam diante dessa
sociedade que “liberou geral” em uma verdadeira maratona do “vale tudo” na
busca do prazer, sucesso e felicidade?
A voz profética de
Natã na primeira leitura, despertou no rei Davi a consciência do seu delito, do
seu procedimento totalmente contrário à palavra de Deus, pois colocou Urias na
frente de batalha para que este morresse e assim ele pudesse possuir a sua
esposa. Essa atitude penitente permitiu ao rei experimentar a alegria do amor
de Deus.
Precisamos admitir
que estamos enfermos, para sermos curados pela misericórdia divina. O salmo 51
é um dos mais belos da sagrada escritura, com seu caráter profundamente
penitencial mostra-nos o rei Davi humilde e penitente, que reconhece o seu
pecado “Pequei contra o Senhor”.
Mas o pior enfermo é
aquele que não admite a sua enfermidade, procurando esconde-la com práticas
religiosas e uma aparência piedosa diante dos irmãos. O Fariseu Simão, que
convidara Jesus para jantar em sua casa, não é má pessoa ao contrário, sua
conduta é irrepreensível já que cumpre todos os deveres para com Deus e o
próximo e como bom teólogo, conhece a Palavra de Deus, suas promessas e suas
leis dadas a Moisés.
Já a mulher tem má
fama, é conhecida como pecadora sendo moralmente desqualificada, e por sua
conduta está excluída da comunidade porque é considerada impura, mas há algo em
sua vida que a difere do fariseu piedoso: conheceu Jesus e descobriu-se amada e
querida por ele, apesar dos seus inúmeros pecados e a experiência desse amor a leva
a reconhecer-se pecadora, sentindo no coração não um remorso doloroso, mas sim
uma incontida alegria que procurou manifestar na casa do fariseu, lavando e
ungindo os pés daquele que a fez descobrir o verdadeiro amor.
O fariseu mantinha
com Deus uma relação sem dúvida piedosa, mas como se sentia justificado pelas
suas obras, dava-se o direito de julgar os que estavam em pecado, excluindo-os
de sua companhia, e sentindo-se merecedor do amor de Deus e sua salvação.
Note-se que Jesus
não condena a conduta e o modo de viver do fariseu, e nem tão pouco aprova a
vida pecaminosa da mulher, apenas realça o modo como ambos se relacionam com
Deus. Certamente essa experiência com o Mestre Jesus mudou para sempre a vida
daquela mulher mostrando-nos que a iniciativa é sempre de Deus e que somente
quando descobrimos o seu amor em nossa vida, é que percebemos o quanto somos
pecadores por não correspondermos a esse amor.
Simão admirava
Jesus, mas não via nele nada de especial, porque a lei, tradição, o rito e suas
boas obras não o deixavam sentir o quanto Deus o amava, manifestando este amor
em Jesus. A religião do perfeicionismo e do moralismo é sempre muito triste
porque nela, o homem mantém com Deus não uma relação de filho, amado e querido,
mas apenas de um empregado, que cumpre seu dever junto ao patrão, merecendo
deste o justo salário.
A verdadeira
autêntica e única religião têm como base um amor que não se prende a qualquer
lei moral ou norma de conduta, mas sim ao encanto e fascínio de Cristo Jesus,
cujo olhar, gesto e palavras tem o poder de tocar nosso coração, fazendo-nos
renascer e recuperar nossa dignidade de filhos de Deus, despertando-nos esse
desejo incontido de estar a seus pés, como essa mulher, naquela noite
imemorável na casa de Simão. Que o formalismo religioso não mate em nós a
alegria desse amor grandioso!
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