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terça-feira, 21 de maio de 2013

Agarraram o filho querido, o mataram, e o jogaram fora da vinha. Padre Queiroz


SEGUNDA- 03/06
Mc 12,1-12

Agarraram o filho querido, o mataram, e o jogaram fora da vinha.
Neste Evangelho, Jesus nos conta a parábola dos agricultores assassinos que mataram filho do proprietário que lhes tinha arrendado a vinha.
A vinha representa o Reino de Deus. Os judeus, o Povo de Deus, chegaram a considerar que os interesses de Deus se confundiam com os seus próprios interesses. O povo achava que, como povo escolhido, Deus tinha obrigação de ajudá-los na luta contra seus inimigos. Julgavam-se salvos e não se interessavam com a sorte dos demais povos, que não conheciam a Deus.
Deus havia confiado a eles o seu Reino, isto é, tinha colocado-os diante do mundo como exemplo, como um povo que conhecia melhor a Deus, e o seguia, especialmente na prática da justiça. Mas isso não aconteceu.
Por isso, Deus lhes enviou seus profetas para recordar-lhes a dívida que tinham com Deus. Mas, além de não ouvirem, maltrataram os profetas. Na sua bondade, Deus lhes mandou seu próprio Filho único, ao qual também eles mataram. E mataram “fora da vinha”, isto é, depois de rechaçá-lo.
Então a obra do Reino de Deus lhes foi tirada e entregue a outro povo, a santa Igreja, um povo constituído não baseado em raça ou nação, mas pela fé e pelo sacramento do batismo.
Nós, como Igreja, queremos nos comportar como bons agricultores da vinha do Senhor. Não queremos imitar os pecados do antigo Povo de Deus.
Se as nossas Comunidades começarem a explorar o povo, se elas deixarem de ser o lugar onde existe mais obediência a Deus e mais empenho em cultivar a verdade e a justiça, elas correrão o risco de serem também recusadas por Deus.
Deus nos livre disso! Queremos nos converter. Queremos ser agricultores honestos, que cultivam bem a vinha do Senhor e não se apropriem dela, mas dêem ao proprietário, que é Deus, a parte que lhe pertence. Pois a vinha não é nossa, a Igreja não é nossa, e não podemos usá-la para nos enriquecer ou para ter qualquer vantagem pessoal.
Deus nos ama, ama aqueles a quem entregou a sua vinha. Mas é zeloso pela vinha e por seu povo. Ele nos pedirá contas de tudo. A Comunidade cristã é um povo sagrado, que tem dono e não podemos enganar ou manipular.
A viagem do dono da vinha para longe significa que Deus não interfere no nosso trabalho, mesmo que não sigamos o “contrato de arrendamento”. Naquele tempo, uma pessoa que estava longe não tinha nenhuma condição de acompanhar um trabalho, e de saber como está indo. A responsabilidade é toda nossa, como agricultores da vinha do Senhor. Só no fim Deus nos vai cobrar.
O ato de matar o filho lembra-nos, além da condenação de Jesus, os irmãos de José do Egito que quiseram matá-lo (Gn 37).
Jesus citou o Sl 118,22s: “A pedra que os construtores deixaram de lado tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos”. Citou essa passagem para nos lembrar que Jesus é a pedra principal na construção do Reino de Deus. Hoje esta pedra principal é a santa Igreja, o Corpo místico de Cristo.
Como vemos, a parábola tem dois níveis: no primeiro nível ela se refere aos chefes do Povo de Deus do Antigo Testamento, que eram aquelas autoridades que estavam ali presentes. No segundo nível ela se refere a nós, o Povo sacerdotal da Nova Aliança.
E a parábola pode ser entendida também no nível individual: se eu, ou você, não cumprimos bem a nossa missão como “agricultores da vinha do Senhor”, isto é, como líderes da Comunidade e testemunhas do Cristo no mundo, Deus nos tirará este cargo e o confiará a outro ou outra.
Quantos líderes, enviados por Deus, já trabalharam na nossa Comunidade e deram a vida por ela! Hoje somos nós. Isto é uma alegria, mas é também uma responsabilidade nossa. O povo não é nosso, é de Deus, e Deus espera frutos de justiça, de amor e de vida plena para todos. Não podemos querer tirar proveito pessoal em cima do Povo de Deus, pois, como o próprio nome diz, ele é de Deus e não nosso. Que bom será se nós, líderes atuais, um dia ouvirmos de Deus: “Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor”.
Quando vemos gansos voando em formação de “V”, ficamos curioso quanto às razões pelas quais eles escolhem voar dessa forma. Eis algumas descobertas feitas pelos cientistas:
À medida que cada ave bate suas asas, ela cria uma sustentação para a ave seguinte. Voando em formação “V”, o grupo inteiro consegue voar pelo menos 71% a mais do que se cada ave voasse isoladamente. Pessoas que compartilham uma direção comum e um senso de equipe, chegam ao seu destino mais depressa e mais facilmente, porque elas se apóiam na confiança uma das outras.
Outra lição que os gansos nos dão: Sempre que um deles sai fora da formação, ele a maior resistência do ar, e retorna à formação “V”, para tirar vantagem do poder de sustentação da ave imediatamente à frente. Existe força, poder e segurança em grupo, quando se viaja na mesma direção com pessoas que compartilham um objetivo comum.
Ainda uma terceira lição: Quando o ganso líder se cansa, ele vai para a traseira do “V”, enquanto outro ganso assume a ponta. É vantajoso o revezamento, quando se necessita fazer um trabalho árduo.
Quarta lição: Os gansos de trás grasnam para encorajar os da frente a manterem o ritmo e a velocidade. Todos nós necessitamos ser reforçados com apoio ativo e o encorajamento.
Quinta lição: Quando um ganso adoece, ou se fere, e deixa o grupo, dois outros gansos saem da formação e o seguem, para ajudá-lo e protegê-lo. Eles o acompanham até a solução do problema e, então, reiniciam a jornada os três ou juntando-se a outra formação, até encontrarem o seu grupo original. Precisamos ser solidários nas dificuldades.
Vamos procurar nos lembrar mais freqüentemente de dar um “grasnado” de encorajamento e nos apoiarmos uns aos outros com a força de uma verdadeira equipe. Vamos ajudar, apoiar quem está nos postos de liderança ou de governo. Eles precisam do nosso apoio, inclusive para que não caiam nas tentações.
Nós, como cristãos, queremos nos ajudar mutuamente a sermos bons agricultores da vinha do Senhor. A nossa ajuda mútua é ampla e inclui a boa palavra, e até a correção fraterna, a fim de que não imitemos os agricultores assassinos.
Maria Santíssima foi também uma agricultora da vinha do Senhor; e ela trabalhou tão bem que foi premiada sendo elevada ao Céu em corpo e alma. Que Nossa Senhora nos ajude a sermos bons agricultores. Que trabalhemos com dedicação e desapego, sem querer nos apropriar da Comunidade cristã, ou usar o nosso cargo em benefício próprio.
Agarraram o filho querido, o mataram, e o jogaram fora da vinha.

Padre Queiroz

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