QUINTA- 30/05
Lc 9,11-17
Homilia de João Paulo II
"Todas as vezes que comerdes deste pão e
beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha" (1
Cor 11, 26).
Com estas palavras, São Paulo recorda aos cristãos
de Corinto que a "ceia do Senhor" não é apenas um encontro de
convívio, mas também e sobretudo o memorial do sacrifício redentor de Cristo.
Quem nele participa explica o Apóstolo une-se ao mistério da morte do Senhor,
aliás, faz-se "anunciador" da mesma.
Portanto, existe um relacionamento muito estreito
entre o "fazer a Eucaristia" e "o anunciar Cristo". Entrar
em comunhão com Ele, no memorial da Páscoa, significa ao mesmo tempo tornar-se
missionário do evento que tal rito atualiza; num certo sentido, significa
torná-lo contemporâneo de todas as épocas, até que o Senhor volte.
Caríssimos Irmãos e Irmãs, revivemos esta
maravilhosa realidade na hodierna solenidade do Corpus Christi, em que a Igreja
não apenas celebra a Eucaristia, mas também a leva de forma solene em
procissão, anunciando publicamente que o Sacrifício de Cristo é para a salvação
do mundo inteiro.
Reconhecido por este dom imenso, ela reúne-se em
redor do Santíssimo Sacramento, porque ali estão a fonte e o ápice do próprio
ser e agir. Ecclesia de Eucharistia vivit! A Igreja vive da Eucaristia e sabe
que esta verdade não exprime apenas uma experiência quotidiana de fé, mas
encerra de modo sintético o núcleo do mistério que
ela mesma é (cf. Carta Encíclica Ecclesia
de Eucharistia, 1).
Desde que, com o Pentecostes, o Povo da Nova
Aliança "iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, este sacramento
divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança"
(Ibidem).
"Dai-lhes vós mesmos de comer" (Lc 9,
13).
A página evangélica que acabamos de escutar oferece
uma imagem eficaz do vínculo íntimo que existe entre a Eucaristia e esta missão
universal da Igreja. Cristo, "pão vivo que desceu do Céu", é o único
que pode saciar a fome do homem de todos os tempos e em todas as regiões da
terra.
Porém, ele não quer fazê-lo sozinho, e assim, como
na multiplicação dos pães, envolve também os discípulos: "Jesus
tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou sobre
eles a bênção, partiu-os deu-os aos discípulos para que os distribuíssem à
multidão" (Lc 9, 16).
Este sinal milagroso é figura do maior mistério de
amor que se renova cada dia na Santa Missa: mediante os ministros
ordenados, Cristo dá o seu Corpo e o seu Sangue pela vida da humanidade. E
quantos se nutrem dignamente à sua Mesa, tornam-se instrumentos vivos da sua
presença de amor, de misericórdia e de paz.
"Lauda, Sion, Salvatorem...
Sião, louva o Salvador
o teu guia, o teu pastor
com hinos e cânticos".
Com íntima emoção, ouvimos ressoar no coração este
convite ao louvor e à alegria. Contemplando Maria, compreenderemos melhor a
força transformadora que a Eucaristia possui. Colocando-nos à escuta dela,
encontraremos no mistério eucarístico a coragem e o vigor para seguir Cristo
Bom Pastor e para O servir nos irmãos.
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